domingo, 22 de maio de 2011

A Gaiola das Loucas

Dizer que a notícia da iminente demissão de Luís Duque é um murro no estômago dos Sportinguistas é capaz de pecar por defeito. Como adepto do Sporting estava – estou – preparado para enfrentar todo o tipo de dificuldades que se coloquem no caminho do clube, sejam elas de ordem financeira, da sempre difícil conjuntura que os meandros do futebol português impõe, seja pelo pesado lastro que nos constrange os erros cometidos no passado recente e remoto. 

O que para mim é inconcebível é que, mais uma vez, a procissão ainda nem no adro esteja e o nosso andor ameaça nem poder sair a tempo do seu inicio. E, quando finalmente estiver “preparado” para o fazer, prenuncia apresentar-se mais uma vez mal escorado e de remendos à vista. O resultado final, neste contexto, será o de sempre.

Tudo o que se conhece sobre o "episódio Duque" por ora não passa de especulação. Isso nota-se nas noticias contraditórias que a comunicação social difunde desde ontem. E aí é tremendamente frustrante que, mais uma vez o Sporting seja capa de jornais pelas piores razões. Se, para quem dirige o Sporting o clube, os sócios e adeptos fossem tão importantes como tão facilmente apregoam, certamente que nos poupariam a mais este vexame e à angústia de continuar a recear pelo futuro do Sporting. Ao invés, as noticias e os rumores apontam para que Alvalade faça lembrar a Gaiola das Loucas, comédia onde as surpresas se sucedem em catadupa e onde nada o que parece é.

Nesse sentido o Sporting assemelha-se um pouco ao momento que assola o País: atolado numa crise profunda e com uma agenda difícil para implementar, numa conjuntura terrivelmente adversa, entretemo-nos com divergências e antagonismos pessoais. É que, tal como aos portugueses, interessa pouco aos Sportinguistas as ambições pessoais ou colectivas desta ou daquela facção. O que nós queremos ver é, de uma vez por todas, os interesses do clube acima de qualquer outro.

Por ora deixo de fora o que representa para os profissionais com contrato e a contratar uma crise, ainda mais nesta altura. Mas recomendo a leitura das palavras de Abel, que, retratando a época passada, ameaçam permanecer actuais e até eternizarem-se.

P.S.- São episódios como este que acabam por fomentar o re-aparecimento daqueles que têm necessidade de arranjar desculpas para a sua própria incompetência, como é o caso do senhor que aparece hoje na 1ª do jornal a bola a dizer que o Sporting foi um passo atrás na sua carreira. Para o Sporting foi “apenas” o regresso ao tempo do Carlos Manuel, Cantatore e outros de estaleca semelhante.

8 comentários:

  1. Em mais este episódio da Twilight Zone Leonina, li agora mesmo na Lusa o desmentido de Duque, quer da sua demissão, quer de falta de apoio do Presidente.

    Retiro deste primeiro round de clivagem, os bufos e as hienas.

    Ao longo da vida pertenci a diversas direcções, as reuniões onde ficaram "mosquitos por cordas" foram muitas, demasiadas, mas as melhores direcções a que pertenci foram as que sabiam (ou conseguiam) que as mais duras discussões, as mais apertadas votações, no final fossem defendidas por todos ao abrigo de algo que não se compra, solidariedade institucional.

    Os bufos continuam por Alvalade, felizes por darem uma novidade picante qualquer, sem o menor sentido de que isso em nada defende o interesse do Sporting.

    As hienas, animal que historicamente é o maior inimigo do Leão, rejubilaram, ainda são piores que os bufos. Mostram-se cheios de coragem perante um moribundo, mordem quando a presa está morta mas desaparecem quando é tempo de lutar, de defender o territorio de cerrar fileiras.

    Ando farto dos seus latidos.

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  2. LMGM,
    Ontem li a blogosfera e alguns jornais e vi muitas "hienas" e "aves de rapina" a rejubilarem com a eventual saída do Duque. Compreendi o desencanto de muitos perante essa possibilidade, mas o que me entristeceu particularmente foi o rejubilar de alguns dos "nossos" perante a putativa confirmação dos vaticínios de desgraça pré e pós eleitoral.

    O Sporting ainda não deixou de ser Roma, onde poucos queriam saber da república, mas muitos queriam era saber de si e dos "seus".

    Claro que há tensões tectónicas entre poderes instituídos, entre os "clubes" dentro do Clube, entre os dirigentes, instalados há mais ou menos tempo, mas como realças, e bem, a solidariedade institucional é um dos bens mais preciosos de qualquer entidade colectiva e se gostassem um pouco que fosse do clube os bufos calavam-se sobre o que sabem ou julgam saber.

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  3. LdA,
    Quanto ao sujeito que diz que deu um passo atrás (não, não me estou a referir ao estado trôpego em que a referida personagem foi surpreendida pela polícia em Vila Franca), só posso dizer que todos os dias que esteve no nosso clube foram demais. A entrada desse sujeito pela mão do então presidente e director desportivo - numa época que se sabia ser crítica para o clube - foi um dos maiores erros a que assisti no Sporting. Neste caso convém relembrar outras palavras do professor Abel: "os cães ladram e a caravana passa".

