quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Sporting 2 - Lille 0: bom jogo de preparação para o que aí vem


Ao ganhar por dois golos sem resposta o Sporting fez o que foi preciso e obteve o resultado que mais lhe convinha para a estreia, nesta nova versão da Liga dos Campeões. Além do resultado que mais lhe convinha, o Sporting realizou um excelente jogo de preparação para o que resta desta competição: não vai haver jogos fáceis, os adversários, mesmo os de nome menos cotado, como o de ontem, colocam-nos dificuldades apenas ao alcance dos nossos rivais internos.

Do ponto de vista mental não se podia pedir melhor: a equipa sofreu o suficiente para perceber que não vai ser um passeio no parque, as dificuldades que vai ter que enfrentar para jogar a este nível para obter resultados serão enormes, mas a vitória não beliscou o amor-próprio e ainda reforçou a confiança para encarar as próximas etapas. 

Comecemos então por esse importante facto de não termos sofrido golos. Foi talvez a melhor prestação por sector, o dos nossos defensores. Debast, Diomande e Matheus estiveram praticamente irrepreensíveis, já que Inácio pouco jogou, afastado logo numa fase precoce do jogo. Que Debast é um jogador temível a construir já sabíamos, ficamos a saber ontem que a enviar misseis teleguiados também o é. Diomande foi patrão e Matheus Reis jogou como se fosse o titular. Há que dizer que tiveram auxilio exemplar do capitão Hjulmand, incansável na primeira frente de combate.

A segurança que foram transmitindo permitiu à equipa ir gerindo o tempo e a posse de bola, mesmo que enfrentando muitas contrariedades para construir jogadas de ataque, vendo-se muitas vezes obrigada ao recurso ao pontapé longo, solicitando a profundidade a Gyokeres. Os franceses colocavam uma grande pressão com quatro homens a condicionar a nossa saída de bola, e dessa forma o nosso jogo interior esteve grande parte do tempo anulado ou muito enfraquecido. 

O Sporting precisou de quase meia hora de jogo para visar a baliza francesa, mas quando o fez podia ter inaugurado o marcador, numa jogada de entendimento de Gyokeres com Pote. Mas tendo-o feito os franceses passaram a olhar-nos com mais respeito e a expulsão de Angel, já depois do fenomenal golo de Gyokeres, deixou-nos com tempo e disposição para pensar e executar com mais segurança.

Tranquilamente o jogo correria para o seu final, com o Sporting a exibir-se com segurança, especialmente depois de marcar e quase não permitindo oportunidades ao adversário. Contudo este, tal como aludido acima, colocou dificuldades a que não estamos muito habituados, durante tanto tempo do jogo, mesmo até quando estávamos em superioridade numérica. Mas a missão foi cumprida. 

Para o desejado apuramento para a fase seguinte o Sporting precisa de amealhar onze / doze pontos. Atendendo que dois dos jogos em casa são de dificuldade extrema e não constituiria surpresa dois resultados a zero, os restantes jogos em casa - Lille e Bologna - são de vitória obrigatória. Conseguindo esses seis pontos - três já estão - é obrigatório ir buscar os outros 5 pontos fora ao PSV, Sturm, Brugge e Leipzig, o quer dizer que tem que fazer 2 empates e 1 vitória. Não se tratando de nenhum impossível, serão jogos muito difíceis e exigentes, atendendo o nível dos adversários.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Revista das Modalidades


Com mais de dois meses de descanso as modalidades começam a voltar às suas competições. Começou primeiro o andebol que na quarta-feira teve o seu primeiro jogo para a EHF Champions League recebendo no Pavilhão João Rocha os campeões polacos do Wista Plock, a quem venceram por 34-29, num grupo que conta também com os húngaros do Veszprém, os franceses do Paris Saint-German, os dinamarqueses do Fredericia Handbold, os macedónios do Eurofarm Pelister e os nossos já conhecidos alemães do Füchse Berlin e romenos do Dinamo Bucaresti. Neste grupo as duas primeiras equipas passam directamente para os quartos-de-final, as duas últimas terminam a sua participação na Liga e as restantes terão de disputar um play-off para os que vencerem acederem também aos quartos-de-final. 

