quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Mané fez um arco para concorrer em beleza com o da Rua Augusta

Momento feliz para o futebol quando ele é presenteado com lances como o que ontem foi protagonizado por Carlos Mané. E nós, através dele, felizes ficamos. Parece haver ali um instante em que a sombra de Pedro Barbosa lhe indica o movimento e lhe ampara o pé para que a bota e a bola se encontrem no sitio certo, de forma a que a última viaje feliz, até se anichar nas redes. Se as bolas falassem aposto que esta teria dito, lânguida, ao Carlos Mané: por favor, pega em mim e faz-me isso outra vez, anda lá!

Passado o momento do delírio e da hipérbole, e antes de dizer mais qualquer coisa sobre o jogo, duas letras sobre o artista do dia, Carlos Mané e, por simpatia, a formação. O magnifico golo que marcou tanto o pode ajudar como ser dos seus piores inimigos. Era bom, como tantas vezes acontece na vida de um jovem jogador que faz "umas coisas bonitas", que este não se sinta obrigado a repeti-las a cada lance de cada jogo, condicionando-lhe a evolução como um espartilho. 

Um dos aspectos mais interessantes do jogo deste miúdo é a forma espontânea e atrevida como encara os lances e os adversários quando parte para cima deles. Perder essa naturalidade é perder uma das suas melhores armas. É  bom que ele o perceba e, não menos importante, que os adeptos não lhe exijam mais do que é natural exigir a um miúdo que dá os primeiros passos.

Este é também um momento importante, que certamente vai voltar a virar o foco para a formação, e que surgirá de atacado com a recente consagração de Cristiano Ronaldo. É bom que se perceba o quão perniciosas são as comparações e como estas podem ser castradoras para os jogadores. O melhor que podemos fazer é confrontar Carlos Mané com o seu talento e as imperfeições a limar. Até porque os Cristianos Ronaldos e até mesmo os Quaresmas, Sabrosas e Nanis, não aparecem cada vez que se muda uma pedra de lugar em Alcochete.

Depois o talento. Aqueles 10% que vêm depois dos 90% de entrega e suor mas que fazem a diferença. Toda a diferença. Mas sem ele o futebol é tão monótono como ver chegar e partir os comboios. O êxito da formação do Sporting sempre residiu na capacidade apurada de ver o talento antes dos outros ou onde ninguém via coisa nenhuma. E, há que dizê-lo também, na capacidade de fazer entender o jogo aos menos dotados. Por isso o sucesso da formação do Sporting não extingue no sucesso dos melhores do mundo, mas estende-se de forma transversal a todas as divisões e campeonatos onde jogadores com o selo Sporting são procurados. Era bom que assim continuasse porque não foi por aí que o futebol do Sporting claudicou. Bem antes pelo contrário.

Ficam duas linhas sobre o jogo. Cumpriu-se a obrigação de ganhar com o conforto do número de golos marcados, que podem assumir importância decisiva em caso de necessidade de desempate. Fica o registo de um jogo partido e aberto - apesar de não termos sofrido golos, consentimos muito mais oportunidades neste jogo que numa série de muitos que o antecederam - a que não será alheia uma descontracção que os jogadores não sentem quando se trata de um jogo da Liga. Vantagem para os adeptos, que estão cansados  autocarros e jogos calculistas. Foi também o regresso à eficácia dos jogos mais felizes, que se espera tenha regressado para ficar.

Breve menção individual para dizer que Mané talvez tenha sido muito importante para desbloquear o jogo mas o melhor em campo foi com certeza Boeck, que reapareceu em grande.

6 comentários:

  1. E oito jogos sem sofrer golos...

    Se a máxima futebolística que diz que "os ataques ganham jogos e as defesas campeonatos" for verdade... acho que vamos no bom caminho.

    Qt ao golo do Carlos Mané quase que apetece dizer que valeu a pena esperar tanto tempo por um golo do SCP (ainda por cima, este não deu hipótese... nem de defesa ao GR nem de anulação à APAF!

    Grande, Enorme, SUPER... Boeck!

    FORÇA, SPORTING!

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  2. Pois mas o Porto ultrapassa o Sporting na taça da liga...com umm golo em fora do jogo.

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  3. Gostava de voltar a ver a análise do LMGM sobre o seu objetivo para o sporting este ano. A chegada aos 70 pontos, como estão as contas?

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  4. Sou só eu que tenha a seguinte dúvida: as equipas do mesmo grupo não deviam jogar no mesmo dia e à mesma hora, sendo o critério de desempate o no. de golos (ou será o goal average) e a idade dos convocados (ou dos que jogam)? seja qual dos critérios acima, dá para tudo até para o Porto - coincidência ganhar ao penafiel por mais um golo do que o Sporting ao Marítimo. Ponham a taça da cerveja num certo sítio....

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  5. António, a meio da prova essa conta é fácil...
    34 * 2 = 68

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