quinta-feira, 4 de abril de 2013

Um presidente no banco, no balneário, na relva, sim ou não?

É na sequência da leitura deste comentário e do impacto que teve na comunidade Sportinguista e na comunicação social a actuação de Bruno de Carvalho como presidente do Sporting nos momentos que rodearam o jogo em Braga que nasce este post.

Como o comentário do Virgílio se encarregou de assinalar não é a mesma coisa ir para o banco nos jogos, ir ao balneário nos momentos que os antecedem ou acompanhar a equipa de forma quase permanente. Como diria o outro uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

Começando pelo que é evidente (e por isso não oferece dúvidas) falemos do acompanhamento da equipa. O histórico do Sporting aponta para muitas falhas a este nível, especialmente quando as coisas correm mal. Mas sabendo que os resultados de uma equipa de futebol pautam a saúde de um mandato, um presidente quer goste muito ou pouco, perceba muito ou nada de futebol, tem de estar o mais próximo possível da equipa ou delegar competências em alguém da sua confiança para o desempenho do papel. 

A delegação de competências tem riscos, como ainda vimos recentemente com o sucedido entre Godinho Lopes e Luís Duque. O homem forte para o futebol teve carta branca, comprou, dispensou, despediu e, quando as coisas ficaram mesmo feias bateu com a porta de uma casa a arder, deixando GL com a criança nos braços. O resto da história todos a conhecemos. 

Nos rivais vemos que Pinto da Costa optou por um modelo bipartido entre ele e um homem da sua confiança que, nos mais de 30 anos, conheceu apenas 3 nomes: Teles Roxo, já desaparecido, Reinaldo Telles e, depois deste cair em desgraça, Antero Henrique. No SLB Vieira já correu e saltou até ter acertado na contratação de Jesus e por isso é hoje mais ou menos indiferente que esteja lá Rui Costa ou Carraça a fazer figuras de corpo presente porque tudo passa pelo controlo do treinador.

Bruno de Carvalho fará a sua escolha, mas dificilmente o vejo a decidir-se por um papel ao jeito de rainha de Inglaterra. Como é expectável ter pela frente um mandato deveras complicado também não é provável que possa estar em todos os fogos. Por isso é provável vê-lo a liderar o acompanhamento do departamento de futebol profissional e, sempre que impossibilitado de o fazer, delegue em Inácio ou Virgílio as funções, mas sempre de forma pontual. Do que conheço das dinâmicas internas dos plantéis, muitos dos êxitos e dos inêxitos constroem-se nas noções que estes fazem das lideranças que os superintendem.

A presença no banco ou no balneário não sendo uma questão eminentemente técnica, deve ser tratada como tal. Se o presidente é o líder do clube o treinador tem que ser o líder do balneário e do banco. A presença de um presidente sobretudo no primeiro só deve acontecer em situações excepcionais, que não constituam regra sob pena de se esvaziar ou ser conflituante com o que compete ao treinador.

Soube ainda no fim-de-semana da decisão do presidente de se sentar no banco. O primeiro pensamento que me surgiu no imediato ao conhecimento da noticia foi a de uma decisão de risco. Não gostaria de ver o presidente do meu clube exposto ao poder discricionário que os árbitros usam quando tomam decisões que envolvem o Sporting, e que podiam, no limite, ir até a humilhação de uma expulsão. Podia ter acontecido na segunda-feira e é nestas alturas que descubro que de todas as qualidades e características que me faltam para ser presidente do meu clube, a de poder estar ali sem constituir uma bomba relógio é apenas uma de muitas.

Percebo a decisão como excepcional,  que tem a ver com o momento da equipa, pela necessidade de lutar com todas as forças por um lugar europeu, por este ser um momento para a sua própria afirmação quer junto da equipa quer dos adeptos em geral. Para lá da excepcionalidade não gostava de o ver colado a uma imagem que notabilizou Pinto da Costa, por entender que o Sporting tem uma matriz completamente diferente e sempre encontrou caminhos distintos para a materializar. 