Foi um jogo brilhante dos leões do andebol, apoiados por um PJR vibrante, e onde desde o início estiveram sempre à frente no marcador permitindo apenas por duas vezes o empate em todo o jogo. Aos 1-1 e aos 9-9. Mas destes 9-9 saltaram para 14-9, tendo chegado ao intervalo com 17-14 no marcador. Começaram bem a 2ª parte com 3 golos seguidos pondo o marcador em 20-14, diferença que mais golo menos golo se foi mantendo durante todo este período, tendo atingido a diferença máxima de 7 golos entre os 30-23 e os 33-26. Martim Costa com 10 golos foi o nosso melhor marcador, mas não podemos deixar de destacar um dos golos de Natán Suárez considerado pela EHF como o melhor golo desta 1ª jornada da Champions League.

Antes já tinham começado bem os nossos andebolistas que foram a Espanha disputar dois jogos particulares com vitórias em ambos, sobre o Valladolid por 39-27 e sobre o Nava por 43-27. Seguiu-se o Torneio de Viseu com a respectiva conquista graças às vitórias sobre o Marítimo por 37-29 e sobre os espanhóis do Ademar por 34-25. Serviram estes jogos para preparar a participação na Supertaça, que se disputou na Póvoa do Varzim, e onde depois de derrotarmos o ABC por 37-26 na meia-final, “esmagámos“ o Benfica por 37-21 na Final, vencendo mais uma Supertaça, a quinta do nosso historial.

Voltaram os leões do andebol a Espanha para em Torrelavega disputarem a Supertaça Ibérica onde nas meias-finais defrontaram os locais a quem venceram, no desempate em livres de 7 metros, por 30-27, com 27-27 no fim do tempo regulamentar. Nesta vitória somos obrigados a salientar o seu principal obreiro: o novo guarda-redes, o egípcio Mohamed Ali, que “só” defendeu os quatro últimos livres de 7 metros que beneficiaram os adversários. A um minuto do fim e com o Torrelavega a vencer por 2 golos Ali defendeu um penalti, para os leões conseguirem empatar a 10 segundos do final e com o tempo já esgotado foi assinalado novo livre de 7 metros a beneficiar os locais e mais uma vez Ali defendeu garantindo o empate e o desempate por penalties. Conseguiram os leões converter os 3 primeiros, enquanto Ali dos 3 marcados pelos locais defendeu 2 e assustou de tal modo os adversários que o outro foi à trave. No dia seguinte disputaram a Final com o Barcelona sofrendo a 1ª derrota da época por 33-38.

De regresso a Portugal iniciaram a defesa do seu título de campeões nacionais indo na 1ª jornada até Aguas Santas de onde regressaram com uma vitória por 41-30. No sábado 7, finalmente, os leões do andebol estrearam-se no PJR ao receberem para a 2ª jornada do campeonato o Vitória de Guimarães a quem venceram por 39-26, com 19-11 ao intervalo.

Já após o jogo da EHF Champions League foram os nossos andebolistas até Avanca para o jogo relativo à 3ª jornada do campeonato tendo regressado com um confortável 39-21, com 21-11 ao intervalo. Foi um jogo com uma muito boa prestação defensiva que proporcionou inúmeros contra ataques de tal modo que Diogo Branquinho, com 6 golos, foi o nosso melhor marcador bem secundado por Pedro Portela, Orri Porkelsson ambos com 5 e Mamadou Gassama com 4.

Deste conjunto de jogos podemos analisar as alterações que a equipa sofreu da época passada para esta. Como já falámos a chegada de Mohamed Ali deveu-se à saída de Leo Maciel para Espanha. Quanto aos guarda-redes temos de salientar também as grandes exibições de André Kristensen e chamar a atenção para Santiago Póvoas, um jovem de 16 anos que se exibiu em bom nível sempre que foi utilizado. Além de Ali entraram também o central argentino Pedro Martinez Garcia, William Hoghielm, pivô sueco e o ponta português Diogo Branquinho, tendo todos eles dado excelentes indicações das suas qualidades. Confiemos!

