sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Gestão desportiva: O Sporting no mercado (conclusão)

O portão de Alcochete fechou-se atrás de Ângulo e até Dezembro não veremos novos nomes acrescentados ao plantel do Sporting 2009/2010. Como prometido, deixa-se aqui à discussão a forma como o Sporting abordou o mercado perspectivando reforçar a equipa.

Saliento os seguintes aspectos que, no meu entender, marcaram as movimentações do clube: a) as palavras imprudentes do Presidente Bettencourt, a elevar a expectativa dos adeptos, sem suporte real nos factos que ocorreram posteriormente. A decepção daí resultante, nos adeptos mais ávidos de "vendedores de camisolas" acabou por ser natural. Sem saber o que dizer das declarações de ontem, saliento e sáudo que o futebol passe a estar sob a sua alçada. b) A má gestão mediática das movimentações: quando Matias e Caicedo chegaram os detalhes das movimentações eram diariamente discutidos. Circunspecção e segredo são 2 vocábulos sem entrada no dicionário do Dep. de Futebol. Por momentos lembrei-me de Norton de Matos. Responsabilidade de Pina Zahavi, o empresário? c) Merece igualmente discussão os sectores seleccionados para reforçar: porque ficou de fora o sector defensivo? d) Manifesto a minha concordância no critério seguido nas 3 contratações: jogadores com necessidade de afirmação da sua carreira, mesmo que a diferentes níves. Vejamos caso a caso:

Parece-me cedo para falar de Caicedo, pelo menos da sua valia futebolística. Tendo em conta o futebol praticado pela equipa, até percebo a filosofia da sua aquisição: um avançado possante pode ajudar a resolver os problemas criados pela ausência de esclarecimento de ideias e processos que afligem a equipa e quem a vê jogar. Melhor seria, para Caicedo ou outro qualquer, que estes problemas fossem definitivamente resolvidos. Em jogos com equipas de qualidade inferior e em momentos de dificuldades a sua presença física pode ser determinante. Mas terá que ser muito mais que isso para justificar o alto valor estipulado para aquisição definitiva bem como o alto salário que usufrui. Dificilmente deixará de ser um jogador em trânsito, do qual se será dificil retirar dividendos. Confirmando-se o melhor que dele se espera e com época de feição, quererá o jogador permanecer em Lisboa, trocando a Premier League pela Sagres? Imaginando que sim, poderemos pagar-lhe o que os Citizens lhe pagam e a estes entregar os 10milhões que por ele pedem? O que ficará da sua passagem por Alvalade?

Matias Fernandez tem em comum com o equatoriano a juventude e a origem sul-americana. É no entanto um jogador com um cartel mais sólido mercê do que vem fazendo na sua selecção, onde é imprescindível. A forma como trata a bola é como o algodão, não engana. Mas os equívocos podem surgir se tornar numa espécie de controlador aéreo, vendo as bolas sobrevoar a sua cabeça. Ou num vagabundo sem causas, consumindo-se na procura da bola como se do Santo Graal se tratasse: nem ele a encontra nem ninguém lha dá. Na resolução dos seus problemas de posicionamento e de intervenção no jogo estará muito do sucesso ou fracasso ofensivo da equipa. É um bom jogador, não me parece que haja dúvidas.

Poderá um problema ser resolvido visto de um novo Angulo? Quem sabe? No entanto a sua idade desaconselharia a sua aquisição, o futuro não passa por ali. Confesso que tenho apreço pela forma como o asturiano entrou no clube: humildade e respeito. Manifesto porém a minha discordância pelo timming da sua aquisição: tanta necessidade de substituir Izmailov e afinal Ângulo está disponível para PB quase ao mesmo tempo que o russo. Nesse interim ficou um objectivo pelo caminho. Assim, à semelhança de Caicedo, só um rendimento desportivo superlativo poderá justificar os recursos investidos. A experiência e a maturidade? Experiente é de certeza, mas numa realidade diferente da do campeonato nacional. A maturidade não vem da idade em exclusivo, mas da personalidade – Gascoine, lembram-se?… - e aí espero que se tenha acertado.

Voltando a Izmailov ficam os rumores e as certezas como foi conduzido o processo da sua substituição por lesão. O que terão Hugo ou César Peixoto, ambos de 29 anos e meio milhão de euros para o passivo que não tem Hugo Viana, 26 anos, jogador formado na casa e muito mais barato?

Já depois do mercado fechar soube-se da renovação de André Marques, Pedro Silva e João Gonçalves. Vejo como boas noticias as renovações com os miúdos de Alcochete. Mas, com a renovação do contrato de Abel no ano anterior, dificilmente percebo qual a necessidade de termos 3 defesas direitos sob contrato, quando os recursos são escassos e se duvida do valor dos mais velhos. Apurarão com idade? Os jogadores, e as pessoas, são como o vinho: os bons apuram os maus azedam...

Estará o Sporting mais forte do que no ano anterior? Tendo em conta as vicissitudes impostas por um inicio de época atribulado, parece-me cedo para fazer bom juízo. Aguardo os próximos jogos para perceber melhor, desejando que o plantel em breve esteja inteiramente à disposição do técnico. Continuo a pensar que mais do que novos jogadores, precisamos antes de fazer bem com os que já temos.

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