quinta-feira, 9 de junho de 2011

A escassez de dinheiro é um desafio olimpico

Causou algum alvoroço a noticia do corte de 10% nas verbas para o atletismo. Pessoalmente interessa-me perceber, acima de tudo,  o que pode significar o corte na competitividade da modalidade e que modelo seguir para que ela pode ser sustentável. Mas avanço já que um corte de 10% não me parece merecer o barulho, tendo em conta a conjuntura.

Devo dizer que me parece uma falsa questão, to say the least, o facto de Moniz Pereira ter sido o mandatário de GL nas anteriores eleições e o seu infelizmente inevitável  afastamento (a ocorrer mais tarde ou mais cedo) contribuir para o desinvestimento na modalidade ou, pior, o fim da sua relevância para o clube. A única forma de honrar as décadas de dedicação e de glória do do Senhor Atletismo é fazer pelo menos tão bem como ele soube fazer. É difícil mas é um bom desafio, diria uma obrigação de todos nós.

É precisamente na sustentabilidade da modalidade que me concentro, porque julgo estar aqui o principal desafio. O Atletismo dificilmente atrai patrocínios directos para o clube. A dificuldade começa logo no facto de, num ano de competições, os atletas contratados usam as camisolas do clube em 2 ou 3 ocasiões. Nas restantes, nos meetings internacionais, competem com as camisolas dos patrocinadores, cujos contratos revertem em exclusivo para os atletas,  ou com a camisola da selecção. 

E também não deixa de ser verdade que os Sportinguistas em geral só se lembram dos seus atletas quando eles ganham e, mesmo nos campeonatos nacionais ou, como por exemplo, quando disputamos a Liga dos Campeões da modalidade, poucos mais aparecem do que os familiares e equipas técnicas.

Por outro lado a importância do Atletismo na história do nosso clube e os nossos pergaminhos na modalidade obrigam-nos a não só a estar sempre presentes mas também a ganhar, que é o que tem acontecido quase sempre, de há muitos anos para cá. Sabemos que é difícil manter esta hegemonia, pela pressão exercida pelo SLB, que, nos nossos calcanhares, não tem hesita pagar o que for preciso para ter um caneco. O FCP fez algo semelhante, no seu jeito peculiar de ganhar a qualquer preço. Para tal não hesitou em importar contentores de atletas de leste, pondo em causa a competitividade nacional em J.O., que foi previdentemente atalhado pela Federação. 

Quando falamos de verbas para o atletismo, nunca é demais lembrar que 50% do passe do Tiuí davam para pagar meia temporada no atletismo. Ou que o empréstimo de Caicedo mais ordenados pagariam uma época inteira, grosso modo. Sintetizando, as sobras que caem da mesa do futebol davam para muitos saltos em comprimento na sustentabilidade das modalidades, que não apenas do atletismo.

Sempre defendi que o Sporting deveria liderar um movimento que defendesse os interesses dos clubes, encontrando estratégias concertadas que racionalizem os custos. Mas também me parece que até agora não  tem tido interlocutores do outro lado da linha. E dificilmente os terá, pelo menos enquanto os nossos adversários acharem que nos podem vencer porque estão por cima de nós na disponibilidade financeira.

Resta-nos prosseguir o nosso caminho, fazendo a nossa própria racionalização, de forma a que não ponhamos em causa o futuro, sabendo distiguir positivamente aqueles que são apenas atletas, levantem-se eles cedo ou tarde da caminha, e os que são já símbolos vivos do Sporting. E também estou certo que, também aqui, tal como no futebol, é possível fazer muito melhor com os meios já à disposição.

1 comentário:

  1. LdA,

    "Quando falamos de verbas para o atletismo, nunca é demais lembrar que 50% do passe do Tiuí davam para pagar meia temporada no atletismo. Ou que o empréstimo de Caicedo mais ordenados pagariam uma época inteira, grosso modo. Sintetizando, as sobras que caem da mesa do futebol davam para muitos saltos em comprimento na sustentabilidade das modalidades, que não apenas do atletismo."

    Nunca é demais referir isto. É que ainda existem muitos Sportinguistas que acreditam que as modalidades sugam dinheiro que a ser investido no futebol, nos colocaria em pé de igualdade com os rivais.
    Na maioria das vezes, uma das má contratações do futebol, pagaria uma, duas ou todas as restantes modalidades do SCP.
    É preferível ter menos um Purovic e ter uma equipa de vólei; ter menos um Grimi e ter uma equipa de basket; ter menos um Marian Had e investir no hóquei, andebol ou futsal.

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