quinta-feira, 13 de junho de 2013

Se o Jorge Mendes é melhor então que faça isto

Não sei onde foram buscar a ideia peregrina de que o Jorge Mendes possa vir a ser um parceiro mais confiável, ou até menos oneroso, para os cofres do Sporting. Se aquela impressão estiver correcta então o empresário que venda o Miguel Lopes com o Bojinov ou Gélson ao Bétis (por exemplo) em que o preço do primeiro seja 35% do valor total, para que nós possamos retribuir a graça a Pinto da Costa. Não foi ele afinal que esteve por trás da venda de Moutinho no pacote do James? Esta seria a forma como me parece que o Sporting deveria responder sempre, ao invés de queixumes e lamentos.

Mas isso não vai acontecer. Pelas relações privilegiadas que o empresário tem com o FCP. Mas ainda que não as tivesse não me parece que alguém naquela actividade estivesse na disposição de comprar uma guerra com um clube com o volume de negócios que aquele tem para privilegiar o Sporting.  Os empresários são do clube que lhes dá mais.

Não se trata de aprovar as regras tácitas em uso nas transferências dos jogadores que, a menos que sejamos empresários, qualquer individuo com uma réstia de bom-senso condena. Ou de defender que o clube não deve ter uma posição clara e intransigente nas negociações dos contratos, lutando pelos seus interesses e direitos. A minha dúvida  está na estratégia. 

Deve o Sporting fazer o papel de D. Quixote precisamente agora, quando tem necessidade de ter o maior número de canais abertos para escoar o elevado número de jogadores que tem sob contrato e quer dispensar?

Deve o Sporting abrir uma guerra com os empresários, em particular com alguém que agencia o elevado número de jogadores (27)?  (entre os quais 14 já com contrato profissional André Martins, Bruma, Ilori, Carrillo, Viola, Cédric, Wilson Eduardo, Nuno Reis, Mica Pinto, Gael Etock, João Gonçalves, Luka Stojanovic, Carlos Mané e Luís Cortez)

Quantos destes jogadores estarão na disposição de mudar de empresário só porque o clube não gosta do seu empresário?

Que custos terão no futuro uma vitória na batalha actual na renovação de Ilori ou Bruma, - negociando com outro empresário - no contexto de uma guerra onde temos poucos argumentos? 

Isto não falando num aspecto essencial: como pode o Sporting dizer aos jogadores que não respeita a escolha que fazem dos seus representantes, mas quer que estes escolham o Sporting para continuarem as suas carreiras?

11 comentários:

  1. É muito simples...não se trata de ser o Jorge Mendes ou o Zahavi: há acordo entre jogador e clube e tudo está pendurado porque o agente não aceita determinada comissão. A única forma de desbloquear a situação é o agente actual desistir do que pede ou ser afastado do processo.

    Qualquer das situações é benéfica para o clube, visto que dificilmente o agente actual terá um comportamento igual em outros processos em relação aos outros jogadores, visto que irá por em risco a sua representação, ou um novo agente em acção terá em atenção que a representação ganha poderá ser perdida da mesma forma.

    O Jorge Mendes, com todos os defeitos que tem, na sua relação com os clubes costuma ter bom-senso...no caso Moutinho o jogador é que pressionou sempre a saída.

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  2. Peço desculpa pela ignorancia, mas a troca de agente nao parte do proprio jogador? Está o Sporting directamente envolvido nesse processo?

    Apesar de as fontes nao serem as melhores, pelos jornais parece que no caso do Bruma ele está interessado em renovar mas ao mesmo tempo está metido numa encruzilhada entre o Sporting e o Zahavi, por isso penso que mudar de agente seja uma boa soluçao.
    Nao sei o que é que implica a um jogador mudar de agente e também nao sei se o Jorge Mendes é boa ou má escolha, isso só se verá depois, mas neste caso parece-me uma boa soluçao por parte do jogador e que naturalmente vai favorecer o Sporting nesta situaçao.

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  3. Sinceramente não sei como se processa o contrato de representação entre jogador profissional - agente desportivo (vulgo: empresário)... Daí que, caso o jogador opte por rescindir unilateralmente com o seu representante, não sei se existem e quais as exigências contratuais que terá que satisfazer. Algumas estarão previstas, calculo... Até que ponto a vontade de determinado jogador prevalece sobre a do empresário?... Depende mt de como o vinculo se processou e das condições / clausulado com que se estabeleceu esse vinculo. Em função disso poderá ser mais fácil ou mais complicada a ruptura jogador-empresário...

    A estratégia de BdC só faz sentido e só pode ser ganha, precisamente nos casos em que a ruptura do contrato de representação (jogador-empresário) não seja demasiado 'pernicioso' para o jogador...

    O BdC está a arriscar-se muito, é certo, mas espero que o forcing e a pressão que está a fazer com Zahavi dê frutos positivos... Julgo que ele terá acesso a informação que o comum sportinguista não terá, de modo que me é mt difícil valiar esta sua 'estratégia'.

    Coisa diferente é a questão das comissões... Pq se o Zahavi quer a sua comissão, o empresário que lhe suceder tb há-de querer, como é óbvio, mesmo se por valores diferentes, isto é, mais reduzidos...