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  4. A mim o que me preocupa após mais este 'caso' são dois aspectos essenciais, um mt pessoal o outro mais institucional:

    1.º) O tal murro no soco, de que fala o LdA, já não me fazer qlq mossa. Talvez pq já estou 'calejado' e à espera que surja uma destas agressões a qlq momento, mesmo se partem do nada. "No surprises" é, desde algum tempo, a banda sonora que me acompanha no que ao SCP diz respeito.


    2.º) Comprova-se a falta de coesão existente dentro do elenco que GL reuniu: um dos maiores receios que apoquentavam mts sportinguistas (mesmo alguns que votaram GL).

    Como o LMGM, tb já fiz (e faço) parte de algumas direcções, e tb de grupos de trabalho, colectividades, etc, e segundo a minha experiência aquelas que funcionaram melhor foram / são as que tinham 1.º) uma equipa com qualidade 2.º) um líder forte, carismático, justo e que através do exercício de uma liderança inquestionável conseguia, naturalmente, agregar todos os elementos da sua equipa em torno dele e de objectivos comuns à direcção /grupo / colectividade. Desentendimentos haverão sp, (ora se até nos casais que apenas constituem duas pessoas, eles acontecem...), mas um líder incontestado e forte impõe as regras ao grupo que lidera e este se se revê nessas regras compreende-as, aceita-as e, mais importante, segue-as à risca e sem as colocar permanentemente em causa. Para concluir é, basicamente, td isto que não vejo na liderança de GL. Começou logo pessimamente qd na campanha diminui-se perante alguns elementos do seu staff. Exemplo pardigmático foram as permanentes afirmações tipo “De futebol não percebo nada… O Duque e o Freitas é q sabem…” Há mais exemplos, infelizmente. Nunca antes vi e duvido que algum dia venha a ver, o Pintelho da Bosta afirmar uma coisa semelhente…

    Qt ao forcado: nem vale a pena perder tempo com esse merdas... Como diz o 10A, foi um erro crasso de quem o foi buscar. Como, felizmente, tais incompetentes já saíram do SCP é assunto que nem vale a pena martelar.

    SL

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  5. Virgilio, mais do que o murro, como diz o LdA, o que senti foi muito pior, é uma eterna estupidez de acções e omissões que teima em não nos largar.

    Se a noticia (se a "coisa" pois ainda ninguém sabe se é ou não noticia) envolve-se Carlos Freitas p.ex., não me dizia nada, é um funcionário. Luis Duque (como os seus pares) foi eleito, tem uma responsabilidade maior perante os sócios e a instituição. Trair essa confiança/responsabilidade nesta altura do mandato é ... traição.

    Plenamente de acordo sobre a tua avaliação do funcionamento de direcções.

    Todos sabemos que esta direcção tinha na sua formação handicaps, mas o que estava a surpreender era exactamente uma imagem de união que ninguém antecipava. Pela minha parte temo mais Carlos Barbosa, nomeadamente porque está habituado a ser lider, a agir sem ter de perguntar nada a ninguém.

    Teve já intervenções desagradaveis que limitaram a posterior acção do Presidente. Não foi por aquele lado, foi pela joia da coroa.

    Admito que existam divergências sobre o que fazer com Couceiro, que reforçou o seu estatuto nos últimos tempos, mas tal como Freitas, não é eleito.

    Resumindo, problemas e divergências existiram sempre, não podem é transpirar cá para fora como desunião e aqui estás cheio de razão, um lider forte consegue controlar estes arrufos de personalidade.

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  6. Virgílio:

    Está enganado. Não existe falta de coesão no elenco de Godinho Lopes. Este é um problema de Luís Duque e ele resolveu (mal) aborda-lo desta forma.

    Se está sanado, só o futuro o dirá.

    E sim, Luís Duque TAMBÉM é um funcionário do Sporting. ele não foi eleito, não pertence aos órgãos sociais do Sporting, foi nomeado Administrador da SAD pela sua Assembleia-geral.

    O que deve preocupar os Sportinguistas não é esse tipo de vaticínio sobre o elenco de Godinho Lopes, que a maioria não conhece nem sonha.

    O que tem de nos preocupar a todos é as razões que levaram Luís Duque a agir desta maneira.

    Acredito que Godinho Lopes não dormiu esta noite.

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  7. Correção:

    ... murro no soco -> murro no estomago (o que será um 'murro no soco'?...) :)


    LMGM:

    "...é uma eterna estupidez de acções e omissões que teima em não nos largar.". É isso mesmo. Por ser eterna é q já nem me surpreende. Mas causa-me tristeza, sentimento que parece querer eternizar-se já que, com raras excepções (obrigado modalidades), há dois anos que não me larga.



    Leão Justiceiro:

    Há duvidas de que GL escolheu LD para 'tomar conta' do futebol profissional do SCP? Acho que não, e por isso fazendo ou não parte dos OS, faz sem qlq dúvida parte do 'elenco' de GL.

    Se existe, como apregoa, coesão dentro do SCP, ñ percebo a necessidade de alguém tão importante na estrutura como é indubtavelmente LD (mt mais do que a maioria dos elementos dos O.S.) avançar com ameaças de demissão numa altura destas...

    SL

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  8. Virgílio:

    Seguramente que as razões existem, mas não têm que ver com falta de coesão ou divergências internas.

    Antes fosse, porque esse tipo de problemas sanam-se facilmente com diálogo.

    Preocupa-me é os outros. Aqueles dos quais dependemos mas não controlamos.

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