sexta-feira, 14 de maio de 2010

Onde estavas no 14 de Maio de 2000?

Estava prestes a fazer os meus 17 anos e nunca tinha visto o Sporting a ser Campeão. Foi daquelas épocas em que muitas vezes apanhei o autocarro sozinho ou com mais um grupo de amigos para ir ver os jogos a Alvalade.
Naquela tarde, carregado de nervos, a ver o jogo de Paranhos e ao mesmo tempo o jogo de Barcelos (do Porto), a ansiedade era enorme. Até que o André Cruz marca aquele golo de livre directo... E o Leão veio para a rua!
Hugo Malcato

Tenho sempre a sensação de estar no sítio errado, no tempo errado no que ao Sporting diz respeito. Nasci em 1964, no ano em vencemos a Taça das Taças, mas cheguei cá apenas em Novembro, já havíamos levantado o caneco 6 meses antes. Em 1982, no ano da Taça e Campeonato só assisti ao 1º jogo, por sinal em Alvalade. Há 10 anos atrás estava em Lisboa e não no Porto como seria “normal”. Semanas antes já tinha apanhado uma molha na Luz, quando pensávamos celebrar na altura certa, no local errado. Lembro-me das ruas desertas, e do estrondo que se seguiu ao golo de André Cruz. Não me peçam muito mais do que isto: foi das festas mais lindas e espontâneas que vivi. O Sporting é mesmo de Portugal!
LdA

Rumamos ao Porto, logo pela manhã de 14 de Maio de 2000, cheios de crença. Vindos de Lisboa, eu e outro grande Sportinguista, pudemos testemunhar que o país cedo se começou a preparar para uma enorme festa. Ele foi ver o jogo, pagando 100 euros pelo bilhete. Até as varandas dos prédios de Paranhos à volta do Estádio se alugavam. Eu juntei-me a mais 2 transmontanos amigos de infância, que moram no Porto e vi o jogo em casa de um deles, conforme combinado desde 18 de Março de 2000, quando vencemos o Porto em Alvalade por 2-0.
O jogo acabou e foi o eclodir de um enorme festival de emoções leoninas. Rumamos de imediato a Vidal Pinheiro, onde o meu amigo viu o jogo e ainda festejava lá dentro. Para que conste e os nossos filhos e netos testemunhem, na segunda-feira seguinte, a nossa foto aparece no Diário de Notícias.
O meu amigo de Lisboa, só quis sair do Porto quando o levei à Avenida dos Aliados. Ele não imaginava que a mítica praça onde o FCP comemorava os campeonatos, estava repleta de leões em delírio. “Afinal há muitos Sportinguistas no Porto, confessava-me pleno de emoção”.
A partir dai, foi parar em tudo que é estação de serviço do Porto a Lisboa. Em todas elas foi o delírio. Estive em Coimbra, no tal café, com Roquette e milhares de Sportinguistas em estado delirante. Chegados a Lisboa, a loucura era total, nas ruas, à volta do Estádio, dentro do Estádio, na Praça do Município, etc.
Deitei-me às 8 da manhã e no dia seguinte foi feriado. Portugal, inteiro parou e saiu à rua, para mostrar que o leão ruge, sem precisar de evidenciar essa grandeza constantemente, porque afinal, essa é a característica daqueles que por maiores que sejam, serão sempre pequenos.
Viva o Sporting!
Leão Transmontano

O fim do jejum coincidiu com a Semana Académica. Vi o jogo "em casa", no núcleo Sportinguista de Faro, onde passava mais tempo do que em casa.
Com o nervosismo típico - mas desta feita exponenciado ao máximo - foi assim que me sentei para ver se seria finalmente desta que alcançaríamos o tão ambicionado título.
Eu, o meu irmão e uns amigos, a vibrarmos como nunca, sentindo uma alegria que nenhum de nós tinha podido viver antes. Foi impossível conter a emoção e a partir do 2º golo, foi o choro mais alegre que alguma vez tive.
Fim de jogo, emoção total, gente na rua vinda de todo o lado, invadindo as ruas de Faro, à imagem do País, levando lamps a interrogaram-se como é que era possível sermos tantos, pessoal em cima do próprio carro aos saltos, compra imediata de uma grade de cerveja para despacharmos antes da entrada na SA, um amigo nosso lampião a aproximar-se de um velhote para gozar com a sigla do Clube e a levar um baile monumental com a resposta: "Somos Campeões de Portugal" numa risada em que até ele se incluiu, ida para o recinto da festa e propositadamente para a frente do palco com os cachecóis do SCP , onde actuavam os GNR - não porque gostássemos da música mas sim para que ele nos desse os parabéns ao Clube, enfim....foi a loucura geral e um dos dias mais felizes da minha vida.
Gostava de o experimentar mais vezes porque a mim não me cansa ganhar sempre.
JVL

