segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Que consequências resultam para o Sporting da falência do BES? Mais perguntas que respostas

Há quase um mês, mais precisamente no passado dia 7 de Julho, começavam-se a saber os primeiros desenvolvimentos da "Crise no BES", o que me levou a escrever o post "BES: um credor em apuros pode contaminar o Sporting?. O artigo está em parte desactualizado pelo evolução dos acontecimentos, embora a sua leitura, bem como a de alguns comentários, me pareça continuar a ser pertinente. 

Não deixa de ser curioso verificar que o que então parecia ser merecedor do estatuto de uma verdade incontestável, a impossibilidade falência do banco, ser substituído no curto espaço de um mês pelo seu inverso: o BES de facto faliu. Será precisamente o aproveitamento do referido post bem como de alguns comentários que servirá para colocar as perguntas que imagino eu, muitos também ainda não saberão responder.

Como grande parte dos Sportinguistas saberá, o Sporting, no inicio da gestão de Bruno de Carvalho, concluiu um acordo de reestruturação financeira. Na sua essência, a reestruturação financeira visava restabelecer o rácio de solvabilidade do clube, com o aumento dos capitais próprios, sendo para tal determinante a integração da participada SPM na SAD do clube. Especulou-se também sobre um possível hair-cut sobre o passivo detido pelos credores - BES e BCP - o que não vi confirmado em lado nenhum, mas cuja possibilidade tanto agitou os nossos rivais... 

A fusão da SPM, detentora do Estádio José Alvalade, era também um instrumento vital para a manutenção da maioria do capital da SAD, mesmo depois da conversão das famosas VMOC's em capital. Toda a operação era também crucial para o cumprimento das normas de fair-play financeiro que a UEFA obriga. 

(Lembre-se que a fusão foi aprovada há mais de um ano pelos associados na  AG de 30 de Junho de 2013. Várias vezes foi afirmado, quer directa, quer indirectamente, que havia sido requerida a isenção de impostos, (valores próximos de 500 mil euros), ao ministério da Economia e que, essa isenção está ainda pendente.)

Nesse acordo seguramente que ficaram firmadas as condições de financiamento de tesouraria pois, ao contrário do que é o mito do papão dos bancos na blogosfera - aliás muito semelhante a outros, como os empresários, os fundos, etc. - são eles que permitem a liquidez necessária para satisfazer grande parte dos compromissos assumidos. Esta não será uma realidade exclusiva do Sporting, estende-se também aos seus rivais, com as devidas diferenças ditadas em função da especificidade de cada um dos clubes.

O Novo Banco vai continuar a assegurar os compromissos que permitem manter a liquidez de tesouraria e assim fazer face aos compromissos diários e de curto prazo?

O que vai acontecer agora à reestruturação financeira?

Ela continuará a ser possível nos mesmos termos com o Novo Banco? 

O que acontecerá agora às VMOC´s, uma vez que a sua reconversão, numa nova emissão a 12 anos, conforme prevista no plano referido, era crucial?  

O empréstimo de 68 milhões de euros, crucial para reequilíbrio financeiro, e assegurado pelo consórcio BES/BCP, continuará ser possível?

O que vai suceder com o empréstimo obrigacionista de 20 milhões, de Julho de 2011, previsto para 3 anos  4 meses, isto é, a sua maturidade, e consequente necessidade de reembolso, se verificará no próximo mês de Novembro?

O que acontecerá aos direitos detidos sobre os jogadores abaixo descriminados (a percentagem descrita é a detida pelo fundo, com a ressalva de estes serem dados relativos a 2012, não sabendo se alguma delas sofreu entretanto alterações):

Diogo Salomão - 25% 
Wilson Eduardo - 40% 
André Martins - 40%
José Lopes (Zezinho) - 10%
William Carvalho - 40%
Diego Capel - 20%
André Carrillo - 20%
Fabian Rinaudo - 15%
Diego Rubio - 15%
Carlos Chaby (Filipe) - 2,5%
Alberto Coelho (Betinho) - 5%
 
cujas percentagens dos respectivos passes pertencem ainda o Sporting Portugal Fund, gerido pela ESAF, Espírito Santo Fundos de Investimento Mobiliário?

O que vai acontecer ao relacionamento com a Holdimo, sabendo-se o que se sabe hoje que, sendo accionista do BES, sofrerá, em principio, graves perdas, provavelmente a totalidade do valor detido em acções?

