sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Agora é sobretudo com Marco Silva e com os jogadores

Não faltaram diagnósticos, soluções, ajustes de contas e pedidos de responsabilização após o "ice bucket challenge" de Maribor. Quer uns quer outros quase sempre exercidos sob o efeito da emoção e choque sofrido pelos adeptos. O máximo que se consegue é ruído porque o essencial da resposta que é preciso ser dada está na cabeça de Marco Silva e nos pés e cabeças dos jogadores. Mesmo a direcção pouco mais poderá fazer do que proteger o grupo de trabalho, criando condições para a pressão e esse mesmo ruído exteriores não se tornem insuportáveis.

O pior que pode acontecer é que Marco Silva faça a indispensável interpretação do sucedido na Eslovénia debaixo do mesmo estado de espírito. Como se diz na gíria do jogo, os dados estão lançados, não haverá cartas novas no baralho, o mais que Marco Silva poderá fazer é baralhar e dar (oportunidades) a uns e negar a outros. 

Não é preciso conhecer Marco Silva pessoalmente para saber que está pressionado, uma vez que qualquer um no seu lugar o está, muito mais neste momento, por força dos resultados. Mas saber o quão permeável é à pressão já seria. No seu lugar, e se precisasse de conselhos, o que não me parece, recomendava-lhe o que costumo fazer nestes casos: ouvir as pessoas do seu circulo restrito de confiança, mas decidir dentro do que são as suas ideias e convicções. O pior que lhe poderia suceder era ganhar ou perder por causa de ideias alheias.

Dificuldades acrescidas para Barcelos
No plano psicológico o momento não é o melhor, por força da sequência de resultados. Não existe margem para errar e isso estará, inevitavelmente, na cabeça dos jogadores. Uns reagem bem a essa condicionante, outros tolhem-se e não conseguem expressar as suas melhores qualidades.

Não terá sido por acaso que Marco Silva marcou um treino para ontem à tarde. Se não o tivesse feito, haveria apenas o dia de hoje para preparar o jogo, o que é manifestamente pouco. Jogar com o Maribor não é a mesma coisa que jogar com o Gil Vicente e os problemas para a preparação especifica deste jogo são agora maiores do que eram há 2 semanas e antes do lance ridículo que mandou 500 mil euros à vida, dois pontos e até horas de sono à vida. Isto porque o treinador que iniciou a época deu lugar ao nosso velho conhecido Mota, cujas equipas adversárias são vistas com canelas até ao último cabelo.

Mudar ou não mudar
Quando se fala em mudar alguma coisa na equipa do Sporting aponta-se imediatamente para o centro da defesa. Ignora-se contudo que pelo menos uma alteração terá obrigatoriamente que ocorrer, atendendo ao impedimento de Jefferson. Dificilmente Marco Silva mudará mais, até porque já fez regressar em Maribor Cédric, quanto a mim de forma injusta para com Esgaio, que estava a cumprir até acima das expectativas gerais e das minhas em particular. Mudar os dois centrais está fora de questão, ainda faria menos sentido por, de repente, uma defesa nova, com jogadores que quase nunca jogaram. 

Depois há outros planos que convém avaliar: o(s) jogadore(s) que saíssem ficariam num plano fragilidade pouco recomendável, e ninguém garante - estamos a falar de futebol, não de matemática - que os escolhidos não pudessem falhar também. De uma assentada ficariam comprometidos quase todos os elementos do sector. 

Parece-me que Marco Silva fez uma má aposta nos centrais que escolheu para fazer dupla, já aqui o disse vezes sem conta. Também me parece ter sido vitima de uma má avaliação feita ao seu desempenho, mais centrado no resultado do derby, do que propriamente na qualidade da performance. Acontece que agora as circunstâncias empurram-no para um beco e ainda por cima muito estreito. Daí que, face à conjuntura, compreenderei que não produza grandes alterações, para lá da óbvia entrada de Jonatham. 

Não tenho dúvidas que será muito por ali - pelo lado de Jonathan e Sarr, os elos fracos, por razões diferentes - que Mota forçará a entrada no nosso reduto defensivo, juntamente com a exploração do futebol directo para as costas de William, aproveitando o seu fraco poder de reacção e sofrimento.

