quinta-feira, 19 de março de 2009

O Sonho e a Realidade I

A cada jornada, talvez mesmo a cada jogo, o Sporting insulta-se, revolta-se, divide-se. Esta convulsão permanente, esta vida sobre brasas deixa feridas profundas em quem vive (e em quem tem de trabalhar) o Sporting como se fosse uma parte do seu corpo e não permite ter a clarividência necessária para analisar prós e contras de cada opção, de cada ideia, de cada projecto.

Vejo no Congresso que se aproxima uma oportunidade única para se esclarecer o que quer o Sporting Clube de Portugal para o seu futuro. Após essa discussão, que espero vá mais além do que meros discursos inflamados, será possível ao universo Sportinguista apresentar a eleições listas dispostas a executar os desejos dos sócios, cada sócio individualmente poderá conscientemente avaliarem se têm “cabedal” para fazer crescer o Sporting Clube de Portugal segundo os desejos dos seus sócios e se está mental e patrimonialmente disponíveis a tão grande empreitada.

Há imensas diferenças entre os nossos sonhos e a realidade, mas como é o sonho que comanda a vida a realidade não nos deve impedir de sonhar e de traçar os nossos objectivos sem a prisão permanente com que a realidade nos confronta. Citando uma célebre frase americana “Think Big!”

Porque bem ou mal as eleições vão ser “ali ao virar da esquina” e o Congresso é a própria esquina que há que tornear, vou partilhar convosco aquilo que penso sobre quais devem ser os nossos sonhos, o que nos impede de chegar a eles e algumas eventuais soluções que gostaria de ver implementadas.

ECLETISMO

O Sonho – Ter as melhores instalações desportivas nacionais. Ter equipas competitivas em todas as modalidades desportivas nacionais. Reactivação, no mais curto intervalo de tempo possível, das secções extintas, com particular destaque para, Basquetebol, Hóquei em patins, Voleibol, Ciclismo e Rugby.

Não concebo o Sporting sem uma busca permanente pelo seu crescimento desportivo e muito menos dedicado em exclusivo a uma só modalidade.

Realidade – Diminuição sucessiva do ecletismo e dificuldades sérias de manutenção da competitividade, que a marca Sporting obriga, no Andebol e Futsal motivado pelo estrangulamento financeiro. Domínio claro no Atletismo. Criação de novas secções de algumas modalidades marginais como Futebol de praia e Ciclismo Sub-23. Presença frequente e dominante de atletas nas selecções nacionais com particular destaque para a Selecção Olímpica.

Problema – Demolição da estrutura desportiva que dava vida ao clube e ao anterior estádio. Falência do modelo financeiro que sustentava o ecletismo. As secções gastavam sem restrições orçamentais e muito acima das verbas que individualmente traziam para o Sporting. Inexistência de um local (pavilhão) que permita trabalho de continuidade e uma identificação cultural entre atletas, técnicos, dirigentes e público.

Fim de uma cultura desportiva que caracterizava o clube. Perda de visibilidade e peso mediático da marca Sporting principalmente traduzido no desaparecimento de horas semanais de transmissões televisivas.

O maior problema parece-me ser de mentalidades, o ecletismo sustentado não é um fardo económico para o Sporting, como hoje é visto, mas sim um investimento naquele que é um pilar fundamental para o engrandecimento e crescimento do Sporting.

Solução – Não acredito em qualquer solução que não tenha por base a existência de uma instalação desportiva dedicada às modalidades. Com este ponto prévio qualquer medida tomada antes da construção de um pavilhão (e piscina) será inócua e terá como resultado final mais um passo no caminho moribundo que estamos actualmente a percorrer.

A convicção que tenho nesta necessidade é tão grande que mesmo não o desejando e achando que seria uma opção com efeitos imprevisíveis, mas se me falarem verdade e se acreditar na vontade e capacidade dos proponentes, estaria disposto a terminar com todas as modalidades e canalizar essas verbas para recomeçar tudo de novo numa estrutura desportiva nossa.

Há necessidade de criação um grupo heterogéneo de conselheiros permanentes ao serviço das diferentes secções formado por antigos atletas, técnicos e dirigentes Sportinguistas, que pense em permanência o ecletismo e desenvolva/proponha soluções para o seu crescimento e sustentabilidade. Eventualmente a génese deste grupo pode nascer já do Congresso.

O pavilhão por si só é uma oportunidade para de imediato conquistar novas receitas e assim começar a transformar o sonho em realidade. Primeiro através de receitas de patrocínio, naming, publicidade estática, etc., segundo com a captação de atletas, terceiro com a participação dos sócios, quarto através de receitas de formação.

Deve existir um critério qualitativo muito rigoroso na contratação de técnicos e de atletas estrangeiros. A aposta fundamental será na formação de atletas como garante de recrutamento de qualidade para as equipas seniores.

Obrigatoriedade de auto-financiamento de cada secção, com critérios orçamentais rígidos, a participação directa financeira do Sporting no orçamento não deve exceder, como padrão, os 30%. Este percentual pode e deve ser avaliado caso a caso dado o diferente “peso” de cada modalidade no clube, estou a falar de títulos e não de retorno financeiro.

Ser imaginativo na abertura de novas secções, há visibilidade e sustentabilidade em patrocínios para explorar, por exemplo, nos desportos radicais, vide terceiro canal da Sporttv.

Criação da possibilidade estatutária da modalidade Sócio-ecletismo ou inclusive Sócio-Voleibol, cuja quotização seria canalizada em exclusivo para a modalidade a que o sócio é afecto, seria uma solução final com dificuldades óbvias para estabelecer posteriormente os seus direitos e deveres.

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