sábado, 31 de maio de 2014

Martínez & Martínez e Monsalvo, os nomes que se seguem?

Segundo o jornal "O Jogo" hoje avança o Sporting prepara-se para adquirir de uma assentada três jogadores sul-americanos, cujas características e funções abaixo se descrevem, para o seu plantel 2014/15. Ainda segundo o mesmo jornal

"Augusto Inácio, diretor para o futebol profissional,e Virgílio Lopes, director para o futebol de formação, têm sido protagonistas no início do sempre agitado período de transferências, multiplicando-se em viagens e contactos com vista ao reforço do plantel. Depois de uma estadia conjunta na Roménia, que quase culminou na contratação de Rotariu, desejo entretanto abandonado, fruto das exigências financeiras do Dínamo de Bucareste, os homens fortes do futebol leonino dividiram-se pelo planeta, tomando direções diferentes. Inácio partiu para a América Central e para a América do Sul, de onde surgem dois potenciais reforços apresentados nestas páginas, enquanto Virgílio rumou à Europa Central e à Europa de Leste, Sérvia incluída, de onde está iminente a chegada de outro novo elemento, o lateral-direito Marko Petkovic além de Josef Martínez, a atuar na Suíça. Antes, o Sporting já tinha garantido um reforço na Bulgária, o médio Slavchev, internacional pelo seu país, isto para além do único alvo até ao momento com proveniência interna, o central Paulo Oliveira, contratado ao V. Guimarães."

sexta-feira, 30 de maio de 2014

12 perguntas sobre o Sporting

O Bruno Jacinto é um Sportinguista que conheço de uma das redes sociais, neste caso o Twitter. É o autor de um blogue de opinião generalista, "O Sino". O Bruno decidiu ouvir alguns dos seus seguidores que com ele partilham a paixão pelo Sporting Clube de Portugal, colocando-lhes  perguntas. Deu-me a honra de auscultar a minha opinião, consideração que agradeço. São essas perguntas e as respostas que dei que aqui coloco hoje, convidando os leitores a deixarem as suas próprias respostas. Mais uma vez os meus agradecimentos ao Bruno Jacinto, a quem deixo um caloroso abraço leonino.

Como classificas a tua presença na Internet, e redes sociais no que toca ao Sporting?
Antes de responder directamente à pergunta gostava de contextualizar o que é a minha presença nas redes sociais. Tenho um blogue, o A Norte de Alvalade, um perfil do mesmo blogue no Facebook e um perfil no Twitter. Além disso tenho perfis de cariz pessoal no Facebook e no Twitter. O perfil pessoal no Facebook criei-o para poder acompanhar alguns familiares que vivem há muitos anos no estrangeiro e em diversas partes do globo. O perfil pessoal no Twitter é usado para tudo e mais alguma coisa. Na verdade não tenho qualquer estratégia de comunicação por detrás de qualquer desses perfis. O do Twitter, especialmente, é uma ferramenta de escape, onde, em 140 caracteres aproveito para dizer coisas sérias e os maiores disparates, tentanto uma abordagem humorada e falando quase sempre do Sporting.

Não tenho qualquer pretensão em ter audiências, ser uma referência, muito menos fazer opinião. Represento-me apenas mim mesmo. Mas tenho consciência que o meu nick (leaodealvalade) e o facto de escrever em ritmo quase diário sobre o Sporting me proporciona uma visibilidade muito maior do que a minha representatividade, como individuo. É essa noção, especialmente quando escrevo sobre o Sporting, que define a generalidade das minhas intervenções. Não procuro ser um exemplo, obviamente, mas uma abordagem que seja fiel aos valores que a história do clube nos transmite: respeito pelo desporto, pelos adversários e que não há pior derrota do que pelo menos não tentar. 

Que modalidades acompanhas regularmente?
O futebol é a modalidade que acompanho com maior proximidade e assiduidade. Mas tento acompanhar todas em que o Sporting está envolvido. Este ano foi contudo dos que teve prestação mais pobrezinha da minha parte, futebol incluído. Isto por razões de ordem pessoal que gostaria muito não se voltassem a repetir nos próximos tempos. 

Como classificas a prestação da equipa durante esta época?
Se tivesse que dar uma nota de 10 a 20 daria um 16. Um Bom claro portanto. A carreira foi de todo surpreendente. Se fosse levasse apenas em conta os resultados a nota seria mais elevada e o mesmo sucederia se fosse apenas pelo empenho dos jogadores, técnicos e dirigentes. O nível praticado arredonda por baixo a nota. 

Que terias mudado na abordagem que o Sporting teve esta época?
Essa é a pergunta mais fácil de responder depois da época acabar, porque há uma perspectiva clara do que foi realizado. Porém, não diria muito diferente do que disse antes e durante a época. Sendo um ano de transição e de grande tolerância, talvez tivesse dado maior protagonismo a jogadores da casa que viram os seus lugares ocupados por jogadores que não lhes são superiores, como Dier/Maurício João Mário/Magrão, antes pelo contrário. Creio que este fenómeno na B ainda se fez sentir mais. Talvez não tivesse dispensado os mesmos jogadores, mesmo considerando a dificuldade do processo e a necessidade de reduzir custos. Podia mencionar outros aspectos, mas pouco importantes neste momento, tendo em conta os resultados alcançados que, há um ano, pareciam apenas uma miragem. 

Qual a melhor coisa feita pelo presidente Bruno de Carvalho neste primeiro ano?
Antes de responder gostaria de dizer que é difícil responder em termos absolutos. Para uma organização as grandes coisas, o excepcional, tal como as más, as catastróficas, não se atingem com uma decisão mas com um punhado delas a contribuírem para o desfecho final. Daí que não nomeie apenas uma mas um conjunto de decisões que passam pela escolha de Jardim e pelo núcleo muito restrito conseguido em torno do futebol. Os resultados são essenciais e sem eles tudo fica em causa e, neste momento particular da sua história, o Sporting precisa de estabilidade para, paulatinamente, poder repor o clube no patamar que é seu de direito, pelos sua grandeza e pelos seus adeptos. 

E a pior?
Esta pergunta e anterior podiam ser respondidas no mesmo parágrafo com este preâmbulo: é muito difícil ser espectador da história e apreendê-la em toda a sua abrangência. E é muito fácil julgar, desconhecendo-se em profundidade as circunstâncias que levam às decisões. Um ano é muito pouco para julgar e até mesmo para se perceber a direcção em que se vai. Mais do que eleger a pior coisa que Bruno de Carvalho tem feito vou dizer o que tenho gostado menos. E isso tem sido a quase total subjugação de um clube à figura do seu presidente e correspondente endeusamento. Desconfio sempre do excesso de poder e da ausência de espírito crítico. Tenho algumas dúvidas relativamente à sua capacidade de ouvir outros que não apenas os que concordam com ele. 

Que jogador da equipa principal, que tenha sido titular regularmente, te parece menos indicado para permanecer neste plantel?
Talvez Capel, pelo que representam os seus vencimentos e o que foram este ano as suas prestações. 

Acompanhas as camadas jovens ou equipa B? Se sim, quem te parece pronto para ser o próximo jogador a agarrar o lugar na equipa principal?
Este ano acompanhei menos que em anteriores. Talvez Dramé ou Esgaio. Com pena minha que não seja o Iuri Medeiros ou mesmo Chabi. Talento não lhes falta. 

Achas que o titulo esta época foi justamente entregue?
Acho que o campeão tem o melhor plantel, é a melhor equipa, a que melhor futebol praticou. Nem sempre isso significa reunir todas as condições para ser campeão. Acho que o momento decisivo foi a vitória no “derby das placas voadoras”. A distância que se estabeleceu a partir daí deu segurança não antes vista e que permitiu o embalar para o titulo. 