André Martins é outro dos que está na linha de fogo. Não tem sido feliz, é certo, mas é apenas um entre vários. Adrien não tem estado melhor, o colega de sector serve agora de alvo, situação que Adrien tão bem conhece. Curiosamente é João Mário que agora é visto como salvador ou pelo menos como "game changer" o que manifestamente me parece ser pedir acima das suas características e possibilidades. Para um jogo mais fisico como o esperado numa equipa de Mota Martins oferece mais capacidade de organização, João Mário de organização, isto se tiver o espaço e o tempo para pensar, como o seu futebol exige. Mané nunca entraria nesta equação, o meio-campo vai ter que ter uma componente de luta, imposta pelo adversário e Mané não é bem para isso que está talhado.

Na frente não creio que Marco Silva vá fazer grandes alterações. Quando encostou Montero e quando decide pô-lo nos momentos finais dos jogos não lhe está a reforçar os níveis de confiança que precisa para voltar a ser tão importante como já foi. Assim é pouco crível ver Montero regressar à titularidade ao campo onde, para o campeonato, foi feliz pela última vez.

9 comentários:

  1. Para o jogo, o técnico gilista não vai poder contar com a dupla de centrais Yamissi e Peck's, por cumprirem castigo após terem sido expulsos na última ronda.

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  2. Eu sou da opiniao que se nao esta bom deve dar-se chance a outros e nada de que podem ficar desanimados. A dupla nao esta boa? Poe-se outra por é hora de mudanças e como depois vem o classico é agora que deve-se mudar. Imagina que a equipa entre igual e a dupla faz a mesma coisa? Vao trocar no classico? Agora uns vao perguntar e se tricarmos e os outros fizerem igual? Eu respondo pelo menos no jogo com o porto ja saberemos com quem contar ou volta-se ao mauricio e sarr ou deixa-se a nova dupla. Quanto ao meio campo jogaria com um duplo-pivot.
    Meu onze seria o seguinte.
    Rui
    Esgaio, Oliveira, Tobias, Jonathan
    William, Rossel
    Carrilo, Mane, Nani
    Tanaka.

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  3. Boas,

    " quanto a mim de forma injusta para com Esgaio, que estava a cumprir até acima das expectativas gerais e das minhas em particular."

    não acreditavas "tanto" no Esgaio pq?

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  4. LdA

    Felizmente as suas previsões não se concretizaram.
    A equipa reagiu muito bem.
    Marco Silva não mudou o eixo da defesa e bem (concordo consigo quando diz que isso iria fragilizar os jogadores).
    Sarr e Jonathan não foram o elo mais fraco que Mota explorou. (Em todo o jogo o Gil teve uma oportunidade de golo).
    João Mário jogou e jogou muito (não me surpreende, porque sempre acreditei nas sias capacidades) e foi de facto, aquilo que André Martins não consegue ser: um "game changer". Maior poder de decisão, deu-se ao jogo, apareceu diversas vezes na área gilista e fez duas assistências para golo.
    Em suma, uma boa exibição, uma goleada e um futebol agradável, como o Sporting já tinha apresentado noutros jogos. A grande diferença? É que em Barcelos a bola entrou!

    SL
    Emanuel Silveira

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  5. O comentário ao jogo está a demorar...

    Z

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  6. Roberto Baggio,

    provavelmente por ignorância minha, vi poucas vezes o Esgaio e provavelmente em jogos que não lhe correram de feição. Contudo o jogo com o SLB foi bom para mostrar do que é capaz.


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  7. Sim. entendo isso :)

    De qualquer forma, na minha opinião, Esgaio é um bom suplente (para rodar). Seja para Lateral direito, Interior, ou Extremo. O Sporting tem de conseguir melhor. Mas é só uma opinião. Não é que ele não tenha qualidade (que tem e muita), mas acho que para o nível a que o SCP se propõe é curto. É sem dúvida jogadore de Plantel, mas já o é desde o ano passado. Só opinião.

    abraço

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  8. Tal como na época passada os mais apressadinhos voltam a não ver boi da bola. Desta vez não foi só por marcar cedo que foi diferente. Nenhum clube pequeno tem 4 centrais à disposição e o Gil tinha os 2 castigados. Sorte do caraças o Adrien ainda tirou a opção 4 de campo, o Mota recuou o trinco e ficou sem meio-campo. Comeram dois e nunca mais se levantaram. Qual é a probabilidade de voltar a acontecer?

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  9. E também concordo que com o João Mário é outro meio-campo, resta saber porque é que não era titular se até o treinador já sabia. Um mistério.

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