segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O Sporting de risco ao meio

São por demais evidentes os sinais de que o Sporting caminha dividido. Dos quais o mais evidente são os imensos lugares vazios em Alvalade. Um enorme risco ao meio parece ter atingido o clube.

O traço que é quase um ex-libris de Paulo Bento, há muito que se projectou para lá da cabeça do nosso treinador. Para bem e para o mal PB é o rosto do futebol do Sporting. Além das questões estritamente do foro técnico, sobre ele parecem recair a responsabilidade disciplinar, as aquisições e dispensas e até a de comunicar com os média e com os adeptos. Mais que um treinador é um "manager" à inglesa. Mesmo assim os sportinguistas não percebem o porquê de tanto silêncio de PBarbosa ou de MRTelles e porque é o treinador a ter que assumir as facturas e fracturas perante a opinião pública. Era recomendável que, em casos como o das recentes declarações de Veloso, não fosse PB a vir a terreiro, dando a ideia de, entre outras, estar sentado no lugar de treinador do Sporting a tratar de um caso pessoal.

Visto assim, Barbosa parece não riscar nada, antes decalca os traços deixados por PB. MRTelles se risca é com tinta indelével, de tal forma que ninguém dá conta. Discrição é uma coisa e outra bem diferente é a ausência nos momentos necessários. Sendo um sportinguista com créditos junto dos adeptos, estranha-se o seu prolongado eclipse, em particular nos maus momentos. Soares Franco tem falado amiúde e defendido o “seu” treinador, mérito lhe seja concedido. Mas sabemos que não risca nada no futebol, o próprio já o assumiu. Os riscos estão apenas nos cheques para débito e nos cheques em branco a Paulo Bento.

Perante isto não é de estranhar que o fardo de PB seja cada vez mais pesado e sobre ele se concentrem demasiadas atenções. Preferia que o treinador se aplicasse na dura tarefa de nos tornar campeões. Que dotasse a equipa da consistência necessária para o efeito, para não andar 45 minutos sem saber o que fazer à bola. Que trabalhasse melhor os lances de bola parada, para não termos de assistir aos chutões de olhos fechados do Rochemback ou aos inúmeros cantos desperdiçados. Que pusesse a jogar os melhores e deles soubesse tirar rendimento e criar valor.

Mas o risco ao meio de PB será qualquer dia apenas um pedaço da história do nosso clube. Há porém vários riscos ao meio, quiçá demasiados, que ameaçam marcar a negro a história do Sporting e torná-lo mais pequeno. Desde logo os traços a negro que riscaram do mapa modalidades históricas como o basquetebol e pendem ameaçadoramente sobre as restantes, cujo empalidecer do risco ganhador parece ganhar forma consistente. E o pior risco ao meio de todos, que é o que delimita os diferentes lados de cada barricada formadas pelas recentes disputas. O risco da intolerância pela opinião diferente. O risco de não discutir as ideias mas sim as pessoas. O risco de divididos sermos cada vez menos e menos fortes. Pudesse o Congresso retirar ou pelo menos atenuar este anacrónico penteado ao Sporting e este valeria a pena. Um Congresso que construa pontes e não acentue fossos entre sportinguistas.Qualquer reunião magna de Sportinguistas que ignore isto é tempo perdido.

P.S.-Chamo a atenção para a interessante análise do meu "colega" do Futebol Magazine Jogo Directo sobre o rendimento dos 3 grandes. Lembro que se trata de uma análise a todas as competições e não apenas ao rendimento na Liga Sagres, daí não espelhar a actual classificação na competição.

P.P.S.- A blogosfera é uma realidade em constante mutação e obriga-nos a andar actualizados. Nesse sentido é de inteira justiça a colocação da "Dieta de Rochemback" e do "Futebol Finance" na galeria das leituras imprescíndiveis. São 2 espaços que já há algum tempo faziam parte da minha leitura regular e, cada um no seu estilo, representam o melhor que se faz na blogosfera.

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