Voltam os leões do andebol a jogarem na quinta-feira 19 indo à Dinamarca defrontar o Fredericia para a 2ª jornada da EHF Champions League e voltando ao PJR no domingo 22 para receberem o Benfica na 4ª jornada do Campeonato.

Também o futsal leonino já começou a competir apesar da ausência de cinco jogadores importantes que estão na preparação da selecção nacional para o Campeonato do Mundo que se iniciou no passado fim-de-semana no Uzbequistão. Sem João Matos, Tomás Paçó, Zicky Té, Pauleta e Bernardo Paçó a equipa foi até Castelo Branco disputar o Torneio da cidade beirã tendo vencido o Boa Esperança na meia-final por 4-1, e na final bateu o Eléctrico de Ponte de Sor por 8-1. Foi um torneio onde a equipa foi preenchida por muitos jovens da formação sendo de salientar Andriy Dzyalo com uma brilhante participação. Temos de salientar também a estreia com a camisola verde e branca do pivô Alan Guilherme um bom reforço para a nossa equipa.

No passado fim-de-semana foram os jogadores disponíveis do futsal leonino disputar o Oeiras Valley Futsal Cup tendo no sábado saído derrotados pelos belgas do Anderlecht, na meia-final, por 2-4, com 1-2 ao intervalo. No domingo a nossa equipa para a disputa dos 3º e 4º lugares defrontou os Leões de Porto Salvo tendo vencido por 4-1, com 2-1 ao intervalo.

Na Liga Placard, o campeonato nacional, os leões só começam a 15 de Outubro recebendo, em jogo relativo à 1ª jornada, o Fundão no PJR.

A equipa feminina de futsal também já disputou o seu Trofeu Stromp tendo vencido o Feijó por 4-3, com 3-0 ao intervalo. No próximo sábado 21 as leoas do futsal deslocam-se a Espinho para defrontarem o Novasemente na 1ª jornada do Campeonato Nacional.

Também a equipa de basquetebol já começou a sua época realizando, na passada quinta-feira, um jogo de preparação, à porta fechada, com os espanhóis do Cáceres tendo vencido por 81-72, com 36-38 ao intervalo. No sábado disputaram os leões do basquetebol o seu Trofeu Stromp defrontando o CA Queluz a quem venceram por 90-77, com 57-35 ao intervalo. Foi como que uma apresentação dos jogadores aos adeptos. É uma equipa com muitas mudanças relativamente à época anterior, começando pelo treinador, com o regresso de Luís Magalhães. Saíram todos os jogadores estrangeiros e também Litos Cardoso, Diogo Araújo e Marco Loncovic tendo entrado para o seu lugar seis novos jogadores estrangeiros, e os portugueses Sérgio Silva e Bruno Araújo e o moçambicano, já há vários anos em Portugal, Uwais Razaque, sendo que destes apenas Sérgio Silva foi usado nestes dois desafios. De saliente apenas mencionar o poste Nick Ward, que não sendo nenhum exímio tecnicista, é extremamente forte debaixo do cesto, de tal modo que saiu do jogo do Trofeu Stromp com 30 pontos marcados. Com mais jogos veremos a capacidade dos restantes jogadores. Os próximos jogos anunciados para os leões do basquete serão com os belgas do Spirou BasKet numa eliminatória da FIBA Europe Cup nos dias 24 e 27 de Setembro sendo que a do dia 27 será no PJR.

Também as leoas do basquetebol tiveram o seu Trofeu Stromp no passado sábado tendo vencido o André de Rezende por 77-56, com 39-26 ao intervalo.  

O voleibol leonino também já começou com os seus trabalhos tendo ido até Espanha para disputar dois jogos de preparação tendo vencido ambos. Primeiro defrontou o Conqueridor Valencia tendo vencido por 3-1 com os parciais de 25-21, 30-28, 19-25 e 25-14. No dia seguinte defrontaram o Rio Duero V Soria tendo vencido por 3-2 com 25-18, 16-25, 25-20, 23-25 e 15-8 nos cinco sets.

