quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O azar aos números

Estava já preparado o post de hoje quando dei de caras com a citação que o Record hoje faz da entrevista ontem dada pelo André Santos ao jornal do clube. Ela contém um item que vem de encontro a um dos que hoje aqui me propunha a abordar. Obviamente que esse não é a questão do título ser ou não uma miragem, porque sabemos bem que o é. Não porque a matemática assim o imponha. Mas porque, além de ter que ultrapassar 2 candidatos que até agora têm sido muito mais convincentes, o Sporting não parece capaz de ultrapassar as suas próprias dificuldades. Dito isto, fica também esclarecido que não me parece que a explicação do nosso atraso se deva ao azar na finalização, como avança André Santos. Até porque ficam de fora os jogos, como o de sábado, em que tivemos sorte e eficácia.

O que me chamou à atenção foi precisamente a parte final da citação em que André Santos afirma "que nos primeiros 45 minutos, temos criado muitas oportunidades de golo mas não conseguimos concretizá-las.” Porquê os primeiros 45 minutos? Em primeiro lugar esta afirmação é a evidência de que no balneário se discutem os dados estatísticos. E eles dizem que se houvesse um campeonato das primeiras partes estaríamos em 2º lugar com 30 pontos, mas mesmo assim a 8 pontos do FCP e com o SLB um ponto atrás de nós. Mas se o campeonato fosse das segundas partes cairíamos para 3º lugar, ficando a 13 pontos do FCP e também a 5 do SLB. Isto é, precisamente os mesmos que temos no campeonato real.

Este dado interessante, do quail se podem extrair diversas ilações, leva-me a outro, que é o elevado número de lesões musculares que desde o inicio da época vêm afectando o plantel do Sporting. O mesmo  que agora atira Djaló pela 3ª vez este ano para o estaleiro e por 1 mês e Postiga pelo menos 2 semanas. Isto quando Pedro Mendes e Matias regressam de um longo afastamento pelo mesmo motivo, numa lista bem mais extensa. É impossível olhar para a quebra nas segundas partes e para o número elevado de lesões sem questionar que preparação física se faz em Alvalade. Ou será que tem a ver com o facto de pertencermos ao grupo das equipas mais velhas da Liga (média de 27 anos de idade)  nos 15 jogos já realizados? Ou é tudo mera coincidência?

Mas, na procura das razões do nosso atraso, há outros números a merecer atenção. Com 3 vitórias, 3 empates e 1 derrota, 8 golos marcados e 6 sofridos, somos apenas(!!!) a 9ª equipa do campeonato no aproveitamento do factor casa. Para lá das razões de ordem psicológica que se queiram introduzir na discussão, quem tem presente o que têm sido as nossas prestações caseiras sabe que PS ainda não conseguiu resolver as equações que os seus congéneres adversários lhe colocam quando recuam as linhas, como ele fazia quando vinha jogar a Alvalade com o Paços de Ferreira e tanto se orgulhou de fazer na jornada passada com o depauperado Braga. E os 6 golos sofridos levam a pensar que a explicação dada por André Santos - ou a que lhe deram a ele... -  talvez não esteja completa. Talvez devamos pugnar por um campeonato longe de Alvalade. Como visitante somos segundos, com 16 pontos, a 1 ponto do FCP e com o SLB a 4 pontos.

Neste quadro - muitos pontos de atraso, exibições pouco convincentes, poucos objectivos para alcançar - não admira que a média de espectadores em Alvalade (175.219) seja quase metade do que registam aqueles que deveriam ser os nossos principais adversários, (SLB 306.208, FCP 291.219) mesmo tendo em conta que temos menos um jogo que eles. O Guimarães está mais perto de nós do que nós da frente (75.915). Mas, se num jogo com a importância e o interesse do passado fim-de-semana, com o Braga, não chegamos aos 23 mil, não será o próximo jogo com o Paços de Ferreira que provocará alterações substanciais.

