terça-feira, 28 de abril de 2015

Moreirense-Sporting: o regresso do Cónego Montero e do Abade Martins

Só o facto de não haver perigo de danos na classificação impediu que assistisse ao jogo de ontem com alguma apreensão. O Moreirense é uma equipa bem orientada, uma das que, do seu campeonato, deixou melhor impressão este ano em Alvalade.

Foi um jogo bom para recentrar  as conversas sobre a equipa e o trabalho do treinador, isto depois de, após o jogo cinzento com o Boavista se terem registado criticas catastrofistas sobre uma e outro. Tal como então afirmei, creio que se extrapolou em demasia, ao não se ter em conta a especificidade de algumas circunstâncias que ocorreram durante o referido jogo.

Curiosamente o jogo em Moreira de Cónegos haveria de começar também com um golo cedo, isto sem que antes não tivéssemos sido sujeitos a um enorme susto, que, a ter acontecido o pior, teria com certeza resultado numa crónica bem diferente.

Do lado das notas coincidentes, saliente-se a ocorrência, pela enésima vez este ano, de mais um golo patético, desta feita ao nível dos distritais. Uma equipa que sofre golos "do nada" é uma equipa condenada a jogar sempre sobre brasas, ou pelo menos inquieta. A excessiva rotação dos centrais pode ajudar a explicar alguns deles, mas está longe de explicar tudo. Um sério problema para uma equipa com as nossas ambições.

Para terminar as notas coincidentes fica a dificuldade revelada pelo Sporting em controlar o jogo, apesar da marcha favorável do marcador não por em causa o resultado. Este facto tanto se deveu a mérito do adversário, como em grande medida em demérito nosso em controlar as movimentações, especialmente de João Pedro.

Outra nota importante importante resultante deste jogo foi o ingresso de quase meia-equipa, apenas um (Tobias) resultante de impedimento, sendo por isso quatro de opção do treinador. Carrilo ficou fora certamente para descansar, atendendo às dificuldades reveladas no final do jogo anterior. O mesmo se aplicará por certo a Adrien. João Mário andava mesmo a pedir banco, uma vez que há vários jogos anda muito distante do que sabemos que pode fazer. Montero foi opção de Marco Silva, e em boa hora o fez.

A inclusão do colombiano acabou por me deixar ultrapassado pelos acontecimentos, uma vez que, se o tempo me tivesse permitido, era minha intenção ter escrito um post sobre o que me parece ser a incompatibilidade de Slimani com os restantes avançados, Montero e Tanaka. Sem querer ser injusto com o argelino, não me restam dúvidas que as suas características e limitações parecem recomendar o seu uso em modo "single" e que as caracteristicas dos outros dois tendem a complementar-se melhor, concorrendo para um melhor entendimento entre eles e, com isso, com melhor aproveitamento.

O caso do Montero já havia aqui inclusive merecido análise do Cantinho, na crónica do jogo com o Boavista. O regresso de Montero aos jogos e aos golos parece-me muito natural, atendendo à qualidade do seu jogo e o que pode oferecer à equipa. E se o seu companheiro tivesse mais um bocadinho que "apenas um bom pé esquerdo", ou seja, se o seu entendimento do jogo se aproximasse mais do registo do colombiano, este poderia revelar-se tão importante como parece poder ser. Isto é, importante sem tantas e tão demoradas intermitências. Um bocadinho mais de agressividade sobre os lances e menos "diletantismo" também lhe fariam muito bem. 

Uma palavra final para André Martins. Está sem ritmo, consequência de demoradas passagens pelo banco e até pela bancada. Ainda assim o que jogou é o suficiente para questionar se o ostracismo a que foi sujeito além de o prejudicar a ele, não encurtou desnecessariamente as soluções disponíveis para a equipa, especialmente nos momentos de maior cansaço, em que uma maior rotação parecia ser necessária.

8 comentários:

  1. O Sporting marca o terceiro golo no minuto 35.
    Até ao intervalo em 10 minutos de jogo, sofre 2 golos (1 mal anulado) e leva com 2 amarelos (P.Oliveira e W.Carvalho) que até podiam ter tido outras consequências.
    Não se admite a uma equipa que quer competir ao mais alto nivel.

    De referir que com o reaparecimento de André Martins e com a cada vez mais evidente falta de capacidade de J.Mário de jogar a 10, não ficamos então com uma inflação de jogadores que podem jogar a "8": Adrien, A.Martins, quiças J.Mário e na equipa B temos ainda Gauld e Wallyson.
    Interessante...

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  2. A colecção de golos patéticos esta época é verdadeiramente fantástica e se juntar os auto-golos igualmente patéticos fica uma colecção de raríssima ocorrência com evidentes consequências na classificação.

