sábado, 29 de janeiro de 2011

Sporting à Braz?

Sabe-se ainda muito pouco sobre o projecto (?) de Braz da Silva para o Sporting, não se justificando por hora grandes comentários. As versões variam consoante o veículo que as propaga. Ele são 50 milhões ou 100 milhões, e a diferença faz toda a diferença. Não é igualmente claro que o empresário, aparentemente suportado por capital angolano, queira ser presidente do Sporting ou apenas accionista maioritário da SAD, ou ser investido com poderes equiparados.É porém inegável que se transformou no homem do momento.

Sabe-se pelo menos que Braz da Silva é sócio há tempo suficiente para se candidatar a presidente do Sporting, se assim o entender. Mas o facto por si só não é tranquilizador:  admito que qualquer sócio ou adepto do Sporting quer o melhor para o clube, mas isso não impediu presidências como as de Jorge Gonçalves (por sinal a última vez, antes das SAD, que se ouviu falar em rios de dinheiro...) ou Bettencourt, cujo amor ao clube me parece inquestionável. De boas intenções estamos todos um pouco cheios, certo?

Mas, enquanto se aguarda pela clarificação das  intenções de Braz, não posso deixar de considerar que a ideia de um homem providencial que resgate o Sporting é há muito perseguida pelos sócios, mas cujos resultados falam por si. Convém ter presente que o Sporting Clube de Portugal construiu uma história centenária alicerçada numa matriz associativa e foi precisamente quando escolheu outro caminho que parece ter perdido a alma. Desde então o clube nunca conseguiu adaptar-se a uma realidade nova que, por sinal, foi  mentor e precursor, sendo ultrapassado e secundarizado pelos rivais de sempre.

Um dos principais perigos de uma solução encarnada por um homem providencial, é os Sportinguistas pensarem que não precisam de fazer mais nada senão aplaudir e celebrar as vitórias. Tem sido essa a postura desde a chegada da “era SAD” ao clube, em que os sócios se prostraram como basbaques perante a áurea de competência e infalibilidade dos gestores de topo, que de facto o eram e continuam a ser. Mas apenas e só nas suas vidas particulares  que continuam prósperas, em chocante contraste com a penúria em que nos encontramos.

Há outro risco que não posso deixar passar em claro quando ouço falar em lucro. Se ele é desejável sempre, parece-me desde logo precipitado e irrealista mencioná-lo, quer na presente conjuntura do clube em particular quer tendo em conta a realidade em que se insere a actividade em geral. Mas pior ainda é pensar que sejam esses os objectivos de curto ou médio prazo dos "homens da massa" por trás de qualquer candidato. É que, no momento em que o lucro não seja alcançável, ou surjam negócios de proveitos mais promissores, os mesmos "homens da massa", hesitam muito menos que Bettencourt na hora de partir para novas paragens, ficando nós novamente com a criança nos braços, ou a balançar nos cornos do touro, escolham a que mais se adequar. E é bom ter em conta desde logo quem lucra o quê num projecto deste tipo...

Temo contudo que acenar com o dinheiro seja um isco que os Sportinguistas consigam deixar de morder. Porque, em regra, acredita-se sempre que o dinheiro não traz a felicidade mas ajuda a comprá-la. Mais a mais quando os Sportinguistas ainda sonham em disputar (pelo menos ) os primeiros lugares das parangonas dos jornais sempre que o mercado abre a porta à loucura e ao sonho. Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos.

6 comentários:

  1. As palavras do Braz da Silva são o discurso típico de quem ganha dinheiro. De quem circula dinheiro. De quem tem muito dinheiro. A quem o dinheiro provavelmente dirá muito pouco uma vez que é a solução para a quase totalidade dos seus problemas e desafios diários. Considerando que as suas vantagens - muito bem - são as vantagens dos outros - muito mal - esquecendo-se do resto: os termos por si utilizados que remetem para o lucro, a boa prática do gasto, a noção de que o pesado investimento reproduz automaticamente qualquer coisa e que temos todos a ganhar com os 50 ou 100 milhões de euros que seriam injectados num fundo que integrasse jogadores que iriam vestir ou vestem as camisolas do Sporting. A noção de que essa, per se, seria uma fórmula de sucesso.
    Não é. Pode ser, mas não é. Depende de quem o faça. Depende da qualidade das escolhas e decisões. Comprar por 10 e vender por 50 é uma boa prática em qualquer parte do mundo mas comprar por 6,5, ficar a 30 pontos do 1º e emprestar para Espanha ou vender por 2, se for para isto então não precisamos de 100 milhões de conjunto de investidores alguns. Bastam-nos os 9 que o Bettencourt desencantou ou desencanta junto de 1 ou 2 Bancos que por si só dão já as dores de cabeça mais do que suficientes. As palavras do Braz da Silva remetem para isto no seu essencial, as que se conhecem. O Sangue Leonino tinha-as ontem reproduzidas, não sei se existem mais ou outras mas as que existem são desta espécie.
    Referências ao sportinguismo que são sempre bem vindas e claro, a introdução da noção de limite. "Oportunidade derradeira", algum "alarme". Não existe uma sem outra: quem prega Deus fá-lo devagarinho e sem pressa. Quem prega Euros fá-lo sempre em registo de fim-do-mundo, porque claro, importa apressar o comprador. Os sportinguistas, neste caso.
    Como é que ele justifica a boa prática? Podia por exemplo pegar no que já conhecemos: o Porto. O Porto faz isso e muito bem. Compra por 10 e vende por 50. Fá-lo como mais nenhum clube da Europa faz. Mas não, ele não fez isso. Transmitiu apenas a ideia de que era a boa prática, importando fazer circular o dinheiro, venha ele dos (vazios) cofres de Alvalade ou do grupo aparentemente reunido em seu torno. Não disse - até ver - nada sobre política desportiva, nem tem que o fazer de resto porque adiantou também que nem sabe se vai candidatar-se mas, quando se candidatar, teremos obviamente que perguntar-lhe. Uma última referência ainda para a linha da prática onde - insistindo na má justificação - Braz da Silva adianta que até o Estado português teria a ganhar com os ditos 100 milhões do fundo do Sporting, em IVA e impostos. "Estado", palavra forte esta. Lá está, é o discurso típico de quem faz muito dinheiro, simplista e se calhar falso. Não sei, não sou economista, mas não sendo economista sei que a moeda não pode infelizmente ser emitida à vontade do freguês. É um bem escasso que precisa de ser redistribuído, e por isso sim, acho que podemos simplificar a conta para termos igualmente muito simples ainda que também eles errados (embora eu tenha desculpa porque não sou economista) e rejeitar esse tipo de discurso. Ou pelo menos questioná-lo. Se a Economia portuguesa fossem todos os portugueses, e ela é-o, então realmente alguém deveria perguntar-lhe o que é que a Economia portuguesa ganha com o futebol. Economia portuguesa = 200 ou 300 individualidades e 20 ou 30 grupos. Se for isto então está bem, ela ganha, e muito. Venha dessa forma mais futebol, TVI, algum fado, uma ou outra gala do Eusébio, a novela às 21 e o programa do Desporto às 22 e vá tudo dormir descansado porque amanhã de manhã Alice acordar-vos-á com café, muitas flores, alguns cogumelos falantes e elegantes mágicos.

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  2. Contudo, e ainda em Braz da Silva, o homem querendo e achando-se em condições de avançar não seria eleito para proteger os interesses dos portugueses. Apenas os de alguns, aqueles que são do Sporting. Portanto, considerações simplistas sobre "Estado" postas de parte, caso ele de alguma forma conseguisse fazer do Sporting uma máquina que não perdesse dinheiro, óptimo. Sobre o mais, não significa esse discurso desviante - euros, fundos e mundos na ordem dos 100 milhões - que ele seja um mau candidato ou uma pessoa sem as ideias certas. Pegou no mais fácil, porque é fácil. O dinheiro reluz mais do que o ouro e quando aparece um tipo que não tenha um aspecto completamente tóino, com uma fama qualquer de bem-sucedido e nos fala em "últimas oportunidades" e que é altura de "comprar grandes jogadores", esse tipo de discurso infelizmente enfeitiça. Mais enfeitiça quando associado à ideia de que "os presidentes não devem ser remunerados" e "adoro o Sporting", ou que "os que estão comigo são todos sportinguistas", introduzindo a noção de shot to nothing.