No domingo voltaram os leões a defrontar o Conqueridor Valencia, desta vez no PJR no jogo para disputa do Trofeu Stromp, tendo terminando com um resultado verdadeiramente surpreendente, comparado com o da semana anterior em Espanha, ao sairmos derrotados por 0-3 com os parciais de 23-25, 18-25 e 21-25. Nestes jogos já jogaram os reforços que chegaram para o Voleibol Leonino. Para preencherem os lugares vagos pelas saídas de Kevin Kobrine, Lucas van Berkel, Wagner Silva. Gil Meireles, Imanol Tombiom e Chema Carrasco ingressaram nos leões o oposto venezuelano Edson Valencia, o distribuidor ucraniano Yurii Synytsia, o libero argentino Nicolás Perren, os centrais Jonas Aguenier, francês, e Alejandro Vigil, espanhol, e Pedro Abecassis Zona 4 português.

O próximo jogo dos leões do volley será no sábado 21 em Matosinhos para disputa da meia-final da Taça Ibérica onde defrontaremos o CV Guagas campeão de Espanha.
Quem também disputou o seu Trofeu Stromp no domingo, foi a equipa feminina de Ténis de Mesa que saiu vencedora por 3-0 sobre o CP Alvito, de Barcelos.

domingo, 15 de setembro de 2024

Avalanche de futebol nas serras de Arouca


Foi com uma verdadeira avalanche de futebol atacante que o Sporting dominou praticamente a totalidade do jogo e o Arouca. Contudo seriam precisamente os donos da casa a inaugurar o perigo junto das  balizas e quase que lograva também inaugurar o marcador, numa distração defensiva que poderia ter saído cara. No entanto os da casa só voltariam a ver a baliza do Sporting já no segundo tempo e isso diz tudo do que foi o domínio imposto pelo  Sporting na partida. 

Para quem podia duvidar do momento de forma, da profundidade do plantel e respectivo equilíbrio nas diversas posições e sobretudo da afinação do modelo trabalhado por Amorim a resposta ficou dada. O Sporting apresentou-se sem cinco jogadores considerados titulares (Kovacevic, Diomand, Morita, Catamo e Quaresma) sem que de tal se ressentisse a produção leonina. Bem antes pelo contrário, parecia a equipa de sempre, com a vitalidade de sempre. A verdade é que qualquer um dos eleitos para as vagas em aberto se portoi como protagonista, o que demonstra quão intensa está a concorrência por um lugar.

Se houvesse alguma coisa a lamentar neste jogo seria mesmo o escasso número de golos finais por comparação com o número de jogadas que terminaram já dentro da área do adversário mas que, mais por definição precipitada do que propriamente pelo acerto das intervenção dos defesas adversários, não acabaram com a bola no fundo da baliza.

Ainda assim o Sporting venceria com três golos, o que eleva para valores muito significativos o pecúlio até agora alcançado: dezanove contra apenas dois sofridos, somando mais uma cleen sheet. O trio Trincão, Gyokeres, Pote continua a espalhar miséria pelos últimos redutos adversários, numa sociedade altamente produtiva e rentável. Seria no entanto redutor destacar unicamente os três, quando a força da nossa equipa se consubstancia precisamente no que ela é: uma verdadeira equipa, onde todos são importantes e qualquer um dos que hoje se senta no banco pode vir a ser chamado à ribalta para ser protagonista e ninguém é deixado para trás. 

Que o diga Debast, que tendo andado nos zunm zuns dos comentadeiros, visto o seu valor posto em causa e que neste jogo saltou para a titularidade, com um acerto defensivo praticamente imaculado e, não satisfeito com tal, ainda contribuiu com passes verticais milimétricos, acelerando o nosso jogo e quebrando linhas como faca em manteiga nestes dias de verão tardio.