Ainda decorrente da presença no banco ficou nos olhos de todos e mereceu destaque a invasão eufórica no relvado.  Fica um registo que pareceu espontâneo e genuíno e que equivale ao realizar de um sonho que é de cada um nós e que BdC pôde realizar por direito próprio, temperado por uma vitória que parecia marcada para não acontecer. O Sporting e os adeptos em particular também precisam deste "sacudir".

Não sei se o presidente foi ao balneário ou não e se, tendo estado lá, se chegou sequer a intervir. A ter acontecido, os jornais dizem que sim, o que não é necessariamente um facto, espero que decorra da excepcionalidade acima mencionada. Porque não conheço nenhum treinador, e conheço alguns, que aprecie a invasão deste espaço. 

Quando se fala em criar condições para Jesualdo se sentir confortável e tomar a decisão de ficar estas questões também têm que ser tomadas em linha de conta.

8 comentários:

  1. É um risco de momento que penso não será mantido no futuro. Bruno Carvalho precisa de um curso rápido e intensivo do mundo da bola, não há maneira melhor que meter as mãos na massa e "ir lá para dentro".

    Se for uma medida de ocasião, como penso que vai ser, o excesso de exposição que vai ter agora será com o tempo diluido. É aproveitar o estado de graça enquanto não estão à caça de "bonecos" como aqueles de que foram alvo Wolfswinkel e Jeffren.

    Neste momento tudo aquilo que distrair a atenção e retirar pressão à equipa é bom.

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  2. Concordo com tudo o que foi dito no post. É uma analise bastante correcta, e que partilho.

    Como vê não sou do contra, nem venho para aqui ofender alguem só porque me apeteçe.

    Agora certamente que me poderá explicar o porque de eu ser "especialista em barretadas"?



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  3. Pessoalmente, até gostei de ver BdC no banco. Sou incapaz de ficar indiferente à maneira como celebrou a vitória no final. É um sportinguista! É um dos nossos! E quando vejo um sportinguista festejar assim... a empatia é imediata!
    Na verdade, o que nos move a todos, enquanto sportinguistas, é o prazer de ver um golo, o prazer comum de festejar uma vitória, é o prazer de partilhar no estádio, num café ou em casa, um amor incondicional por um clube centenário.
    Por isso considero que os insultos de sportinguistas contra sportinguistas redigidos nas caixas de comentário deste e de outros blogs são incompreensíveis e uma autêntica perda de tempo!

    Em relação à proximidade de BdC à equipa e a sua presença no banco de suplentes, pareceu-me bem! Gostei!
    Considero benéfico nalguns aspectos e um deles é o facto de proteger a equipa técnica e jogadores com a sua "áurea" positiva resultante do acto eleitoral.
    Até ver, está a conseguir transmitir essa "energia positiva", esse "estado de graça", e está (bem) a usá-la para salvaguardar a equipa. Se a sua permanência no banco será para durar ou não... terá de analisar com calma os prós e contras, antes de se tornar um hábito.

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  4. Confesso que tive sentimentos mistos em relação ao presidente no banco.

    Se por um lado pode ser bom animicamente ter o presidente lá num momento importante como este, confesso que a única parte que me incomodou foi no final ir festejar para a relva com os jogadores, e ir aplaudir os adeptos e receber os aplausos deles.

    Muito concretamente, devia ser como dizem alguns bons treinadores: as vitórias são dos jogadores, e as derrotas são dos treinadores. Neste caso, os jogadores são quem mais precisa dos aplausos e de sentir o carinho do público, pois foram eles que estiveram a lutar durante 90 minutos pelo resultado. Ter ali alguém a mais a desviar as atenções é estranho.

    Só mantenho na imagem, por exemplo, no final do jogo, o presidente a ir para o túnel com os jogadores ao lado um pouco mais à frente, alguns sem as camisolas, e ele ainda a agradecer os aplausos ao público, à entrada do túnel.

