quinta-feira, 30 de julho de 2009

Duras penas

Oito meses levaram a proferir a decisão. O castigo a Paulo Bento é pois um produto de um parto prematuro, se para a sua gestação fosse necessário o mesmo tempo que precisa um ser humano . A lentidão na apreciação e tomada de decisão fala bem da incapacidade de quem tem como missão administrar a justiça. Tendo passado tanto tempo sobre a ocorrência dos factos, chamar a isto justiça será até ridículo.

O facto é que PB não se sentará no banco nas jornadas iniciais do campeonato. Confesso que o facto em si não me causa qualquer apreensão, porque tenho visto poucas vantagens na sua permanência no lugar e julgo que a sua ausência, nas actuais circunstâncias, poderá até ser benéfica para o próprio e para todos. A não ser assim, a punição que tem que enfrentar revela o erro de estratégia que é por um treinador a fazer o trabalho de outros. PB deve-se distinguir pela forma como prepara a equipa, não lhe cabendo a missão de defender o clube. Não é justo nem adequado às suas funções. Seria mais facilmente aceitável esta postura do Dep. de futebol se os resultados do seu trabalho fossem visíveis. Mas a invisibilidade da sua acção tem sido também o timbre dos resultados alcançados. É desastrosa a forma como temos deixado escapar entre os dedos boas possibilidades de reforço do plantel. E a forma como têm sido geridas as dispensas ou as colocações dos miúdos da Academia falam por si. É com pena que vejo jogadores da sua idade, manifestamente menos qualificados, jogarem em escalões superiores.

Que PB aproveite o retiro imposto de forma provocatória para reflectir sobre a sua actuação como técnico principal do Sporting e nos resultados da sua acção. Estamos tão mal preparados para o que aí vem que nem a sorte que nos aparece pela frente conseguimos aproveitar. Falamos hoje de um penalty falhado mas esquecemo-nos que ele acontece resultante de um lance em que a sorte fez tudo o que podia para nos favorecer: a bola ressaltou num defesa e Postiga alcançou-a antes do guarda-redes porque ele escorregou. Até ali, e já haviam decorridos 30m, limitávamo-nos a ver circular a bola.

Duvido que o faça, pois a obstinação que PB revela na sua acção parece impedi-lo de usar o bom senso e auto-critica. Veja-se o caso do penalty falhado ontem por Moutinho: se o jogador não se recusar ou ninguém acima na hierarquia confrontar o treinador, Moutinho marcará sempre os penalty´s, independentemente da eficácia. O mesmo se dirá do losango. Pena é que não use do mesmo afinco no treino das bolas paradas, cantos incluídos, ou na criação de mecanismos que anulem o jogo de equipas que baixam em bloco atrás da linha da bola. Ou seja os Twente´s do nosso campeonato, que são a maioria das equipas.

Mas o Sporting não é apenas o fraco futebol exibido. É muito mais as suas gentes, que surpreendentemente ontem compareceram em grande número, sobretudo se se atender à frágil promessa de um bom jogo ou resultado. E, apesar de me indignar a resignação e o alheamento com que grande parte dos adeptos abandonava o estádio, sei que esse não é o sentimento geral. Graças ao Hugo, pude visitar a sede do Directivo XXI, onde se vive apaixonadamente o clube. A idade média dos que por lá andam, e sobretudo a sua postura, permitem-nos a esperança de futuro. Infelizmente cheguei atrasado e não tive a felicidade de fazer a romagem ao Magriço. Fiquei-me pela emoção de um cumprimento e a proximidade que a rede divisória permitiu com o sangue leonino do Miguel, que tem a distingui-lo o nome e o sangue do meu ídolo de sempre: Damas. Agradeço-lhe a generosidade de fazer o intervalo a saltar cadeiras para tornar possível o cumprimento. Foi mesmo à Sporting!

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