quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sejamos francos...

O ano leva apenas 8 dias já passados, as eleições ainda não estão marcadas, mas a discussão à volta delas é muita e nem sempre serena. Num ano que deverá ficar marcado por várias AG´s, uma eleição e um Congresso, desejo que, passado o primeiro impacto e anunciadas as principais novidades, o nível da discussão seja elevado, prescindindo os sportinguistas de se dirigirem entre si de forma acrimoniosa. Se da discussão nasce a luz o que poderá surgir da gritaria e da má educação? Há no entanto muitos sportinguistas que sabem estar à altura do momento e, apesar das diferenças, trocam argumentos de forma exemplar. Neles e nas questões aqui suscitadas ontem pelo meu amigo Leão Transmontano me inspirei hoje.

Parece ponto assente que o nosso Presidente se irá recandidatar. Os sinais são mais ou menos evidentes e, ao que parece, faltam poucas horas para o seu anúncio. Aceito com naturalidade todas as candidaturas, desde que enquadradas no que o clube tem estatuído. No caso de Filipe Soares Franco, tratando-se de uma recandidatura, permitirá aos sócios pronunciarem-se sobre gestão do mandato que termina e sobre os seus projectos para o futuro.

Apesar de ter sido eleito com uma elevada percentagem de votos expressos, a ascensão de FSF a presidente foi turbulenta e teve um efeito fracturante que ainda hoje se sente entre os Sportinguistas. Procurando olhar para todos de forma positiva, não tenho contra FSF qualquer reserva mental. Sendo um poço de contradições e pautando a sua comunicação e relação com os sócios de forma desastrosa, causando mais danos que um elefante numa loja de cristais, reconheço-lhe alguns méritos. O principal é, na sua própria incoerência, ter apresentado e seguido um modelo que nos permitiu retirar não um espartilho mas o nó da garganta, com resultados mais ou menos evidentes, negociando com a banca numa conjuntura difícil. Não são os resultados prometidos e esperados, porque nada está ainda consolidado e, a par de um passivo boomerang, subsistem promessas por realizar. Mas, por muito que custe a muitos sportinguistas, prepara-se para continuar com o modelo que preconizou, projectando com a sua execução um passivo de 140 milhões de euros.

Algumas medidas como as VMOC´s e a pretérita venda do património têm sido encaradas como um remédio amargo pelos sportinguistas e estes parecem dispostos a continuar a tomá-lo por uma razão muito simples: sentindo a doença, preferem o remédio amargo do que a ausência de tratamento. Convenhamos: ainda não apareceu quem apresente antibiótico credível. As recentes declarações de Abrantes Mendes, mais as que regularmente fez ao longo da vigência do actual mandato, revelam sentido de oportunidade pior do que o de FSF e deixam os sportinguistas com a ideia que, entre 2 males, escolheram o menor. Não basta ser um grande sportinguista para ser esperança para os sportinguistas.

Neste contexto a recandidatura de FSF é, para mim, positiva para o Sporting. Porque obriga a quem deseje apresentar uma candidatura concorrente a fazer bem os trabalhos de casa, a ser melhor do que ele, a apresentar projectos sustentados e credíveis. E isso só será bom para o Sporting. Terá que ser muito mais do que vociferar contra a era das SAD´s: eu também não gosto, mas não acredito que se possa inverter o caminho em contra-mão na auto-estrada. Alguém acredita que se pode voltar ao modelo anterior, se nem dinheiro temos para retirar a SAD da bolsa, permitindo uma gestão mais flexível? Terá que ser muito mais do que vir com insinuações à honra e honestidade de FSF, que, regra geral são contra-producentes e de efeito contrário. Terá, indubitávelmente, que mais que discutir pessoas, nós de gravata ou cores de camisas, propor de forma clara um rumo diferente e exequível.

Eu sou dos que acredito que não falta no Sporting gente capaz deste desiderato. Nomes: até agora nenhum e, tendo preferências, não avanço nomes. Porque para ser presidente do Sporting é necessária uma soberba e férrea vontade e quem se escusa ou ignora o apelo numa hora tão importante não serve.

Julgo que, com os seus defeitos e virtudes, dificilmente FSF poderá trazer ao Sporting a comunhão de objectivos que se desejam para o nosso clube. Por culpa dele e dos que fazem dele uma guerra pessoal. Mas atrás de um dia outro vem e, se a tal alternativa não surgir com as características apontadas acima, FSF continuará. A história deste grande clube fez-se com os que assumiram o risco, dos sacrifícios pessoais de muitos, notáveis e anónimos, é com os que se perfilarem que avançará. Esta frase do Leonino, inserta no debate acima referido “Se não surgir um nome que seja uma terceira via credível Soares Franco terá o meu voto, porque não contem comigo para plebiscitar aventureirismos!” consubstancia muito do que a maioria dos sportinguistas pensam e, pelo que se tem visto nas votações, sobretudo os que têm o maior número de votos.

Continuo a pensar que o Sporting é um clube de elite e de elites. Não no sentido pejorativo que muitos querem associar (aristocratas falidos e esclerosados), nem no sentido associado ao estrato social porque o Sporting é, até pela sua tradição e nome, transversal na sociedade portuguesa. Elite no sentido dos valores que defende e pelo comportamento a eles adequado, que fizeram do nosso clube a maior potencia desportiva nacional e a 2ª maior europeia, apenas superados pelo Barcelona.

É essa a rica mas também pesada herança que nos legaram e é esse estatuto pelo qual devemos lutar, sem nos resignarmos a sermos eternos 4º, 3º ou 2º´seja em que modalidade for. Já sei, é utópico na actual conjuntura. Digo eu: é impossível se nos conformarmos. Não era afinal mais utópico em 1906 ser um dos maiores entre os maiores? Sejamos francos, se aparecer alguém que demonstre capacidade de assim pensar e executar o Sporting ganhará com certeza.

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