quarta-feira, 4 de maio de 2011

As origens e as ambições de Vitor Golas

Vítor Golas deu uma entrevista ao site Olheiros, especializado no tratamento dos assuntos relacionados com as categorias de formação, revelando as suas ambições, demonstrando também que o jovem guarda-redes não foi esquecido do outro lado do Atlântico.

Oriundo das academias do Sporting, o paranaense de Arapongas, Victor Hugo Mateus Golas, é apontado como uma das promessas para as redes brasileiras nos próximos anos. Em Portugal desde 2007, o goleiro, de 20 anos — e que se tivesse nascido cinco dias depois, poderia ser um dos candidatos à defender a seleção no Mundial Sub-20 —, é trabalhado, em Lisboa, para ser o substituto de outro prata-da-casa leonino, o atual detentor da camisa 1, Rui Patrício.

Proveniente das categorias de base do América de São José do Rio Preto, do qual fez parte até 2007 — não chegou a fazer parte do elenco campeão da Copa São Paulo de 2006, mas foi titular do time no ano seguinte, sendo titular com somente 16 anos —, Golas quase foi parar no Barcelona. No entanto, o andamento das coisas na Catalunha e a possibilidade de chegar antes ao time principal fizeram com que o Sporting, que já o disputara com os blaugranas, voltasse a ser sua preferência.

Pelos Leões, o goleiro fez parte da vitoriosa geração que teve, ainda, nomes como Wilson Eduardo (hoje emprestado ao Beira-Mar), Diego Rosado, Pedro Mendes e Rabiu Ibrahim, que venceu quase todos os torneios que disputou em Portugal. Na atual temporada, foi emprestado ao tradicional Boavista, que brigou pelo acesso à Liga de Honra, mas acabou ficando fora do triangular final da II Divisão (a popular “terceirona”).

Em entrevista ao Olheiros, Vitor Golas, diretamente de Portugal, falou sobre seus momentos na base leonina; a mudança para o país ibérico junto do irmão, Vinícius, que também tentou a sorte no Sporting mas acabou não engrenando; e a convocação para os jogos contra o Bayern Munique pela Liga dos Campeões. E assumiu: sonha estar em Londres na seleção olímpica, mas diz considerar defender Portugal, se fosse convidado a seguir os passos de Deco, Pepe e Liedson.

Olheiros - O interesse do Sporting em você veio lá para 2007, no ano seguinte à conquista da Copinha. Como ficou sabendo que estava sendo observado pelos portugueses, e como foi a ida para o Sporting, até no tocante à distância da família tão cedo?

Victor Golas – Depois de ser titular contra o Bahia, com 16 anos e quando a Copinha ainda era sub-20, surgiu interesse do Sporting e do Barcelona. Na época, achamos melhor que fosse primeiro ao Barcelona. Após alguns dias em Barcelona, o Sporting insistiu no convite. E por aquela ser uma das melhores formações do mundo, eu evoluiria com muito mais chances de chegar à equipe principal. Quanto à família, meu pai e irmão sempre estiveram comigo, e minha mãe sempre que podia estava por aqui. Então acredito que o apoio e a presença familiar ajudaram muito.

Olheiros - Você foi para o Sporting acompanhado de seu irmão, Vinícius. Por que ele não vingou em Alcochete?

Victor Golas – Na verdade, o Vinícius veio antes. Cheguei à academia uma semana depois. Naquele ano (2007), fomos campeões de tudo que disputamos, em torneios nacionais e internacionais. No Campeonato Português, tivemos a melhor defesa, Tivemos apenas um segundo lugar, depois de perdemos a final de Monthey para o Tottenham. Acredito que ele (Vinícius) demonstrou o grande valor que tem, só foi uma pena eles não se acertarem na renovação do contrato.

Olheiros - Ninguém melhor para falar sobre a base do Sporting do que alguém que está lá dentro. O clube é muito reconhecido na Europa justamente por seu trabalho de formação. O que pode falar sobre isso?

Victor Golas – Costumo falar que a academia do Sporting é uma fábrica de jogador em série, porque a cada ano são formados grandes talentos. E com as condições que são oferecidas, esses jogadores evoluem para chegar ao mais alto nível.

Olheiros - Você é parte de uma safra elogiada no clube, com Pedro Mendes, Diogo Rosado, Wilson Eduardo e, principalmente, Rabiu Ibrahim e Fábio Paim, que ajudou o clube a dominar as categorias jovens entre 2008 e 2010. Que pode falar a respeito deles? E quanto a Rabiu e Paim, muito elogiados e badalados, mas que ainda não vingaram?

Victor Golas – Além de uma equipe vencedora, tínhamos um grupo excelente. Eram todos grandes jogadores, em particular o Wilson Eduardo, que já tem características de um grande avançado. Quanto ao Paim e ao Rabiu, estes são jogadores com grande potencial. Ainda são jovens e ainda podem vingar em outros clubes.

Olheiros - Em 2008, você foi inscrito na UEFA pelo hoje técnico da seleção portuguesa, Paulo Bento. Como foi aquele momento?

Victor Golas – Foi um momento muito especial na minha carreira, e ainda mais quando fui convocado para as quartas-de-final da Liga dos Campeões em Munique contra o Bayern, com 17 anos. Sempre que ouço a musica da Champions é como se estivesse revivendo aquele momento. A emoção foi muito grande.

