sexta-feira, 24 de outubro de 2025

O que significa a operação de recuperação de créditos?

 

Isto significa que o Sporting recomprou os direitos televisivos que tinha cedido como garantia de dívida, recuperando o controlo total sobre essas receitas futuras.

Aqui está o que aconteceu, explicado passo a passo:

O que são os “créditos emergentes do Contrato NOS”?

O que o Sporting fez em dezembro de 2023?

O que aconteceu agora?

  • Em outubro de 2025, o Sporting reembolsou integralmente os 68,8 milhões à Sagasta Finance.

  • Com isso, recuperou os direitos televisivos que estavam cedidos — ou seja, voltou a ter o controlo sobre essas receitas até ao fim do contrato com a NOS.

  • Esta operação foi possível graças a uma nova emissão de obrigações no valor de 225 milhões de euros, feita pela Sporting Entertainment.

 Qual o impacto?

  • O Sporting encerra uma operação financeira complexa iniciada em 2022.

  • Alivia a estrutura da dívida e reforça a sua autonomia financeira.

  • Volta a ter nas mãos uma fonte importante de receita — os direitos televisivos.

O que é titularização de créditos?

É uma operação em que uma entidade (como um clube de futebol) antecipa receitas futuras — como direitos televisivos, bilheteira ou patrocínios — e vende esses créditos a uma terceira parte (normalmente uma empresa financeira), em troca de dinheiro imediato.

Exemplo prático:

  • O Sporting tinha um contrato com a NOS que lhe garantia receitas anuais pelos direitos televisivos.

  • Em vez de esperar ano a ano para receber esse dinheiro, o clube cedeu esses créditos à Sagasta Finance, que lhe adiantou 68,8 milhões de euros.

  • A Sagasta passou a receber diretamente da NOS os valores futuros.

O que significa “recuperar a totalidade dos créditos”?

Significa que o Sporting pagou à Sagasta o valor que tinha recebido antecipadamente (os 68,8 milhões) e, com isso, recomprou os direitos televisivos futuros.

Ou seja:

  • O Sporting volta a receber diretamente da NOS os valores do contrato.

  • Deixa de estar “amarrado” à Sagasta Finance.

  • Ganha mais autonomia financeira e controlo sobre uma fonte importante de receita.

Por que clubes fazem isto?

  • Liquidez imediata: precisam de dinheiro para pagar dívidas, reforçar o plantel ou investir em infraestruturas.

  • Gestão de dívida: é uma forma de reestruturar passivos sem recorrer a empréstimos bancários tradicionais.

  • Flexibilidade: podem recomprar os créditos quando tiverem capacidade financeira, como o Sporting fez agora.

8 comentários:

  1. O meu convicto e forte aplauso ao tema publicado e à sua irrepreensível explicação! Obrigado. Leoninamente.

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    1. Há uma coisa que me deixa dúvida. O Sporting pagou os 68,8 milhoes que recebeu em 2023 quando fez a operação financeira com a Sagasta. Mas a Sagasta não recebeu nenhum valor da NOS entretanto? Tudo isto não teve nenhum custo?

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    2. Creio que não, não há nada que o indique

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  2. Qual o diferencial das taxas de juro paga à Sagasta e do empréstimo obrigacionista dos 225 milhões € que permitiu o resgate dos direitos televisivos. Penso que esse diferencial é o mais importante para além dos prazos de maturidade (38 anos no caso do empréstimo obrigacionista, não sei qual era o do Sagasta).
    De qualquer modo é dívida embora de longo prazo - se como li algures a taxa do empréstimo obrigacionista é de 5,75% com um parzo de maturidade de 38 anos, tal significa o encargo anual de responsabilidade da dívida de cerca de 29 milhões €.

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  3. Há época o Sporting não divulgou a taxa de juro mas sabe-se que a emissão obrigacionista posterior teve uma taxa fixa anual de 5,75%. É a mesma taxa do empréstimo agora contraído.

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  4. Deixa de estar “amarrado” à Sagasta Finance, por 68,8 e passa a estar o quê por 225?

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