10 comentários:

  1. LdA,

    As questões são pertinentes e julgo q por esta altura já se impunha alguma clarificação. Desde que foi anunciado o "novo" plano de restruturação e se apresentou o novo investidor que o silêncio impera. Do que me recordo, o plano aprovado dava autorização à Administração para encontrar novo investidor (que até podia ser um reforço da Holdimo) mas de lá para cá não se soube mais nada.

    A favor do silêncio presidencial por esta altura, está o facto de não ser visível um impacto directo da crise BES na política definida para a pré-época, ao contrário do que se passa no Benfica. E se é para abrir o livro, que sejam outros, mais apertados, a fazê-lo.

    Em particular sobre as questões Sporting - BES, mais dúvidas do que certezas:
    - tenho ideia do plano ter sido negociado com o Ricciardi porque se tratava do BES Investimento, que ficou no banco bom; de qualquer forma, mesmo a ser como penso, confesso que não sei o que isso significa em termos do empréstimo BES/BCP, empréstimo obrigacionista ou das VMOCs;
    - sobre o Fundo, ao contrário do que se sabe com o do Benfica, julgo que não está previsto fechar, pelo que acho que fica como está; o investimento nesses passes foi feito e no mais aplicam-se as regras já definidas.

    Uma coisa é certa, e admitindo que a crise BES vai ter repercursões nos 3 grandes, o emagrecimento a que fomos obrigados nos últimos anos deixou-nos mais preparados para a enfrentar.

    Abraço,
    João

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  2. Concordo com o João Barata. O facto de o nosso acordo ter sido fechado antes, beneficia-nos porque foi fechado e assinado pelas partes e não me parece que possa agora ser renogociado sem acordo.

    Parece-me é que há nuances que nos escapam, como se os creditos do BES em relação ao Sporting vão caír no banco "mau" ou no banco "bom".

    Quanto á relação com a Holdimo, terá entrado já no capital da SAD (capital em espécie total ou parcialmente com a cedencia dos passes que detinha?) e portanto não me parece que existam novidades na relação.

    A questãon das obrigações que vencem em Novembro será de facto preocupante, mas bem pior estão os nossos vizinhos com 67 milhões a vencer por essa altura! Haverá que encontrar soluções de tesouraria para precaver essa questão...

    Na pior das hipoteses estaremos obrigados a contraír mais os custos e a vender William. E quanto ao futuro, o caminho terá de ser o já iniciado. Contraír custos e maximizar as receitas das vendas dos jogadores (só estas têm dimensão para garantir o futuro) que ainda não conseguimos plenamente maximizar em face das % de passes de jogadores que alianamos no passado. Já sangramos essa sangria, mas não podemos esperar resultados plenos agora antes de 3/4 anos...

    A novidade boa é que já começamos o nosso caminho há um ano, enquanto os outros ainda estão agora a perceber que vão ter de o começar, mas a quererem ainda enganar-se a eles próprios...

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  3. O fundo do Sporting prazo até 2016 , e aí terá de ser liquidado , o que o Sporting tem de fazer é vender os jogadores antes desse prazo , ou depois na altura , ou recompra os passes ou eles são vendidos a qualquer clube ou fundo se o Sporting não igualar a proposta de compra das percentagens.

    Preocupa-me o JMário que está no fundo por 15% , penso que devíamos avançar rapidamente para a compra do passe, depois o Peter Kenyon tem mais 25% do seu passe no Quality Found.

    Aqui nos nossos vizinhos , o prazo é até final de Setembro , por isso venderam o Cardozo , que o fundo tinha 80% do passe.

    Quanto à RES , ojogo disse tambem que antes do final do ano deverá estar concluída , e o que atrasa é deferimento de isenção de IMI no valor 6.6M de euros (algo parecido a isto) não 500 mil.

    Vamos esperar para ver no que dá.

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  4. Parte do dinheiro 'desaparecido' está investido na SAD através dos 23,5% que pertencem à Holdimo

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  5. João,

    A Holdimo não é um novo investidor, uma vez que a sua entrada no capital da SAD se deve à transformação em capital do valor que a referida empresa havia investido em percentagens de passes de jogadores do nosso plantel.

    Até ao momento não houve qualquer desenvolvimento sobre a possibilidade de aumentar esse investimento ou de recorrer a um novo investidor. A reestruturação financeira previa a entrada de 18 milhões por essa via (investidor externo) e sem esse valor a reestruturação não atinge os valores para que foi desenhada.

