segunda-feira, 19 de junho de 2017

Como o vídeo pode matar o futebol ou como arruinar uma ideia imprescindível

Nota: Não tem nada a ver com desporto (nem com o tema do post)  mas tem a ver com a vida e sem vida não há desporto. A imagem que ilustra o post (da autoria de Pedro Brás, dos BV de Tondela) é a minha singela homenagem aqueles que dão melhor da sua vida para que a nossa seja melhor. Não há palavras suficientes para exprimir a minha gratidão.

O tema do post é o vídeo-árbitro (VAR) com cuja introdução estou completamente de acordo, entendendo até que peca já por tardia. Mas, após os primeiros exemplos práticos, ressalta a necessidade de uma melhor articulação entre todos os intervenientes e de medidas complementares, para que a implementação da medida tenha o sucesso necessário e não possa ser aproveitada por aqueles que vivem na sombra da mentira e na manipulação de verdade desportiva.

Celeridade: A actuação do VAR deve ser o mais célere possível, de forma a evitar que o jogo prossiga e este tenha desenvolvimentos com potencial para alterar o resultado do jogo. O exemplo do nosso golo anulado ontem (que foi bem anulado) mas cujo tempo decorrido entre o fora-de-de-jogo e a obtenção do golo acabou por ser elevado para que se percebesse o motivo da anulação.

Transparência: A necessidade de transparência na utilização do VAR é determinante para o seu sucesso. Para isso é necessário que os intervenientes directos percebam o que está a acontecer. Ora, como as imagens permitiram observar, é muito duvidoso que os jogadores tivessem ficado completamente inteirados da justiça da decisão. Se tal aconteceu com os jogadores e treinadores, o que terá sucedido com os espectadores e jornalistas e todos os presentes, elementos indispensáveis ao sucesso do futebol?

Medidas complementares: À medida que vai decorrendo a sua utilização, mais casos surgirão que obrigarão à tomada de medidas complementares que potenciem o seu sucesso,  para que os "velhos do restelo" e parasitas que vivem dos "enganos" não matem o VAR à nascença. Temo que o imobilismo e o interesse em continuar a dominar e ter uma palavra activa nas decisões dos jogos nos bastidores, (mas que só deveria acontecer nos relvados) por parte de quem deveria regular (FIFA, UEFA, etc.) contribua para a instalação de um sentimento de aversão a uma medida que potencia a verdade desportiva.

Dentro dessas medidas o tempo de jogo é fundamental. A discussão à volta de uma regulamentação diferente da actual sobre o tempo de jogo já decorre há muito. As interrupções que o VAR imporá vêm diminuir ainda mais o tempo útil do jogo, associando-se a outras, como lesões e sobretudo ao anti-jogo. Mais tarde ou mais cedo as tradicionais duas metades com 45 minutos de jogo terão que dar lugar ao tempo útil, quer no interesse do espectáculo, quer mesmo na importância que este terá para a própria verdade desportiva e interesse do espectáculo. Eventualmente 30 minutos de jogo útil em cada parte parece-me ser um bom ponto de partida para essa discussão.

5 comentários:

  1. O 4º arbitro serve para contabilizar todo o tempo perdido com esperas.

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  2. A introdução do VAR num desporto mais que centenário nunca teve nada a ver com o jogo em si. Muito menos com alguma verdade desportiva. O futebol começou por ser retirado aos verdadeiros amantes do jogo com os horários mais de acordo com as audiências televisivas. E o VAR - e não tarda perceberão todos o mesmo - é só mais um engodo para passar publicidade. Ou alguém acha que as televisões vão continuar sem aproveitar aquele tempo todo morto? Basta assistir aliás a qualquer desporto profissional na América do Norte. O futebol como alguns de nós ainda o conhecemos, no seu estado mais puro, já morreu há muito tempo. No preciso momento em que os verdadeiros adeptos perderam qualquer controle sobre o jogo. Caso contrário a única preocupação hoje em Portugal seria exigir muito mais respeito por todos aqueles com verdadeiro estatuto de juízes. No caso juízes desportivos. Em suma o verdadeiro problema do futebol foi despertar desde sempre demasiadas paixões. Algo que as sociedades de consumo não costumam perdoar. Muito menos a autêntica ditadura de mercados financeiros que a globalização conseguiu implementar. E desculpem lá a politização do tema. Mas o que tem que ser tem muita força. O futebol hoje não passa de mais um conteúdo da indústria da televisão.

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    Respostas
    1. É completamente absurdo achar que as televisões vão passar publicidade durante o vídeo-árbitro.

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    2. Por alguma razão não vejo ninguém associado ao futebol no lobbying mais forte do VAR junto das altas instâncias do futebol. Excepto alguns sponsors e accionistas de algumas equipas. Tudo lobistas associados a grandes multinacionais. Objectivo: parar o jogo e captar a atenção de milhões de telespectadores por todo o mundo. Por cá é que se fala muito da verdade desportiva...

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    3. O VAR será utilizado em momentos cruciais e contrariamente ao que se sugere esses são os momentos que todos querem acompanhar. Em nenhum desporto se interrompe quando há uma decisão importante (a RTP não exemplo para nada).
      A possibilidade de extender a faculdade de solicitar un número muito limitado revisões às equipas (normalmente 1+1), como ocorre em alguns desportos, até potencia o interesse porque, primeiro diminui o sentimento de injustiça em algumas decisões, e, por outro, aumenta o nivel estratégico de intervenção dos bancos.
      Relativamente ao que vi ontem, apenas o comentario de que as VAR deveriam ser mostradas ao publico, comentando a decisão para que fique claro o que se passou e o que se decidiu. Pelo menos no cricket é assim.
      Totalmente a favor do VAR.

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