domingo, 23 de julho de 2017

Sporting 2 - Mónaco 1: Leão confortável com Jardim do Mónaco

O Sporting regressou a casa, após o estágio na Suiça. E aquilo que se havia por lá tinha deixado algumas dúvidas e muitos receios, particularmente do resultado pela opção de construir uma defesa nova em torno da permanência de Coates. Nesse sentido pode-se dizer que o jogo permitiu pelo menos perceber que há razões para reduzir os níveis de pessimismo, devendo ser levado em linha de conta o poder de fogo do Mónaco. E mesmo o facto de termos voltado a sofrer um golo não pode ser excessivamente valorizado, atendendo que ele resultou de um oferta individual. Quem sabe Tobias quis, em nosso nome, presentear Leonardo Jardim, agradecendo-lhe o tempo que esteve connosco...

O onze inicial serviu para revelar algumas das ideias principais de Jorge Jesus para um Sporting sem Adrien e William, do que resultou um sentimento misto. À luz do que se pode ver neste momento a saída de Adrien estaria razoavelmente coberta pela chegada de Bruno Fernandes. Embora de características e estilos diferentes entre eles, não parece que a equipa oscilaria muito. Já em relação a William o caso muda de figura, e parece que o próprio fez questão de nos demonstrar isso ontem, especialmente. Que entrada e que contraste com tudo o que tínhamos visto até ali por Battaglia, sendo quase certo que estaríamos a dizer o mesmo se a opção tivesse recaído em Petrovic.

Neste momento não tenho dúvidas em reafirmar algo que tinha dito aqui há dias: o Sporting, com as opções que tem neste momento à disposição, ficará mais fraco caso se confirmem as saídas destes dois jogadores. Perante a saída de Adrien, Bruno Fernandes tem já uma candidatura sólida. E com o necessário substituto à altura (para que as ausências tenham cobertura), mas cujo nome não vou pronunciar, não vá JJ ler isto aqui por acaso...

O caso de William será contudo o que mais condicionará o nosso jogo, ou obrigará JJ a procurar outras soluções que devolvam à equipa a qualidade de soluções (sobretudo a construir, ligar sectores e quebrar linhas à sua frente) que ele oferece. Battaglia até poderá oferecer melhor sentido posicional a defender mas não mais do que isso. É claramente um jogador de transporte, não de descobrir linhas de passe. Algumas delas até parece que só William conhecer...

De salientar o bom jogo de Acuña que, pelo pouco tempo que tem, nem deve ainda saber os nomes de todos os colegas. Mas de bola parece perceber ele, confirmando algumas das sensações que havia deixado ainda na Argentina: bom pé esquerdo e sentido de equipa que será determinante para uma boa integração e adaptação europeias. Aquele pé esquerdo parece capaz de meter muitas (a)cuñas na renovação do titulo de melhor marcador de Dost. Grande sociedade em perspectiva.

Falando de integração dou dois passos atrás, voltando ao sector recuado, merecendo duas notas de tom diferente: O francês Mathieu deu mostras de maior integração e entendimento com Coates e Coentrão mas ainda longe do que espera de um jogador com a sua experiência, curriculum e origem. Já Piccini apenas acentua a cada jogo que passa as mais variadas interrogações sobre as razões da sua contratação. Jesus ganhou fama de conseguir fazer grandes e surpreendentes adaptações. Esta, a acontecer, será das mais surpreendentes, conseguir adaptar um lateral direito mediocre a... lateral direito razoável.

Uma surpresa negativa foi Doumbia, que se espera tenha resultado de um mau momento de forma, como JJ justificou no final do jogo. Contei pelo menos seis (!) fora-de-jogo no pouco tempo que esteve em campo. Se já eram muitas as minhas dúvidas sobre as características deste jogador face ao nosso campeonato e sobre a possibilidade de interacção com Bas Dost, junta-se agora uma outra: para que queremos um jogador experiente, quase veterano, a comportar-se como de um jovem inexperiente se tratasse perante a armadilha do fora-de-jogo?

Nota alta para os regressos em grande nível, dado o pouco tempo de trabalho, de Patrício (falta só o jogo com os pés..) e Gélson. Ao que parece até com novo repertório de fintas e reviengas, tendo a presença na selecção reforçado a confiança ao ponto de pisar terrenos que habitualmente evita, como quem anuncia que falta pouco para ser tudo dele.

Vem aí agora o Guimarães, jogo que considero de maior importância do que este para avaliação do verdadeiro estado da arte da nossa máquina no que ao mais importante desafio temos pela frente: o campeonato nacional.







7 comentários:

  1. Escreve-se currículo e não "curriculum". Aprenda a escrever!

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    1. curriculum
      (palavra latina, redução da locução latina curriculum vitae, percurso de vida)
      substantivo masculino
      1. Documento que contém os dados biográficos e os relativos à formação, conhecimentos e percurso profissional de uma pessoa.
      2. Descrição do conjunto de conteúdos ou matérias de um curso escolar ou universitário.

