Sta. Clara 2 - Sporting 3: taça dificil de beber
O Sporting garantiu a passagem aos quartos de final da Taça de Portugal, mas fê-lo com enorme sofrimento nos Açores, num jogo que expôs fragilidades profundas de uma equipa depauperada pelas inúmeras ausências, frente a um Santa Clara organizado, intenso e sempre competitivo. O triunfo por 3-2 só foi alcançado no prolongamento, quando a eliminação já se perfilava no horizonte.
Apesar de se adiantar no marcador com um golo de João Simões — um verdadeiro golão do miúdo que quer mesmo sair da casca — cedo ficou claro que o Sporting não estava confortável. A equipa revelou dificuldades evidentes em impor a sua identidade, sobretudo pela ausência de várias peças-chave do tão gabado jogo interior.
Rui Borges, privado dos “artistas” Pote, Quenda e Geny, foi forçado a recorrer à invenção de Maxi à direita e lançou mão de Alison,sem grandes resultados práticos. Maxi via-se obrigado a parar para pensar onde tinha a perna esquerda, e Alison é um acelerador, não um desconstrutor de teias emaranhadas. A descaracterização e o incómodo eram evidentes, e Suárez era mais uma ilha no mar açoriano.
O Santa Clara não se fez rogado. Lucas Soares fez o empate, aproveitando a avenida central que uma hesitação de Matheus Reis escancarou. Como se não bastasse, já perto do final, aos 86 minutos, Gabriel Silva deixou o Sporting praticamente fora da competição, beneficiando de um ressalto no aflito Quaresma.
A reviravolta começou num dos momentos mais caricatos da noite — e foi feio de se ver. Doze minutos é muito tempo para a revisão de um lance. Havendo comunicação, o árbitro deveria ter informado qual a dificuldade que motivava tamanho atraso, provavelmente relacionada com as linhas de fora de jogo. Mas o “provavelmente” abre espaço à especulação e desvia do essencial: um lance idêntico no meio-campo seria falta; na área, é penálti. Esse é o meu juízo, admitindo naturalmente outros.
O folclore e a choradeira que se seguiram são compreensíveis, se desligarmos a memória. Os nossos rivais fariam melhor em ser mais discretos, porque todos nos lembramos do que foram as últimas décadas.
Seguimos em frente na Taça de Portugal, mas a exibição deixa um alerta laranja bem aceso. É urgente recuperar os jogadores nucleares ausentes e, quem sabe, olhar para o mercado como uma oportunidade de corrigir fragilidades evidentes, em especial nas alternativas a Pote e Quenda.

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