    A razão deste post não se sustenta na necessidade de pedir explicações à SAD (ou ao presidente) uma vez que nestas matérias quanto menos se falar, pelo menos em algumas fases do processo, melhor. Obviamente que mais tarde ou mais cedo elas terão que ser dadas, pelo menos nos R&C. É sobretudo uma expressão de preocupação, não tanto pela necessidade que o JG aborda, de apertar ainda mais o cinto, mas de que, neste processo, resultem condições mais gravosas que interfiram com o regular funcionamento do clube e SAD. O apertar do cinto, não sendo desejável, é com o que vivemos melhor face aos espectros mais pessimistas.

    Quanto ao fundo, embora ainda não haja confirmação oficial, já se fala na possibilidade de o Sporting fechar o seu fundo financiado pelo BES. Dei conta disso no post sobre os fundos, publicado aqui no passado dia 22/07 (dossier DN)

    Abraço a ambos

    "ler aqui o artigo sobre o fecho dos fundos"

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  6. Sobram perguntas sobre o que pode acontecer. Neste momento há um facto um dos 3 principais bancos nacionais faliu, kaput, morreu... perante esta realidade tudo o que virá a acontecer é novidade, caminho novo e a estrear.

    O peso e a dimensão de uma instituição como o BES na sociedade é brutal e há um conjunto de sociedades/instituições/associações que terão pernas em ambos os bancos que saem desta falência.

    A pergunta que me fica é, tem o Sporting Clube de Portugal e/ou a Sporting SAD (ou os seus acionistas de referência) alguma ligação, crédito, débito, contrato, fundo, etc., com o BES mau?

    Se sim, quais, quanto e a vencer quando.
    Se não, siga a rusga.

    A ligação do BES com o futebol era enorme, deixando de parte os "pormenores" financeiros, desapareceu um dos principais patrocinadores do futebol, fosse em camisolas, bancadas, etc., no fenómeno desportivo o BES tinha um papel bastante activo e representava uma fatia larga das receitas dos clubes.

    Esse agente desapareceu, e eu começava já a negociar o contrato publicitário com o "Novo Banco" que bem vai precisar de marketing, talvez, quem sabe dar o nome a um pavilhão a estrear na zona de Lisboa...

    Voltando ao financeiro, preocupa-me a questão das VMOC que têm um aspecto tóxico, seja para nós, seja para os parceiros.

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  7. Sou um completo leigo na materia, mas creio que apesar de tudo estamos mais preparado que nos nossos rivais, já que emagrecemos as nossas contas há mais de um ano.

    O Sporting tem de dar lucro anualmente - este é na minha opinião o ponto essencial da questão

    Vendo os R&C, penso que por alto devemos ter um resultado operacional negativo na ordem dos 20M

    Conseguindo mais valias extraordinárias, que anulem esses 20M estaremos sempre mais

    perto de não depender da saude dos nossos credores

    Este ano temos a Champions, que pode valer entre 10M a 12M, minimo e temos que conseguir pelo menos o resto no saldo de vendas e compras de jogadores

    LMGM - em cheio no que diz respeito aos contratos puplicitarios com o "Novo Banco"

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  8. Se se cumprir , na plenitude, o que foi afirmado pelo Governador do BP, o BES NÃO FALIU porque, antes disso, foi feita a recapitalização com 4,9 mil M e só depois nasceu o Novo Banco, que tomou tudo o que "de bom" existia no BES (inclui o BESI).
    Daí, também, ter sido afirmado que os clientes, fossem particulares ou empresas, só iriam notar diferença quando vissem a mudança do nome e do logotipo.
    Sabemos que a ligação do Sporting com o BES era o BESI e sabemos, também, o que ontem (em Alexandria, creio) disse BdC:"Temos uma reestruturação assinada, estamos a cumprir, a situação não nos afecta. Para que a reestruturação fique concluída, falta o parecer das Finanças sobre o IMI" -creio que foi isto, em suma, que foi publicado dos diários.
    Quer-me parecer, também, que no acordo com o sindicato BES/BCP-Millenium ficaram definidos todos os passos económico-financeiros a seguir, pelo que é de supor, repito, é de supor e apenas isso, que empréstimo obrigacionista, VMOCs, financiamentos, recomposição do Capital Social, estejam totalmente abrangidos pelo acordo assinado.
    A ser tudo conforme digo, percebe-se facilmente o incómodo e indignação dos lã-piursos.
    Lembram-se, no final da última época, que se dizia que eles teriam que vender vários jogadores para fazer face a compromissos financeiros importantes que se avizinhavam? E que foi o Luigi dos pneus, apoiado pelo joy dos quadros, que conseguiu que a banca "aguentasse", com garantias de que?
    Pois. só que o graveto não esticou, não chegou para tanto buraco e a situação agravou-se -daí que estejamos a ver os sucessivos leilões de anéis e dedos...
    Olha só este último, o do Cardozo: o ano passado, Luigi dos pneus dixit, recusaram uma oferta de 12 M porque ou eram 15, ou nada. Pois terão sido 20% de 5,6 M pois, ao que li por aí, 80 % do passe já morava noutras paragens. E também se diz que os argentinos têm que saír, um só não chega. (Resta-lhes a "táctica" do focuporto: empréstimos e deter apenas pequenas percentagens de passes, acrescendo gordos prémios de assinatura, salários elevados e valentes prémios por objectivos. Daqui por um ano, saberemos as consequências)

