quarta-feira, 8 de julho de 2020

Morder o isco

Só quem não conhece o estádio do Moreirense é que pode estar a achar estranho que uma possível altercação entre jogadores (como a que vem hoje nos jornais alegadamente entre Acuña e Jovane) poderia ficar no âmbito exclusivo do balneário.

Antes do mais é preciso ter em conta que este tipo de acontecimentos são muito comuns no fim de jogos, especialmente quando o resultado é adverso e com todas as incidências que a partida teve. O sentimento de frustração e revolta é grande e o discernimento não abunda. Acresce que jogadores como o Acuña têm um estatuto equiparado a capitão sentem o dever de o exercer junto dos mais novos.

Noticias como estas podem dar muito jeito a algumas narrativas para cair sobre os responsáveis ou para destilar ódios de estimação - que tanto pode ser Jovane como Acuña, que os têm - mas é evidente  que se insere na movimentação em curso desde que o Sporting recuperou o terceiro lugar e que a arbitragem do jogo foi mais um episódio lamentável. Mais lamentável porém é que sejam os sportinguistas a ir apressadamente morder o isco.

Infelizmente os nossos adversários conhecem bem os nossos pontos fracos. Vai ser assim até ao final do campeonato e era bom por isso que a corda não partisse do nosso lado, como também de forma frequentemente infeliz vem sendo habitual.

PS: obviamente que os jornalistas, tendo acesso a este tipo de acontecimentos, têm de publicar, mesmo considerando que não passam de fait-divers.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Sporting sempre entre a espada e a parede

O que aconteceu ontem em Moreira de Cónegos foi mais um episódio de uma série tantas vezes vista. É verdade que o Sporting jogou muito pouco, o que, diga-se em abono da verdade não foi surpresa face às circunstâncias: plantel curto em qualidade, com a agravante da onda de lesões afectando jogadores importantes e outros que o sendo estão de regresso após lesão (Battaglia, Acuña e Jovane).  Para um jogo com uma equipa bem orientada e competente, face às suas pretensões, era de prever um jogo difícil, como o foi.

Mas de difícil de jogar tornou-se impossível de ganhar e isso deve ser "agradecido" ao VAR Jorge Sousa que não viu o penalty sobre Jovane, logo a abrir o encontro. Depois a Tiago Martins, que não viu nenhum dos lances em que se poderia construir outra história do jogo: o já aludido penalty, o outro sobre Coates a finalizar e expulsão poupada a Conté.

O mais caricato deste jogo é constatar que estão todos de acordo quanto à fraca qualidade da nossa prestação mas já não o fazem relativamente à influência que a arbitragem teve para esse desfecho. De que jogos estaríamos a falar agora sem a influência de Tiago Martins e demais acólitos? Comportar-se-iam da mesma forma com os nossos rivais?  E quando tudo isto é ignorado entre nós adeptos na apreciação ao jogo e respectivo resultado, sabe-se lá porque razões, não estamos a estender um tapete para que tal volte a ocorrer?

O Sporting está sempre entre a espada dos seus erros e vicissitudes e a alta parede que se constrói cada vez que parece que se quer reerguer. Seja no inicio de cada campeonato, seja no final e até quando há muito pouco já em jogo. São muitos anos a ver suceder sempre o mesmo para pensar que é um mero incidente do jogo. Mas resulta sempre por duas razões: os nossos rivais são geralmente mais competentes dentro do campo e nos bastidores, distanciando-se na tabela classificativa e deixando-nos mergulhados em discussões estéreis, que nos diminuem as forças e destroem valor.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Mais um milagre de Amorim

Nesta série de vitórias sequenciais talvez como nenhuma outra tenha sido tão importante para o futuro do Sporting como a de ontem.

  • Parece cada vez mais próxima a confirmação de que Sporting acertou finalmente no treinador. Isto é mais fácil de dizer numa sequência de vitórias, falta ainda perceber como reagirá o treinador à adversidade das derrotas. Mas, para já, está a reagir muito bem à adversidade das lesões. Para o dano ser "perfeito" só falta lesionar-se Sporar e Coates, mas ainda assim Rúben Amorim (RA) tem conseguido passar por este caminho tortuoso sem fazer concessões a um discurso lamechas e condescendente e isso parece reflectir-se na atitude colectiva e individual. Obviamente que a indispensável sorte tem ajudado. Mas quando tens sorte muitas vezes talvez não seja apenas sorte, tal como quando tens azar consecutivamente.
  • Um dos grandes méritos de RA tem sido a coerência e convicção no seu processo e consequente sistema. Os jogadores tendem a sentir-se contagiados e por isso mais seguros. Foi visível mais uma vez ontem que, mesmo em momentos de resultado incerto, a confiança como a equipa se comporta é muito diferente do que assistimos no pesadelo que foi o inicio de época e até em muitos jogos da época passada. Obviamente que isto advém do trabalho de RA não apenas no sobre o aspecto psicológico mas sobretudo pelo conforto e segurança que advém da interpretação do seu sistema.
  • O discurso de RA é quase redentor, pela segurança, humor e transparência na forma como aborda os mais diversos assuntos.
  • Ficaram também mais evidentes a fragilidade do nosso plantel, bem como as desvantagens do excesso de juventude, que se manifesta sobretudo na irregularidade das prestações. Ora a irregularidade é precisamente um dos obstáculos às candidaturas ao título. Para que a assumpção da aposta na juventude que parece em curso seja frutuosa não pode ser baseada em discursos e acções equívocas ou em objectivos irrealistas, sob pena de mais uma vez darmos com os "burrinhos na água".
  • Sem querer nomear nenhum dos atletas, por estarmos a falar de jovens que ainda têm possibilidade de crescer e limar arestas, ficam dúvidas que alguns jogadores que ontem tiveram direito a titularidade e outros que tiveram direito a minutos em campo pudessem fazê-lo em equipas que habitualmente disputam lugares bem abaixo de nós na tabela. É de assinalar porém que RA não faz apostas aleatórias, antes tem reincidido nas  oportunidades mesmo nos jogadores com prestações menos felizes.
  • Pese embora as vulnerabilidades acima abordadas, é de assinalar a base confiável que RA já dispõem no talento de Max, Quaresma, Nuno Mendes, Matheus Nunes e mesmo Wendell, meia equipa portanto. Acrescentando-lhes Acuña, Geraldes, Jovane e Vietto, bem como Sporar, o capitão Coates, a dar-se muito bem com o actual sistema, torna-se claro que o acerto nas aquisições no defeso decidirão a nossa sorte na próxima Liga.
  • Assinale-se a estreia de mais dois jovens promissores, Joelson e Tiago Tomás. O desplante de Joelson em assumir a marcação do livre é quase enternecedor.
  • São 114 anos de história celebrados com a obtenção da vitória numero 1.500. Viva o Sporting!

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Obrigado Sporting!

São muitas alegrias e outras tantas tristezas a marcar a minha relação com o meu clube do coração. Senti-me Olimpo, desci aos infernos, ri, chorei, cantei gritei. Fiz amigos, conheci gente extraordinária que gostaria de conseguir imitar no amor, generosidade, apego e entrega total à causa Sporting.

No meu coração o Sporting terá sempre um lugar especial e no meu peito o orgulho de pertencer, de ser Sporting nunca se apagará. Mais do que um sermos o clube especial que somos, é este sentimento que me faz sentir especial que te agradecerei sempre: Obrigado Sporting!