Olheiros - Apesar da lesão que dificultou uma sequência de jogos quando emprestado ao Real Massamá, o que representou essa experiência? O que ela adicionou, no tocante à sua formação profissional?

Victor Golas – Foi um ano fundamental para o meu crescimento pessoal e até profissional, pois nessas horas encontramos forças para superar tudo e dar a volta por cima. Foi um ano de muitas críticas pela falta de jogos. Mas a partir desse momento eu aprendi a assimilá-las, e reagir de uma forma positiva dentro de campo.

Olheiros - Você surpreendeu muita gente ao começar a atual pré-temporada como titular, desbancando o Rui Patrício. Como foi aquele momento? Esperava ser mantido na equipe?

Victor Golas – Foi uma surpresa muito agradável, pois foi o reconhecimento de um longo trabalho. E desde o princípio achei este ano seria muito importante que jogasse o maior número de jogos possível. Quando vi o projeto do Boavista, acreditei que seria uma ótima experiência. O que de fato se confirmou.

Olheiros - Como é seu relacionamento com os demais goleiros do clube, o Rui, Tiago e o Hildebrand?

Victor Golas – Tenho um ótimo relacionamento com o Rui e com o Tiago que me acompanharam desde minha chegada ao Sporting. Com o Hildebrand, estive pouco tempo, mas ele me pareceu uma ótima pessoa.

Olheiros - Você, hoje, tem idade para uma eventual seleção olímpica, em 2012. Acredita que, principalmente caso retorne ao time principal do Sporting para 2011/12, possa estar na briga para defender a seleção em Londres?

Victor Golas – Com certeza, sempre foi um sonho representar a seleção brasileira. Gostaria muito de estar em Londres e poder conquistar este título que o Brasil ainda não tem.

Olheiros – E quem você vê como principais “rivais” por uma vaga na Olimpíada? Tem o Rafael, do Santos, por exemplo, que vem bem...

Victor Golas – Nesse momento acho que o Rafael é um grande concorrente sim, mas ainda falta algum tempo para as Olimpíadas, e até lá poderão surgir outros nomes.

Olheiros - Já recebeu convite para se naturalizar e defender Portugal? E o que pensa dessa possibilidade? Até tendo em vista que o Paulo Bento é, hoje, o comandante da equipe...

Victor Golas – Como tenho dupla cidadania (brasileiro e polonês) nunca descartei o sonho de jogar por uma seleção. Lógico que a seleção brasileira seria sempre a primeira opção. Mas gosto muito desse país (Portugal) que me acolheu tão bem. E se um dia tiver oportunidade de representar a seleção portuguesa, pensarei com muito carinho.

Olheiros - Quais os arqueiros nos quais você se espelha?

Victor Golas – Gosto muito de Rogério Ceni e Buffon. São ídolos dos clubes onde estão, com características que aprecio em um grande goleiro.

Olheiros - Os grandes do futebol português, é possível observar, não tem por tendência um grande aproveitamento de atletas jovens. O Sporting chega a ser uma exceção, mas também não é um processo simples. Como vê esse processo, não apenas pela sua experiência no Sporting, mas vendo companheiros e amigos que tentam firmar espaço em Porto e Benfica?

Victor Golas – O futebol português tem mesmo um pouco dessa tendência de valorizar a experiência. Eles são receosos quanto a lançar um jovem talento muito cedo e, pela pressão e às vezes por falta de maturidade, este jogador não corresponder.

4 comentários:

  1. Interessantes palavras. Relativamente ao Vitor Golas, disse sobre ele o seguinte aqui (http://sportingpornos.blogspot.com/2011/05/analise-qualidade-individual-dos.html):

    "Vitor Golas - E um guarda-redes que, a médio prazo, pode assumir a baliza do Sporting. Tem qualidade e, sobretudo, potencial para tal. Penso que deveria, no entanto, continuar emprestado. Em Alvalade, não terá grandes hipóteses de jogar. Tendo em conta a falta de coragem e apetência da maioria dos clubes da primeira liga portuguesa em dar a titularidade da baliza a jovens guarda-redes (especialmente lusos), penso que deveria rumar a um clube da Liga Orangina ou ao Cercle Brugge."

    Acredito muito no potencial do Vitor. Quiça possa ser o substituto do Rui daqui a 2, 3 anos...

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  2. Gostei bastante de o ver na pré-época, tinha feito uma ideia diferente pelos relatos que li das suas exibições nas camadas jovens. Imaginei um guarda-redes mais "mole" e distraido ou descontraido. Aquilo que vi foi a antitese disso, concentrado, falador, coragoso a intervir no jogo e não só a guardar as redes.

    Penso que é uma das posições onde o nosso futuro está garantido, mas deve rodar, o crecimento de um guarda-redes só se faz a jogar e a errar seria um desperdicio de talento ter este miudo no banco.

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  3. Do que vi do Golas, gostei bastante. Concordo com o 2º parágrafo do LMGM.

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  4. Gostei de Vitor Golas nos jogos do inicio de época. Últimamente vi alguns jogos do BFC e continua a convencer-me.

    Também penso que seria bom para o seu crescimento ser emprestado a um clube onde jogasse e que tivesse um bom treinador de GR.

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