sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A esperança que fica da Taça da Liga, o Relatório & Contas no que mais interessa, a querela com a RTP

Taça da Liga
Não foi um jogo particularmente agradável de se seguir e dificilmente poder-se-ia assistir a uma grande prestação colectiva, tendo em conta as alterações introduzidas por JJ. Tenho insistido aqui muito nisto:
- Jogadores que não jogam com assiduidade dificilmente se conseguem apresentar com ritmo e intensidade ao seu melhor nível, o que por vezes até distorce a noção do seu valor pelo que projectam;

- O facto de um elevado número de jogadores juntos na mesma equipa  pela primeira vez, ou tendo-o feito pouquíssimas vezes (a que se soma a tal falta de ritmo individual) é um factor determinante para a qualidade de resposta não poder ser igual.
A isto temos obviamente que juntar o facto de, por alguma razão, estarem a jogar aquilo que se convencionou chamar "segundas linhas". Mas era precisamente aqui que queria chegar pois, se o interesse do jogo propriamente dito se possa ter extinguido com a conquista dos três pontos e o derradeiro apito do árbitro, a avaliação do que estes jogadores ainda podem oferecer à equipa já não me parece. 

Acabamos de entrar num mês em que a sorte da equipa nas diversas competições será objecto de decisões, três delas de carácter eliminatório: Taça da Liga, Taça de Portugal, Liga dos Campeões. Até ao inicio de Janeiro (dia 3) temos ainda oito jogos para realizar, dois dos quais são para a Taça da Liga (Varzim, Setúbal) 1 para a Taça de Portugal (Setúbal) um para a Liga dos Campeões (Légia)  e os restantes para o campeonato (Setúbal (c) Benfica (f) Braga (c) Belenenses (f). 

Este excesso de agendamento abrirá certamente espaço para que jogadores com menos tempo e oportunidades se mostrem e alguns ganhem ritmo suficiente para se constituírem como opções para titulares. E há alguns, mesmo sem terem prestações relevantes, que deixaram indicações interessantes e que, com enquadramento a outro nível mais elevado, com os habituais titulares e nunca todos em simultâneo como agora, devem ser levados em linha de conta: Esgaio, Paulo Oliveira, Douglas, Petrovic, Elias, André e sobretudo Campbell. Na outra face da moeda a astenia de Markovic continua e mesmo Alan Ruiz, pese o golo, continua a desiludir.

Relatório & Contas do 1º trimestre
O Sporting apresentou o seu melhor relatório e contas de sempre e esta consideração é igualmente válida mesmo considerando que se trata de um relatório parcelar. Fossem sempre assim sempre os relatórios, mesmo que não fossem desta monta e a saúde financeira do clube seria outra.

É bom lembrar que apresentação deste relatório não foi imposta por nenhum preceito legal ou regulamentar, uma vez que a CMVM deixou de o exigir. Obviamente que, com estes resultados, e ainda por cima em véspera de ano eleitoral, seria um tontice desperdiçar este argumento poderoso. Mas a sua apresentação não passará de uma xico-espertice e um insulto à nossa inteligência se o mesmo não se verificar quando resultados menos favoráveis se venham a registar. De certa forma pode-se considerar que esta apresentação significa um compromisso para o futuro e se assim for não pode deixar de ser saudado.

Não farei aqui uma leitura fina aos resultados, mas não deixarei de proferir algumas considerações que interessarão mais à generalidade dos adeptos, de que faço parte, que não gostam de esmiuçar os números.
- Independentemente das necessidades que representam os compromissos a vencer no curto, médio e longo prazo, estes resultados apontam para uma gestão genericamente equilibrada. O crescimento dos custos tem sido acompanhado com o crescimento das receitas e ambos eram absolutamente essenciais para o acréscimo da nossa competitividade.

- Sem segredo para ninguém, este óptimo resultado é conseguido sobretudo "à custa" da  venda de Slimani e João Mário. A razão do inflacionamento do seu custo para os clubes compradores não reside apenas no seu valor como jogadores, mas assente numa prestação colectiva que em muitos jogos chegou a ser brilhante e que potenciou o valor de cada um deles. A fórmula é simples, a sua aplicação já não e no Sporting particularmente.
- Sintomaticamente, trata-se de dois jogadores com diferentes origens: João Mário da formação e Slimani do scouting. A prova que é possível e até desejável a convivência entre essas "politicas" e o nosso sucesso depende delas. 

- O relatório diz-nos também que, além da obtenção de mais-valias, por via da alienação de passes de jogadores, a presença na Liga dos Campeões é fundamental para suportar o também evidente disparar da actual estrutura de custos.  

- A questão primordial para a manutenção deste circulo virtuoso continua por isso a ser (outra vez!) a gestão desportiva. Quer ao nível da (1) composição do plantel (formação+scouting) quer ao (2) nível técnico, que é o rendimento que se adquire por via do treino. O recurso da gestão a engenharias financeiras e outros expedientes só acontecem quando a gestão desportiva está a falhar.