Notas mudanças na maneira como os adeptos dos nossos rivais nos tratam nas redes sociais, em relação à época passada?
Noto algumas, sobretudo em relação aos do FCP, por razões óbvias. Já em relação aos do SLB notei sobretudo no inicio da época, especialmente quando andamos na frente. Depois depressa voltaram ao normal. Neste capitulo gostava de dizer que há algumas características que destingem os diversos grupos de adeptos, mas estas, nas redes sociais, tendem a esbaterem-se cada vez mais. O anonimato “dá” muita coragem… 

Que expectativas tens da nova estrutura do Jornal Sporting? Concordas com as mudanças feitas?
Do jornal do Sporting espero que melhore. Não parece dificil, tendo em conta um longo passado, mas a verdade é que dificilmente isso acontece sempre que se efectuam mudanças. Sobre as mudanças feitas mais do que certezas tenho perguntas como as que fiz no meu blogue em artigo sobre o assunto. Pode ser lido aqui (seguir link) 

E o que esperas da Sporting TV? O que esperas que contenha, e o que ficarás desiludido se não tiver?
Espero que tenha qualidade suficiente para orgulhar os adeptos do clube. Os projectos dos clubes rivais tornam a tarefa complicada porque as comparações serão inevitáveis. Isso é obviamente importante, quase tão importante como a qualidade dos conteúdos. Se estes me permitirem inteirar com maior facilidade das actividades do clube e estiverem à altura do que representa o Sporting dar-me-ei por satisfeito.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

A propósito da Taça de Honra ser transmitida na SLB TV

Ao que parece a próxima edição da Taça de Honra da A.F. Lisboa será transmitida na SLB TV. Aguardemos para perceber que critérios presidiram à decisão, uma vez que sobre os direitos televisivos o Sporting, como clube participante, tem uma palavra a dizer. Como o referido canal é um dos players no mercado, é de supor que é da sua autoria a melhor proposta.

Enquanto a explicação não surge certamente que as reacções não se farão esperar. Claro que para a generalidade dos Sportinguistas a noticia não é agradável uma vez que serão obrigados a tomar uma de duas decisões: ver o jogo e assim contribuir para as receitas do canal do clube rival ou, para não o fazer, acabar por não ver o jogo. Claro que além destas duas hipóteses há uma terceira, que é o tão famoso "oh pá, tens aí um link?"

De todas as reacções possíveis há uma que me agrada sobremaneira: jogar a competição para ganhar e se possível jogar bem. Por 4 razões que me ocorrem à partida:

- Trata-se do inicio de época e não há nada melhor do que começar uma nova época a ganhar

- Trata-se de uma competição na qual o Sporting é o clube mais titulado. 

- O Sporting é o titular da competição, por a ter vencido no ano passado.

- É sempre bom que os nossos rivais nos vejam jogar bem e ganhar.

Não faltará quem advogue outras medidas ou atitudes, até mesmo o boicote à competição. Não consigo concordar ou até perceber este tipo de posição, pese o desagrado que noticia possa provocar. Até porque , por si só, a transmissão pelo referido canal em nada interfere na nossa capacidade de vencer. A enveredar por este caminho, e com o já prometido boicote à Taça da Liga, qualquer dia o Sporting corre o risco de não jogar nenhuma competição no futebol profissional. 

O Sporting em que me revejo é aquele que não desiste só porque a missão é difícil ou porque os recursos ou meios são desiguais. A história do Sporting não se construiu de queixumes ou lamúrias, antes da enorme vontade de triunfar sempre e em qualquer circunstância.

P.S.- Há várias formas para olhar para esta exibição de força, do canal do clube rival, que se junta a outras, como a da transmissão dos jogos da Liga Inglesa. Uma excelente medida de gestão, que certamente alargou, dentro e fora do âmbito do clube, o leque dos seus assinantes. Recuso liminarmente o discurso de vitimização, a concorrência, mesmo q desleal, apura-nos e obriga-nos a sermos ainda melhores.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Orçamentos: é possível voltar ao topo reduzindo drasticamente o orçamento?


A noticia
O jornal "O Jogo" noticiava ontem que o Sporting pretende que o seu orçamento futuro não ultrapasse os vinte milhões de euros. A noticia, que não foi confirmada por fonte oficial,  é algo surpreendente, isto porque, como é do conhecimento geral, o orçamento da SAD do Sporting anda em valores bem próximos de apenas um quarto do que as suas congéneres rivais têm à disposição. Mesmo sem confirmação oficial, a noticia é um pontapé de saída para uma reflexão sobre o tema.

O poder diferenciador do dinheiro
Basta dar um breve relance pelo que foram os campeões por essa Europa fora para perceber que o dinheiro conta e muito para conseguir, no final de uma época, acrescentar uma taça ao currículo e ao museu de um clube. O exemplo do Atlético de Madrid, esgotado de tantas vezes ser usado, não pode deixar de ser olhado como excepcional. Basta para tal constatar o poderio do Barcelona e Real Madrid nos últimos anos, incinerando à partida exemplos de outrora, agora já longínquos, do próprio At. de Madrid ou Real Sociedad, Valência, Bilbau e poucos mais. O titulo do Atlético, inteiramente merecido, é a excepção dos que conseguem saltar o rolo constritor do poder do dinheiro antes de ele produzir o seu efeito demolidor. Este é um fenómeno que veio para ficar e que coloca nos arquivos a ideia romântica do futebol com que cresci. Ainda assim os mais ricos já então ganhavam sempre mais vezes.

Enquadramento nacional
O cenário não melhora quando olhamos para o nosso campeonato. Fazendo uma retrospectiva ao que têm sido os campeões desde o início do presente século, há dois factores importantes que ressaltam da análise e que me parecem merecer destaque: a confirmação da importância dos orçamentos e a sua consequência na competitividade do campeonato. 

Analisando os campeonatos deste século até hoje (2001-2014) facilmente se constata que, para ser campeão, são precisos pelo menos setenta e cinco pontos ou mais. Dos treze campeonatos oito foram conquistados com pelo menos esse pecúlio (2001/02-2002/03-2003/04-2005/06-2009/10-2010/11-2011/12-2012/13), sendo de realçar que, desses oito, três deles foram conseguidos com mais de oitenta pontos (2002/03-2003/04-2010-11). Dois deles (2005/06-2012/13) ficaram bem perto desse valor, setenta e nove e setenta e oito, respectivamente.

É verdade que esta diferença acentuada pode ser atestada em anos anteriores, afinal o campeonato português sempre teve um carácter tricéfalo acentuado. Porém, há um fenómeno que cada vez ocorre com mais frequência e que anteriormente, mesmo nos períodos áureos de cada um dos três clubes, era muito raro: o da invencibilidade. O FCP foi campeão duas vezes seguidas sem ser derrotado e o actual campeão, o SLB, sofreu apenas uma derrota em cada um dos últimos campeonatos.

Importância dos fundos e empresários
Há dois factores que se destacam na forma como quer FCP e SLB têm conseguido exponenciar as suas receitas, o que lhes permite não só contratar melhores jogadores como pagar-lhes o salário: as performances desportivas e uma boa compreensão do que é o funcionamento do mercado. 

As receitas provenientes do acesso à Liga dos Campeões, das quais os prémios de jogo são uma ínfima parte, foram o trampolim que começou por distanciar o FCP dos demais, a que juntou um circuito de prospecção, valorização e vendas quase perfeito . O SLB, com a entrada de Jesus, ainda conseguiu apanhar o comboio, mesmo tendo conseguido apenas dois campeonatos. As boas performances desportivas permitiram uma valorização de activos verdadeiramente notável, com receitas não menos notáveis. O Sporting, por diversas vicissitudes bem conhecidas de todos, tem visto passar os comboios. A venda de Nani ao Manchester é um exemplo sem repetição.

Quase todos os grandes negócios têm um nome comum: Jorge Mendes, facto que se estende ao mundo futebolístico em geral: quase todas as grandes transferências têm a sua chancela. O recurso aos tão famigerados fundos funcionam como fonte de financiamento e partilha de risco. Paradoxalmente, o Sporting mantém-se à margem, isto apesar de o seu mais proveitoso negócio de sempre, Nani, ter o nome de Jorge Mendes.

Porque seria mau para o Sporting, por exemplo, que Mendes fizesse com William Carvalho um negócio com contornos semelhantes ao realizado com André Almeida e Rodrigo, em que o Sporting recebesse uma parte substancial da cláusula de rescisão e ainda pudesse manter o jogador mais um ou dois anos nos seus quadros?

Há muito tempo que se fala na regulação e até mesmo na interdição da partilha de passes de jogadores com fundos e empresários por parte da UEFA. Quanto a mim um erro, porque afinal têm sido esses mecanismos que têm permitido aos clubes da periferia europeia, que não despertam o apetite dos grandes investidores, ou que não se encontram no lote de clubes de implantação mundial como Barcelona ou Real, manter alguma competitividade. O próprio Atlético de Madrid conseguiu afrontar os dois grandes de Espanha e até chegar a êxitos internacionais recorrendo à partilha a posse de grande jogadores, sem quais tal não seria possível. Os organismos internacionais que gerem o futebol estão obrigados a zelar pelo equilíbrio da modalidade, que não sucederá se o lote de vencedores estiver restringido a um apertado numerus clausus, ou clube exclusivo.

