segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Equipa Prozac

Podemos ter descoberto nos resultados desta época uma forma de abatermos rapidamente o passivo: jogarmos com equipas em crise, para lhes levantarmos o ânimo, cobrando o cachet correspondente, que, como é bom de imaginar, tem de ser alto! Esta equipa consegue melhores resultados no ânimo dos adversários que qualquer bateria de psicólogos ou até do famoso bruxo de Fafe.

Senão vejamos:

No Nou Camp já se tinham visto lenços brancos no jogo anterior à nossa deslocação. Contando com a nossa prestimosa colaboração, o Barcelona fez uma espécie de treino de conjunto com uma equipa perfeita para o efeito, sem pingo de agressividade, porque jogadores como Xavi e Iniesta, Messi ou Etoo são demasiado caros para se lesionarem. O Barcelona deveria ter-nos entregue o prémio de vitória, pois serviços destes são caros e nem sempre produzem os efeitos pretendidos de forma tão imediata: De lá para cá foi só ganhar.

Os nossos eternos rivais do outro lado do Colombo andavam a jogar um futebolzinho pouco consistente, com muitos golos sofridos, e, além dos adeptos até os próprios jogadores já pareciam duvidar da sua própria sombra. Nada melhor do que encontrar a nossa equipa pela frente. Entramos para matar, coisa que não deveria estar no programa, pois depressa retornamos à condição de “sofá de psicanalista”: “deite-se aqui senhor adversário, de forma confortável e fale-me dos seus problemas, que não há nada que não se resolva”. “Causa-lhe sofrimento tanta insegurança? Deixe estar, arranja-se um 2-0, porque os senhores têm que resolver esse problema rapidamente, para o jogo com os italianos e com o Leixões.”

Vão os andrades de passeio até Londres, donde regressam com humilhante e hilariante derrota (e Capello a Wenger, toda a gente se riu nos Emirates), para apanharem pela frente equipa mais profilática do que Prozac, porque nem tem efeitos secundários. Interessada em vincar a sua atitude afável, de equipa capaz de convalescer um dragão moribundo, oferecemos-lhes aquilo que eles pagariam muito para ter: um regresso tranquilo. Um descanso até para seguradora do parque automóvel do fcp: uma derrota poderia ser mais uma noite de cristal…

Como vivemos uma crise financeira, há muita gente a perder no banco. É também o que nos tem estado a acontecer. No Colombo PB adormeceu e quando acordou já era tarde. Pelo menos teve, em sonhos, uma agradável 1ª parte. Ontem começamos a perder no balneário. Que visionário poderia por a jogar a 10 um jogador que não consegue receber e passar uma bola com a eficácia que se exige a um júnior? Quanto ainda teremos que pagar pelo amadurecimento de Patrício? Se tivéssemos trocado de guarda-redes não teríamos perdido o jogo. Tirar Postiga até se compreende, porque, inconformado como estava, era capaz de interromper a recuperação do dragão…

Da minha viagem a Alvalade fica o divórcio entre a equipa e o público. Não que não tenha havido apoio, antes pelo contrário. Mas os sportinguistas ontem apoiaram mais que nunca o clube e menos esta equipa. Esta não é a equipa dos sportinguistas, nem no alinhamento dos disponíveis, nem na atitude, nem na qualidade do futebol praticado. Pelo cheiro, a paz está mais que apodrecida. Mesmo assim lá enchi os pulmões até às mitocondreas, porque mesmo com odor desagradável, é este o meu Sporting e não sei quando lá voltarei.

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