quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Breve reflexão sobre os prós e contras da remuneração dos eleitos

Não sei se corresponde ou não a uma intenção declarada ou apenas a mais uma especulação do momento, mas o que hoje vem relatado no DN faz todo o sentido: parece ser intenção de Couceiro constituir um Conselho Directivo reduzido e remunerado, logo uma direcção profissionalizada. Não só faz sentido como já vem tarde. 

Se os números que vou citar de cabeça estiverem certos, o Sporting tem um orçamento anual a rondar os 60 milhões (Sporting Clube 18 milhões + SAD 40 milhões ). Mesmo que o orçamento da SAD venha a encolher dramaticamente, adequando-se à realidade, os números em causa continuam a ser elevados. 

Se a gestão da SAD já é profissionalizada e remunerada há algum tempo, ainda o orçamento era metade do actual, porque não é ainda o do clube, que movimenta quantias semelhantes? 

Que empresas que movimentam valores semelhantes são geridas em part-time, depois de uma dia de trabalho, muitas vezes exigente, como o são praticamente todos?

Poder-se-á dizer que o Sporting já remunera profissionais, figuras equiparadas a directores gerais, para esses efeitos. Mas quem assume as responsabilidades "politicas" da gestão são os eleitos. Sendo eles que dão a cara, não devem ser eles a assumir responsabilidades directas na gestão?

A remuneração dos cargos de direcção é sempre motivo de alguma controvérsia. Como em quase tudo na vida há a cara e a coroa. As más razões são frequentemente apontadas e sobejamente conhecidas e obviamente não devem ser negligenciadas. As boas são poucas vezes defendidas, pesem os méritos que possam encerrar, podendo representar vantagens para o clube e uma alteração positiva considerável nos resultados  obtidos.

A profissionalização da gestão abre o leque de recrutamento dos seus dirigentes. O Sporting não pode exigir simultaneamente bons resultados sem dedicação exclusiva, obrigando os seus dirigentes a abdicarem das carreiras profissionais e familiares, ou permitindo apenas o acesso aos que estão "bem de vida", mas não necessariamente os mais competentes ou mais motivados. Ainda assim, e tendo em conta o limite temporal dos mandatos, tais cargos representarão sempre o assumir de riscos consideráveis na gestão da vida particular dos interessados.

NOTA IMPORTANTE: tendo em conta que estamos a atravessar um período eleitoral, factor que contribui para limitar a objectividade e razão, agradece-se que se comente este post sem o transformar num pretenso apoio à candidatura de Couceiro apenas porque ele aparece referenciado.

7 comentários:

  1. Também brevemente, parece-me uma decisao complicada, para nao dizer impossível de avaliar por si só. Haveria que juntar-lhe uma explicaçao clara e transparente de como seria a relaçao entre o clube e a SAD e também uma descriçao clara (para nao falar de comunicaçao constante, sóbria e rigorosa) das funçoes e do trabalho desenvolvido por cada membro eleito da direcçao. Actualmente, nao é fácil discernir o grau de envolvimento de cada membro da direcçao nos diferentes dossiers e, sendo assim, parece-me que é complicado avaliar se é justo que recebam remuneraçao por essa dedicaçao.
    Por outro lado, se o clube é accionista maioritário da SAD, a separaçao presidencial entre clube e SAD é discutível (o que nao dispensa a contrataçao de uma figura de direcçao executiva na própria SAD).
    Quando o programa e o plano for apresentado, veremos onde aterram exactamente estes pensamentos em voz alta.

    saudaçoes leoninas,
    tiago

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  2. Tiago,

    Talvez não tenha sido suficientemente explicito mas a remuneração teria que prever a dedicação exclusiva, de outro modo manter-se-ia a actual situação.

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  3. Isso percebi, o que queria dizer é que esperava para ver como é que se distribuíam funçoes e responsabilidades assim como necessidades de dedicaçao, para saber se achava boa ideia ou nao.

    saudaçoes leoninas,
    tiago

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  4. Concordo perfeitamente com a remuneração dos dirigentes até porque de facto a dedicação em certos casos exige profissionalização. Se queremos os melhores, temos de poder dar-lhes uma retribuição que lhes permita dedicarem-se a tempo inteiro ao Sporting. Excepto obviamente nos casos em que a vida das pessoas está organizada e não precisem disso...

    Além disso, a retribuição traz outra vantagem, pelo menos teoricamente: a responsabilização.

    Em suma, concordo com o princípio. Mesmo não tendo intenção de todo de votar no candidato Couceiro. Mas isso são contas de outro rosário...

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  5. Lembrem-se da profissionalização dos arbitros e arrefecem já os prós de tal medida...

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  6. Concordo com a remuneração... mas como em quase todos os casos... o procedimento deverá sempre incidir sobre uma base mais ou menos razoável de acordo com a função (mas nunca decisiva) vindo a parte decisiva e substancial do rendimento, agregada ao cumprimento escrupuloso dos OBJECTIVOS... como sejam p.ex. títulos, promoção de jogadores, redução custos, cumprimento de orçamentos, promessas eleitorais, ...whatever

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  7. É impressão minha, ou, pelo menos, desde o tempo de José Eduardo Bettencourt que o presidente da SAD é remunerado (e muito bem ,diga-se)? Não percebo porquê esta intenção de Couceiro merecer menção sequer...

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