Sporting, que caminho seguir?
Bruno de Carvalho tem insistido num discurso regenerador no que às relações com o mercado diz respeito, com o qual concordo na essência. Só não me parece boa estratégia é que o Sporting empreenda a mudança sozinho, antes dos demais. Pelo menos que o faça antes de que as regras mudem. Não só porque não há nenhuma garantia que elas venham a ocorrer, mas sobretudo porque tal só contribui para o isolamento e consequente diminuição da sua competitividade. 

Isto dito fica a minha discordância com os que acham que o Sporting, nestas matérias, deve ir primeiro e mais longe e que isso é vantajoso para o clube. Ou que nos cabe a nós dar lições aos empresários. Os empresários e fundos têm o resto do mundo para negociar e ganhar dinheiro. O Sporting pode até não concordar com as regras mas tem de jogar com elas. Não mais do que o sucede num jogo de futebol, se por acaso não lhe agradar a lei do fora-de-jogo, não se pode eximir da sua aplicação e sobretudo de lhe saber retirar vantagens.

Competitividade e concorrência
O Sporting, além dos problemas que são comuns a todos clubes, tem mais dois problemas para se afirmar como clube vencedor: os seus rivais históricos. Pode num ano ultrapassar um, como no ano presente, mas tem de ter um ano quase perfeito, nos actuais moldes, para ultrapassar os dois.

Há 2 formas de inverter isto: o planeamento a prazo e o aumento do investimento, isto é, com um orçamento maior. Não tem necessariamente que ser um orçamento equivalente aos maiores, mas que inevitavelmente se tem que aproximar para valores mais realistas. Com 1/4 do orçamento dos rivais é muito mais provável ver-se mais frequentemente a disputar lugares com tem um orçamento mais próximo - SCBraga, por exemplo - do que a concorrer em permanência alcançar SLB e FCP. Ficar de vez em quando nos primeiros lugares pode ser excelente para clubes como o Braga mas, a médio e longo prazo não significam mais do que o definhar do Sporting, porque o afasta do seu desígnio e identidade.

De ciclo virtuoso a círculo vicioso
Mesmo um planeamento correcto e previdente não põe um clube formador fora da necessidade de aumentar as receitas para poder ficar com os melhores jogadores - sejam eles da casa ou não - ou pelo menos alguns deles, de forma a não ter que refazer todos os anos o seu plantel. A consequência inevitável de um bom ciclo competitivo é a valorização dos seus jogadores, o que inevitavelmente atrai as atenções de clubes mais poderosos. Não estando à altura de manter alguns dos melhores e substituir sem perda os que saem, o Sporting afunda-se num círculo vicioso: não ganhando não é um projecto apetecível para os melhores e viverá em constante instabilidade, porque não há estratégia que subsista sem resultados.

Conclusões
São sabidos os constrangimentos que afectam os clubes, e do Sporting em particular, no que a contas diz respeito. O serviço da dívida representa um esforço colossal. Mas nada do que aqui se diz em nenhum momento significa advogar más contas ou gestão irracional. Ou que o dinheiro é tudo e se pode sobrepor à gestão inteligente. Isto também não significa afirmar que a gestão dos dois rivais está isenta de criticas, obviamente.

Pagar o que se deve é fundamental, mas esta não pode ser a única preocupação. O Sporting tem que se manter competitivo e para isso precisa de receitas que façam face ao seu estatuto e ambição. Diminuir o orçamento representa um perigo para a competitividade da sua equipa mais representativa.

É possível alcançar o topo reduzindo drasticamente os orçamentos? 

Poderá o Sporting aprender a viver sem comer? 

Ou arrisca-se a ter o mesmo destino de uma velha história, em que o animal falece quando parecia já habituado a dispensar o alimento?

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Gonçalo e João Pedro: 2 nomes importantes no Sporting 2014/15 de que não vai ouvir falar

Gonçalo Pedro e João Pedro são os nomes dos adjuntos que compõem a equipa técnica  de Marco Silva e de quem o treinador não abdica de levar na sua curta viagem da Amoreira para Alvalade. O jornal Record publica hoje um artigo onde fala do trajecto e das funções de cada um deles. É esse artigo que é aqui dado a conhecer, na certeza de que estamos a falar de homens muito importantes para o sucesso do Sporting 2014/15, mas de quem vamos ouvir falar poucas vezes.

Marco não abdicou de ambos (Gonçalo e João Pedro) no maior salto da carreira até ao momento. Apesar de terem começado a trabalhar em conjunto há apenas um ano, no Estoril, os três não eram propriamente estranhos. Pelo contrário. Marco já conhecia João Pedro do tempo de jogador, e colaboravam no Estoril desde a época anterior, e tinha as melhores referências de Gonçalo Pedro, recrutado para o projeto dos canarinhos em 2013/14, após passagem bem-sucedida pela Arábia Saudita.

O braço-direito
Com João Pedro, o conhecimento remonta pelo menos a 1998/99, época em que se cruzaram no plantel do Trofense. O agora adjunto era avançado e Marco Silva defesa. Este saiu para o Campomaiorense em 1999/00 mas voltariam a encontrar-se na Trofa em 2000/01.

O convívio desses tempos foi suficiente para alimentar uma relação de amizade e confiança profissional que levou a que, em 2012, quando estava prestes a subir à equipa B do Sp. Braga, na sequência do bom trabalho nos escalões de formação, João fosse convidado para juntar-se ao amigo no Estoril. A oportunidade de se incorporar numa equipa de 1.ª Liga fez toda a diferença, para o técnico que até aí desenhara o seu percurso no Minho. E rapidamente ascendeu à condição de braço-direito de Marco Silva.

Quem trabalhou mais de perto com João Pedro destaca-lhe a competência, a capacidade de criar uma base de trabalho e a clarividência perante situações de maior stress. Na prática, funciona como um “excelente complemento” numa equipa técnica, participativo na metodologia de treino, na partilha de ideias ou na análise aos adversários. O passado de futebolista enriquece o currículo e a experiência.

O faz-tudo
A ligação profissional de Marco Silva e Gonçalo Pedro é bem mais recente mas o adjunto especializado na condição física é, deste trio, o único que já trabalhou no… Sporting, mais concretamente na formação [ver nesta página].

Antes do Sporting, Gonçalo Pedro já passara pela formação do Benfica. Depois de sair da Academia, começou por baixo, no SL Cartaxo. Mas daqui foi para o Portimonense (pela mão de Luís Martins), fez uma incursão pelo futebol jovem do Sp. Braga e, daqui, projetou-se em 2010 para a Arábia Saudita (de novo com Luís Martins na “jogada”), até ao regresso a Portugal, há um ano, e para o Estoril de Marco Silva.

Neste trajeto ganhou fama de faz-tudo, surpreendendo os mais próximos pelo interesse, conhecimento e competências reveladas, nomeadamente no domínio e uso de tecnologias, no scouting, na observação de jogos ou no trabalho de ginásio. “Um treinador com capacidade, grande profissional, trabalhador e com vontade permanente de aprender”, assim é descrito.

Apesar de nunca ter trabalhado nos seniores do Sporting, Gonçalo Pedro volta a uma casa que já conhece e onde, inclusive, reencontrará alguns jogadores com quem já trabalhou.

Em 2003/04, Gonçalo foi técnico-adjunto estagiário da equipa de juniores, liderada então por João Couto e Luís Martins e que contava nas suas fileiras com futebolistas como Nani, João Moutinho, Miguel Veloso, Silvestre Varela, Saleiro ou Yannick. Em 2004/05 permaneceu em Alcochete e desempenhou funções nos sub-17, de novo com João Couto como líder da equipa técnica. Ali encontrou nomes ilustres num grupo que haveria de sagrar-se campeão: Rui Patrício a Adrien, que agora irá reencontrar. O adjunto responsável pela preparação física voltaria a cruzar-se com a mesma dupla, Patrício e Adrien, nos juniores em 2006.

Passagem pelos quadros do Sp. Braga

Aconteceu em momentos e em circunstâncias distintas mas Marco Silva, João Pedro e Gonçalo Pedro, além do Estoril, têm mais um clube em comum nas respetivas carreiras. Trata-se do Sp. Braga, onde todos já passaram em diferentes ocasiões. Marco esteve duas épocas na equipa B dos minhotos no tempo de jogador (2001/02 e 2002/03). João foi formado no emblema minhoto, jogou na primeira equipa e foi técnico adjunto dos juniores. Gonçalo orientou os sub-17 e os sub-15 dos bracarenses.

