quarta-feira, 18 de abril de 2012

Há pouco de acaso no que acontece ao Sporting

O aftermath do "caso Cardinal", rapidamente transformado em "caso PPC", acabou por submergir o importante jogo de amanhã na agenda sportinguista. Para os adeptos é inevitável a recordação de outros momentos de importância equivalente em que, como que surgindo do nada, aparece algo a desviar a atenção ou roubar-nos a alegria do momento que devia ser vivido com toda intensidade.  

Este sentimento vago de insatisfação e/ou desassossego é já quase uma matriz Sportinguista e há que perceber a sua génese antes que todos desistamos de fazer do Sporting um clube melhor todos os dias, esmagados pelo peso da inevitabilidade quando se crê que o destino e o fado são maiores do que a vontade colectiva.

Há, nas atitudes e na forma de nos relacionarmos com o clube muitos exemplos, (quem sabe alguns até poderão ser encontrados no que escrevo neste blogue), que ajudam de certa forma a explicar que o acaso é insuficiente para explicar os nossas dificuldades atávicas. 

Assim, enquanto seguia a minha rotina matinal de leitura da imprensa, tropecei em duas situações de alguma forma paradigmáticas que continuam a concorrer para que o Sporting veja reduzidas as suas possibilidades de êxito.

A primeira e a mais importante de todas é a forma como o Sporting continua a ser um clube com paredes de vidro, ao invés de ser uma instituição blindada. Quem julga que em organizações equivalentes não surgem dissensões e fracturas como as que têm vindo a lume no seio do CD do clube não acontecem vive longe da realidade. Evidentemente que em clubes como o FCP, onde subsiste uma liderança carismática mas também  “eucaliptíca” de 30 anos, é natural que surjam com menos frequência. Mas surgindo ou não os seus adeptos são pelo menos poupados à exibição pública das suas misérias. 

Ora a esse espectáculo deprimente somos muito poucas vezes poupados. Hoje basta pegar em qualquer folha de couve para ficarmos a saber, pormenor por pormenor, mais ou menos escabroso, o que se passou na reunião do CD.

Sobre isto ocorrem-me imediatamente 2 sugestões:

1- Que o presidente do CD, Godinho Lopes, faça uma adenda ao pedido feito ao Conselho Fiscal e Disciplinar para apurar o sucedido no “caso PPC” e apure até às últimas consequências quem anda a levar e a trazer o que deveria ficar em bom recato. Sob pena de vergonhosamente se equipararem as reuniões do CD do Sporting Clube de Portugal às conversas de rua das mulheres do soalheiro.

2- Se não se conseguem tapar os buracos, que bem parecem capazes de rivalizar com as fugas do centenário Titanic, abram-se as reuniões do CD aos sócios. Sempre merecemos saber em primeira mão o que nos chega agora por entrepostas pessoas e que sendo por norma jornalistas, e no actual panorama do jornalismo desportivo, nos deixa pouco seguros se o que lemos é um romance de cordel para vender mais e mais rápido ou a verdade ou parte dela.

A segunda e talvez não menos importante está na forma como nos relacionamos com o clube e na exigência a que o sujeitamos que não tem, bastas vezes, par com a que usamos connosco, seja na vida pessoal seja na vida profissional. Dei comigo a pensar nisto após a leitura do artigo de opinião do nosso consócio Carlos Barbosa da Cruz, inserto no jornal Record, que, por sinal, pertence ao Grupo Cofina do qual é administrador. 

De facto julgo que todos nós partilhamos dos princípios que enuncia, mormente que “O Sporting Clube de Portugal é uma instituição centenária, de utilidade pública, baluarte do desporto”. Ou que “o Sporting era diferente dos outros clubes, tinha uma ética nos princípios e na prática que os outros não tinham”. Infelizmente o nosso consócio, na sua qualidade de dirigente de topo daquele grupo, já não parece aplicar o mesmo padrão ético e moral à sua organização, não tendo nada a dizer sobre o que vem fazendo o Correio da Manha desde que o processo foi despoletado.

