quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Areia e Bruma

Foto Academia de Talentos
Continuo a reconhecer razão a Paulo Sérgio: o jogo com o Rio Ave começou a menos das 72 horas de descanso previstas no regulamento. E continuo a reconhecer-lhe razão quando afirma que os interesses televisivos se sobrepõem muitas vezes aos clubes. Mas convém lembrar que as receitas que daí vertem para os clubes são hoje uma transfusão de vitalidade imprescindível para a saúde financeira dos clubes.

Pegando num caso concreto, o do jogo com o Rio Ave, a alternativa que restava ao Sporting e à Olivedesportos, via Sporttv, era o agendamento do jogo para a passada segunda-feira. Com a coexistência do jogo do FCPorto, algum desses dois jogos teria que ter inicio pelas 19h para que o outro tivesse inicio pelas 21h. Uma vez que o jogo do Sporting era transmitido em sinal aberto, via TVI, teria que haver negociações, uma vez que, em termos de share e consequentes receitas de publicidade, a transmissão do jogo era mais interessante a partir das 21h, sendo que, para a programação da TVI em particular, a transmissão ao domingo lhe interessaria mais. Tudo isto para dizer que jogar à segunda-feira teria sido possível, mas os interesses do Sporting contaram menos que os dos restantes envolvidos.

Onde Paulo Sérgio falhou foi ao levantar a suspeição de que alguma coisa “estava a ser preparada” para o jogo com o Leiria quando a Liga já tem calendarizados os jogos até Dezembro e fê-lo atempadamente desde 22 de Setembro.  O que o Sporting tem que acautelar neste caso é igualdade de tratamento face ao regulamentado e isso Paulo Sérgio não parece questionar. Eu, tenho que o admitir, fui na conversa da suspeição, por falta de conhecimento e por situações como esta serem infelizmente um hábito, seja por falta de respeito pelo clube, seja porque o clube abdica de se fazer respeitar. 

Dito isto, faz pouco sentido dizer o que Paulo Sérgio disse, deixando à evidência que desconhecia aquela disposição do organizador do campeonato. O que é no mínimo inquietante, porque abre a porta a 2 interrogações: (i) como é preparado o plantel para os compromissos que se avizinham, se se desconhecem os dias disponíveis para treino e (ii) que comunicação interna existe no departamento de futebol. Pior mesmo foi insistir com um comunicado que, na forma e no conteúdo, não estão ao nível da comunicação exigida a um clube como o nosso. Areia para os olhos.

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A Bruma em torno de Bruma adensa-se. É já um caso de polícia, com queixas de sequestro. Não conhecendo o seu potencial como jogador, não me posso pronunciar, como adepto, sobre a melhor atitude a adoptar: vender ou manter. Os números atirados para os jornais dão que pensar, mais ainda na actual conjuntura. Mais ainda com o fim à vista anunciado das transferências hiper-milionárias, como faz supor  a introdução dos novos regulamentos de fair-play impostos pela UEFA. Anuncia-se o fim de um período de insanidade nas contratações dos clubes europeus, que nem a já mais que instalada crise financeira logrou por cobro. Com isso muitas estratégias terão que ser revistas. Não creio que, por exemplo, a venda de um jogador como Raúl Meireles continue a ser possível pelos valores envolvidos.

Em qualquer dos cenários o Sporting só pode olhar para a sua academia como fonte de sustentabilidade. Seja para abastecer o seu plantel, seja para realizar mais-valias. E a possibilidade de errar nas escolhas, que existe sempre, é bem menos onerosa, quer do ponto de vista desportivo,quer financeiro, do que as idas ao mercado.

1 comentário:

  1. http://www.dailymail.co.uk/sport/football/article-1322170/Manchester-City-Chelsea-working-overtime-poach-15-year-old-new-Ronaldo-Sporting-Lisbon.html

    Com 1/4 de milhão de libras só pela assinatura, casa, carros e trabalho para a família, não há-de a mãe adoptiva do Bruma no seu incondicional amor pelo filho estar preocupada que ele ainda esteja no Sporting ...
    Triste futebol este.

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