Colegas de curso no UEFA Pro – IV Nível

O tempo voa e há apenas um ano Marco Silva e Gonçalo Pedro eram companheiros de curso no UEFA Pro – IV Nível realizado em Quiaios (e que contou com a participação de outros jovens treinadores da Liga, como Sérgio Conceição ou Nuno Espírito Santo). Um facto curioso nessa conjuntura é que, nessa altura, e para não deixar de orientar os treinos no Estoril Praia, em plena pré-época, Marco era sujeito a autênticas maratonas automobilísticas, entre os 400 e os 500 quilómetros diários!

CURIOSIDADES

- Gonçalo Pedro é o único que já emigrou, tendo trabalhado nas seleções da Arábia Saudita (A e olímpica) ao tempo de José Peseiro, assim como no Al-Ahli Jeddah

- No Al-Ahli foi campeão na categoria sub-23 em 2011/12. Exerceu funções como adjunto, coordenador do gabinete de análise de jogos e jogadores e responsável pela observação dos adversários da equipa principal

- Com conhecimento de causa da cultura árabe, o responsável pela preparação física encontrará em Alvalade dois jogadores que poderão beneficiar desse facto: Shikabala e Slimani

- João Pedro, nascido em Luanda (como William Carvalho), fez carreira de futebolista. Foi avançado e realizou 47 jogos na 1.ª Divisão, ao serviço de Sp. Braga, Desp. Chaves e Rio Ave

- Além destes clubes representou ainda Arsenal Braga, Vila Real, Trofense (onde jogou com Marco Silva) e Caçadores das Taipas (onde acabou a carreira)

- Ambos têm experiência profissional na formação de jovens talentos, uma mais-valia que pode agora ser potenciada no Sporting, reconhecido pelo trabalho nesta área.

sábado, 24 de maio de 2014

Liga dos Campeões tem Lisboa e Sporting gravados para sempre

A equipa do Sporting no jogo do Jamor
Joga-se hoje a final da Liga dos Campeões e quis a sorte juntar duas equipas da mesma cidade na capital do país vizinho. Feliz coincidência, que deixará marcas na nossa capital, ela já com nome gravado na tão prestigiada competição e da qual o nome do Sporting também fará parte para sempre. Isto porque o primeiro jogo da competição foi realizado no Jamor, a 4 de Setembro de 1955 e teve como contendores nada mais nada menos que o Sporting Clube de Portugal e o Partizan de Belgrado. O primeiro golo  seria também marcado por um jogador do Sporting, de seu nome Martins.

A arbitragem esteve a cargo do francês Harzic. O Sporting era treinado por Alejandro Scopelli e o Sporting alinhou com: Carlos Gomes; Caldeira e Galaz; Armando Barros, Passos e Juca; Hugo, Travassos, João Martins, Vasques e Quim.

Assinale-se que a presença do Sporting se deveu ao enorme prestigio de que o nosso clube gozava em Portugal e no mundo, que começava a acordar para as competições internacionais entre clubes. O Sporting não era o campeão em titulo - o campeonato 1954-55 havia sido ganho pelo Benfica - mas a sua participação deveu-se a um convite expresso da UEFA para o efeito, o que, como é de calcular, não deixou de constituir polémica na altura. O jogo terminaria com um empate a três golos. A partida não correria de feição para o Sporting, mas poderia ter tido outro desfecho, que as palavras de Travassos sintetizaram à época: "Sem merecermos empatar, poderíamos ter ganho.". 

O jogo da segunda volta seria marcado por uma infindável viagem, com escalas em Barcelona, Roma e Atenas. A capital grega encantaria a comitiva, que teve direito a  demorado passeio turístico. Este seria o tom da chegada a Belgrado, com o Partizan a colocar à disposição da equipa do Sporting um autocarro Austin, um veiculo luxuoso que o clube recebera de uma famosa digressão a Inglaterra.

A equipa já não vivia o fastigio que gozara anos antes e que a levaram a vencer oito campeonatos em nove, conquistando o primeiro tetra da história do futebol português. O jogo da segunda mão haveria de se saldar por uns decepcionantes 5-2. Este tem sido, aliás, o tom geral das participações do clube nesta competição, onde nunca conseguiu uma presença de acordo com os seus pergaminhos. Ora por falta de qualidade das participações, ora por falta de sorte. 

Algumas notas de curiosidade:
A superioridade do Partizan de Belgrado deveu-se em muito ao seu famoso avançado Milutinovic. Não fora a enorme exibição de Carlos Gomes e os três golos do avançado jugoslavo poderiam ter sido bem mais. Milos Milutinovic é ainda hoje considerado um dos melhores jogadores jugoslavos da história. Os dirigentes do Sporting ainda fizeram abordagens para a sua aquisição, mas o facto de pertencer a um país de Leste conotado com a então União Soviética e os três mil contos, uma fortuna para a época, que os dirigentes do Partizan exigiam para se sentar a conversar, apagaram o interesse.

A competição, hoje conhecida por Liga dos Campeões, esteve para receber o nome de Taça Seeldrayeers, em honra de Rodolf William Seeldrayeers, alemão que havia sucedido o mítico Jules Rimet na presidência da FIFA, mas que havia de morrer um mês depois do jogo do Jamor. 

O Jamor voltaria a acolher um jogo da Liga dos Campeões, em 1967. Mais precisamente a final desse ano, vencida pelo Celtic, o primeiro clube britânico a inscrever o seu nome na prestigiada competição.

Nota Final
Habitualmente esta história começa no prestigiante convite para primeira participação na competição e termina no golo de João Martins, ficando na penumbra o desfecho da eliminatória. Ao contrário do que é a a liturgia normalmente usada pelas organizações ou pessoas quando se referem ao passado, não encontro razões para não lembrar a totalidade dos factos. Porque eles falam-nos, ao fim e ao cabo, da vida, isto é, das grandes vitórias e dos fracassos, do Sporting Clube de Portugal. Clube ao qual me une um amor incondicional, que não é regido pelos humores das vitórias e dos insucessos e de cuja história me orgulho em volume muito maior do que meu peito pode abarcar.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Um Marco novo para um novo marco no Sporting

A apresentação (algumas notas)
Não é de hoje ou de ontem, já o digo há anos, que as apresentações de jogadores ou treinadores deviam decorrer em momentos diferentes para adeptos e profissionais da comunicação social. As razões e presenças de uns e outros são substancialmente diferentes e creio que todos ficariam a ganhar. Os adeptos poderiam ter melhor acesso ao apresentado, os profissionais teriam melhores condições para fazer o seu trabalho. 

 O que é dito acima não significa que a cerimónia tenha decorrido mal ou com problemas. Antes pelo contrário. A duração foi correcta, sem se alongar em demasia. Marco Silva esteve bem, bem como Bruno de Carvalho, ao deixar os focos incidirem sobre o homem do momento. O ano passado, pela ocasião da apresentação de Leonardo Jardim, tinha criticado o excesso de protagonismo Bruno de Carvalho, particularmente quando interrompeu Jardim e este insistiu em falar. Desta feita deu os holofotes ao homem do momento, evolução que me apraz registar. Não percebi a necessidade da referência ao inimigo interno "O Sporting tem um projecto, um rumo muito bem definido. Acho que algumas pessoas estão desatentas, algumas dentro do clube" pela momento e pela ambiguidade da declaração. Para quem foi o remoque?

A duração do contrato
Algo surpreendente, a duração de quatro anos, por se tratar de um contrato longo e sobretudo por ultrapassar a vigência do actual mandato. Se tal pode ser facilmente aceite no caso dos jogadores, mais difícil é quando se trata de um treinador, pela sua importância numa organização. Como sempre, serão os resultados a determinar o juizo sobre o acerto da decisão. Serão também eles e não a duração do contrato a pautar a estabilidade da relação de Marco Silva com o Sporting. A sua extensão protege o clube caso Marco Silva venha a despertar a cobiça de terceiros.

A estratégia por trás da aquisição de Marco Silva
O facto de o Sporting ir buscar o melhor treinador da Liga disponível é importante para a auto-estima dos adeptos e pode ter uma importância estratégica superior à mera ocupação do lugar deixado vago por Jardim. Pode tratar-se, o tempo o dirá, da inversão dos papéis quando o Sporting (ao tempo Bettencourt) podia ter contratado Jorge Jesus e preferiu a renovação com um Paulo Bento esgotado. Erro que viria a agravar com o abrir mão do compromisso firmado com AVB para ir buscar... Paulo Sérgio. São dois momentos em que o Sporting não só ficou pior servido como viu os seus rivais saírem reforçados. Marco Silva é, indiscutivelmente a melhor escolha neste momento.