Ora o Sporting não existe sozinho, tem que coexistir, interagir e por vezes concorrer  com as demais organizações, seja o Governo, a Liga, a FPF, os clubes, etc. etc,. Se tem que estar sujeito a um balizamento estreito na sua conduta esse é o padrão que deve ser exigido aos demais. Isso deve começar nas nossas áreas de influência directa, sob pena de tornarmos os princípios nobres num espartilho que serve para os nossos concorrentes nos ultrapassarem enquanto se riem de nós.

12 comentários:

  1. É engraçado que de bola neste momento se fale zero. Estamos a um dia da meia-final da Liga Europa e somos o únic clube nacional ainda em prova.

    Eu já estou por tudo. Quanto a mim é assim: goste-se ou não em Portugal existem leis e a lei penal é muito clara. Até um cidadão ser julgado é inocente e em caso de dúvida absolve-se. O facto de ser arguido não implica nem deve implicar a demissão de ninguém de qualquer lugar pois o estatuto de arguido é um estatuto processual que pode até ser requerido pelo próprio quando é alvo de alguma investigação a fim de ajudar a apurar a verdade e a defender-se. Nesta fase PPC ainda não conhece os factos de que é acusado, ainda não foi sequer aberta a instrução do processo não havendo por isso despacho de pronúncia, e no caso deste não ser proferido - por o juiz de instruçao entender por exemplo que ele é inocente ou que as provas são fracas ou nulas - o homem nem a julgamento vai.
    Isto não é sequer discutível. É assim mesmo.

    É claro que há sempre uma suspeita que fica no ar e que os jornais precisam de vender papel, sobretudo os que têm contas ( e não menos favores ) a pagarm mas isso é algo com que teremos de viver pois por mais que berremos não vamos mudar o Mundo.

    Eu gostava era de ter a oportunidade de perguntar aos grandes pensadores do jornalismo e do "comentarismo" lusitano - que ontem atacaram o SCP pelo facto de a reunião do CD ter durado 8 horas, tendo chegado alguns deles a jurar que isso jamais aconteceria no Porto de Pinto da Costa, se o Presidente do FCP também suspendeu funções quando veio a publico o caso das escutas. Não suspendeu pois não ?!

    Depois também é engraçado e irónico que ontem se celebrassem com grande pompa e circustância, e entre os maiores elogios, os 30 anos de mandato de PC - ele que cometeu actos de corrupção públicos e notórios, apesar de absolvido em Tribunal por nulidade das provas -e ao mesmo tempo se assassinasse o carácter de outro dirigente sem haver neste momento nada que se saiba do processo a não ser pelos jornais. Costuma-se dizer que pimenta no cú dos outros é refresco mas quando nos apercebemos que nenhum cidadão está a salvo de ser envolvido num processo destes, as coisas começam a tornar-se algo assustadoras.

    Para terminar uma palavra de apreço para o grande idiota ROC que diz por aí à boca cheia que denúncia caluniosa "é muito mais grave do que corrupção". Bastava a ROC pegar no Código Penal e comparar a moldura penal de um e de outro crime. É que mais uma vez nem sequer há facto para discussão. É objectivo. Está lá escarrapachado.
    Confirma-se assim que afinal não é só em termos de estatística e de comentarismo desportivo que ROC é incompetente. De Direito Penal também não pesca nada.

    ResponderEliminar
  2. LdA,

    Remeto para o comentário de ontem. Estão a fazer-se julgamentos e a produzir juízos de valor sobre um conjunto de informação manipulada e truncada. Niuém sabe excatamente o que se passa.

    Está-se a fazer exactamente aquilo que pretendem os que procederam à divulgação desta informação.