O Sporting é campeão e comanda com mérito o campeonato e isso é motivo de satisfação de orgulho para todos os Sportinguistas. Venha pois então a Liga dos Campeões para aferir o poder e a qualidade da nossa equipa.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

O Sporting à Varanda(s)


Um par de dias depois de se terem completado a meia dúzia de anos da presidência de Frederico Varandas, e pouco tempo depois de ter celebrado o segundo título de campeão nacional de futebol, a SAD do Sporting apresentou o terceiro exercício consecutivo registando lucros, algo completamente inédito desde a criação da sociedade que gere a modalidade mais representativa do Sporting.

Tendo herdado um clube completamente fracturado, o consulado de Frederico Varandas viveu momentos particularmente difíceis e conturbados que hoje parecem já longínquos. Obrigado a tomar decisões difíceis e até polémicas – como por exemplo as resultantes das recuperações dos passes dos jogadores que haviam rescindindo – tendo nas mãos uma SAD praticamente falida, poucos augurariam que, passados seis anos, o Sporting pudesse estar a viver um dos seus momentos mais saudáveis e pujantes.

Independentemente das análises que cada um possa fazer deste trajecto, há um mérito que me parece dever ser reconhecido neste Sporting à Varandas: o Sporting deixou de estar constantemente debruçado sobre si mesmo, envolvido em discussões internas autofágicas para estar agora voltado para fora, ambicionando conquistas. O Sporting saiu da cave onde viveu décadas de penúria, longe da grandeza que o seu estatuto requeria, para estar agora à varanda, numa tribuna para qual é obrigatório olhar.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Selecção nacional: uma perda de tempo e de valor


Depois de muitas críticas, o seleccionador acabou por convocar para esta campanha Pote e Trincão mas, depois de os ter ignorado ao longe no Sporting, acabou por ignorá-los ao seu lado no banco. Não terá sido surpresa para ninguém que, dos jogadores selecionados por Martinez, apenas Pote tenha jogado, ainda que escassos minutos. Infelizmente nem os próprios terão estranhado, talvez nem mesmo Quenda, com idade em que os sonhos se devem confundir com uma realidade que se instala de forma meteórica.

Martinez nunca olhou para os jogadores do Sporting como uma possível mais-valia para a equipa que comanda. Apenas Inácio tem beneficiado de chamadas mais frequentes, mas a forma como é utilizado está longe de ser no sentido de lhe conferir grande segurança, estivesse ele no momento de forma que estivesse. Só os mais ingénuos não perceberam que a sua presença era para cumprir a quota do Sporting.

Convocá-los não passou de uma operação de relações publicas para acalmar as críticas cada vez mais sonoras após a desilusão do europeu porque, na verdade, Martinez nunca soube muito bem o que fazer com eles. Se a convocação de Trincão só agora se justificaria, há muito que a produção de alto nível de Pote o deveriam ter transformado num imprescindível.

Mas para isso era preciso que o seleccionador tivesse uma ideia para o futebol a praticar pela seleccção. Ao invés de ser selecionador primeiro e depois treinador, Martinez é um mero agente de relações públicas da sua própria imagem. Vive dos fogachos individuais, desperdiçando o que o talento de cada um dos jogadores de uma das mais virtuosas gerações nacionais poderia aportar ao colectivo. 

Foi assim nesta jornada da liga das Nações e assim continuará a ser no futuro próximo. A ida dos jogadores do Sporting à selecçao nacional continuará a ser um atraso para as suas vidas e uma desvalorização dos activos do clube.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

O mercado de verão do Sporting


Tradicionalmente um bom mercado num clube é avaliado pelo número e nomes sonantes que  um clube consegue adquirir. No caso do Sporting esta janela de marcado fica claramente marcada pelo que manteve, a começar pela permanência de Rúben Amorim à cabeça, depois dos rumores e daquela viagem a Inglaterra. Esse "reforço" completa-se pela permanência de jogadores titulares com papel determinante na conquista do título com Gyokeres à cabeça, como é óbvio. A estratégia corresponde a um esforço financeiro que deixa um saldo negativo* que se reflectirá nos próximos exercícios que, no entanto, facilmente poderá ser corrigido com uma época que se espera com a equipa a jogar a um nível elevado, particularmente na montra que é a Champions League.