O entusiasmo em volta de Marco Silva
Excelente, como quase sempre, a resposta dada pelos adeptos, sempre dispostos a abrir o peito e deitar para trás das costas o mau agoiro. Muitas criticas se podem fazer relativamente à postura no auditório, mas a generalidade delas é injusta. Não fazia sentido receber o novo treinador em ambiente de depressão, os adeptos quiseram dizer a Marco Silva que pode contar com eles.

Euforia sim, irracionalidade não
É muito árdua a tarefa de Marco Silva, como seria obviamente a de Leonardo Jardim. Mudou o nome, mudará até a forma de jogar, mas as dificuldades manter-se-ão. O próximo ano será muito difícil, muito mais difícil até. Quem vê facilidades na chegada de Lopetegui ao Dragão é bem capaz de ter uma surpresa... desagradável. Na continuidade ou não de Jorge Jesus, mais do que a continuidade deste ou daquele jogador, estará, ou não, a manutenção da vantagem de quem acaba de ser campeão.

O Sporting continua, a meu ver, a correr por fora. A euforia em volta de Marco Silva é natural porque o Sporting, para a maioria dos seus adeptos, é paixão. Sentimento que, para fazer sentido, tem que ser temperado com doses de racionalidade. Essa é a racionalidade que nos obriga a reconhecer as nossas dificuldades e a vantagem dos rivais pela superioridade dos meios à disposição. Reconhecê-la não me custa  nem me desmobiliza, antes reforça a importância de cada vitória, cada conquista.

O que vale Marco Silva
O trabalho feito pelo treinador é absolutamente notável. As melhores classificações de sempre do Estoril sob o seu comando. A subida na classificação depois de perder os melhores titulares e se ver privado, em Janeiro, de jogador ancora do seu modelo, Luís Leal. Um trabalho possível não apenas pelo seu valor como técnico, mas também pelo trabalho da SAD estorilista. Marco Silva estará também dependente dos meios que a SAD do clube lhe proporcionar, da sorte e, inevitavelmente, da relação de forças com os principais rivais. 

A surpresa dos números
Uma nota de mera curiosidade mas que poderá ser um dado com algum interesse na avaliação do trabalho de Marco Silva. Se houvesse um campeonato apenas a 4, isto é, apenas com o registo dos jogos entre os quatro primeiros, o Estoril seria o segundo classificado com 8 pontos, numa classificação assim alinhada:
SLBenfica: 13 pontos;
Estoril: 8 pontos;
FCPorto: 7 pontos;
Sporting: 5 pontos;
Este são dados importantes que permitem avaliar o bom trabalho de Marco Silva. E obriga-nos à inevitável reflexão, muitas vezes aqui feita, sobre o real valor do Sporting e a importância dos resultados alcançados. É muito difícil pensar que as dificuldades sentidas com os mais fortes foram meramente casuais. Uma reflexão obrigatória para perceber o real ponto de partida para a próxima época.

O que mudará com Marco Silva
Abordagem em algumas pinceladas, há um campeonato inteiro para registar as alterações. Mudará o estilo de jogo. O Sporting procurará ter mais posse, defenderá mais subido, defenderá mais cedo, logo a seguir à perda de bola e com mais gente. Provavelmente aumentará a presença no último terço do campo, bem como a procura por espaços mais ao centro, perdendo as alas a preponderância que tinham com Jardim. Aumentará, por consequência, a exposição ao risco no momento imediato à perda de bola. Poderão mudar  alguns dos protagonistas, mudarão pelo menos muito do que lhes foi pedido durante este ano.

Um Marco novo para um novo marco no Sporting
Boa sorte Marco Silva! Que a união que agora se inicia seja uma união de factos e de histórias gloriosas para contar!

quinta-feira, 22 de maio de 2014

«O Sporting tem de dominar os jogos, comandar em posse, procurar o golo sistematicamente»

«O Sporting tem de dominar os jogos, comandar em posse, procurar o golo sistematicamente. Ser uma equipa equilibrada mas ambiciosa, a querer vencer todos os jogos»

As palavras não contam muito quando não têm sustentação em resultados, mas contam alguma coisa. Neste sentido a apresentação de Marco Silva não poderia ter sido melhor: discurso claro, ambicioso e muito bem preparado para as diversas perguntas que a comunicação social lhe haveria de colocar. O nervosismo foi o quanto baste, isto é, compreensível pela importância do momento e pela dimensão de um cenário a que não estará habituado, sem comprometer.

Voltarei mais tarde à apresentação do nosso novo treinador, de forma mais especifica, uma vez que a sua contratação é um momento definidor da época. Escolhi a frase que titula o post bem como as duas que estão em destaque no seu inicio porque me parecem essenciais. 

Os treinadores podem dizer coisas muito bonitas, as que os adeptos dos clubes gostam de ouvir. Essa é a sua tarefa mais fácil, basta conhecer um pouco da história do clube, algo que até o empresário pode ensinar em cinco minutos de breefing a um treinador que acabe de chegar dos antípodas.

O importante porém são as suas ideias e a forma como as operacionaliza, de forma a resultar num modelo de jogo que sirva os objectivos do clube. Por isso é importante que o treinador tenha em conta o plantel à disposição e, não menos importante, perceber o clube a que acaba de chegar, os seus objectivos, a sua personalidade social, o sentir e forma de estar dos seus adeptos. 

Por tudo isto considero as duas frases que destaco muito importantes. Porque identifico nelas a base de um Sporting à altura das expectativas dos seus adeptos e de acordo com as características que favorecem  a base que constitui o actual plantel, bem como os jogadores que aí poderão chegar via formação, considerada estratégica nos propósitos dos corpos sociais.

É apenas um começo, mas é indiscutivelmente um bom começo.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Como interpretar a conferência de imprensa de despedida de Jardim?

Não é de forma nenhuma inédito vermos treinadores terem direito a despedida em prime-time, sem cumprir o contrato. No Sporting não me lembro. Também não me parece haver memória de, à saída do treinador, equivaler a entrada de uma verba significativa. Contudo, o facto de isso nunca ter acontecido não significava que três milhões de euros me parecesse um bom negócio.

O negócio é a ocasião, não deixando de inegável que o Sporting nunca teve um treinador valorizado aos olhos do mercado e com uma cláusula tão elevada. Não aproveitar devidamente as condições favoráveis seria obviamente um mau negócio. O encontro a meio da ponte, com cedências mútuas, uma vez que o treinador contrariado também não nos interessava, acaba por representar um bom desfecho. As verbas conhecidas (3 milhões+3milhões em objectivos) parece-me um bom negócio. Verbas às parte, parece-me também um bom negócio encerrar desta forma uma ligação que, até há poucos dias, foi marcada pela felicidade.

Porém, o que certamente preocupa mais agora a generalidade dos Sportinguistas não é o passado - Jardim- mas sim o futuro, o novo treinador. Seria, será, essa a conferência que todos estariam à espera. 

Como interpretar então a conferência de imprensa? 

Aconteceu para permitir que Leonardo Jardim sair pela mesma porta que entrou?

Terá o Sporting já assegurado o seu sucessor de Jardim, pelo que não tem pressa em apresentá-lo publicamente? 

Ou ainda não há apresentação porque não há acordo final com Marco Silva ou outro treinador qualquer?

Como é óbvio, com ou sem apresentação, todos esperam que seja a segunda a hipótese certa.

Questões centrais na contratação de Paulo Oliveira

Paulo Oliveira foi já confirmado ontem como nova contratação do Sporting.

Quem é então Paulo Oliveira?

Nome: Paulo André Rodrigues de Oliveira
Naturalidade: Famalicão
Data de nascimento:  8 de Janeiro de 1992
Altura: 1,87
Peso: 80 kg
Posição no terreno: Defesa central.
Clubes que representou: Famalicão, Penafiel (empréstimo), Vitória (clube que representa desde os 13 anos)
Titulos: Internacional sub-21 e vencedor da Taça de Portugal época 2012/13.