    Já agora, não é calúnia, através de uma insinuação que nada tem de inocente, as palavras do Rui Alves sobre o jogo da Taça? Que ligação existe entre o que sucedeu e o jogo com o Nacional?

    Não fará isto parte duma estratégia de alguém que procura defender ineresses obscuros (conhecidos por todos nós)?

    Mantenho a questão: Qual é o problema do Grupo COFINA com o Sporting? O que os motiva?

    Se no final nós formos na conversa destes encantadores de serpentes, somos nós os principais culpados do que nos suceder.

    A CS e a APAF têm e assumem uma situação de misto de paternalismo e de desprezo para com o Sporting que são totalmente intoleráveis!

    É necessário continuar, e até reforçar, a luta contra estes dois grémios.

    SL

    ResponderEliminar
  3. E que tal se nos focassemos agora nos proximos 8/9 dias no Bilbao e falassemos nisto depois?

    ResponderEliminar
  4. Eu diria mesmo; nada!

    MULHERES NUAS, CAVALOS E ANÕES http://quintadelduque.blogspot.pt/2012/04/mulheres-nuas-cavalos-e-anoes.html

    ResponderEliminar
  5. Eu deparei-me com uma terceira situação: as declarações e crónicas na imprensa de E. Barroso, D. Ferreira, Rui Oliv. Costa entre outros.

    São autenticos tiros nos pés do próprio clube! Os adversários nem precisam de se intrometer muito. Ficam deliciados a observar-nos a fazer esta ridicula festa pública. Uma vergonha!

    ResponderEliminar
  6. Muito claramente ...Denúncia caluniosa ? por alma de quem ? Quem fez a queixa à PJ foi a Federação !

    ResponderEliminar
  7. Dias Ferreira e ROC são duas nulidades no comentário desportivo e mais ainda na defesa do Sporting.Muitas vezes tem que ser Guilherme Aguiar defender o Sporting o mesmo se passando com Miguel Guedes. São muito fracos e nem sei como a Sic e a Rtp N ainda os mantêm no activo. DF já se esqueceu que andou aos pulos, de alegria, com JEB quando este ganhou as eleições? E que foi ele que trouxe o cómico P Futre?Em relação a E.Barroso é um Leão na defesa do Sporting mas é um lírico...Cumprimentos.

    ResponderEliminar
  8. ESTÁGIOOOOOO!

    Venham de lá os bascos...

    Força, Sporting!

    ResponderEliminar
  9. http://abancadanascente.blogspot.pt/2012/04/uefa-rejeita-cenario-de-manipulacao-de.html

    Em Portugal querem caçar ganbuzinos, lá fora a UEFA, diz que não há nada

    ResponderEliminar
  10. É evidente que não estamos sempre bem, que não fazemos tudo bem, mas choca-me a ligeireza com que quase todos os paineleiros televisivos, DF, ROC e mesmo EB (que na minha opinião devia ter desistido de o ser no dia em que ganhou a eleição) disparam com uma triste regularidade sobre o clube, tantas vezes assumindo de forma acrítica o que outros dizem.

    Torna-se evidente porque é que são estes que se mantêm "em representação" do Sporting (mais uma vez EB devia ter saído, porque ele de facto representa todos os sócios do Sporting), porque só excepcionalmente é que são verdadeiramente incómodos (ex: ROC/APAF), em regra estão bem domesticadinhos como convém a alguém.

    Outros como Carlos Barbosa da Cruz, que se tivesse um pingo de verdadeiro sportinguismo devia ter vergonha de escrever nos pasquins do grupo que mais nos tem ofendido, sobretudo porque integra os seus quadros dirigentes e se não consegue vencê-los pelo menos não se devia juntar publicamente a eles.

    Muitos deles nunca fizeram nada pelo clube a não ser assistir aos jogos de futebol no Estádio, "aparecer" e mandar uns bitaites. Limitam-se a gravitar em torno do nome do Sporting publicitando-se como se estivessem numa festinha de revistas cor-de-rosa, todos à espera de uma chamada, todos à espera de apanhar boleia.