    Se correr mal é o seu prejuízo, se correr bem é o ganho do Sporting.
    Mal do Sporting é que nunca é.
    Verdade? Não faço ideia.
    Mas apareçam. Continuem a aparecer. Venham de Angola, Timor, Forças Armadas, mecenas, teóricos, práticos, professores e alcoólicos, ajuntamentos de sportinguistas do Júlio de Matos, movimentos nascidos na net, apareçam todos para podermos escolher, ou apareçam todos para que as ideias de uns possam ser as de outros. Apareçam para que possamos desfazer em cacos este momento e esta oportunidade.
    É necessário aproveitá-lo.
    Faltam [60 - 4] dias. Esperemos pelos que ainda avançarão. Já deviam de resto te-lo feito. "Quando o futuro campeão tem três jogadores formados em Alvalade no 11 titular e um treinador que teve dois pré-acordos com o clube, é altura de compreender que não é o dinheiro que faz falta em Alvalade, é a competência ou a inteligência." De preferência alguém que nos diga coisas deste tipo. Alguém cuja mente esteja sintonizada neste tipo de sinfonia porque esta sim, pode não reluzir, mas é a sinfonia certa. Aparecesse, e pelo menos tiraríamos a limpo o clube que somos porque nos termos certos e bem explicada não haveria desculpa para que não fosse eleita. Ou, não haveria desculpa para que não se tornasse numa partitura que os vencedores - ainda que eleitos pelas palavras erradas - pudessem reproduzir, ou pelo menos tentá-lo.

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  3. Para já Braz da Silva anuncia dinheiro.

    De onde vem, e, principalmente, como, quando, de que forma e para onde vai, é que seria importante saber-se. Como fulcral são as ideias que acompanham o ‘carcanhol’, de forma a viabilizar o futuro do SCP. Dinheiro por si só, some-se num instantinho… É preciso inteligência, estratégia e mt juizinho para o gerir. São muitos (e trágicos) os exemplos de gdes fortunas desperdiçadas, como igualmente existem bons exemplos dos impérios que se construíram a partir de investimentos financeiros ridículos…

    Therefore... let's just wait and see.

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  4. Ontem.
    Hoje.

    Mesmo considerando que a 1ª fá-los sentir vontade de rir dos conselhos do Professor, efeito Bebe, a 2ª de certeza que lhes agrada. Seja como for, nem o Professor consegue resistir ao chatinho impulso de constantemente ajudar à venda de jogadores do Sporting, nem o interesse é seguramente especulativo. As 2 péssimas evidentemente, embora pudesse sempre ser motivo de graça: um jogador - para muitos - ainda em afirmação no Sporting aparecer de repente na baliza do Manchester United.

    Pode ser que lá evolua o resto.
    As mudanças podem provocar esse efeito, especialmente se mudança significar afastamento de Alvalade: o Carlos Martins num só ano evoluiu que se fartou, no Huelva, antes de voltar a Portugal e ser campeão. O Varela explodiu e transformou-se por completo nos 2 anos afastado de Alvalade, antes de rumar à Invicta, e claro, o João Moutinho com todas as suas limitações completou o seu processo evolutivo assim que saiu do Sporting, mas este demorou apenas 3 semanas. O Figo também foi um pouco assim, porque quando saiu para Barcelona havia ainda quem achasse que era pouco regular, e outros, muitos outros.

    Jogadores medianos, em afirmação, com algumas limitações. Esperemos que venha então, para assim evoluir o que lhe falta.
    Seria uma pena ficar a meio caminho.

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  5. Hoje de manhã ouvi um senhor de muita idade e sabedoria que em relação às notícias sobre o Sr. Braz disse que D. Sebastião nunca regressou da guerra e que atirar dinheiro para cima de um problema nunca resolveu nenhum. Concordo com ele.

    Veremos em que consiste concretamente o programa e quem são as pessoas que o acompanham.

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  6. Não quero saber de onde vem o dinheiro, desde que este sirva para ter uma equipa competitiva com jogadores de nivel, este tem o meu voto só por pensar que o mais importante é uma equipa de futebol

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