Apreciação pessoal
Paulo Oliveira é um nome interessante por se tratar de um jovem promissor e internacional sub-21. Este ano não acompanhei o seu trajecto, mas imagino que não tenha sido um ano fácil porque, como qualquer outro jogador, dificilmente consegue emergir acima da impressão geral da equipa de que faz parte, especialmente quando o ano não foi bom, como foi este para o Vitória. Mas a impressão que me ficou aquando da sua chegada à titularidade ao Vitória, quando o acompanhei mais de perto, é a melhor

Não seria a minha primeira escolha dentro do lote de centrais acessíveis de que faz parte. Um jogador como Marcelo (Rio Ave), por exemplo, por deter características que não existem entre os actuais titulares (capacidade de sair a jogar, lançar o jogo, boa leitura de jogo) parecia-me mais natural.

Características que existem em Dier, mas que, vai-se lá saber porquê, não estão ainda ao serviço da equipa. Atendendo a que tem apenas contrato até 2016, situação em tudo semelhante à de Ilori o ano passado, com os resultados que se conhecem, tornam pouco provável a sua utilização sem renovação de contrato. Antes de se diabolizar a posição que o miúdo inglês venha a tomar no futuro, convém perguntar se o Sporting valorizou devidamente e criou condições para frutificar a vontade expressa do jogador em vingar de leão ao peito.

Sem colocar em causa o valor actual e o que possa vir a ter no futuro Paulo Oliveira, a quem desejo as maiores felicidades, pergunto se este era o perfil de central que o plantel tinha em aberto para uma época de Liga dos Campeões. Não era essa a minha ideia quando há dias escrevi este post

E sendo este o perfil - pode ser que Paulo Oliveira esteja a ser encarado como terceiro ou quarto central - será que Nuno Reis não o preenche, o que tornaria desnecessário o gasto envolvido na presente aquisição?

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Regresso à Bulgária: quem é Slavchev?

Embora ainda sem confirmação oficial, parece já estar encontrado o primeiro reforço para a época 2014/15. Simeon Slavchev, médio, de 20 anos.

Socorrendo-me das informações de quem sabe, Rui Malheiro, aqui fica o perfil do jogador:

"Quem é Simeon Nenchev Slavchev

Naturalidade: Sófia, Bulgária,

Idade: 20 anos (25 de setembro de 1993); 1,85 m /75 kg

POSIÇÃO: Médio defensivo/centro

CLUBE: Litex Lovech

SALÁRIO ESTIMADO: Acessível


Melhor jogador jovem do ano na Bulgária, Slavchev, presença regular nas seleções inferiores desde os Sub-17, somou 14 golos em 35 jogos no campeonato búlgaro, ajudando o Litex Lovech a terminar a liga em 3.º lugar, com os mesmos 72 pontos do 2.º classificado, CSKA Sófia. Uma boa época que lhe rendeu a estreia na selecção principal.

Médio-centro ou médio defensivo, destaca-se pela enorme disponibilidade física e bons argumentos no corpo a corpo, ainda que possa gerir melhor o esforço. Eficaz a nível defensivo em ações de desarme e de antecipação tanto pelo chão como pelo ar, é agressivo, pressionante e algo faltoso.

Revela predicados na construção, fruto dos seus argumentos no passe e na leitura do jogo, como também na condução de iniciativas ofensivas em transição ou ataque organizado.

Perigoso a dar sequência aérea a bolas paradas laterais, patenteia astúcia a desmarcar-se na prossecução de lances de bola corrida, aparecendo com facilidade em posições de finalização dentro ou fora da área, onde procura explorar o seu forte remate de pé direito. Justifica o salto para um patamar mais elevado e tem, apesar da necessidade de se adaptar a um ritmo competitivo mais intenso, condições para vingar.

Um jogador que, segundo alguns rumores em sites especializados em transferências, já estava sinalizado por diversos clubes europeus. A confirmar-se trata-se de um regresso a uma casa, a Bulgária, onde o Sporting comprou muita felicidade

Taça de Portugal: a tragédia que está por acontecer

Desenganem-se os que, ao ler o título do post, supõem tratar-se de uma provocação ao clube vencedor da Taça de Portugal, que andou bem perto de revisitar o final traumático do ano passado. O Rio Ave esteve bem perto de conseguir algo mais do que ser apenas um digno vencido. Tivesse sido tão eficaz como o adversário e provavelmente estaríamos a falar agora de um vencedor inédito da segunda competição mais importante do nosso calendário futebolístico. Acabou por prevalecer a lei do mais rico e a repetição da "tragédia" não chegou a ocorrer mas fica o registo de uma equipa digna, que representou de igual forma a cidade e as gentes vilacondenses.

Mas a tragédia de que fala o título não tem aspas e não se compara à que foi abordada no parágrafo anterior. Falo da tragédia que poderia ter ocorrido à entrada do estádio Nacional e de que o MaisFutebol deu conta. 

A ocorrência de uma situação como a descrita só colhe de surpresa quem acompanha de muito longe o futebol ou até por quem já se deslocou ao Jamor para a festa anual que a Taça de Portugal representa, mas só por incompetência ou irresponsabilidade pode surpreender que tem a cargo a segurança dos adeptos, como são as forças de segurança. O que se passou ontem, e vem descrito na referida noticia, assemelha-se em tudo aos mesmos episódios vividos por mim e amigos com que me desloquei há dois anos ao Jamor. Só por uma conjunção favorável de factores completamente aleatórios não se registaram ferimentos graves e até perda vidas na confusão que se instalou à porta da entrada para a superior destinada aos adeptos do Sporting.

Dessa conjunção de favorável de factores não se contam a da acção das forças de segurança, policia e empresa de segurança contratada pela FPF. Antes pelo contrário. A sua acção conjunta pautou-se pelo total alheamento pela sorte dos envolvidos e só a percepção da necessidade de evitar males maiores por parte dos adeptos terá mudado o destino dos acontecimentos. Infelizmente, mais uma vez, as forças de segurança sacodem as culpas do seu capote para cima dos adeptos, ficando por saber se o ocorrido há dois anos foi mencionado em relatório ou simplesmente ignorado. Este enfiar a cabeça na areia é uma irresponsabilidade que tende a cobrar um preço elevado em circunstâncias menos favoráveis. Uma final entre os grandes infelizmente pode não ter os mesmos resultados.

Só quem nunca teve a sorte de viver uma final no Jamor, especialmente os que não vivem em Lisboa, não percebe o quanto do melhor futebol ainda se pode viver nas matas do Jamor. Perdê-lo equivale a encerrar em definitivo das portas do romantismo no futebol português, registando o triunfo do futebol tecnocrático. Quando tal acontecer a Taça de Portugal, que será provavelmente um fenómeno único, tornar-se-á igual a qualquer uma das outras competições, mas sem as peculiaridades que tornam querida entre os adeptos de futebol.

Noticias como esta são um maná para quem acha que a final do Jamor não faz sentido. E que o faz apenas por não conseguir mais do que olhar para o umbigo dos seus próprios interesses. Porém a discussão sobre as condições do Jamor é necessária, uma vez que não há força da tradição que justifique a perda de vidas ou a sua simples ameaça. 

Essa discussão tem de começar pela constatação de que há ainda muito que pode ser feito pela segurança dos adeptos. Por exemplo, para evitar os ajuntamentos caóticos junto às entradas - falo em particular das entradas para os topos, onde a maioria dos adeptos acorre - bastaria que a revista ocorresse bem antes, formando-se corredores de grades que obrigassem à formação de filas, anulando a possibilidade da formação de aglomerados de largas centenas ou até milhares de adeptos com a consequente instalação do caos. Culpar os adeptos, como faz a PSP, recomendando-lhes que não cheguem atrasados é mera desresponsabilização. Para o perceber basta constatar que se o mesmo número e adeptos acorressem mais cedo o problema tinha... ocorrido mais cedo também.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A saída de Jardim: a substituição, cláusula de rescisão, relação com BdC



A relação com Bruno de Carvalho e a cláusula de rescisão
Serão provavelmente as maiores interrogação a ocorrer neste momento na cabeça dos Sportinguistas: 

Como será neste momento a relação entre BdC e Jardim ?
Este aspecto, que em grande parte da época pareceu crucial no desempenho da equipa, parece agora ter-se derretido com a gradual subida da temperatura. A primeira parte do vídeo acima, um excerto da entrevista do presidente à TVI em finais de Março confirma esse bom relacionamento. É muito pouco provável que esse bom relacionamento, a ter existido, ainda se mantenha. Muito dificilmente Bruno de Carvalho gostará de ter sido surpreendido com a saída do treinador, precisamente quando já tinha deixado entender que pretendia que renovasse. Que importância pode vir a ter no desfecho da transferência é a outra pergunta que fica.

