quarta-feira, 19 de outubro de 2022

A culpa não morrerá solteira, nem virgem e provavelmente até é poligâmica


Amorim tem um passado curto no Sporting mas recheado de conferências de imprensa que podiam muito bem constar de manuais de bem comunicar. Porém, houve um momento este ano em que pareceu que a pimenta lhe chegou ao nariz e, com o acumular de resultados negativos, tem-se mantido num registo dúbio, equívoco, aberto às mais variadas interpretações. 

Ora, para quem conhece o Sporting, como ele tão bem como surpreendentemente vinha demonstrando, é dar gás às teorias mirabolantes, aos profetas da desgraça, tudólogos e os "já sabia", "eu avisei", "estava-se mesmo a ver". É por isso que, de domingo para cá, nasceu um manancial de candidatos para casar com a culpa que Amorim assegurou que não vai morrer solteira. Esta, de domingo para cá, já foi casada com:

O Varandas que apesar de ter ido buscar o Amorim, ter sido campeão, e acumulado "mais umas tacitas"  não percebe nada disto. 

Com o Viana, que apesar do seu trabalho estar ligado à conquista do titulo e "mais umas tacitas", "não se percebe o que lá anda fazer"

Com o Paulinho (tinha que ser...). Um jogador que de Braga se anunciou a selecção e que entre nós é o anticristo. 

Outros haverá. Mas com tantos casamentos a culpa é já poligâmica e virgem certamente já não será.

Do que retiro no imediato é que, tal como havia dito aqui em post anterior, é que a crise de resultados, indiscutível face ao esperado, afectou claramente  Rúben Amorim e isso nota-se no discurso. Outro exemplo está na declaração extemporânea de que o Sporting não irá ao mercado de inverno, quando é ainda cedo para saber em que posição estaremos nessa altura e que ambições poderemos ainda acalentar. Nós, tal como os nossos adversários directos, com alguns jogadores preponderantes a participarem no campeonato do Mundo, sem se saber como dele sairão. É ainda cedo para atirar a toalha ao chão e ou para anunciar "novos ciclos" a meio de outubro.

Não é esta a altura de fazer balanços ainda por cima com o barco leonino a atravessar um mar de maus resultados. E talvez em vez de culpas fosse melhor falar em responsabilidades e aí todos os envolvidos terão que avaliar o seu desempenho. O  pior é buscar a explicações simples para o que está longe de o ser. Tal como nos aviões, os desastres geralmente não acontecem por uma única causa, mas por falhas consecutivas acumuladas. E no futebol há ainda que acrescentar o factor sorte/azar.  Ou estabelecer relações causais entre eventos / resultados cujas razões não são as mesmas. 

Por exemplo:

Pode haver alguma relação entre "a época foi mal preparada" com a derrota com o Varzim, uma equipa duas divisões abaixo de nós? Não me parece, ainda que o Varzim fosse da mesma divisão... Ou que o Matheus Nunes isto, o Palhinha aquilo. Para ganhar ao Varzim???

"Vendemos jogadores que não foram devidamente substituídos". Tendo a concordar, mas o futebol está sempre pronto para nos deixar mais interrogações. Com Palhinha, Matheus Nunes e Sarabia sofremos derrotas humilhantes (City, Ajax) e este ano, sem eles, conseguimos dos melhores resultados de sempre na Champions, estreando-nos a ganhar na Alemanha e vencendo uma das melhores equipas até agora da Premier. Já quase ninguém se lembra. Mas perdemos com o Chaves, Boavista e... Varzim.
 
Esta é a altura de falar menos e pensar mais. Perceber como se perdeu a virtude de bem defender, uma das que estiveram na base do título nacional, sofrendo poucos golos, para sofrer quase sempre. Como se sofreram golos em tudo semelhantes com o Braga ((Niakaté), Chaves (Steven Vitória) e agora com o Varzim. Porque se remata tão pouco, de forma enquadrada com a baliza, apesar de tanta posse de bola e jogo carrilado no último terço. Um factor comum nas derrotas com o Chaves, Boavista e... Varzim.

1 comentário:

Este blogue compromete-se a respeitar as opiniões dos seus leitores.

Para todos os efeitos a responsabilidade dos comentários é de quem os produz.

A existência da caixa de comentários visa dar a oportunidade aos leitores de expressarem as suas opiniões sobre o artigo que lhe está relacionado, bem como a promoção do debate de ideias e não a agressão e confrontação.

Daremos preferência aos comentários que entendermos privilegiarem a opinião própria do que a opinião que os leitores têm sobre a opinião de terceiros aqui emitida. Esta será tolerada desde que respeite o interlocutor.

Insultos, afirmações provocatórias ou ofensivas serão rejeitados liminarmente.

Não serão tolerados comentários com links promocionais ou que não estejam directamente ligados ao post em discussão.