    Enfim, veremos o q vai resultar disto... Mas não estou mt optimista.

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  4. Jorge Mendes não é conhecido por ser mais "barato" do que qualquer outro empresario - não é essa a sua mais-valia - JM é conhecido por trazer encaixes financeiros consideráveis aos clubes detentores dos passes dos seus agenciados.

    Zahavi - a acreditar nas noticias que vêm nos jornais tem em carteira ofertas de 3M ou 4M por jogadores e depois pede quase 2M brutos/ano + premios de assinatura de contrato - não é a meu ver umas postura correcta - se ele como empresario não consegue mais que 3M ou 4M por um jogador que termina contrato daqui a 2 anos - não tem qualquer logicas pedir mundos e fundos para os jogadores assinarem.

    Em relação à possivel troca de empresarios - não acredito e só vejo essa noticia, como forma de colocar alguma pressão do lado do empresario

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Virgilio,

    "A estratégia de BdC só faz sentido e só pode ser ganha, precisamente nos casos em que a ruptura do contrato de representação (jogador-empresário) não seja demasiado 'pernicioso' para o jogador..."

    Até esta questão o SCP pode resolver facilmente, bastando para isso acrescentar ao contracto um prémio de assinatura para o Bruma no valor em que ele terá que indemnizar o Zahavi.

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  7. Mike,

    mas porquê que não é o Jorge Mendes (ou quem "ficar com" o Bruma) a pagar essa indemninização? Visto que está a "contratá-lo..."

    Mendes pode ajudar a resolver uma questão (a renovação), mas não resolverá o problema (relação empresário-jogador e a forma como podem "tramar" o clube). E, um dia, Bruma vai sair, veremos como se comportará, na altura, o empresário.

    Para já, há algo de bom e que vem em muitos jornais, desde de sempre, o jogador quer renovar. É nisso que o Sporting tem de se agarrar.

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  8. "Até esta questão o SCP pode resolver facilmente, bastando para isso acrescentar ao contracto um prémio de assinatura para o Bruma no valor em que ele terá que indemnizar o Zahavi."

    Mike:

    Resta saber de que valores estamos a falar...

    Abç!

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  9. Esta guerra será ganha se o Sporting conseguir renovar contrato com os atletas.

    O erro aqui nasceu "no antigamente", o Sporting não tem sabido ou conseguido gerir a carreira dos seus activos de modo a proteger os seus interesses.

    Nunca um atleta deve ter destaque na equipa principal sem antes ter a sua condição contratual definida. O que aconteceu com Pedro Mendes é escabroso, o que se prepara com Bruma escabroso é e com Ilori idem aspas.

    Este é para mim o foco do problema, conseguir ter condições para liderar a carreira dos nossos jogadores principais.

    Os empresários são um problema diferente, não afecta em exclusivo o Sporting e posições individuais serão sempre mais folclore do que outra coisa de concreto. A acção nefasta dos empresários de jogadores é um problema transversal a todos os clubes, mas com a quantidade de dirigentes e ex-dirigentes que vejo ligados ao fenómeno de agenciamento não acredito que existam nos tempos mais próximos mudanças significativas.

    Termino como acabei, seja lá de que forma for, esta novela só terá um final feliz com a renovação destes atletas especificamente e já agora dos diversos que durante este ano nos preparamos para valorizar.

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  10. Não é a primeira vez que jogadores com contrato com o Sporting, cortam relações com os seus agentes.

    Lembrem-se só do que aconteceu ao Veiga vigarista, que chegou a ter a "mão" em cima de mais de uma dezena de jogadores do Sporting e que a certa altura, salvo erro no momento que o Figo se separou dele, aconteceu o mesmo com o Quaresma, Cristiano Ronaldo e Viana.

    Se o mesmo acontecer agora com o Bruma, não será um caso virgem.

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  11. Bom no meio de tantas dúvidas emerge uma certeza: as coisas não estão fáceis e a posição do Sporting não é uma posição forte. No caso de Bruma o jogador fica livre em Janeiro de 2014 - é já amanhã - e poderá assinar a custo zero por qualquer equipa. Se pedia 800 mil euros e o Sporting oferece 350 mil então podemos começar a dizer bye-bye Bruma. A lógica dos prémios por objectivos mais o salário só faz sentido se isso representar uma diminuição significativa do custo, se a posição do clube, incluindo o factor tempo, permitir essa negociação e se os restantes clubes estiverem todos desinteressados do jogador. Bruma é seguido em toda a Europa. Depois do Mundial ainda será seguido com mais "curiosidade". Ou o Sporting fecha a negociação por estes dias ou perderá Bruma sem um cêntimo de retorno. Não está longe de isso acontecer. Nesse caso Bruma significará um custo brutal, incomportável, para o Sporting. Um custo de muitos milhões de euros. Posso admitir que o Sporting tinha que mudar de atitude e passar a falar mais alto e mais grosso com os empresários. Mas, em primeiro lugar, deveria ter começado por resolver situações em que o prejuízo expectáveis são muitas vezes superiores - dezenas de vezes - aos hipotéticos 450 mil euros ano que se pretende poupar. Devemos poupar mas temos que ser flexíveis e impôr limites à nossa poupança, sob pena de morrermos de fome e a poupança passar a ser inútil.

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