Em sentido contrário devem ser mencionadas as saídas de jogadores com lastro no balneário, como Coates, Paulinho e Neto. A possibilidade de virem a fazer falta, particularmente nos momentos de decisão e maior pressão existe. “Será que o curso dos acontecimentos na Supertaça poderia ser outro com a presença de Coates?” é uma pergunta que ouvi muitos Sportinguistas fazer. Eu lembro que no derby da Luz perdemos um jogo que estávamos a ganhar por 1-0 já depois do tempo regulamentar se ter esgotado e qualquer um dos jogadores acima aludidos estavam presentes. O futebol é pródigo em eventos deste género que quase nunca se devem a apenas a um factor ou circunstância. 

Relativamente às aquisições, é um facto que apenas Kovacevic conquistou a titularidade. A isso não será alheio ter sido dos que, juntamente com Debast, esteve presente desde a primeira hora da época, nomeadamente no estágio de pré-época, no Algarve. O belga já foi titular, logo na Supertaça, de má memória para ele e todos nós. Maxi e Harder chegaram já com a época a decorrer, sem tempo de treino sequer junto daqueles que serão os seus companheiros de viagem, pelo que teremos que aguardar para avaliar. No geral parece-me que todos eles terão tempo de jogo e se inscreverão numa lista de dezoito jogadores titulares, uns mais que outros, obviamente.

No imediato perspectivo maiores facilidades em adquirir mais tempo de jogo ao uruguaio que a Harder, a quem suponho irá entrar em episódios breves, até se familiarizar com as rotinas da equipa. Gyokeres é um adamastor muito difícil de dobrar, pelo que fez no passado recente e por este inicio ainda mais fulgurante que no ano de estreia. Há que realçar contudo que sua vinda no lugar de Ioanidis representa uma mudança significativa, cujas repercussões terão que ser avaliadas: o grego vinha destinado a ser o substituto de Paulinho e o destino de Harder parece ser o de estagiário para assumir no futuro próximo o papel agora desempenhado por Gyokeres.

Mas, como é evidente, os responsáveis do Sporting não se dispuseram a desembolsar quase vinte milhões de euros para ter um dinamarquês a aquecer o banco. O próprio Amorim deve ter ideias bem precisas do que espera e quer fazer com o jogador. Sendo evidente que Harder não era a primeira opção, parece também evidente que em Alvalade se acredita no valor e particularmente no potencial do jogador. 

A pergunta que todos gostarão de ver respondida é se realmente estamos mais fortes. A resposta parece-me ser um claro sim, mas que não estará directamente relacionada com o impacto imediato das aquisições. Esse fortalecimento resulta da já aludida permanência dos jogadores mais importantes (as excepções são Coates e Paulinho, sendo que para já a menos sentida seja a do avançado, pelo número de golos que vimos marcando), das alterações estratégicas introduzidas por Rúben Amorim este ano e de um maior equilíbrio geral do plantel. 

Relativamente à questão do equilíbrio do plantel, há agora um claro jogo de pares para cada posição. As dúvidas parecem estar no centro do terreno, onde o empréstimo de Essugo reduziu as opções para "6" contudo é sabida a polivalência de Pote, tão apreciada por Amorim. A saída de Mateus Fernandes pode ser encarada como um doloroso mal necessário para financiar aquisições mais prementes. Claro que um evento catastrófico de várias lesões e / ou castigos simultâneos pode surgir em posições muito expostas, como é caso dos médios, mas para isso é que existe uma equipa B. É aproveitando este tipo de oportunidades que surgem também as revelações, Estou a lembrar-me por exemplo Henrique Arraiol, cujas actuações têm concitado atenções.

