quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Eleições SCP: Uma rápida reflexão a partir das sondagens e de um debate

Assisti ontem ao debate entre Frederico Varandas (FV) e José Maria Ricciardi (JMR). Aproveitei esse momento para, refelectindo sobre o que vi, escrever um post e assim voltar a actualizar o blogue.

Aqui vai:
Para uma grande maioria FV perdeu o debate. E é até provável que não venha a  “ganhar” nenhum. Porque claramente aquela não é a praia dele e também porque já se instalou no público essa ideia. Se estiver agressivo perde porque sim e se estiver cordato perde porque sim.
JMR surpreendeu-me. Esteve muito bem para o que deve ser a postura num debate. Agressivo, roubando a iniciativa, não deixou falar, desestabilizou o oponente com directas e indirectas. Algumas delas de profunda desonestidade intelectual, como a das rescisões, o que não é um pormenor. Ganhou claramente o debate, muito próximo do KO.
Mas quem nada ganhou e até perdeu foi o Sporting. JMR não deixou que se discutisse uma única ideia. Porque claramente não as tem para lá do que domina, que é o dossier financeiro. E se há alguma coisa de que o Sporting precisa é de boas ideias. É que no dia 9 não há debates e aquelas é que contarão para fazer o Sporting seguir em frente.
Mas o tempo de JMR já passou. Ao invés de em tempos ter patrocinado JEB e LGL devia ter avançado. Mas andava entretido com o BES e depois com o Haitong. Se aqueles ganharam à época JMR teria arrasado e talvez, quem sabe, ainda hoje era presidente…
Agora que está “desempregado” quer brincar ao Sporting, mas é tarde. A escolha de José Eduardo (JE) é uma mó ao pescoço e diz muito do afastamento dele relativamente ao sentimento dos adeptos. Só por arrogância pode pensar que conseguirá impor o JE.
É esta sobranceria relativamente aos adeptos que vi no passado, bem como a ausência de uma ideia estruturante para o futebol e para o desporto em geral, que não quero ver outra vez no Sporting. Discordei muitas vezes dele, talvez injustamente, mas o último “ser pensante” que passou na SAD foi o Ribeiro Telles. (Podem malhar à vontade). Tudo piorou com a sua saída. Pelo menos tinha uma ideia, o que é muito melhor que não ter ideia nenhuma e deixar correr o marfim. É mais ou menos assim, com mais ou menos dinheiro "investido", que tem andado o futebol do Sporting. A diferença de resultados tem estado na maior ou menor competência dos treinadores.
JB e FV são indiscutivelmente aqueles que podem trazer uma mudança geracional de que o Sporting necessita e que o BdC, na sua loucura, desperdiçou e atraiçoou. Mas não só uma mera mudança geracional, mas sobretudo conhecimento do fenómeno desportivo e ideias estruturantes que, goste-se ou não, estão nos seus programas. 
Com isto não pretendo apoucar os demais candidatos e muito menos questionar o seu amor ao clube. Todos eles poderão ser úteis no futuro, todos têm ideias que merecem a nossa ponderação pelo seu potencial e utilidade. Todos eles poderão ser úteis após as eleições e as sinergias geradas pelas suas candidaturas deverão ser disponibilizadas e aproveitadas, se se enquadrarem no espírito de quem receber o próximo mandato em mãos.
Voltando às candidaturas de JB e FV, ambas têm virtudes e defeitos, pessoas de que gosto mais, outras que não escolheria mas, no cômputo geral, ambas me deixam relativamente tranquilo se forem as escolhidas. Uma deles será a minha escolha mas, na eventualidade de não a conseguir realizar de todo, não votarei. Porque não patrocinarei o que não acredito e o que não gosto.
Sondagens? esqueçam isso.

12 comentários:

  1. Têm sido feitos outros debates, a 2, na Sporting TV. Só para informar. Ou esses "não contam"?

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  2. "as sinergias geradas pelas suas candidaturas deverão ser disponibilizadas"

    Uma pergunta que deveria ser posta a todos os candidatos é exactamente sobre isto:

    - No dia 9 o que vão fazer:
    -- Se perder, vai disponibilizar as suas ideias, contactos e financiamentos ao Conselho Directivo eleito?
    -- Se ganhar, vai analisar as ideias dos restantes candidatos para as englobar se possível?

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    Respostas
    1. Acho que o ponto deveria ser exactamente esse. Não fazer uma agregação pré-eleições para ganhar votos, mas garantir que, depois das eleições, se volta a agregar o Sporting, unindo bancadas, claques e camarotes, focando esforços naquilo que é essencial: re-erguer o clube.

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  3. Bom post, com o qual concordo.
    ricciardi seria a pior coisa a acontecer ao SCP..de longe!
    E entre JB e FV aquele com o qual me identifico mais, o menos influenciavel, com personalidade mais forte, mais decidido e muito mais assertivo é sem duvida Benedito!

