quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Considerações breves sobre o relatório e contas 2014/15

O Sporting comunicou ontem os seus resultados à CMVM. Como o relatório faz questão de salientar, trata-se dos melhores resultados operacionais da história da sociedade, ao contabilizar-se um resultado liquido positivo (lucro) de 19.333 euros. Estes resultam sobretudo de:

- receitas resultantes de alienação de passes de jogadores (17.1 milhões)

- aumento significativo das receitas com bilhética, publicidade, patrocínios e direitos televisivos potenciados pela participação na Liga dos Campeões.

Merece também realce positivo a diminuição do passivo para 228.449 euros, embora com a ressalva . O mesmo para, depois de levadas a cabo várias medidas previstas na reestruturação financeira, a saída do vermelho dos capitais próprios, agora 7.043 milhões, quando o ano passado eram de -118.030 milhões. O facto de se tratar do segundo exercício positivo consecutivo, parece estarmos presente perante uma viragem de rumo. Embora continuemos a caminha sobre gelo muito fino, são indiscutivelmente boas noticias.

Gostaria de poder fazer uma análise mais aprofundada sobre este documento, uma vez que a sua importância assim o justifica. Sobretudo poder fazê-lo de forma comparativa para se perceber melhor o seu enquadramento, quer relativamente ao passado recente do clube, quer relativamente aos números dos nossos rivais. Mas, infelizmente, terei que me ficar por estas considerações superficiais e avulsas:

- Ao contrário do que possa ser entendido de forma primária, o aumento dos gastos não é uma má noticia em si. Era desejável que estes pudessem até ter aumentado ainda mais, o que significaria que o Sporting poderia aceder a melhores meios (jogadores, mas não só). Para tal precisaria obviamente de ter melhores receitas, para manter a solvabilidade da sociedade que gere o futebol. É meu entender que este é um ponto onde precisamos de nos aproximar dos nossos rivais.

- Parece-me ser de louvar o esforço efectuado na manutenção dos principais elementos do plantel. O que os relatórios e contas das SAD's de futebol demonstram de forma inequívoca é que o sucesso desportivo é imprescindível para os bons resultados operacionais e razão principal para o respectivo financiamento.

- Um dos valores determinantes para o resultado agora obtido foi a venda de Rojo ao Manchester United (20 milhões). A SAD preferiu não constituir uma provisão deste valor, tendo em conta a contingência de ter que devolver grande parte daquela verba à Doyen, ficando aquela verba como passivo contingente. Se tal me parece aceitável, já não me parece que se invoque um parecer de uma "entidade externa internacional" cujo nome não é revelado. Como bem sabemos, desde que paguemos o que nos é pedido, os pareceres deste tipo são de acordo com a vontade do cliente e o anonimato ajuda pouco à credibilidade.

- As receitas são seguramente o grande desafio que se coloca à SAD, mais ainda agora pelo facto de termos sido atirados borda fora da Liga dos Campeões. A atracção de publicidade, não apenas a das camisolas, a gestão corporate, o marketing continuam a precisar de ser trabalhadas de forma mais competente.

- Parece-me extemporâneo e ainda por cima que seja a própria SAD a pedir o aumento (duplicação?) da remuneração de três dos seus elementos, presidente incluído. Não discuto valores, discuto a oportunidade, tendo em conta a contingência das contas e o facto de o mandato dever ser avaliado na sua totalidade. Já não me repugnaria se SAD regulasse uma tabela de prémios indexada aos resultados económicos e desportivos que premiasse o mérito.

4 comentários:

  1. Um dos valores determinantes para o resultado agora obtido foi a venda de Rojo ao Manchester United (20 milhões). A SAD preferiu não constituir uma provisão deste valor"

    estas contas são auditadas ?
    se são e se os auditores não constituem nenhuma enfase a esta situação ....
    faz lembrar as auditorias da bdo quando o sócio principal era membro da direcção

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    1. Mas quais 20 ME ????
      Porra !!!!
      Eles detinham 75% do passe e nós 25%. Logo dos 20 ME da venda teríamos que lhes dar 15 ME mas como devolvemos os valor do seu investimento (3 ME), estaríamos em dívida, caso perdessemos o caso, de 12 ME !!!!

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  2. Preocupa-me a não constituição de provisão. Caso fosse realizada , a SAD não iria cumprir as regras de fair-play e atingir o valor de lucros exigido pela UEFA. No mínimo preocupante esta manipulação de contas...

    PM

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    1. Aqui há muitas subtilidades. Como escreve acima o Green Lion, a Doyen detinha 75% do passe. A venda foi por 20M, dos quais corresponderiam (caso nao se verifique a nulidade do contrato) 15M à Doyen. Nao esquecer que o Sporting já devolveu 3M ao fundo, portanto em caso de derrota na justica o montante a pagar nao deverá ser superior a 12M. 17M - 12M nao dá número negativo...
      E, sinceramente, nao sei se os argumentos do Sporting nao sao suficientemente fortes para levar a uma decisao histórica. Em qualquer dos casos, seja qual for a decisao vai haver recurso e isto ainda vai durar. E o departamento juridico do Sporting nao parece ser mau de todo: no mesmo R&C sao mencionados resultados de processos movidos contra o clube por 4 pessoas (Pedro Sousa, Irene Palma, Bojinov e Carlos Freitas) que já foram resolvidos, e com claro benefício para o clube exceptuando com Carlos Freitas. E mesmo esses estao quase todos em recurso...

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