Havia ou não uma cláusula de rescisão no contrato de Jardim e de que valor?
Sem termos acesso ao contrato propriamente dito o único documento válido que atesta a existência de uma cláusula de rescisão é a palavra do presidente dada na entrevista à TVI no passado mês de Março (minuto 2:20s do vídeo). Quinze milhões de euros, sem mencionar qualquer especificidade, contrariamente ao que já vi afirmar, sem qualquer sustentação. Este valor não aparece por acaso na pergunta feita pela entrevistadora da TVI, uma vez que várias vezes já a tinha visto circular. Ora os valores que se falam para a transferência para o Mónaco variam entre três e cinco milhões. Se se confirmar ficará por explicar o porquê do desconto. Matérias que seguramente serão abordadas aquando da comunicação pública do negócio.

O último Jardim na terra
A saída do treinador é vista pela generalidade da opinião pública, Sportinguista e não só, como um revés e até como uma derrota para Bruno de Carvalho. Não sou capaz de ser tão drástico como a segunda das classificações.  Será provavelmente uma contrariedade importante, sem dúvida. Mas que tem um reverso que não deve ser descurado: é um profissional que vê reconhecido o seu valor e uma transferência com grande mediatismo que porá foco positivo no clube, além de uma importante verba para os cofres do clube. Atendendo à posição do clube na cadeia alimentar do futebol europeu - da generalidade dos clubes portugueses, entenda-se -  o negócio está longe de representar uma má referência.

Do ponto de vista pessoal eram muitas as minhas dúvidas sobre a adequação perfeita de Jardim ao Sporting, excepto num ponto terrivelmente importante: os resultados. Este factor não é importante, no futebol de alta competição é quase tudo. E, não deixando de lhe estar grato pelo que conseguiu esta temporada, cada vez eram maiores as minhas dúvidas sobre a capacidade de representar uma melhoria imprescindível de qualidade ao nosso futebol, sobre algumas das suas escolhas e do melhor aproveitamento das características dos nossos jogadores. E depois, um clube como o Sporting, não pode olhar para Leonardo ou para ninguém como o último Jardim na terra.

A substituição de Jardim: há nome ideal?
O que sucedeu este ano ao FCP está também na mente de muitos Sportinguistas. Ora esta é uma matéria em que nos podemos ter tornado já catedráticos, tantos são os erros repetidos nas escolha de um treinador. A escolha é fundamental para o sucesso e aí o mais importante são os critérios que a definirão.

O nome mais falado tem sido Marco Silva. As dúvidas sobre a sua idade não fazem sentido, Jardim tem apenas mais dois anos que ele. O seu passado é muito breve e condicionado sempre à mesma envolvente, o Estoril, o que adensa as dúvidas sobre o que conseguirá fazer num contexto tão mais complexo e exigente como o do Sporting. As recentes declarações de Paulo Fonseca - uma confissão expressa da sua impreparação para dar o passo que deu - sobre a gestão de egos numa equipa grande, é apenas um aviso de quão diferentes são os mundos de um Estoril ou Paços de Ferreira e os grandes.

Não há um nome ideal mas, dos treinadores disponíveis, (Vítor Pereira não parece estar) Marco Silva parece ser o mais interessante. Até pelo perfil de jogo da sua equipa, talvez mais adequado às características do que encontrará no actual plantel ou na Academia. E, a menos que lhos impinjam, dificilmente veremos chegar jogadores como Welder, Cissé e outros.

A oportunidade
Pronto, cá vai o lugar-comum. A chegada de um novo treinador, Marco Silva ou não, representa uma oportunidade. A de ajustar o discurso à realidade e à que me parece também ser a estratégia adequada. O Sporting até pode assumir a sua candidatura ao título mas vinculando maior responsabilidade a quem está dotado de mais e melhores meios para o conseguir. E é assim mesmo que vejo a chegada de Marco Silva: a oportunidade de crescer de forma sustentada, mesmo que isso não signifique o sucesso imediato. Que, todavia, não tem qualquer deliberação agoirenta que o impeça. O impacto da chegada de um treinador com boas ideias num clube não tem que passar necessariamente por muitos anos de maturação de um projecto.

Critérios
É muito interessante procurar perceber as escolhas de Bruno de Carvalho. A sua primeira opção foi Van Basten, nas primeiras eleições a que concorreu. Mas, quando estava já investido do poder de decidir, optou por Leonardo Jardim. Uma decisão feliz que tenho muitas dúvidas ser do mesmo teor caso voltasse à casa de partida com o holandês. Se agora se confirmar Marco Silva seguramente que não é o perfil de jogo em comum a linha condutora das suas escolhas.

Nota importante: No momento da colocação deste post não ficaram inscritos o parágrafo "oportunidade" nem o vídeo que o ilustra. As minhas desculpas a quem já o leu.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

15 de Maio, um dia Glorioso!

Há 5 anos, por ocasião do 45º aniversário da conquista da Taça das Taças tive oportunidade de entrevistar João Morais, o autor do golo que equivaleu à conquista do troféu e que ficaria imortalizado como o Cantinho do Morais. Um momento agridoce, porque João Morais dava já os primeiros sinais da doença que o havia de consumir, mas simultaneamente inesquecível pela sua grandeza de alma e simplicidade contagiantes. Não tinha que ser assim, mas o Destino, seja lá o que isso for, foi feliz em juntar a personalidade de João e um dos momentos mais altos da história do Sporting.

Hoje celebram-se os 50 anos dessa conquista e, embora a entrevista seja sobejamente conhecida dos leitores habituais do blogue, parece-me a ocasião certa para a reeditar na íntegra. E, apesar da entrevista ser algo básica e reveladora da minha falta de experiência, julgo que é uma peça cuja partilha e divulgação vale a pena, pela importância do testemunho directo e do momento.

Este foi um dos momentos mais gratificantes deste espaço, daqueles que dá sentido a todo o trabalho e ao tempo perdido.  Infelizmente, aquando da mudança ocorrida na plataforma Blogger, as perguntas dos leitores e respectivas respostas de João Morais perderam-se.


Passados todos estes anos que importância para si o seu feito? Ainda o vive com intensidade?
Claro que tem. Não podia deixar de ter. Para mim é como se fosse hoje, como se não tivessem passado 45 anos.

E sente que os Sportinguistas se lembram desta data, ainda o acarinham e lembram-se de si?Sem dúvida. Sempre que sou solicitado para acorrer aos núcleos as pessoas à minha volta acarinham-me.

Marcou o golo numa final que até esteve para não jogar, não é verdade?
É. Veja as coincidências: jogávamos em Alvalade, contra o Vitória de Setúbal, onde jogava o Carlos Cardoso, hoje o treinador, e o Hilário lesionou-se. Eu não estava convocado e na bancada disse logo à Alice (esposa): vais ver que me vão chamar. E assim foi: depois do jogo, pela instalação sonora, mandaram-me dirigir ao Dep. de Futebol.

Mas o caminho para a final foi invulgarmente trabalhoso, pelo que rezam as crónicas…
Se foi. Jogámos 3 jogos com o Atalanta, só nos livramos deles no jogo de desempate em Barcelona, no estádio do Espanhol. E jogamos outros 3 com o Lyon, que na altura tinha uma grande equipa também. E acabamos por só ganhar na finalíssima.

Foi uma campanha a todos os títulos memorável que deixou muita coisa para lembrar. Por exemplo, a maior goleada de sempre nas competições da UEFA.
É sim senhor e não deve ser muito fácil fazer melhor. Ganhamos 16-1 aqui em Lisboa e na 2ª mão em Coimbra (acordo com o Apoel). Foi pena termos levantado o pé senão não sei onde teríamos chegado. Mas é difícil motivarmo-nos quando tudo está decidido.

Não sei se gosto mais desse resultado se o que vos permitiu virar o resultado de 4-1 com que foram derrotados com o Manchester United. Como foi isso possível?
Olhe, com muita vontade e com muita união. Nós éramos um grupo muito unido.

Mas a equipa acreditava que podia virar o resultado ou foi fruto do acaso, mais um daqueles em que futebol é fértil?
Sempre acreditamos que podíamos virar o resultado. Quando chegamos a Lisboa a 1ª coisa que fizemos foi pedir ao Sr. Mário Cunha, director do Dep. Futebol, para afastar o Lúcio, um defesa brasileiro, porque sabíamos que ele não se tinha portado como devia em Inglaterra. E pedimos para ficar em estágio durante os 15 dias que faltavam para o jogo da 2ª mão.