- Se o segundo se pode dizer aquirido, o primeiro este ano deixa dúvidas. Este ano foi particularmente notório que (a) o reforço do plantel foi tardio - facto já admitido por Jesus - (b) foi duvidoso no que diz respeito à oportunidade de muitas escolhas, (c) foi diminuto o recurso à formação  e (d) aparentemente excessivo no que diz respeito ao recrutamento externo, o que seguramente interferirá nos resultados globais, se rectificações não forem feitas. O rigor é sempre indispensável e os resultados são ainda melhores no futuro quando ele é aplicado em tempos de bonança.

- Há por isso duas questões que ficam no ar: a) quantos dos resultados desportivos a obter esta época não poderão ter ficado comprometidos logo à partida por via das decisões tomadas para a formação do plantel e, b) olhando para o actual plantel, é possível a manutenção deste modelo?
- Para assegurar um modelo diferente e quiçá mais equilibrado seria necessário fazer crescer outras fontes de receitas, de forma a que a necessidade de vender não fosse tão premente. Para os clubes portugueses esse é o ovo de colombo ainda por descobrir. Ainda assim há muito ainda por fazer e para melhorar e cuja 

A RTP e a promoção do Benfica
Fica apenas uma nota final de rodapé a recente querela com a RTP, por via de um spot promocional de um jogo do nosso rival. As questões de humor são sempre particularmente sensíveis, quantas vezes não assisti já a risos desbragados a acontecer em simultâneo com reações de indignação a propósito da mesma piada. 

A reacção parece-me excessiva face ao conteúdo do spot, que o Sporting considerou falta de respeito pelo clube. A referência ao Sporting é residual e nem sequer é ofensiva - se assim quisesse ter sido podia escolher a versão pior da "baforada". É também uma manifestação de incompetência e falta de segurança da RTP e desrespeito pelos funcionários.

Saber rir de si mesmo é uma manifestação do mais apurado sentido de humor. Reacções deste tipo, parecem-me, isso sim, uma manifestação típica de alguém com pouca segurança de si e com sua própria imagem, típico de gente complexada, e que, por isso, nada tem nem pode ter a ver com o Sporting.

Parece-me isso sim mais uma manifestação de excesso de atenção e reacção a tudo o que vem acoplado à palavra Benfica e que infelizmente faz cada vez mais escola. Quase sempre de forma primária e quando não grotesca, e não de forma inteligente e documentada (com muito poucas honrosas excepções  como p. ex. O Artista do Dia) o que só desqualifica não só quem o faz mas por via directa e indirecta o clube. Em grande parte são os Sportinguistas com o seu excesso de atenção ao rival aqueles que mais o promovem e mais o colocam nos assuntos do dia.

5 comentários:

  1. Leão de Alvalade,
    Concordo com a sua análise no geral não concordo tanto com a questão da RTP.Repare que tds os anúncios da champions este ano de Sporting e porto são normais mas quase todas as do slv tem sempre uma piadinha chica-esperta a gozar c Sporting ou Porto e isto é inadmissível para mim por 2 razões:
    -pagamos todos a tv pública então ou há piadas para todos ou não há para nenhum;
    -esta demanda nacional para obrigar tds a gostar do slv é ridícula e sinceramente asquerosa. Isto é um desporto.

    Concordo consigo que demonstra a pequenez de quem faz mas porra quantos olhos viram aquilo na RTP eninguém soube dizer que aquilo era ridículo e não tinha profissionalismo nenhum.

    Repare que para mim esta é só Mais uma, isto é constante seja em que estação ou meio de comunicação social for. E sinceramente não faço ideia como acabar com isto pela raiz, fazendo mts ou poucos comunicados, sendo mais ou menos agressivo na comunicação, acho que já só lá vai glanhando o campeonato talvez umas 3 vezes em 4anos

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    1. RRA Aleixo,

      o que diz sobre os sketchs da RTP e a comparação com os rivais é matéria que desconheço pois só vi este por causa da reacção do Sporting, pelo que não foi tido em conta na análise. Sobre a promoção feita ao SLB de forma oficial ou oficiosa nos diversos OCS's não há nada de novo, é já velho e há muito que se perdeu a vergonha. NO que tenho visto a SIC assume-se como parceiro de forma descarada.

      Porém a minha apreciação foi feita unicamente em relação ao presente sketch e a minha apreciação é esta.

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  2. Como já disse noutro sítio, eu achei piada ao spot.
    O que eu questiono é a inteligência comercial da RTP, que sabe que irá ter vários milhares de telespetadores contra si. Isso já não me parece uma decisão acertada do ponto de vista comercial.

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    1. O sketch é humorístico e por acaso até foi feito por um sportinguista. Se os adeptos tivessem um pouco de sentido de humor e de fair play levavam isto para o que é, uma mera paródia e um "fait divers". O humor só é sentido como ofensivo nas ditaduras.
      A ofensa é tão grande para o Benfica como para o Sporting. Who cares?

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  3. quote "a sua apresentação não passará de uma xico-espertice e um insulto à nossa inteligência se o mesmo não se verificar quando resultados menos favoráveis se venham a registrar"
    A partir do momento em que se faz um relatório trimestral existe a obrigação de o ter que fazer durante os próximos dois anos, exatamente para não haver xico-epertices momentâneas.
    Enfim...cada um escreve a parte que lhe interessa.

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