sexta-feira, 3 de julho de 2015

Com quem contará Jesus?



O Sporting foi o principal fornecedor da selecção sub-21 que acabou de se sagrar vice-campeã europeia em Praga. Honrando assim uma já longa tradição de um dos principais fornecedor de jogadores para todos os escalões etários das diversas equipas das quinas, o Sporting tem novamente à disposição uma geração com valor suficiente para continuar a manter esse estatuto na principal selecção, mesmo que, alguns deles, possam já não vestir de verde e branco quando tal suceder.
Tendo o torneio terminado sem o tão almejado título principal a selecção regressou a casa com o sabor amargo de praticamente só não ter liderado a classificação final, uma vez que, quer nos destaques individuais quer nas estatísticas que documentam os comportamentos coletivos, o primeiro lugar foi quase sempre seu. O facto de todos os jogadores do Sporting terem acumulado minutos de jogo no torneio diz bem que a sua relevância não se ficou apenas pela soma aritmética mas também pelo que a sua qualidade individual ofereceu à equipa.
De uma forma sucinta analisarei de seguida a participação de cada um, procurando também perspectivar que tipo de contributo poderão dar no futuro ao clube.
Ricardo Esgaio
Confesso com pena que a sua participação me desiludiu. Esgaio não esteve mal a defender mas foi muitas vezes inconsequente a atacar, definindo quase sempre mal e sem convicção. Pareceu quase sempre pouco à vontade e retraído. É claramente um jogador prejudicado pela falta de desafios mais exigentes que marcaram os últimos anos da sua carreira. Não me parece à altura, neste momento, de uma equipa que tem que lutar pelo titulo de campeão, parecendo-me que melhor seria sair para continuar a jogar.
Paulo Oliveira
Um dos melhores jogadores da selecção. Excelente leitura de jogo, o que lhe conferiu um poder de antecipar as jogadas, estando sempre ou quase sempre no sitio certo  antes dos adversários. Dessa forma contrariou a menor velocidade que, associada às dificuldades em sair a jogar, são óbice a ser considerado um indiscutível. Mas é um nome a contar, não surpreendendo de todo que possa manter o estatuto de titular entretanto conquistado.
Tobias Figueiredo
Foi chamado de emergência, por lesão de Ilori e quer no que restou desse jogo quer do que realizou na totalidade cumpriu com distinção. Não parece que venha a ser a primeira escolha de JJ , precisa de continuar a jogar no próximo ano porque ainda denota alguma precipitação, talvez por imaturidade. Se ela é natural na idade, parece também ser-lhe intrínseca. Tem no entanto condições físicas para ser um grande central sendo determinante o que lhe vai ser proporcionado nos anos imediatos.
João Mário 
Um jogador com um enorme potencial mas que, por vezes, parece ficar aquém, muito aquém, do que esse potencial deixa advinhar. Fez no entanto um bom campeonato, foi dos melhores, mas alternou bons momentos com outros de largo eclipse, sendo o jogo de ontem um dos melhores exemplos, agravado pelo cansaço que se foi instalando. Muito dotado tecnicamente, o que lhe confere grande qualidade na recepção e no passe, precisa de aumentar quer a agressividade nas tarefas defensivas quer o grau de frieza no momento de finalizar. Quando, e se, o conseguir, será um jogador notável. É dos que auguro poder vir a crescer mais sob a batuta de JJ.
William Carvalho
Não foi por acaso que foi considerado o melhor jogador do torneio pela UEFA. A diferença para a generalidade dos demais foi muitos vezes abissal, sobretudo ao nível da segurança de execução, compreensão do jogo, qualidade técnica e visão. Mas, apesar de todos os elogios, inteiramente merecidos, não é ainda um jogador “fechado”. Sobretudo quando a equipa entra em transição defensiva William revela ora pouca agressividade, ora pouco acerto na ocupação dos espaços ou na contenção. Isso ontem foi ainda mais evidente após a intrigante decisão de Rui Jorge de Sérgio Oliveira, com quem articulou muito bem. Dificilmente JJ não o transformará no “monstro” que já deixa adivinhar.
Carlos Mané
Jogou pouco, o que se compreende pelas muitas opções que Rui Jorge tinha à disposição. Neste momento não é melhor que Cavaleiro em termos globais, mas tem tudo para o suplantar a breve trecho. Podia ter sido uma alternativa válida na final, atendendo ao fraco acerto daquele. É daqueles jogadores que parece estar no meio da ponte, onde de um lado está a banalidade e do outro um futuro promissor. Muita da sua sorte de decidirá nos passos que dará a breve trecho, compreendendo que o dinheiro e o chamamento do padrinho de baptismo (Leonardo Jardim) tenham um peso elevado na decisão que tomar.
Iuri Medeiros
Entrou sempre bem, sendo capaz de agitar o jogo, ficando por isso a dúvida se não poderia ter merecido a titularidade. Tenho que confessar a minha falta de isenção na apreciação deste miúdo talentoso. É por isso, por lhe reconhecer grande talento, que o imagino a poder ser titular ou participar com assiduidade na equipa principal. Talvez seja um exagero. Mas jogadores com a sua qualidade técnica e rapidez de execução não há muitos, sendo contudo notório que precisa ainda de crescer e para isso tem de enfrentar mais dificuldades e exigências que não encontra nem numa equipa B, nem mesmo num clube com as especificidades como as que encontrou em Arouca.  A ser dispensado, que seja escolhido um clube de forma criteriosa, sendo contemplada a possibilidade de ser revista a situação em Dezembro.

1 comentário:

  1. Concordo em quase tudo.
    O Esgaio a Defesa Direito ou Lateral Direito é banal. Defende mais ou menos mas ofensivamente acrescenta muito pouco... Lembro-me de o ver nos B's a ser intenso, afoito e desequilibrador (marcou golos que se fartou, porque estava mais perto da baliza). Na seleção, talvez por ordem do Rui Jorge, muito agarrado a tarefas defensivas e raramente subiu acima do Ala...

    O Paulo Oliveira foi, quanto a mim, o melhor central do Torneio, mesmo entre os Portugueses.

    O Tobias necessita de jogar, de levar na cabeça e perceber que tomar a melhor opção nem sempre é sair com a bola jogável...

    O João Mário não rende a jogar naquela posição. Viu-se isso no Sporting e confirmou-se na selecção. Aliás se o Rui Jorge fosse espectador atento dos nossos jogos teria tido vários exemplos... Tem de jogar mais no meio, onde pressiona mais e está mais perto do último passe e do golo. Compreende-se que teria de jogar ali, mas é dificil crucificar o jogador.

    William. Falar do William é dificil. Não me parece que tenha feito um grande jogo contra a suécia, em virtude do que foi jogo e principalmente da falta de apoio assim que saiu o Sérgio Oliveira. Ainda para mais com a entrada do Tozé o João Mário não derivou para o meio, o que transformou o jogo para mais dificil de controlar.

    Mané. Não percebi a pouca utilização em função do fraco rendimento do Cavaleiro - farta-se de falhar, principalmente na decisão (já vimos isso na seleção A) e quando jogámos sem pontas de lança, quanto a mim fazia muito mais sentido meter o Mané que em situações perto da baliza, no um para um, ganha muitas vezes e finaliza bastante bem...

    Iuri. Espero que faça parte do plantel deste ano. Teve azar em jogar na posição do Bernardo. Acho que o Rui Jorge podia ter deslocado o Bernardo para o meio e meter o Iuri. Mas isto sou eu que queria que o Iuri jogasse mais.

    :)

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