terça-feira, 13 de março de 2018

Chaves 1 - Sporting 2: Duas fatias de presunto com 6 épocas de cura

Se nunca experimentou umas fatias de presunto com seis anos de cura recomendo vivamente. Há até uma marca espanhola que os faz com mais anos e são considerados os melhores do mundo. Pronto, se quiserem, os Ronaldos dos presuntos. A comparação não é assim tão desajustada porque há muito presunto nascido e criado em Portugal que faz grandes figuras do outro lado da fronteira. 

A referência gastronómica ao jogo de Chaves também não é assim tão despropositada, também. A região a que a cidade dá o nome é conhecida pelas suas iguarias, entre as quais se destacam o presunto. E o jogo com os da casa acabou por se resolver em grande parte pelo facto do presunto do Nuno André Coelho estar pelo menos em linha (dizem-me...) com a perna mais adiantada do pai de nós todos, que por estes dias tem sido um senhor holandês de seu nome Bas Dost. 

Um triunfo que levou seis épocas a curar, não podia por isso ser mais saboroso. A verdade é que até Dost entrar andávamos cheios de cerimónias a olhar para a iguaria, mas sem dar mostras de grande decisão na hora de estrear a peça. Muita indecisão para quem havia feito tantos quilómetros e dessa forma se arriscava a fazer a viagem de regresso de mãos a abanar. 

Alegorias sobre iguarias à parte, a verdade é que não foi nada fácil, como se previa, esta deslocação a Chaves. Muito por culpa das ausências registadas na equipa inicial - sobretudo Bruno Fernandes, Bas Dost e também Acuña - e da falta de rotinas de Battaglia, Misic e de genica de Montero. O argentino até cumpre a defender, mas um lateral de equipa grande tem de dar largura e profundidade para dar sequência ao jogo de ataque. Deve-se dizer com toda a justiça que foi determinante para o desfecho final, ao opor-se a um golo flaviense e a oferecer o segundo golo a Dost.

Poucas vezes conseguimos incomodar verdadeiramente a equipa flaviense, que se sentia muito confortável à espera no seu último reduto. Misic estreava-se sem grande rotina e William não foi bem sucedido a fazer de Bruno Fernandes. Porque não William a "6", que até tem rotinas, e Wendel a 8? Montero, naquela toada de "não estou para me chatear se não me põem a bola direitinha no pé" que o caracteriza, passou completamente ao lado do jogo. Bryan Ruiz quase "idem, idem, aspas, aspas". Menos mal o "proscrito" Rúben Ribeiro, cuja assistência decisiva, a juntar à do jogo de estreia, já vai justificando a chamada. Gélson esteve irreconhecível.

Nota positiva também para o jovem Lumor, de quem JJ acha que "não é tão bom como os mais ou menos que podíamos ir buscar lá fora" mas que deu boa conta do recado. Surpreendeu-me particularmente a defender, momento do jogo tido como menos bom do seu repertório. Falta ver mais para saber se tem o melhor músculo que deve dotar um jogador - a inteligência - mas para já safou-se. Para um jogador com as suas origens - equipas pequenas - e condições - vinte e um anos de idade - não comprometer é muito bom.

Seria contudo injusto não referir neste arrazoado de ideias soltas sobre a deslocação a Chaves  Rui Patrício. Não tivesse ele impedido que William, avançado do Chaves, nos presenteasse com um chouriço, talvez não chegássemos a trazer o presunto para casa. 

Nota para a arbitragem. Ao que parece o golo de Dost é legal, mas não me pareceu mesmo depois de visionada a repetição. Porém asseguram-me que há imagens que o demonstram, o que me deixa sossegado. Na altura, vendo que o VAR não intervinha pensei que era pelo facto de o famigerado ter a conta ainda em saldo negativo connosco. Também não me pareceu penalty de Coates, que continua a apostar muito na sorte e menos na segurança das suas intervenções. E julgo ter havido penalty sobre o William mas como estamos na Quaresma, tempo de meditação e penitência, não vejo programas de arbitragem, paineleiros e afins, cumprindo assim os desígnios de nosso senhor, o presidente. (É para ter piada, mesmo sabendo que isso me é proibido por alguns católicos mais ortodoxos.)

Bonito bonito foram mesmos os três pontos a coincidir com o último apito. O que interessava estava alcançado e é isso que conta para o campeonato. Infelizmente tanto como aquela derrota estúpida no Estoril, ou agora estávamos a fazer outras contas...

3 comentários:

  1. Uma vergonha! Mas alguém acredita que esta equipa já foi candidata a alguma coisa esta época? Ninguém sabe muito bem quantos milhões depois a única certeza com JJ é que é cada vez pior. A minha única expectativa para Chaves era ver o Matheus. Ainda bem para o Sporting que não pôde alinhar.

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    1. O anonimato permite dizer tudo sem que se saiba o que realmente motiva esses "ditos". Vergonha!? Vergonha é não reconhecer que, tendo uma sequência frenética de jogos e mais de meio onze titular impedido e uma lesão aos 15 minutos, fomos ganhar a uma campo onde não ganhávamos ha 21 anos. Vergonha é não reconhecer a atitude competitiva de uma equipa que, fora de casa, privada de onze jogadores do plantel, joga contra outra (que até está em 6º lugar e a fazer um bom campeonato, mas tem menos 16 jogos nas pernas) e ganha estando a larga maioria do jogo por cima.

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    2. O que motiva? Sabes quantos jogadores há no SCP que valem mais que o plantel todo do Chaves. Ou sabes quantas épocas é que o Chaves faz com o orçamento actual do Sporting? Lesões?! Jogos?! Um plantel são mais que duas equipas. Para quem sabe contar claro.

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