    Se há um ano atrás o Sporting avançou por sorte ou por mérito, cada um que faça o seu juízo.
    O que é certo é que, apesar das muitas dúvidas (legítimas) que há e que ainda demorarão o seu tempo até serem completa e corretamente esclarecidas, o Sporting parece ter-se livrado de "boa"
    Para quem foi capaz de ouvir, 5 minutos, um tal Guerra no "Mercado" da CMTv, o espetáculo que ele ontem deu é esclarecedor: havia galinhas que já traziam a cabeça "ao dependuro" mas, como ali se viu, algumas já caíram totalmente e o Guerra já é galinha sem cabeça.
    E duvido que alguma vez a volte a encontrar...

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  9. O Liondamaia faz o mesmo que os lampiões: procura desviar as atenções com os problemas do vizinho. Conversa para boi dormir. Falta o parecer das Finanças sobre o IMI? O IMI?? LOL Esse já não sabe o que diz.

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  10. Não há IMI nenhum , estão a falar do IMT.

    O Sporting precisa de um deferimento de isenção de impostos , sobre a transmissão de imobiliário , isto é o IMT no valor de 6 milhões de euros , e o tal imposto de selo que refere o LdA no valor de 500 mil euros.

    Os 68M não são para reequilíbrio nenhum mas sim para o clube liquidar as dividas a SAD.

    Nós vamos simplesmente , dar uma cara nova a SAD com as VMOCs no valor de 80M + 18M(investidor) + 8M ( que eu não me lembro de onde vem), mas endividar o clube , a reestruturação financeira é suportamos o peso da SAD do Sporting , para assim podermos ter credibilidade para garantir financiamento. Já para não dizer que o truque financeiro é que vamos meter o estádio e multi-desportivo na SAD , resumindo os sócios do Sporting foram totalmente delapidados , por muitos nomes que queiram dar , fusão por incorporação ou seja lá o que for.

    O capital da SAD do Sporting vai aumentar 106M e teremos capitais próprios positivos, à custa do que escrevi atrás, porque nada neste mundo é dado , e assim como quem não quer a coisa a Holdimo ficou com 1/4 da SAD do Sporting, pois era credor da era Godinho Lopes.

    Reparem que vamos perdendo a SAD , mas somos nós que a sustentamos e damos garantias com o nosso património , esta reestruturação financeira garantiu simplesmente que ficássemos sem nada em favor da SAD do SCP.

    O único negócio do clube agora são as modalidades , para o qual segundo a entrevista do BdC falta os Sportinguistas completarem a missão pavilhão , quando no inicio disse que era "uma ajuda" , mas na sua entrevista à Sporting TV , disse "é fácil ver quanto falta para o pavilhão ser construído, mas somos 3M e certamente chegaremos lá" , quando prometeu que até ao final do seu mandato o pavilhão estaria concluído , resumindo se o dinheiro não chegar talvez sejam os 3M responsáveis pela não construção do único motor financeiro que sobrou ao clube, as modalidades , para as quais agora pelo menos desviam 100% das quotas.

    Na minha opinião , o nome de pavilhão João Rocha tem de voltar para trás , em troca de naming ... que pague um empréstimo que o clube deveria fazer no valor de 15M para fazer o pavilhão.

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