    Neste último ano foram corrigidas algumas coisas importantes nesse domínio, dando força a aspectos associativos fundamentais que pareciam esquecidos no clube. As associações às modalidades, as ligações aos núcleos, às escolas, às instituições, é esse o trabalho que tem de ser feito. Dar-lhe o reconhecimento que merece vale ouro em comparação com os bitaites de muitos "notáveis".

    ResponderEliminar
  11. Só mais duas notas quanto ao CD: sendo tão poucos GL não consegue saber quem é que abriu demasiado a boca? Se quem papagueia tudo cá fora não tem um pingo de vergonha de conscientemente prejudicar o clube que devia amar?

    Termino com um pedido de desculpas porque me estendi e escrevi demais :)

    ResponderEliminar
  12. 10A, eu acho que escreveste de menos.
    Uma achega sobre o que disseste, o PMAG não pode nunca estar a comentar em programas de televisão. Ponto. Não pode e ponto.
    Não interessa se diz bem, se diz mal, não pode!
    Ou ainda não tomou a consciência de que me representa, assim como a alguns milhões, ou acha que na vertente Sporting tem um ego a encher.
    Reconheço-lhe um trabalho extraordinário enquanto médico, cirurgião, e dos que mais tem feito no país onde vivo para isto melhorar, mas a partir do momento que se assume o cargo de PMAG do Sporting, deixa-se de se poder assumir certas posições em relação ao elenco directivo.
    O ROC e o DF, devem lá andar porque precisam da bucha, mas o EB não pode ser olhado sob o mesmo escrutinio.
    Gosto muito dele, mas revelou uma falta de solidariedade que a direcção assumiu.
    Sendo assim, deixemos passar os próximos 15 dias em que vamos chegar a uma final, mas não nos esqueçamos de meter esta gente a andar.
    Não estou a defender esta direcção em particular, mas pelo que nos apresentam, não posso também disparar em sentido contrário.
    Se formos defendidos assim na pouca representatividade que temos na CS, para quê andarmos a malhar em CMs e Records?
    Esta gente, por mais amor que tenha ao Sporting, não nos interessa.
    Fala de cátedra, fala sem elementos que sustentem o que dizem, fala sem puxar a brasa à sua sardinha, porque acha que o Sporting tem de ser um exemplo.
    O Sporting, no mundo do futebol, não tem de ser um exemplo, um modelo, para ninguém.
    O Sporting é um clube centenário que, pelos seus padrões de desportivismo, não precisa que alguém agora venha apelar a que se queime um ou outro, antes que se saiba o que realmente se passou.
    Pelo contrário.
    O Sporting precisa de solidariedade entre os elementos da direcção. Precisa que o PMAG não diga os disparates que disse. E se o PMAG sabe mais do que qualquer um de nós, então que divulgue. É muito mais sua essa obrigação perante os sportinguistas, do que os seus devaneios em programas televisivos.

    Merda, merdice e merdolas... amanhã estou em Alvalade a ver o Sporting a ganhar, essa é que é essa!

    ResponderEliminar

Este blogue compromete-se a respeitar as opiniões dos seus leitores.

Para todos os efeitos a responsabilidade dos comentários é de quem os produz.

A existência da caixa de comentários visa dar a oportunidade aos leitores de expressarem as suas opiniões sobre o artigo que lhe está relacionado, bem como a promoção do debate de ideias e não a agressão e confrontação.

Daremos preferência aos comentários que entendermos privilegiarem a opinião própria do que a opinião que os leitores têm sobre a opinião de terceiros aqui emitida. Esta será tolerada desde que respeite o interlocutor.

Insultos, afirmações provocatórias ou ofensivas serão rejeitados liminarmente.

Não serão tolerados comentários com links promocionais ou que não estejam directamente ligados ao post em discussão.