terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Actualidade: Somos os melhores adeptos da Europa? Bruno César, um custo com muitos zeros

Somos os melhores adeptos da Europa?
Numa votação que decorreu no site do canal Eurosport os adeptos do Sporting foram eleitos os melhores adeptos europeus. Para que tal sucedesse foi certamente decisiva a intervenção directa de muitos adeptos, ultrapassando assim clubes que à partida, pelo número dos seus seguidores, nos poderiam superar com grande facilidade.

Tendo em conta que das votações se podem extrapolar resultados muito diversos do que é obtido no final, e atendendo ao conceito tão lato e subjectivo que ser "o melhor adepto" representa, não vou fazer qualquer análise ao produto final da iniciativa do Eurosport. 

Neste âmbito, parece-me ser obrigatório assinalar que tem sido notável a mobilização em torno da equipa de futebol, de forma a hoje ficarmos a saber que se estende já a diversos continentes a vontade de ver o Sporting campeão. Por cá, e ainda recentemente, vimos os adeptos a ocorrer ao aeroporto, para incentivarem os jogadores, num momento que todos percebemos que a vitória era o único resultado que nos interessava, como demonstração de poder por parte da equipa. 

Certamente que aqui e ali poderão ser encontrados exemplos de excessos de optimismo que a realidade não confirma ou até de alguma fanfaronice mais conhecida noutras paragens, mas creio que a raiz onde nasce toda a mobilização é precisamente está na paixão incomensurável e na vontade de ver o Sporting triunfar.

Esta paixão é permanente, mas que agora se agiganta, por se sentir o sonho a materializar-se em cada golo, em cada ponto suado e em cada jornada conquistado. Não sei se somos os melhores, mas a magnitude da  paixão que a generalidade dos adeptos dedica ao clube não tem receio de ser equiparada com a de nenhuma outra organização do género ou semelhante. 

Bruno César, um custo com muitos zeros
Na sequência da actualidade, tem-se falado muito hoje da gorda comissão paga ao agente que intermediou a contratação de Bruno César e que é o mesmo que já havia mediado a contratação de Jorge Jesus no verão. 

As comissões e as relações com os empresários têm estado sobre cerrado escrutínio no clube, por força das diversas declarações pública, tendo mesmo sido várias vezes anunciada como uma das mais notórias mudanças de actuação dos actuais corpos sociais face aos seus antecessores. Sempre me pareceu um assunto tratado de forma mais populista que racional e que, assim tratado, era até mais prejudicial ao clube que verdadeiramente proveitoso.

Em primeiro lugar parece-me que o Sporting não se pode - pelo menos não se deve - abstrair das condições gerais do mercado onde os clubes seus concorrentes (não apenas os nacionais, como os estrangeiros que negoceiam no mesmo estrato) negoceiam com os agentes, clubes e financiadores. Ser conhecido no mercado como um clube que não paga comissões ou que é "forreta" é colocar-se de forma voluntária numa espécie de exílio que em nada beneficia a sua posição negocial, bem antes pelo contrário.

Porém onde o populismo nesta matéria é mais notório é na forma como se tratam as comissões, como se se estivesse a falar de uma verba que circula por baixo da mesa. Ora verbas que constam do relatório e contas, como as pagas agora por Bruno César (1,3 milhões) constarão [e já constaram as relativas a Aquilani (1 milhão) ou Teo Gutierrez (340 mil+470 mil/época)] são completamente transparentes e são parcelas para serem incluídas no custo total de aquisição do jogador. 

Se um qualquer dirigente de um qualquer clube se quiser valer da sua posição para ganhar dinheiro com transferências, essas verbas não vão aparecer num relatório e contas como comissões, mas podem estar incluídas no preço pago ao agente, que posteriormente encontrará milhentas formas de as fazer chegar.  