Pela única vez na vida disse para a minha futura mulher, “Se me vires a chorar não te preocupes, é porque foi golo do Sporting!”. E foi um, dois, três, quatro… não chorei. Ri, gritei, saltei, corri para o carro entre os parabéns de diversos amigos que comigo viram o jogo e sai para as ruas de Coimbra com um destino fixo em mente, o Café Brasil, para beber um café e continuar a festa. Temi que o carro não sobrevivesse à cidade, por todo o lado se tinha o azar de parar era abanado ao som da Marcha do Sporting, cantada por Maria José Valério que tinha posto em “repeat” no leitor de cd’s. O circuito Praça da República – Café Brasil foi feito vezes sem conta. Ao outro dia acordar pelas 7 da manhã e seguir viagem para Alcains, pedi ao meu colega para conduzir porque não estava em condições para o fazer, durante a viagem quando abria o olho, sorria e descia a janela e dizia com a pouca voz que me restava, “Sporting!” e voltava a um sonho lindo.
LMGM

 Em Maio de 2000 atrás tinha 19 anos e o meu sportinguismo ainda não tinha sido recompensado com a vivência de um título de campeão. Até aí, sempre tinha vivido no grande Porto, onde os sportinguistas, em minoria, eram confrontados com um sem número de amigos e colegas de outras cores mais bem sucedidas.
No fim-de-semana anterior tinha ido a Lisboa preparado para fazer a festa de título, mas tal não possível. Até foi bom, porque passei uma semana de Queima das Fitas festejando por antecipação. Quando chegou o Domingo, foi muito bom. Foi estranho. Nem sabia bem como fazer para deixar sair tanta alegria acumulada. Vi o jogo em casa com a minha irmã e o meu avô. A minha mãe sofria na outra televisão as incidências do jogo de Barcelos... O meu pai tinha ido a Vidal Pinheiro, e esperamos que ele chegasse para irmos para a Avenida do Aliados, juntarmo-nos a mais umas centenas. Dois anos depois seríamos bem mais, naquela sítio, mas nada igualará aquela sensação de "primeira vez" daquele título.
Bruno Martins

Tinha ido no fim de semana anterior do Funchal a Lisboa, e só marquei avião para 2ª feira convencido que precisava da noite de domingo para comemorar em Lisboa, mas o egípcio, contando com o habitual leite vermelho, estragou a festa.
No fim de semana da ultima jornada era fim de semana de ficar no Funchal e, após uma semana de ansiedade, foi na Avenida do Mar que se fez a festa, descobrindo nessa altura que a Madeira é muito mais verde do que a tinha imaginado.
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10 comentários:

  1. LT, então estivemos juntos! Eu entrei ao lado do Roquette, depois um dos guarda costas não achou piada e tive de me contentar em ser o primeiro que esmagava aquele frigorifico em forma de pessoa.

    Eu era facilmente identificável porque tinha uma rapariga, como é que hei-de dizer, encavalitada no meu ombro esquerdo, cabeça, costas, ombro direito... foi uma festa.

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  2. Eu também estava prestes a fazer os meus 17 anos e nunca tinha visto o Sporting a ser Campeão. Também muitas vezes apanhei o autocarro sozinho ou com mais um grupo de amigos para ir ver os jogos a Alvalade. Aquele dia não foi excepção, saí de Portimão bem cedo com uma bandeira do Sporting no autocarro. Cheguei aos antigos campos de treino em Alvalade muito antes de ficarem cheios.

    Adoro ver os recintos a encher, especialmente de verde. Lembro me perfeitamente que o ecrã que transmitia o Sporting levar com o sol de frente e não conseguir ver a ponta dum corno. Seguia o jogo do Porto.

    1ª explosão foi com o golo do Gil Vicente, e depois o pessoal à frente do ecrã do Sporting explodiu! Golo do andré cruz, disseram-me! de livre concluí, lembro me de estar sozinho e de agarrar e ser agarrado por o gajo que estava ao meu lado, ele já chorava eu estava em transe.

    Juntei me com o resto do pessoal do #Sporting, e fomos para dentro do estádio esperar a equipa. Desesperei com a m$%%#$ da musica brasileira, eles nunca mais chegavam! o estádio estava cada vez mais cheio, eu estava em pé junto da grade na central oposta à pala.

    1º os avisos: "os campeões estão a chegar, por favor não invadam o campo!"

    Até que se ouve "com o número um Peter Schmeichel!" e foi o pandemónio, ainda entraram alguns jogadores mas os repórteres sem zona fixa mais os filhos dos VIP's bloqueavam a vista toda, o pessoal ficava impaciente, começaram a puxar a rede por baixo. a policia de intervenção ficou sem meios para nos controlar, enquanto segurava a rede passaram umas quantas pessoas depois não aguentei e fui lá para dentro também. e depois veio o estádio todo, lembro me de pessoal a atirarem se para dentro das balizas a rasgar as redes, pessoal com relva no bolso.estava tudo doido! foi o culminar de uma época fabulosa em que os underdogs mostraram mais fibra e mais querer em ganhar, e tivemos, quando necessário, a estrelinha connosco.

    Foi bom demais, nunca se sentiu nada assim a não ser em 2005 na final da uefa.