      Sinônimo Geral: CURRÍCULO
      Plural: curricula.

      "curriculum", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/curriculum [consultado em 24-07-2017].

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    2. Caro,

      Ou se escreve "currículo", palavra portuguesa, ou "curriculum vitae", expressão latina com o mesmo significado. Decida-se! Assim se escreve em bom português...Se está no dicionário Priberam, está mal. Procure outro, por exemplo o Infopédia, o online da Porto Editora que não engana ninguém

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  2. Eu continuo a dizer que este Sporting não pode com metade da pressão que coloca todos os anos sobre si mesmo. Muito simplesmente não tem estrutura para tal. E muito do que conseguiu nas últimas épocas também o deve uma massa adepta fantástica. Daí não valer a pena grandes análises a um plantel que começa todos os anos praticamente do zero. E continuo a ver muita gente a desvalorizar o FCPorto, com muitas dificuldades financeiras e quiçá também por isso, ser quem menos vai mexer na equipa.

    No Sporting é assim desde Jardim. Que depois de 2012/13 assinou por três anos o compromisso de unicamente construir uma equipa. E que era sem sombra de dúvida uma boa ideia, nomeadamente depois de tanto tempo afastado dos títulos. Mas fruto de um bom início de época no Natal já se exigia outra vez campeonato nacional… Com Shikabala... Como qualquer treinador de bom senso esperou pela melhor proposta. E muito provavelmente no Mónaco o melhor que lhe podia acontecer foi o baixar de expectativas com as saídas de jogadores como Falcão. Que lhe deu tempo para chegar onde já chegou hoje. Infelizmente no Sporting funciona tudo ao contrário.

    Quanto aos jogadores e nomeadamente as muito faladas saídas de William e Adrien nesta altura já não há ponto de retorno. Há muito que os dois profissionais têm a cabeça fora do Sporting e fruto de várias promessas já não retiraríamos nada de positivo de ambos. Num clube com planeamento João Mário nunca era o primeiro a sair. E a acontecer restava já ter assegurado Adrien e Patrício para sempre. No mínimo. Como Luisão no Benfica. E que até financeiramente era perfeitamente possível, diga-se de passagem. Bastava deixar de gastar dinheiro com tanto mono. No futebol, como em qualquer área profissional, hoje é o dinheiro que marca muito qualquer hierarquia. Não poder fazer confusão a ninguém o que ganham alguns jogadores. E alguns treinadores. Haja resultados que o justifiquem. Ao mesmo tempo que é absolutamente incrível que num clube da dimensão do Sporting, o último grande mito continue a ser ainda hoje o grande capitão Manel Fernandes.

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    1. O Ricardo ainda há pouco tempo veio confessar que o maior erro da carreira dele foi sair do SCP. Ainda por cima não renovou por tostões. Em contrapartida permitiu a ascensão do Rui. Que sem a saída de Ricardo nunca se sabe. E o Adrien, com 28 anos, nunca mais vai brilhar como no SCP. Já para não falar de quanto fundamental é. E muito mais que qualquer aspecto mais técnico o SCP já devia ter começado a valorizar o carácter do homem no balneário. Algo que nunca tem preço, até porque ninguém ganha nada com 11 artistas. Infelizmente os clubes portugueses continuam a pensar pequeno. E a verdade é que não há dinheiro no mercado que pague o que um capitão como Adrien, com 28 anos, aporta neste momento ao SCP. Como outros num passado recente. Tão simples como isto. Algo que infelizmente voltou a não ser acautelado a tempo junto de mais um grande profissional do SCP.

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  3. O comentário do anónimo das 11.38 sintetiza como poucos as razões profundas das nossas desventura e a evolução de um clube ganhador para um clube que nunca ganha. Pois é preferimos lançar rios de dinheiro para cima de carradas de jogadores medíocres do que remunerar os valores seguros tendo objectivos desportivos bem identificados. A isso acresce uma incapacidade para montar uma estrutura de médio prazo como a que Jardim se propunha montar e estarmos sempre à espera do próximo milagre.Pelo meio vamos alegremente trucidado talentos que a Academia produz.

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    1. E a cegueira é tanta que nunca conseguiram perceber que os adeptos já lhes deram quase de mão beijada o mais importante e o mais difícil no futebol. Um estádio cheio! O objetivo nº 1 que a direção anterior falhou com muitos milhões. Porque nada nem nenhum título nacional assegura tamanho retorno no futebol. A todos os níveis! E como não vejo a Champions ao alcance nas épocas mais próximas… Porque no Sporting basta acreditar mas em muitos clubes, como por exemplo no Benfica, têm que ganhar para ir ao estádio. Algo que não passa de uma etapa de qualquer bom projeto. Para muitos clubes peaners, como diz JJ, ao pé de um estádio cheio. E se não ganhámos nada quanto ainda podiam e deviam ter trabalhado com toda a tranquilidade do mundo vai ser agora na época do tudo ou nada? Pois…

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