domingo, 22 de agosto de 2010

Em busca das vitórias perdidas



Calção, camisola, cachecol, está tudo pronto, vamos lá! Aqui vou eu a caminho de Alvalade. A viagem há muito que está combinada e só tem um objectivo, ir à bola. Para ser igual a outros tempos só falta mesmo levar a lancheira para fazer um piquenique, vão os homens, as mulheres e os putos, a tropa toda. Lá para o meio da tarde o grupo divide-se, a ala masculina ruma a Alvalade a feminina vai aproveitar os saldos da capital.

Já me perguntaram 50 vezes se não era melhor esperar por outro jogo, principalmente porque vai ser a estreia de um dos miúdos em Alvalade. Respondi com duas questões, primeiro pedi que me dissessem qual é o jogo em que a vitória está antecipadamente garantida, se me conseguirem garantir isso, não só a minha argumentação para formatar os putos ia melhorar imenso como ia já a correr apostar uma pipa de massa naqueles sites de apostas que se reproduzem pela internet fora.

Segundo, questionei também quando vai ser o próximo jogo em Alvalade, em dia e hora que possibilite levar crianças entre os 4 e os 10 anos, e isto tendo em conta que no final do jogo há que fazer uma viagem de regresso de umas centenas de quilómetros.

Como fiquei sem respostas, mantive o programa das festas. Há mais factores a juntar à equação a capacidade de regeneração dos putos é infinitamente superior à dos adultos, a última derrota, que ainda me está entranhada nos ossos, para eles foi um acontecimento do século passado, sabem lá quem é o Bettencourt, o Paulo Sérgio, ou o Costinha. O que interessa é poder estar no estádio ao vivo, ver o Liedson, ouvir as claques e fazer macacadas.

Se pelo lado deles o problema está resolvido, do meu nem por isso, fiquei profundamente desiludido com o último jogo, e continuo a não admitir a descrença que vi apoderar-se da equipa nos minutos finais. Que eu saiba, os golos marcados aos 92 minutos valem rigorosamente o mesmo que em qualquer outro. Não há desculpa possível para um atleta do Sporting baixar os braços antes do palhaço dar o apito final.

Sou péssimo a assobiar mas consigo apupar como poucos e também fará parte da formação da miudagem o apupo se vir a equipa ceder à pressão. Como já não sou criança aproveitei a ressaca do último jogo para respirar fundo e tomar uma medida drástica. Durante muitos anos mantive uma rotina (vulgo superstição) que me garantia que pelo menos o Sporting não perdia. Digo pelo menos porque se essa rotina não fosse efectuada a tempo e horas era derrota garantida. Faz aproximadamente 2 anos que deixei de a fazer e nem tive a hombridade de avisar o Paulo Bento. Tenho a anunciar que está de volta, vamos verificar hoje se a coisa ainda tem influência nos astros ou não.

O meu último argumento para não ficar em casa é comum a milhares de Sportinguistas. Apesar de por vezes sentir uma inexplicável nostalgia do antigo José de Alvalade (eu fui lá umas 4 ou 5 vezes), o meu estádio é este, sei e sinto isso, eu faço parte da sua história, da sua estrutura, dos cabos, das luzes, da relva que teima em saltar, do fosso. Foi nele que um belo dia passei minutos a cantar junto com milhares de vozes “Até morrer Sporting allez…”, para mim foi um juramento e se tivesse alguma influência nas claques era com esse cântico que recebia hoje a equipa, a mensagem é simples.

Eu ainda não morri. O Sporting não morre. E… o amor é eterno!


P.S.- É absolutamente indispensável ler o post anterior do Leão Transmontano.

6 comentários:

  1. Haja quem... :-)

    A minha superstição é não comprar jornais em dia de jogo. Hoje, quebrei-a... quiçá arranjo uma nova... a bola está do lado do Sporting! ;-)

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  2. Excelente post.

    É giro e lembro-me bem, que para um puto ir ao futebol é o um acontecimento do outro mundo. Qual jardim zoologico, qual mega parque, qual centro comercial, qual torneio de playstation, ir à bola com 5, 7 , 10 anos é um acontecimento especial, é um sitio, e falo por mim, que me deixava nervoso, só de pensar que ia ao estadio. Uma criança não se interessa, como muito bem diz o post, por quem esta na direcção, por quem é o treinador, uma criança quer é ver o Levezinho ou outro idolo de quem o pai esta sempre a falar. Saindo de lá contente por ter ganho, ou a chorar por ter perdido, a minha vontade era que o meu pai me levasse lá passado 15 dias.

    E dando a minha opinião pessoal LMGM, escolheste bem o jogo, para as crinças, a melhor escolha do jogo, é o jogo mais proximo, seja ele, teoricamente mais facil ou dificil de ganhar.

    Eu também irei lá estar...e espero ver um futebol melhor que tenho visto.

    SL

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  3. Só eu sei porque fico em casa, sem futebol de qualidade nao me veem em estadios onde o sporting joga.
    Estou farto de ser enxovalhado.

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  4. LMGM,

    Certamente que no regresso a pequenada vem satisfeita e a perguntar quando é a próxima excursão a Alvalade :)

    Abraço

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