    Mesmo com o Jardel não foi igual. Espero no entanto não ficar mais 18 anos à mingua.

    Muito obrigado a todos, fomos nós que ganhamos aquela merda!

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  3. Eu estive lá e paguei dois bilhetes - um a 30 cts e outro a 20 cts. Há loucuras destas que a gente faz na vida quando gostamos do Clube. Ao intervalo 0-0 e as pernas a tremerem porque em Barcelos se jogava o Gil Vicente-FCP e tudo poderia acontecer. O Livre marcado à mestre pelo André Cruz fez-me libertar mais que uma tonelada de cima e a esperança era ainda mais VERDE. No final, depois de Ayew e Duscher fazerem o 3-0, o mesmo artista André Cruz fechou aos 88 min a contenda. Só um lamento: o meu filhote de 13 anos levava com ele um Cachecol do SCP e 2 elementos dos Super Dragões rapinaram-no, mesmo nas imediações do Vidal Pinheiro. Mas no final comprei 2 já a dizer Campeão Nacional. Valeu a pena.

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  4. Cada um tem as suas recordações muito próprias, e no fundo todos partilhamos o sentimento de que tudo o que se viveu desde então soube a muito pouco, mesmo pensando nas Taças (algumas bem saborosas), nas Supertaças e na campanha para a Taça Uefa de 2005. Resta-nos continuar a lutar para que o futuro seja mais risonho, cada um à sua maneira. E não falta que fazer...

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  5. Depois de ter passado o penúltimo jogo inteirinho à chuva, o último jogo vi-o fechado em casa com o meu pai, roído pelos nervos até finalmente poder explodir de alegria! Fiquei o resto da noite colado à televisão a sorver cada minuto daquela imensa festa que se deu por Portugal inteiro e sofrendo por não ter tido a oportunidade de estar no meio de toda aquela loucura leonina. Algo que felizmente pude viver 2 anos mais tarde.

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  6. Bruno,

    "...todos partilhamos o sentimento de que tudo o que se viveu desde então soube a muito pouco..."

    Eu então acreditei que seria o virar de uma página, onde ganharíamos com maior frequência, como o título seguinte em 2002 parecia indicar. Infelizmente, assim não sucedeu.


    FCS,

    "Depois de ter passado o penúltimo jogo inteirinho à chuva..."

    Nem me digas nada!!! Foi a minha estreia em Alvalade...

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  7. JVL,

    E assim que acabou o jogo parou de chover! Saí do estádio com a sensação que até os Deuses conspiravam contra nós!!

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  8. Se pensam que eu vou dizer que idade tinha em Maio de 2000 estão muito enganados...só vos digo que já tinha visto o Sporting campeão antes dessa data.
    Onde estava?
    Na altura vivia no Alentejo e fazia alguns kms do emprego até casa que foram passados com o ouvido bem atento ao que a rádio ia transmitindo. Cheguei a tempo de ver a transmissão do jogo no clube de ténis lá do sítio onde as minhas filhas já me esperavam.A minha filha mais nova fez 17 anos em Julho desse ano por isso nunca tinha visto o Sporting ser campeão e a irmã quase 3 anos mais velha não se lembrava porque na altura era muito pequena.
    Ainda me lembro o que tinha vestido...calças e camisa pretas e casaco verde. E lembro-me da emoção...da alegria da minha filha mais nova que sempre foi uma sportinguista ferrenha, muito mais que a irmã, e que pela primeira vez via o Sporting ganhar um campeonato. As minhas recordações estão muito mais ligadas a ela e à sua alegria que à minha porque a sua alegria era de tal ordem que deixava qualquer pessoa comovida.
    Depois desse só teve oportunidade de ver o Sporting campeão novamente uma vez...tem uma filha de 4 meses, espero que não tenha que esperar os mesmos anos que a mãe, para ver o Sporting campeão.

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  9. Eu estava num daqueles almoços de empresa secantes mas muito bem "regados" e comidos em Mafra, hora e meia antes de começar não ia com certeza ficar ali a sofrer na companhia de lamps agarrei na companhia de 3 colegas e fomos para o estádio ver os jogos nos ecrãs chorei no golo do Gil Vicente e só gritava que nem um louco saído do Hospital " este é nosso ... este é nosso" comprei 2 cervejas do SCP 1 para beber e outra para guardar no altar, depois comecei a correr para um vendedor de cascois que não me queria vender porque ainda não tinha autorização de vender o dito cujo de campeão nacional mas lá lhe consegui dar volta e fui o mais depressa possível buscar a minha mulher para ir ver os meus amigos SPORTINGUISTAS que estavam no café de seguida fui para o estádio completamente em delírio pelas ruas de Lisboa , que sentimento fantasico de alegria e loucura.

    Que saudades disto espero que não demore muito mais a sentir o mesmo!

    Viva o Sporting

    SPU

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  10. Foi brutal...e se não estou em erro a festa até começou antes do nosso 1º golo, visto que estava a ver a bola no café com uns amigos, e de repente vemos a emissão a passar para o jogo do fcp, onde tinham acabado de levar um golo...

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