quinta-feira, 4 de julho de 2013

Um presidente em graça é muito melhor que um presidente desgraçado

Ontem foi um dia de grande festa em Alvalade. À abertura de portas corresponderam os adeptos com grande entusiasmo e paixão. Características que nos distinguem e que estão presentes sempre, independentemente do momento e das perspectivas, como se pôde constatar ontem: o campeonato que aí vem nem sequer é muito promissor.

A estrela do dia foi o presidente Bruno de Carvalho, apesar da presença de vários elementos dos corpos sociais terem estado presentes também. Como o próprio afirmou, e eu concordo, a ligação entre eleitos e eleitores deve ser estreita. Afinal os dirigentes eleitos não são mais do que alguns de nós, sócios, que temporariamente recebem a difícil mas honrosa missão de gerir o clube. Ter sempre presente o carácter passageiro da função, a honra e o dever de excelência é essencial e a proximidade com os adeptos ajuda a lembrá-lo. O carinho dos adeptos é também um importante combustível para as dificuldades do caminho.

A interacção com os sócios e a empatia de Bruno de Carvalho tem sido uma importante força mobilizadora, em particular com os mais novos, a quem se tem dado poucos motivos para manter e aprofundar a ligação ao clube. E é com eles que o clube tem de ganhar amanhã e são eles que o Sporting não perder. E sendo o Sporting um clube de implantação popular não pode viver fechado em gabinetes. 

Medidas como esta são essenciais para recuperar o amor próprio pelo clube e o "paraíso perdido" que eram os caminhos entre os pelados de treino e a porta 10A, onde víamos entrar os grandes como Damas e Manuel Fernandes. Beber Sportinguismo é necessário e a sede não se mata com jogos de 15 em 15 dias e o isolacionismo - mesmo que necessário na maior parte do tempo - de Alcochete.

O contraste com o passado é evidente. Godinho Lopes além de não ter tido período de graça, não contava entre as suas qualidades a comunicabilidade com as massas. Mas talvez não seja mau lembrar que o que fez cair em desgraça Bettencourt não foi o episódio das maracas. Ele serviu apenas de pretexto para ridicularizar uma gestão desgraçada. O que era então, como agora, um bom sintoma - diria mesmo necessário - de "abertura ás bases" transformou-se num episódio ridiculo.

O mesmo acontecerá com Bruno de Carvalho se as suas medidas de gestão não forem bem sucedidas. De nada lhe valerá mandar umas bolas para a bancada se os avançados fizerem o mesmo nos jogos e os resultados não aparecerem. Prefiro um presidente menos exposto, obviamente sem perder a espontaneidade, e recordado pelas boas medidas do que  vê-lo apresentado como estrela da companhia, ocupando o lugar que, por natureza, é ocupado pelos jogadores. 

E também não gosto de um clube submetido ao culto de personalidade de um homem só. O exemplo de João Rocha foi inquestionável e é esse o modelo que prefiro: sempre presente e sempre elegante no porte e no trato e sempre querido de todos. Foi esse o melhor Sporting de que me lembro.

4 comentários:

  1. No fundo é uma forma de tentar motivar os Sportinguistas para uma época que se espera diferente, com expectativas mais reduzidas que o costume. Godinho tentou compensar a falta de comunicação e de estado de graça com jogadores com nome. Uns resultaram, outros falharam. Agora não há o dinheiro que já (não) houve no tempo de GL. Têm de ser utilizadas outras estratégias. Sinceramente mais do que o ver a dar uns pontapés numas bolas, achei muito importante ter ido buscar um grupo de 15/20 miúdos para que estes pudessem pedir autógrafos aos jogadores. Torna tudo isto de gostar e amar um clube um pouco mais humano, menos burocrático. Mas é como diz, se a bola não entrar, tudo isto foi apenas um manhã engraçada.

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  2. Pois a mim faltam-me os adjectivos para qualificar o que vi. Todo o show foi preparado para apresentar o grande líder que não deixou o relvado nem enquanto o treino já decorria.

    Esta é a estratégia actual um clube centenário subjugado aos caprichos de sua excelência sem qualquer noção do ridiculo.

    http://www.maisfutebol.iol.pt/videos/video/13909426/1

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  3. ........... Porque pode não existir antídoto no hospital mais próximo...

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