sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Selecção: quase tudo para perder


Logo quando Portugal subir ao puré esverdeado de Zenica terá pela frente uma selecção Bósnia aparentemente mais forte do que no último Play-off e uma conjuntura desfavorável, que explicarei adiante, que tornará o jogo numa missão difícil de executar.

A selecção que chega à Bósnia está longe do nível revelado aquando da chicotada psicológica e da  goleada à campeã mundial Espanha, mesmo tendo em conta que se tratava de um jogo particular.  O efeito do “positivo do Bento” parece ter-se transformado de repente em “Bentania”. 

Fazendo fé nos relatos que se conhece é difícil culpar o seleccionador pelos actos de indisciplina do improvável Ricardo Carvalho e de Bosingwa. Carvalho ao invés de, após ter recuperado a lucidez ainda voltou à carga, o que contribui pouco para resolver o que, pelo menos publicamente, foi de sua criação. Bosingwa falou na altura menos própria, depois de Paulo Bento se ter “esquecido” de o convocar. Se pelas palavras que dizem que proferiu (Isto não é os juniores do Sporting) se pela recusa em ir para o banco por uma lesão que depois foi comprovada pelos médicos e pela sua ausência no Chelsa não se sabe. Seja porque for não me parece que a aplicação da pena de morte – que é o que equivale o ostracismo a que foi votado – e sobretudo que não haja uma explicação clara da falta e da medida punitiva seja o procedimento mais indicado. 

Mas não se podendo culpar Bento pelos actos dos jogadores, não deixa de ser estranho a ocorrência de dois casos que transformam jogadores de valor indiscutível e de folha de serviços até então exemplar – Ricardo Carvalho era até tido como um exemplo e um dos capitães – em dois pontos de debilidade. Estes episódios e as respectivas ausências tornam-nos mais fracos, parece-me indiscutível e lançam alguma dúvida sobre a forma como se relaciona Paulo Bento e como exerce a sua autoridade.

Talvez tudo isto pudesse ser evitado se houvesse um departamento de futebol federativo mais forte. É paradoxal que Madaíl represente o melhor período da FPF e simultaneamente dê de si e da sua liderança, bem como das pessoas que o acompanham, com excepção de Carlos Godinho, uma imagem tão débil e vacilante. É nesse quadro que vejo a forma como foi tratada a questão do relvado. Tudo o que deveria ser feito sobre a matéria tinha que ser feito antes da partida para a Bósnia, sendo pouco provável a alteração do local de jogo a partir daí. Depois disso haveria que esquecer essa questão e ao invés de andarmos a choramingar, sem saber que impacto negativo isso possa ter no grupo de trabalho, deveria ser um factor extra de motivação e toque a reunir. Já que parece que Madaíl fala amiúde com Mourinho, que lhe peça umas lições grátis da arte de guerra aplicada ao futebol.

É que parece ser como uma guerra que parece esta eliminatória parece estar a ser encarada mais uma vez pelos bósnios, que não parecem ter-se libertado dos complexos deixados pela sua guerra recente, o que os atira para a pré-história do futebol. Quem viu o jogo da sua selecção num bom relvado em França mais estranha esta atitude. De estranhar, ou talvez nem por isso, é a que tenham como aliados a UEFA, a quem cuidaria que os jogos de futebol fossem jogados nas melhores condições possíveis, o que não é o caso. Não esquecer que esta é a mesma UEFA que há pouco mais de um par de anos obrigou o Vitória de Setúbal a jogar no Restelo por alegadas falta de condições. Ora, ao que parece, o Bonfim ao lado do estádio onde hoje jogamos é um palácio.

Perder esta eliminatória não me parece, apesar de tudo, uma inevitabilidade. Somos melhores, temos mais talento individual, precisamos se ser melhor equipa em todos os momentos do jogo. Deixarmo-nos cair na atitude bélica que provavelmente usará o adversário é um  dar-lhes vantagem, até porque há dois jogos para disputar e há muitos jogadores há beira da exclusão.A conjuntura é desfavorável mas quem tem ambição para disputar os melhores lugares do Europeu tem que saber superará-la .

4 comentários:

  1. Carvalho e Zé Bosingwa: deram muita sorte na vida... Ao nascerem com jeitinho para dar chutos na chincha...

    Paulo Bento: nada de novo. O que é preocupante, uma vez que parece não querer sair daquele estilo de 'quartel' (alô levezinhoooo?) que o caracteriza, para o bem e para o mal, e evoluir para outro patamar enquanto treinador.

    Madail: Quem? Venho o próximo que este presidente da FPF nc fez nada de útil...

    Eliminatória: deixem-se de relvados, de guerras, de lamurias. Somos melhores que eles, ponto final parágrafo. Se não eliminarmos a Bósnia com relativa facilidade, não sei o que iremos fazer na fase final...

    Agora, já no novo parágrafo, queria perguntar ao 'cochon' do Michel Platini o pq de a França não ter jogada em Zenica. Só isto chega para tirar as minhas conclusões...

    FORÇA PORTUGAL!

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  2. Não existiu aqui aquilo que é vulgar chamar de "sentido de estado" e concordo contigo quando dizes que quem fica pior na fotografia são os dirigentes.

    Com um mínimo de acompanhamento da situação, nem Carvalho teria sequer abandonado o hotel... Paulo Bento fica, de novo, fiel e refém da sua personalidade fazendo o seu trabalho e o de outros por ausência da sua acção.

    Logo dará para ver o resultado, de uma coisa tenho a certeza a desculpa está bem decorada por todos. O relvado é péssimo.

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  3. Caros,

    Quem terá que atacar para ter alguma hipótese na eliminatória é a Bósnia. Logo, aquele relvado, em péssimo estado (msm miserável, como o apelidou Carlos Godinho), atrapalha td e tds, mas mais quem tem, obrigatoriamente que criar. A Bósnia, para querer ganhar terá que marcar golo(s). Para tal terá que criar jogo, logo, parece-me que a ânsia de querer prejudicar o jogo mais técnico português, acabará por os prejudicar tanto ou mais a eles...

    A minha 'fezada' é que vamos ganhar.Haja confiança, vontade e inteligência para isso. Pq no 'item' qualidade somos inegavelmente superiores.

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  4. A este propósito, recomenda vivamente a carta aberta do javardeiro:
    http://leaodeplastico.blogspot.com/2011/11/carta-aberta-bosingwa.html

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