    Espero que isto seja realmente a excepção e não a regra, pois que eu me recorde, normalmente são os jogadores quem vão receber os aplausos do público no final do jogo, e os treinadores apenas em alguns casos especiais, raros, ou com afinidade com as claques como o Sá Pinto. De resto, pode estar lá no banco enquanto for uma boa contribuição para o grupo, e deixar a vitória para os jogadores, por muito "adepto" que seja.

    Independentemente deste reparo, espero que isto seja o início de tempos bons para os Sportinguistas todos!

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  5. O Sporting esteve entregue a pessoas com poucas qualidades, como se pode confirmar nesta entrevista:

    http://i.imgur.com/XyzwPZt.jpg

    http://img585.imageshack.us/img585/4629/danielsampaio5abr2.png

    E o Norte de Alvalade preocupado com a polifonia e onde o BdC se senta.

    A estas vergonhas não vi o pessoal muito interessado por estes lados.

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  6. Muitos de nós temos a tendência de resumir as coisas a uma receita para todas as situações. Este tema parece-me claramente uma situação em que não existe uma resposta correta, esta tem de ser dada pelo próprio (o presidente), e serão os resultados a dizer se foi ou não a opção correta. A decisão é tomada em função de uma intenção, conhecimento, do momento e com certeza da própria personalidade do presidente. Aquilo que será adequado para este presidente pode não o ser para outro. É verdade que no post foram levantados alguns aspetos positivos e negativos da situação, depende da capacidade do Bruno em geri-los e potenciar o que ele considera importante, agora não tenho duvidas que gosto de ver o Sporting ser gerido com emoção, o que tem faltado nos ultimos anos. Outra coisa que tambem não percebo, é porque é que os presidentes não podem festejar os golos das suas equipas,seja nas tribunas no relvado ou nas tribunas dos adversários. Uma coisa é festejar outra é provocar e ofender, isso sim é inaceitável. O futebol é um desporto de emoção e paixão e festa para os que ganham. O que vemos é presidentes muito bem comportadinhos nas tribunas e depois na comunicação social parecem autenticos arruaceiros, essa é a mentalidade que tem de mudar.

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  7. O texto é bom, mas a alusão ao Pinto da Costa parece-me despropositada.

    É que isso é que é dar demasiada importância ao senhor. Ou ele registou a patente de se sentar no banco com a equipa?

    Bruno de Carvalho fez o que era preciso neste momento. Aproximar a administração dos trabalhadores. Se isso faz lembrar Pinto da Costa, ou qualquer outro calimero, estou-me a cagar. O que eu quero é que a estratégia, seja qual for, seja eficiente, produza resultados, e, neste momento, nada me leva a crer que assim não seja.

    Por isso mesmo o meu voto de confiança neste Presidente é total.

    Força BdC! Força Sporting! (antevejo uma excelente casa no Sábado)

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  8. Ponto prévio:

    Tb gostei de ver os festejos do BdC no final do jogo. Como afirmou a Alma_Leonina é impossível ficar indiferente e não sentir empatia pela reacção. Apesar de ligeiramente mais velho que o BdC, tenho a certeza que se fosse cmg tinha extravasado mais sentimento. Ou seja, tinha feito bem pior!!!  Aliás, o BdC até me pareceu controlado, pq percebeu que não podia dar largas a td o sentimento que lhe ía na alma. Foi, pelo menso, essa a minha sensação. Não me parece que os festejos do relvado mereçam ser alvo de gde critica negativa.

    Relativamente ao acompanhamento próximo, vou de encontro à opinião do LMGM. O BdC tem que aprender e aprender depressa este mundo do futebol e td o que o rodeia. Sobre a relação com o balneário reforço que a empatia, a inteligência emocional e dinâmica de grupo terão que ser de topo e melhor do que ng ele saberá qual a reação do grupo à sua presença e como melhorar os aspectos menos positivos (é sp possível melhorar). Ele é que está lá dentro e terá que ter o tacto e a inteligência de perceber se a sua acção produz impactos positivos no seio do grupo, ou não.

    Excelente reflexão, LdA.

    Gde abç e SL a tds!

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