Abaixo fica a noticia do Record sobre esta matéria na íntegra:

"O Sporting contratou Bruno César a custo zero, mas um custo zero relativo. Na verdade, a SAD leonina acordou pagar uma comissão de 1,3 milhões de euros ao intermediário Costa Aguiar por ter negociado a transferência "em condições extremamente vantajosas, nomeada mas não exclusivamente pela ausência de qualquer pagamento ao clube ao qual o atleta se encontra contratualmente ligado", o Estoril.
Segundo o "contrato de representação" disponibilizado pelo Football Leaks a Record, o Sporting decidiu valorizar o "contributo decisivo" de Costa Aguiar – o agente que tratou do negócio de Jesus com os leões – na contratação de Bruno César e recompensou-o com um valor pouco usual, a que acresceu o pagamento de mais 299 mil euros do IVA.
Este contrato foi assinado um dia depois (a 14 de novembro de 2015) do Sporting ter efetivado a contratação de Bruno César até junho de 2020. Pela época em curso, o ex-estorilista ficou de receber 400 mil euros brutos. Em 2016/17, os leões acordaram pagar 800 mil e 40 euros, divididos por doze meses (66.670 euros/mês). Nas três temporadas restantes, o rendimento bruto de Bruno César será de 900 mil euros/ano, ou seja, 75 mil euros mensais.
O Sporting estipulou ainda um conjunto de prémios que poderão valorizar mais o rendimento de Bruno César. Por cada série de 15 jogos, o jogador receberá mais 50 mil euros, desde que cumpra pelo menos 46 minutos – até agora fez seis partidas, mas só em quatro cumpriu o requisito. Para além deste valor, Bruno César está ainda habilitado a receber os prémios de jogo. Nesta negociação, o Sporting fez-se representar por Costa Aguiar e o jogador declarou não ter recorrido a qualquer agente.
Estoril sem indemnização?
Record teve igualmente acesso ao acordo de revogação do contrato entre Bruno César e o Estoril, que foi válido entre agosto e novembro de 2015. Nele se percebe que o jogador acordou não ter qualquer valor suplementar a receber do clube canarinho, que, curiosamente, ficou sem indemnização. Pelo menos, na revogação assinada no dia 13 de novembro não há menção disso, a não ser que uma eventual compensação tenha sido concedida por outra via.
Enquanto jogador dos canarinhos, Bruno César cobrava 10.267 euros ilíquidos por mês, 112.938 euros a cada onze meses.
Traffic na jogada
Bruno César é o jogador dos movimentos financeiros faraónicas, pode escrever-se. O Benfica transferiu-o para o Al-Ahli Jedah, a 21 de janeiro de 2013, por 5 milhões de euros líquidos, mais 150 mil euros para cobrir os mecanismos de solidariedade previstos pela FIFA, e menos de um mês depois (10/2/2013), conforme os documentos a que Record acedeu, o clube da Arábia Saudita fez uma transferência de 400 mil dólares (358 mil euros) em benefício da Traffic, a empresa brasileira que agencia jogadores e controla a maioria da capital da SAD do Estoril.
Cinco meses depois (31/7/2015), a Traffic recebeu mais 300 mil dólares (268 mil euros). Neste caso, está por apurar a que se devem exatamente estas transferências – comissões? Dois anos depois, César chegou ao Estoril e depois ao Sporting."

6 comentários:

  1. Eu sei que os miúdos pouco querem saber de “pormenores” querem é vídeos eloquentes do Sporting, boas selfies e que
    o seu presidente tenha um discurso arruaceiro, corrosivo e quanto mais mal educado for mais pontos somam, voltando ao inicio, ao miúdos.
    Mas também sei que quem por aqui anda com alguns anos disto, quem pauta a sua postura pelos princípios da educação, mas sobretudo relevando sempre que palavra dada devia ser palavra honrada (não me confundir com o Costa do PS), sabe, e começa a descobrir quem tem a frente do Sporting.
    Um pirómano, um mitómano, uma pessoa sem palavra que confunde a instituição Sporting com ele próprio. Um narcisista ditador que não suporta uma critica ou um reparo, uma pessoa desconfiada e insegura.
    Em anexo uma entrevista que data de Setembro de 2013, abaixo um link de uma noticia de 2013
    http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/2013_09_24_o_sporting_pagava_comissoes_de_tudo.html

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  2. Compreendo o que é dito no post e até concordo. Mas 1.3 milhões por um jogador que tinha o passe na mão é no minimo muito esquisito, para não dizer outra coisa.

