terça-feira, 4 de abril de 2023

Varandas: tudo dito!


"O Sporting não se contenta e vai lutar na justiça por isto. Isto é um nojo, não há outra forma de o classificar. Um nojo não diferente do Apito Dourado, um nojo que não pode ter lugar no futebol português e que a justiça tem de limpar."

"Espero que não haja clubite na justiça e não tenham medo. Não pode. Porque há 20 anos vemos uma das maiores vergonhas da justiça desportiva e não só. Continuamos a fingir que não existiram… aquelas escutas são reais. E há um presidente de viva voz a corromper árbitros e políticos" 

Da extensa entrevista estes dois parágrafos são os que me merecem o maior destaque. Todos percebemos a gravidade do sucedido e que agora, pelo que se vai vendo dos resultados do julgamento de Paulo Gonçalves e da acusação de César Boaventura, o grande benfiquistão se prepara para tornar a corrupção num filho sem progenitores, apenas com familiares afastados. 

Mas ainda sobre César Boaventura

Com todo o respeito que o Ministério Publico nos merece, não concordamos com a acusação. Ou melhor, concordamos com tudo o que está lá, mas entendemos que falta uma peça central do puzzle. Ou seja, o MP está a acusar o mensageiro mas não está a acusar o verdadeiro mentor e beneficiário de todo este esquema de crime organizado. Como tal, não é uma decisão tomada a quente, mas sim por todo o nosso gabinete jurídico: vamos pedir a abertura da instrução deste caso. Analisámos com muito cuidado todo o processo e de facto analisamos que o próprio MP reconhece que Boaventura tinha uma relação de grande confiança e proximidade com Luís Filipe Vieira, que falavam constantemente quer por telefone, quer SMS’s sobre assuntos do futebol e de outro tipo.  

E sobre Paulo Gonçalves:

Paulo Gonçalves é condenado por corromper funcionários judiciais para obter informações. Paulo Gonçalves era assessor jurídico, braço direito de Luis Filipe Vieira, estava nas reuniões da Liga, circulavam emails da cumplicidade de Paulo Gonçalves até com César Boaventura. Uma das razões alegadas pelo Ministério Público é que César Boaventura não ocupava nenhum cargo na SAD do Benfica. Sobre Paulo Gonçalves nem isso o MP pode dizer.

Relativamente à totalidade da entrevista não me surpreende que temas incómodos como os descritos abaixo não tenham sido abordados num cana do clube:

o planeamento da actual época e sua repercussão nos resultados e relação com o treinador.

as relações com as claques, nomeadamente a separação nas bancadas e consequências no ambiente em Alvalade

As assistências a registarem uma média demasiado elevada de detentores de gamebox que não vão ao estádio.

Nota importante, que me pareceu um acto de justiça pelo trabalho desempenhado e a sua participação nos resultados alcançados, foi a defesa de Hugo Viana.

De igual teor a defesa da importância da chegada de Ruben Amorim ao Sporting e o seu papel determinante no crescimento do clube:

A chegada do nosso treinador fez crescer o clube para outro patamar. Acredito onde vou jogar que o Sporting pode ganhar, não tenho qualquer dúvida. O Sporting joga como equipa grande. Temos uma ideia de jogo muito definida que não muda - detalhes técnicos à parte. Somos uma equipa grande a jogar, uma equipa dominadora que se instala no meio-campo adversário - jogando em casa ou fora não alteramos. Foi uma mudança de paradigma em relação a um passado recente e deve-se ao nosso treinador e aos seus jogadores. Há uma qualidade de jogo inegável e que me deixa acima de tudo seguro do presente e do futuro.

Discordo quase em absoluto relativamente ao que disse sobre a arbitragem quando diz que sente que está muito melhor. Aliás, reconhece que há muito por fazer, especialmente no que os dois clubes que parasitam a arbitragem representam ainda, depois de tudo o que hoje se sabe:

"Ainda este ano propusemos medidas básicas, como o banco da equipa da casa não ficar atras do fiscal de linha. Sabemos o que se fazer. Curiosamente o Benfica e FC Porto recusaram. Tento criar a maneira para não pressionarem um árbitro. Isto obriga a uma reforma a sério do desporto, mas a nossa arbitragem tem de ser livre e autónoma".

A incompetência não só não é punida como ainda é premiada quando um árbitro medroso e permeável à pressão como João Pinheiro é considerado o melhor árbitro nacional. Este titulo está longe de ser merecido e deixa a dúvida sobre se a higienização tão necessária não continua ainda por fazer. A forma como o Conselho Disciplina analisa alguns casos (o do clássico no Dragão o ano passado, p.ex.) e se finge de morta nos processos de corrupção do SLB fazem temer o pior, isto é, tudo como dantes no quartel de Abrantes.

3 comentários:

  1. Andam à procura do Clube errado.

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    1. É o risco que Varandas corre, com estas palavras.

      Meter Sporting contra o Benfica sempre foi o modus operandi do FCPorto.

      Corre o risco de vir a ser mais um mero peão do Papa.

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  2. Não crítico o teor das palavras de Varandas sobre os processos do Benfica.
    Defende o Sporting, colocando-se no papel de presumível vítima de um alegado crime de corrupção desportiva. É o seu dever.

    Acho menos correto que não sublinhe que estamos perante um cenário de um alegado crime, por provar. E que a investigação, longa e pormenorizada, não conseguiu provar qualquer nexo entre os alegados atos de Boaventura e qualquer membro ou funcionário do Benfica.
    Já no caso da Fraude fiscal, uma vez mais, a investigação não deduziu qualquer acusação de índole desportiva.

    “Investigue-se”, era a palavra de ordem.
    E muito bem!
    Pois… investigou-se.
    E da investigação, não resultou acusação ao Benfica.

    Parece-me pouco “justo” vir agora exigir que se investigue… a investigação.

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