*O Sporting despendeu 52,9 milhões de euros em aquisições e embolsou 34,49 milhões de euros em vendas, ficando por isso com um saldo negativo de  18,41 milhões de euros.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Rescaldo do clássico: o diabo não está sempre atrás da porta


Depois de dois desaires traumáticos contra o FCP era expectável que no encontro de sábado o factor psicológico pudesse assumir uma importância crucial no desenrolar do jogo e até eventualmente na definição do resultado final. Os primeiros 15 minutos pareciam querer confirmar um Sporting de confiança ferida, mais expectante. 
 
Esse foi precisamente o tempo que o Sporting levou a descobrir o caminho para a baliza de Diogo Costa mas quando o fez criou perigo e podia até ter inaugurado o marcador. Foi esse momento de viragem do jogo e que, salvo incursões esporádicas e pouco consistentes, não teve retorno. O Sporting seria superior ao adversário em praticamente o jogo que restava, obrigando-o a convencer quem via o jogo que o empate era o prémio desejado.
 
Esta parece-me, pois, a melhor noticia a retirar do clássico: a equipa sai aprovada no exame de aferição maturidade. Soube superar a melhor entrada do adversário sem se desmanchar e mesmo com o resultado a zero a prolongar-se o Sporting não se deixou consumir pelo receio de procurar o golo, o que poderia ter acontecido, dado o histórico recente. Algo que seria até muito provável num passado recente e que revela agora personalidade de equipa a caminho da idade adulta, pese a juventude individual que a integra. Desta vez o diabo não esteve atrás da porta e esconjurá-lo deveu-se em grande parte a esta prova de maturidade.

Algumas notas avulsas sobre o clássico:

- O ambiente no Estádio José Alvalade é provavelmente o melhor de sempre. Os adeptos jogam com a equipa, suportando-a e empurrando-a. Há no entanto duas notas que me parecem ser dignas de menção:

- O apoio seria ainda melhor, como já o foi, com as claques juntas e contagiariam ainda mais e melhor os sectores tradicionalmente mais conservadores, como as centrais e bancadas B.

- É importante que os adeptos percebam melhor os momentos do jogo. Há um momento em que o Sporting já está a ganhar 1-0 e a bola é endossada a Kovacevic. Este aguarda, e bem, que o adversário exerça a pressão e dessa forma surjam oportunidades para construir com maior percentagem de sucesso, resultante da maior exposição. Parte do público começa a assobiar fazendo com que o guarda-redes se precipite e entrega a bola ao adversário. Ora isto é exactamente o contrário do que devemos fazer, algo a que o próprio Amorim já havia referido no ano passado.

- Sobre Kovacevic há que dizer que esteve bem quando foi preciso e isso aconteceu ainda o resultado estava a zeros. Não se justifica de forma nenhuma os comentários depreciativos e condenatórios de um jogador que acabou de chegar e até lamentável que sejamos nós, Sportinguistas, a dar voz a paineleiros claramente avençados e cujo curriculum mais se assemelha a um cadastro.

- Prossegue em passos seguros a afirmação de Quenda. A presença na sua área da acção de Galeno ao invés de o poder ter atemorizado parece tê-lo galvanizado.

- Diomande parece estar a regressar à segurança que o notabilizou nos primeiros jogos, depois de um regresso abaixo do nível que tinha projectado após a CAN. Neste momento o lugar é dele.

- Geny Catamo parece mesmo destinado a ser decisivo em jogos grandes. Oxalá isso se venha a confirmar agora nos jogos da Champions.

- Morita fez um grande jogo, tal como o nosso capitão Hjulmand. 

- Pedro Gonçalves está num momento de forma admirável e é neste momento o jogador da Liga. Os seus números anteriores já de si notáveis estão em vis de ser mais uma vez confirmados e é no mínimo estranho que nas janelas de transferências o seu nome seja tão pouco falado. Ainda bem.

- São redundantes as apreciações glorificadoras de Gyokeres mas são justas e necessárias. É o jogador mais decisivo da Liga.

- Com este resultado o Sporting cria uma vantagem interessante no confronto directo com este adversário, o que, certa forma, equivale a mais um ponto nas contas do campeonato.