terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O prémio de Ronaldo, a Formação e o Sporting.

O prémio ganho por Ronaldo parece-me justo. Dos jogadores que o poderiam receber foi o madeirense aquele que maior destaque teve e, quanto a mim, maior consistência exibiu durante o ano que agora finda. O número de golos marcados em todas as competições é um facto digno de realce, num jogador que joga na sua posição.

Só por má-fé se podem retirar louros à formação do Sporting. É certo que o Ronaldo de hoje não é o que saiu de Alvalade e que a exposição que lhe permite o Manchester United e o campeonato inglês não se compara a que teria por cá. Por isso alcançar tal prémio seria praticamente impossível a Ronaldo caso permanecesse de Leão ao peito . Sendo o exposto verdade também me parece indiscutível que o Ronaldo pelo qual o Manchester se interessou estava bem longe, para melhor, de ser o miúdo franzino e irrequieto que havia saído da Madeira anos antes. No Sporting, e apenas num ano, Ronaldo duplicaria os seus índices físicos, como é relatado na prestigiosa menção que a Uefa recentemente fez à Formação do Sporting. Ronaldo é assim o 3º jogador português a ser galardoado com o prestigioso troféu e o 2º da Formação do Sporting! O facto fala por si e é por isso uma medalha de mérito e de competência para todos os que trabalham naquele departamento. Bom seria que o futebol sénior conseguisse proporcionar níveis de prestígio semelhantes ou aproximados.

Infelizmente as sucessivas grandes colheitas que se alcançam com dedicação e método poucas vezes revertem a favor do futebol profissional. À excepção de Figo, que ainda fez algumas - julgo que 5 - épocas consecutivas no plantel principal, os nossos melhores produtos são “degustados” por outros. Ultimamente, com estranha e vergonhosa frequência, pelos nossos rivais de sempre. Vender cedo e a preferência não exercer não tem dado saúde e não tem feito crescer, poderia ser o ditado a caracterizar as decisões infelizes que ultimamente foram tomadas. E dizer que o retorno dos jogadores seria caro não justifica tudo, porque caros são os Kokes, Gladstones, Buenos e quejandos.

Mas não é só na gestão dos "produtos prémium" que temos falhado. Outros há que veêm abruptamente interrompidos os bons níveis revelados nas camadas jovens aquando da chegada aos seniores, e acabamos por perdê-los e perderem-se. Nesse aspecto temos muito que aprender. O Porto, por exemplo, trata as suas jovens promessas de forma muito cuidada. Começa por ser mais paciente na gestão do tempo de ligação destes jogadores à casa-mãe. Fernando Couto, Bruno Alves e Ricardo Carvalho,voltaram definitivamente já com os 24 anos feitos e depois de rodarem em diversos clubes e campeonatos. Além disso preocupa-se em oferecer boas colocações aos seus jogadores. Os empréstimos são feitos de forma cuidadosa: os salários não são divididos com os clubes receptores em partes iguais. Quanto maior for o tempo de utilização menor é a percentagem a pagar pelo clube que recebe o jogador, em moldes que a titularidade do jogador assegura quase a gratuitidade da sua presença.

É preciso explicar mais? É preciso explicar porque os nossos jogadores, sendo pelo menos tão bons como os outros, têm, em igualdade de circunstâncias, mais dificuldades em conseguir mais tempo de jogo, e por conseguinte afirmar-se? Veja-se quanto tempo tinha Carriço o ano passado no Olhanense e os seus colegas orindos da Invicta. É que, feitas as contas, até a um passado recente, os dividendos revertidos para o clube eram bem superiores aos nossos. Mais uma vez a posição do futebol sénior nesta fotografia não é a mais confortável. A forma como é gerida a entrada dos nossos miúdos na idade adulta não me parece ser a melhor, e exemplos como os de Caiado, Paim e Zezinando, por exemplo, parecem multipilcar-se. Por isso exibir a bandeira da formação tem que, urgentemente, de corresponder a maiores proveitos. Sob pena de andarmos a arrotar o que os outros comem.

P.S.- Confesso que nunca me passou pela cabeça activar a funcionalidade "seguidores do blogue". Mas hoje, antes de postar, dou de caras com um mui ilustre seguidor e vai daí não hesitei. Não deixarei de agradecer aos que se quiserem juntar. Mas ter o Bulhão Pato ali à direita (mesmo que entretanto desista eu já fiz um print-screen para a posteridade...) é para um blogger caloiro como eu o mesmo que ter o Damas a assistir às minhas estiradas nas peladinhas lá na rua onde andava de calções. Vocês compreendem-me, não compreendem?

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