A sério?
É verdade, sim senhor! Só saímos de lá para jogar, treinar e para recolher mudas de roupa interior, sempre acompanhados por um director. Éramos um grupo muito unido e queríamos muito dar a volta aquele resultado.

E conseguiram…
Pois conseguimos. Marcamos cedo e fomos para cima deles. Ao quarto-de-hora já ganhávamos por 2-0. Foi uma grande noite, sim senhor. Osvaldo Silva fez um hat-trick. E foi assim que conseguimos chegar à meia-final.

A tal meia-final com o Lyon, que também teve que ir a desempate?Pois foi. Ganhámos por 1-0, num golo de Osvaldo Silva e ficamos apurados para a final.

Final que decorreu no célebre Heysel Park, que, mais uma vez, não parecia nada bem encaminhada…
É verdade. Quando demos conta já estávamos a perder por 2-0, o que numa final pode querer dizer que estamos arrumados. Mas nós acreditamos sempre e acabamos por empatar o jogo, já quase no fim, a 3-3. No final queríamos bater no Figueiredo no balneário. Numa jogada ele finta o guarda-redes e com a baliza aberta virou as costas porque pensou que o árbitro tinha apitado fora-de-jogo. Afinal tinha sido alguém da assistência.

E foi assim que chegaram a Antuérpia a finalíssima?Exactamente.

O que lhe deu para marcar aquele canto daquela forma? Foi por acaso?
Não foi nada por acaso. O Gilberto Cardoso era o nosso treinador do inicio de época, que saiu para dar lugar ao Anselmo Fernandes. Com o Gilberto Cardoso treinava muitas vezes aquele lance. E quando fui marcar o Manuel Marques (massagista, grande figura Sportinguista) disse-me para marcar dessa forma. Eu agarrei na bola, fiz a minha reza e disse-lhe: anda lá minha menina, vais entrar ali naquela baliza. Quando a bola me bateu na bota, naquele sitio que eu sabia, senti logo que ia entrar. E entrou mesmo!

Foi um golo muito cedo, aos 20m de jogo. Ainda sofreram muito até ao fim do jogo?Não mais do que é normal numa final. Ganhamos muito justamente.

Foi um momento inesquecível, obviamente.
Não imagina o que foi a nossa chegada a Lisboa. Fomos do Aeroporto ao estádio Nacional, onde se jogava um jogo particular entre Portugal e a Inglaterra. Fomos recebidos em delírio e recebemos os parabéns dos jogadores do Benfica e de Bobby Charlton, que eliminamos por 5-0 no jogo com o Manchester.

Do seu tempo de jogador qual o que mais admirou?
É difícil de dizer. Joguei com muitos jogadores de grande qualidade, quer como colegas ou adversários. Mas lembro-me que quando joguei com o Travassos na asa esquerda, quando o Albano saiu, até marcava golos sem saber como a bola me vinha parar aos pés.

Havia benfiquistas no seu plantel?
Não sei se havia benfiquistas no meu plantel. O Mascarenhas tinha vindo da Luz, é verdade. Mas na altura tinha-se muito respeito à camisola, hoje tem-se respeito a um punhado de notas.

Destacaria alguém que lhe tenha sido mais difícil de ultrapassar ou travar?
Olhe, quando jogava a extremo esquerdo o mais difícil de passar era o Festas, do Porto, meu colega de selecção e meu suplente. Acabou por jogar no meu lugar, contra a Inglaterra, naquele jogo fatídico, o que deu muita polémica cá em Portugal. Quando eu jogava a defesa direito o mais difícil foi sem dúvida o António Simões, do Benfica.

Pensava que me ia dizer o Pelé…
O Pelé não entrava na minha área de marcação. Mas era um jogador terrível. Parecia que conseguia colar a bola ao corpo.

No Mundial de 66 houve faíscas entre si e Pelé.
Nada de muito especial. Ele tinha caído sobre a direita e sabia que não podia deixá-lo dominar a bola. Ela vinha em direcção à cabeça dele e eu, vendo que estava fora da área, fiz o que pude, o que deve um defesa fazer para defender os interesses da equipa… O homem teve que sair, mas antes disse-me que me ia acertar. E quando entrou deu-me mesmo. Caí no chão cheio de dores. Quando o Manuel Marques chegou perguntei-lhe se tinha os dentes todos. O Manuel Marques, naquele jeito dele, disse-me: tens os dentes todos, não sejas maricas e levanta-te lá. Mais tarde, numa entrevista à BBC ele foi o próprio Pelé a reconhecer que foi um lance normal de futebol.

Ganharam esse jogo por 3-1, contra o Brasil de Pele e Garrincha. Como foi isso possível?Olhe, nós entravamos sempre para ganhar e até poderíamos ter sido campeões do Mundo naquele ano. Foi pena termos tido que recuperar daqueles 1-3 contra a Coreia, que nos deixou estourados. Fomos jogar a meia-final cansados, o hotel era longe e ficava numa zona que não permitiu o repouso. Ainda por cima os Ingleses regaram o campo, quando eles eram de porte atlético maior que o nosso e arbitragem foi habilidosa, como é normal nestas coisas com a equipa organizadora.

O que acha da equipa do Sporting de hoje?
Olhe, acho que o Paulo Bento está a fazer um trabalho razoável, embora mexa em demasia na equipa. Uma equipa joga com os mesmos sempre a não ser em casos de lesões ou de má forma. Não passa pela cabeça de ninguém mexer na equipa para jogar com o Bayern. O resultado viu-se. E o Sporting precisa de um defesa central com pé esquerdo. Eu, se fosse no meu tempo, fazia do Polga gato sapato. Metia-lhe a bola a passar pelo pé esquerdo e ia por ali fora. Eu estudava os adversários e sabia como jogavam. Se jogava do lado direito e apanhava pela frente o defesa com pé esquerdo fugia-lhe para dentro, para o pé direito. Era muito rápido. Sabia que uma vez o Prof. Moniz Pereira, (grande sportinguista, que chorava pelo Sporting e não gostava de profssionais) perguntou-me se não queria correr os 100m?

Dos jogadores que jogam hoje qual o que mais admira?O Veloso, o Moutinho e o Liedson, claro. É daqueles que dá sempre o litro.

Foram precisos mais de 30 anos para o Sporting voltar a uma final europeia. Porquê?
Olhe para lá chegar é sempre preciso sorte. Mas é preciso também saber e muito. É preciso que os treinadores percebam do seu ofício. Eu tive grandes treinadores e os melhores deles eram também sportinguistas como o Prof. Reis Pinto ou o Prof. Moniz Pereira. E que os jogadores sejam bons, como eram no meu tempo, mas também que sejam mesmo uma equipa e tenham vontade de ganhar, sem medos. Quando eliminamos o Manchester se entrássemos a pensar nos nomes tínhamos ficado pelo caminho. E eles até foram campeões europeus e a base da equipa campeã mundial de 66. E que não esquecessem os antigos jogadores para ensinar os mais novos.

Como vê o momento eleitoral no Sporting? Não acha que os Sportinguistas andam muito divididos e os muitos candidatos são o espelho disso?
Não dou muita importância a isso. Fazem falta vitórias. No meu tempo já era assim. Começando a ganhar estas coisas não se fazem sentir.

Quem lhe parece que vai ganhar, pelo menos dos que se sabe já que vão concorrer?
Olhe eu acho que o se o Dr. Soares Franco concorresse ganhava. Assim é difícil de dizer. Olhe o Dr. Ribeiro Telles é também um grande Sportinguista e daria um grande presidente. Na candidatura daquele senhor da Judiciária tem lá também uma pessoa que estimo muito, a Drª Isabel Trigo Mira. Conhece os núcleos todos e tem muito amor pelo clube. Corri o País todo com ela e chegou-me a levar a New Jersey. Uma grande Sportinguista.

Estes são apenas os excertos que considerei mais importantes da longa conversa que tive com João Morais. Uma viagem fantástica de Sportinguismo desde o ano em que nasci até aos dias de hoje. Sinto-me um privilegiado e decidi dividir convosco esta distinção no momento em que celebramos a nossa maior vitória internacional ao nível do futebol. O tempo não precisa de voltar para trás para vivermos outra vez momentos como este. Precisamos sim de saber olhar em frente, porfiar, acreditar e saber ousar. Como o Morais, quando, em boa hora, decidiu saltar de um cantinho para a glória. Logo, ao fim da tarde, ele estará aqui para ler os vossos comentários e, caso assim o entendam, trocar impressões.

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