Tudo isto não admira mas entristece e alarma. Mais ainda quando se conclui que o jogo mais visto em Alvalade  é apenas o 11º no total dos jogos do ano, com 35.063 espectadores. É que o Porto-Nacional, para a ignorada Bwin Cup é o 13º da lista com 30.018 espectadores. Os dados foram compilados da informação disponibilizada pelo site da Liga.

11 comentários:

  1. Leão de Alvalade,

    há outro dado estatístico que diz bem do quanto o Sporting é inofensivo pelo silêncio gerado: o número de golos claramente irregulares.

    Enfim...

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  2. PLF,

    Se fossemos por aí tínhamos que contabilizar quantos penalties não assinalados o porto já se escapou. E quantas expulsões o David Luis já se safou.


    Leão de Alvalade,

    Bom post. Também me preocupa bastante o nº de lesões musculares e o facto da maioria dos jogadores não aguentar os 90m a um ritmo aceitavel (já não digo alto ritmo). Deverá ter muito a ver com a preparação que se fez na pré-época, imagino.

    É verdade que tivemos azar em mandar tantas bolas ao poste (com o Postiga a mandar 7 só ele), mas o problema maior é o número baixo de jogadas de perigo que criamos.

    Como já tenho dito, não confio neste treinador.

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  3. Mike Portugal,

    o Sporting primeiro tem de comparar-se consigo próprio e só depois com os outros.

    E, tendo já uns belos anos disto, não me lembro que tivéssemos tido tanta "sorte" com os árbitros como este ano.

    Para mais, é um facto que tende a ser esquecido quando se contam o número de bolas ao poste. Se os benefícios de arbitragem são uma questão de sorte (e vamos acreditar que sim, só para o efeito), então também deveriam ser contabilizados. É que, ao contrário dos postes - que como o LdA assinala e bem, sempre estiveram presentes no jogo e constituem a linha definidora entre um remate com ou sem sucesso - os erros dos árbitros que geram golos... por definição dão sempre golo.

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  4. PLF, "Se os benefícios de arbitragem são uma questão de sorte..." :)))))))))))))))))))

    Somando tudo, podendo analisar a sorte e o azar pelos mais diversos angulos, chego sempre à mesma conclusão, a nossa classificação (3º lugar) é adequada ao que temos produzido, a diferença pontual existente não.

    Resta fazer melhor na segunda volta, sabendo de antemão que o nosso calendário fora de casa neste periodo vai ser terrivel.

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  5. PLF,

    Os nossos 3 golos irregulares (até parece que são muitos), foram devido a foras-de-jogo não marcados e 1 com um toque de uma mão do Postiga. Esse será o mais escandaloso e nem foi por cá. Os foras-de-jogo foram milimetricos e bastante dificeis de tirar.

    LMGM,

    Concordo.

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  6. Mike Portugal,

    só para o campeonato conto uns 5 ou 6... Só contra o Vitória de Guimarães foram 2 e o "milimétrico" foi a bola não ter chegado a entrar dentro da baliza.

    LMGM,

    o Sporting só está no 3º lugar porque o SCBraga fez na Champions aquilo que o Sporting só conseguiu fazer uma vez (9pts).

    Ao nível da qualidade de jogo, o Sporting merecia estar em 4º.

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  7. PLF, pode ser que um dia o Braga consiga voltar à Champions para fazer pior.

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  8. LMGM, ou que um dia o Sporting consiga voltar à Champions para fazer melhor.

    Em qualquer dos casos, parece-me improvável no curto prazo.

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  9. PLF,

    Estou a ver que não temos a mesma definição de golos irregulares. Tudo bem.
    Esse da bola não ter chegado a entrar tinha-me esquecido. Sendo assim passo para 4 golos irregulares esta época.

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  10. De facto o Sporting tem azar ao jogo. Pena é que o jogo seja a sua principal actividade...

    Mike as tuas definições não importam para nada. O que conta são os regulamentos.

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  11. Cascavel,

    Reclamar golos irregulares, aqueles que são fora-de-jogo milimetricos que só com tecnologia é que os tiras, não me parece correcto.

    No entanto é verdade que já há muito tempo que o SCP não tinha tanta sorte com os árbitros.

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