    E o J. também está cheio de razão.

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  3. Jogo típico entre equipas que já esgotaram todos os objectivos no campeonato.

    Digam o que disserem, é muito difícil pedir a 11 jogadores que sabem que vão jogar para aquecer que dêm o litro durante 90 minutos e não tenham medo de meter o pé.

    O que se viu foi um Sporting totalmente desligado do campeonato, com períodos de desconcontração evidentes.

    Foi um Sporting de serviços mínimos.

    Percebe-se que Marco Silva aproveite estes jogos para dar minutos a alguns jogadores do plantel principal que não têm sido aposta (como é o caso de André Martins, Cedric ou Montero) uma vez que os seus índices motivacionais serão maiores.

    Só tenho pena que Marco Silva não estenda isso a alguns jogadores da equipa B.



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  4. Montero reapareceu na ribalta por bons motivos. Ainda há uma semana lia-se nos jornais que estava de saída, que se tinha esgotado o seu tempo no Sporting. Agora, parece, de novo, que é indispensável.

    Penso que Montero é um jogador indispensável. É especial como quase todos, cada jogador é um mundo, mas ele tem qualidades invulgares: possui visão de jogo, revela maturidade táctica, tem qualidade de passe e marca golos com regularidade.

    Não será um 9, nem tão pouco um 10. Costuma-se dizer de alguns do seu quilate que serão assim como que um 9,5. Será isso, então, mas um 9,5 precisa de um sistema de jogo que o integre. Se não for assim, será ele querer ir-se embora!

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  5. Leão, bom post

    Destaque:

    "Foi um jogo bom para recentrar as conversas sobre a equipa e o trabalho do treinador, isto depois de, após o jogo cinzento com o Boavista se terem registado criticas catastrofistas sobre uma e outro. Tal como então afirmei, creio que se extrapolou em demasia, ao não se ter em conta a especificidade de algumas circunstâncias que ocorreram durante o referido jogo."

    Nem mais. Precisamos de tentar analisar com o mínimo de objetividade o que foi o trabalho de Marco Silva. Fazendo um balanço minimamente justo. Se vamos pegar apenas no que correu menos bem, não há treinador que sirva para o Sporting.

    Quando leio certas coisas, fico com a ideia de que Guardiola estaria despedido após perder 3-1 no Dragão, já não lhe daríamos oportunidade de fazer história uma semana depois...

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  6. Ninguém mais do que o Sporting devia saber que não há Glória sem antes aplicar o Esforço, a Dedicação e a Devoção. Esta "coisa" de já não termos nada a ganhar é algo que me incomoda profundamente, ver um grupo profissional demonstrar em campo isso mesmo é como quem me mata.

    Se o Sporting ambiciona vôos mais altos, campeonatos, glória, é nestes momentos que tem de o demonstrar, quando tudo parece perdido tem de dar o máximo e continuar a conquistar o terreno perdido. É chato treinar e jogar sabendo que não se vai ser campeão? É, muito, mas é nesse tempo que se forjam os campeões, os que nunca desistem, seja durante 90 min, seja em 34 jornadas.

    Os displicentes, os que voltaram a ficar em terceiro no ano seguinte, aproveitam para empatar em casa contra o Nacional, encolher os ombros e "levantar a cabeça".

    Depois não fiquem espantados se uma equipa de emprestados que perdeu tudo numa semana for perder a Setúbal e nós não aproveitarmos para meter pressão...

    Se esta minha profecia não se concretizar, não há problema nenhum, os que forem competitivos até ao fim, mesmo sabendo que correm contra as probabilidades estarão sempre mais próximo de vencer no futuro do que aqueles que desistem antes do final.

    Nestas ultimas 4 jornadas, vai desenhar-se muito daquilo que vai ser a próxima época, tem o Porto capacidade para manter a pressão até ao fim ou aceita que perdeu no fim de semana passado? O Sporting, desiste de vez, ou faz das fraquezas forças? O Benfica deslumbra-se consigo próprio ou mantém a concentração competitiva?

    O escalonamento dos favoritos de 2015/2016 está nestas respostas e eu não vejo maneira de nós deixarmos de ser o underdog de qualidade mas com uma irregularidade que nos afasta, sucessivamente, da Glória.

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  7. Grande título.

    Sem muito a acrescentar, apenas dizer que partilho as ideias do post, bem como a temática que o Koba quer introduzir, na leitura que se deve ter do rendimento do Marco Silva nesta época.
    Muito bem o alerta e a cultura de exigência que o LMGM faz. É agora que se fazem os futuros campeões.
    Quem não se lembra do discurso de Mourinho, em 2002, nas Antas? Não começou ali todo o sucesso?

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