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  4. Como diz, e bem, o LionClaw, ouve outros debates ontem. João Benedito "vs" Dias Ferreira na SportingTV, e Madeira Rodrigues "vs" Cadeira Vermelha (na sequência dos debates FV vs Cadeira e Ricciardi vs cadeira) na CMTV.
    Quanto ao post, reflete muito do que penso em relação aos candidatos e seus projectos, e partilho da opinião que JB e FV são soluções para uma mudança geracional e com ideias estruturantes. Apenas tenho dúvidas se o Sporting necessita assim tanto de "revoluções 180°" como defende Varandas.
    Depois de toda a mudança efetuada por BdC, desde o marketing até à mentalidade desportiva e rigor financeiro, penso ser mais importante recuperar a confiança dos sportinguistas no clube e nos seus dirigentes. E isso só se faz com verdadeiras lideranças.
    Partir de imediato para "revoluções" será consumir tempo e dinheiro que necessitamos neste momento para a estabilidade do Sporting. Na minha opinião não está tudo mal para obrigar à uma "revolução".
    E deste ponto de vista, confio em Dias Ferreira para trazer a serenidade (parece contraditório, eu sei) e o bom senso ao Sporting, tranquilizar os parceiros e o mercado de forma a fecharmos com sucesso os dossiers da renegociação da dívida e da recompra das VMOC. As alterações estruturais é o passo seguinte e não faltam boas ideias, como temos visto.
    Dias Ferreira tem a meu ver o conhecimento desportivo e a experiência necessária para conduzir o Sporting nesta fase. Criticam o feitio, mas não conseguem pôr em causa a dedicação ao clube, o sportinguismo e a honestidade de Dias Ferreira.
    Depois, alicerçar todo um projecto no sonho da conquista do título de campeão nacional porcausa dos milhões da LC, como têm feito quase todos os candidatos, é no mínimo irrealista.
    Se acontecer, excelente. Mas o importante agora é retomar o percurso que estava a ser seguido antes do desvario do "líder", e preparar o Clube para no mais curto espaço de tempo implementar as mudanças estruturais. Roma e Pavia não se fizeram num dia.
    SL

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  5. LdA,

    Não acredito que o JMR fique assim tão distante dos 1ºs.

    Não fico nada descansado com a possibilidade de o Varandas poder ganhar estas eleições, para mim é simplesmente um boneco na mão de quem o está a patrocinar e ignorar isso será um grande erro.

    O Benedito tem vindo aos poucos a convencer-me, aquela ideia que deve ser a vertente desportivo a definir a estratégia financeira para mim poderá ser a chave do sucesso para o nosso Sporting.

    Abraço Zé!

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  6. A popularidade do JB deve-se em boa parte a não ter confrontado BdC, quando o clube estava por um fio. Pode não ter sido intencional, mas foi uma estratégia cínica. Por acaso a assembleia de destituição correu bem, mas para ele aparentemente ia dar tudo ao mesmo, o importante era não perder nenhum voto.

    Quanto ao peso das candidaturas, a de FV, com todos os defeitos que possa ter, é incomparável à de JB. Só para dar um dos exemplos mais óbvios, o André Cruz é uma piada, há 15 anos que não faz nada, e agora vai ser director desportivo, como se isso fosse normal. Um ex-atleta do futsal, e um ex-jogador que nem três épocas passou em Portugal, é este o plano para o futebol? Se é, tem tudo para correr mal.

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  7. Boa noite!

    Passem pelo meu blogue, leiam "A minha primeira memória de… um dérbi entre Benfica e Sporting" e digam de vossa justiça: qual é a vossa primeira memória de um dérbi e quais os dérbis mais marcantes de sempre?

    http://davidjosepereira.blogspot.com/2018/08/a-minha-primeira-memoria-de-um-derbi.html

    Depois deixem o vosso feedback, é importante para um debate saudável sobre o tema.


    Abraço

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  8. Os presidentes de Riciardi, que continua a dizer que nunca mandou nada no SCP, foram FSF e JEB. GL nunca precisou de Ricciardi para nada. O que se passou foi que quando levou com a maior crise financeira do nosso tempo em Portugal e os bancos fecharam as portas ao futebol Ricciardi apareceu com o Sobrinho. Que investiu em passes numa lógica back to back sem nunca usufruir de qualquer valorização como ainda hoje se diz. Mais tarde o Bruninho entregou-lhe 30% da SAD. Deve ter passado os passes para Marte... Enfim. Infelizmente há muitos anos que o momento mais alto do SCP são as eleições. Os adversários agradecem. Com o mesmo presidente há décadas.

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  9. E já agora, o momento mais alto de Ricciardi no SCP até hoje foi como patrono do golpe palaciano que depôs Dias da Cunha. O último presidente campeão. Para transferir o Projecto Finance do SCP do BCP para o BES. Mas desconfio que já não se deve lembrar de algumas negociatas.

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  10. A grande idoneidade do candidato:

    https://observador.pt/2018/08/24/contas-de-ricciardi-no-banco-haitong-foram-corrigidas-e-prejuizos-quase-triplicaram/

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