segunda-feira, 13 de abril de 2015

O jogo em Setúbal foi um aviso premonitório ou mero acidente de percurso?

Como dizia ontem, o jogo de Setúbal foi tudo menos brilhante. Este veio-se juntar a outros jogos menos conseguidos. Inevitavelmente o foco das atenções volta-se novamente para Marco Silva, o responsável técnico da equipa. Há quem peça a cabeça do treinador por razões meramente politicas - o que deixou de ser novidade em determinados sectores desde Dezembro - ou porque acham que o seu papel esgotou no que ao crescimento da equipa diz respeito.

A questão é importante, sendo claro, neste momento, que a equipa se afastou do melhor futebol que já praticou na época que ainda decorre. Da análise das causas desse afastamento, especialmente da que for feita por quem tem a capacidade de decidir, será definida a continuidade ou extinção da ligação do treinador ao clube. Atendendo à importância do cargo será uma das decisões sobre as quais se construirá grande parte da sorte da próxima época.

A primeira pergunta que me parece importante colocar é que importância atribuir ao jogo de ontem em Setúbal, no contexto da época e no que foram jogos com equipas de valor e registo futebolístico semelhante. Se atendermos às melhores exibições da época, pode-se dizer já que há uma matriz:

- quase todas se registaram com adversários de grande valor (Shalke, Wolfsburgo, FCP, SLB), registando-se maiores dificuldades em fazer valer uma hipotética superioridade com equipas mais pequenas, incluindo com o Maribor, na Liga dos Campeões. 

Daí que não me pareça ser precipitado concluir que o jogo com o Setúbal se veio juntar a tantos outros desta época, não havendo grande novidade por esse lado.

Onde estamos a falhar então?

- na escolha do adequado modelo de jogo para superar as dificuldades especificas que este tipo de adversários coloca?

- na incapacidade dos jogadores se auto-motivarem para estes jogos, especialmente agora que a equipa tem os horizontes praticamente limitados ao lugar onde se encontra?

Não tendo uma capacidades adivinhatórias, prefiro esperar mais algum tempo para emitir uma opinião sustentada sobre o trabalho de Marco Silva. Neste momento é óbvio que existe uma pressão mediática sobre o seu trabalho, cujas razões são diversas e conhecidas de todos. Dai que prefiro  aduzir a esta discussão aquilo que me parecem ser questões muito especificas do jogo em Setúbal e que me parecem estar a ser negligenciadas na respectiva apreciação:

- A habitual dificuldade em jogar com equipas muito reactivas e pressionantes sobre a construção do nosso jogo, especialmente quando a bola saia do central para o lateral, para o qual não me parece haver ainda uma solução alternativa válida. Essa alternativa é perfeitamente possível de ser trabalhada e construída, mas obrigará certamente a pensar se ela é possível com jogadores muito macios ao contacto e pouco talhados para sofrer à procura da bola como alguns que ontem jogaram (Rosel, João Mário, Tanaka, Carrilo e Mané) em simultâneo.

- Num plantel como o nosso não é exactamente a mesma coisa jogar com William, Nani e Slimani e substitui-los de uma assentada por Rosel, Mané e Tanaka e esperar que os respectivos efeitos não se façam sentir no jogo. As comparações são inúteis, tão notórias são as diferenças. Porém a ausência do ponta-de-lança argelino, num jogo formatado para a sua presença, foi gritante. Na brincadeira dizia eu quando o Jefferson mandou "um centro para o quintal": "olha ele está à procura do Slimani". Não é muito fácil "mudar o chip" colectivo para necessidades tão diversas como meter a bola na cabeça do Slimani ou fazê-la chegar pelo chão a Tanaka, por exemplo.

- O jogo de Setúbal não deixa porém de constituir alguns aviso que seguramente são desnecessários, tamanha é a evidência e que voltamos a repisar:

- A ausência de Nani  vai ser notada, especialmente a do melhor Nani do inicio de época, que ainda não voltamos a ver de forma consistente. A sua substituição tem tudo para ser dolorosa. Poderá ser um pouco como termos que nos habituar a andar no carro do costume depois o tio rico nos ter emprestado o Aston Martin durante um ano. Contudo fica um caminho aberto para a esperança que a solução passe por um colectivo melhor articulado e consistente e menos dependente de soluções individuais milagrosas.

- Será muito difícil manter o nível se, à saída de Nani, corresponderem também a saída de Carrillo e William.

Ainda sem conclusões definitivas, é minha convicção que esta equipa, na sua configuração actual - plantel e treinador - tem ainda por onde crescer. Esse crescimento passa em muito pelo amadurecimento que resulta da acumulação da experiência e da estabilidade. A falta traquejo nos momentos decisivos foi notória por exemplo, na tremideira da recente segunda-mão da meia final da Taça de Portugal.

4 comentários:

  1. Não tem qualquer noção o post, ao fim de muitos mais jogos que nos anos anteriores, a equipa está dentro do possível, bem.

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  2. Terceiro lugar e Taça. Menos que isso, despedimento.

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  3. Foi assim tao mau o jogo do Sporting em Setubal?Sinceramente nao consigo perceber a logica deste post.No meu entender o Sporting ate jogou muito bem uma vez que teve que jogar contra o Vitoria e contra um Galinacio que se diz Arbitro de futebol,que tudo fez para que o Sporting perdesse este jogo,mas para alguns sportinguistas nos ultimos tempos em vez de atacarem os inimigos do Sporting parece dar mais jeito atacar quem tenta servir este clube com dignidade,competencia ,dedicacao e Amor.Quanto a saida de Nani,e certo que um jogador da sua classe faz falta a qualquer equipa do mundo,mas o Sporting e grande de mais para depender de uma so Pessoa seja ele Jogador,Treinador ou Presidente.Entendido?Sporting ate morrer a ganhar e a perder

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  4. O jogo de ontem foi muito premonitório, sim, do que nos farão sempre que estivermos a incomodar. O Olarápio fez questão de recordar-nos a amizade que a mafiagem tem por nós...

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