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    1. Achar que o jogador tinha o passe na mão é que é esquisito, tendo em conta que o jogador tinha contrato com o Estoril (ou com a Traffic, sabe-se lá).

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    2. Mesmo que seja verdade que o jogador tinha o passe na mão (o que é mentira) o SCP gastou 1.3M para contratar B.César, é muito? Não me parece.

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  3. A questão principal não se resume ao facto de se pagar uma comissão astronómica a um jogador que podia vir mesmo de borla, isto é sem ter que pagar o passe mas estende-se a este facto muito importante:

    "Este contrato foi assinado um dia depois (a 14 de novembro de 2015) do Sporting ter efetivado a contratação de Bruno César até junho de 2020. "

    Então o Sporting vai contratar alguém para intermediar uma contratação no dia seguinte a ter assegurado o seu concurso??? Esta história está é muito mal contada. Muito mesmo!

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  4. Transparência é isto:

    "Entradas:

    Bruno César: Custo 0,00 € + 1.300.000,00 € de comissão

    E. Schelotto: Custo 0,00 € + 203.000 € de comissão

    Marvin Zeegalaar: Custo 300.000,00 € + 190.000 € de comissão

    Sebastian Coates: Custo 0,00 € + 75.000,00 € de comissão (opção de compra por 5.000.000,00 €)

    Hernan Barcos: Custo 0,00 € + 80.000,00 € de comissão

    Total: Custo 300.000,00 € + 1.848.000,00 € de comissão = 2.148.000,00 €


    Saídas:

    Definitivas

    Fredy Montero: Valor 5.000.000,00 € – 350.000,00 € de comissão

    Marcelo Boeck: Valor 0,00 €

    Valentin Viola: Valor 0,00 €

    Diogo Salomão: 0,00 €

    Empréstimos

    Jonathan Silva: Valor 100.000,00 €

    Tanaka: Valor 169.000,00 €

    Labyad: Valor 300.000,00 € – 50.000,00 € de comissão

    Sacko: Valor 0,00 €

    Rosell: Valor 0,00 €

    Cissé: Valor 0,00 €

    Luís Ribeiro: Valor 0,00 €

    Total: Valor 5.569.000 € – 400.000,00 € de comissão = 5.169.000,00 €

    Balanço (valor das vendas líquidas – valor das compras líquidas ) = 5.169.000,00 € – 2.148.000,00 € = 3.021.000,00 €"

    Sempre que o mercado fecha, o SCP vem de seguida transmitir os valores envolvidos nos diversos negócios.

    Quando se vai buscar jogadores a custo zero, ou prestes a terminar contrato, comissões são pagas, até para suavizar o valor do salário. O normal. Não se pode é pedir para não nos marginalizarmos e depois criticar o pagamento de comissões. Quanto à coerência, o Presidente nunca disse que não pagava comissões. Criticou foi o pagar comissões por tudo e por nada, a toda a gente. E por valores incompreensíveis. Os registos tão aí para quem os quiser ver, naquele link do jornal de negócios por exemplo. Ou então pesquisem no google, mas não vale links do correio da manhã, nem de antros de lampiões.

    1.3M é um valor normalíssimo, para não dizer baixo, para o B. César. Facilmente realizamos uma mais valia com ele, entretanto vamos retirando proveito desportivo.

    1.3M é o valor pago por um extremo titular do 1º classificado da nossa liga, cerca de 60k é o que ele aufere mensalmente, em termos brutos (cerca de 30k que ele leva para casa todos os meses).

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