domingo, 16 de novembro de 2008

Jogo da Glória: 3 casas atrás.

Lembro-me dos meus tempos de meninice das noites de verão no Alto-Minho, em que a canícula contra-indicava o contacto com os mais finos lençóis de cama, tornando-se assim uma aliada da pequenada na hora de recolher. Era o tempo em que as estações do ano eram facilmente identificadas, e ainda longe dos solitários jogos electrónicos, das infinitas emissões televisivas, da Internet, dos blogues. Um dos passatempos mais populares era o jogo da glória, jogado num tabuleiro, pinos de cores diferentes a representar cada jogador, ditando os dados o número de casas a avançar. O objectivo final era atingir a casa da glória. No percurso para lá chegar uma das casas mais temidas era a que nos fazia recuar a um determinado ponto do tabuleiro.

No seu caminho para a Glória neste campeonato o Sporting ontem tropeçou pela 2ª vez na casa que o faz andar 3 pontos para trás. A diferença entre o jogo da minha meninice e o jogo que o Sporting fez ontem é que no 1º contava exclusivamente a sorte ditada pelos dados. Ao contrário, nos jogos que o Sporting faz para ser campeão, conta mais a forma regular com que se exerce a competência colectiva e individual, a qualidade do jogo e a atitude com que se abordam os jogos. O factor sorte também conta, como em qualquer jogo. Ontem, em Alvalade, vimos uma equipa displicente porque jogou dando ares que “aquilo” mais tarde ou mais cedo se resolveria. Vimos uma equipa incompetente na hora de sentenciar a partida nos falhanços de Romagnoli, Postiga e até Carriço. E uma equipa sem sorte pela forma como, em 10 minutos, perdeu 2 jogadores por lesão.

E que fez o Leixões? Aguentou-se enquanto pode, sem se desagregar. Marcou um golo, oferecido a meias pela inépcia de Izmailov e Patricio, e voltou a saber sofrer mesmo que o Sporting não tenha sido um oponente particularmente sádico. José Mota pode ser considerado um verdadeiro destruidor de losangos!

Nas notas individuais tenho que falar 1º em Paulo Bento. Não tem a desculpa de ser um treinador estagiário ou inexperiente. Nas últimas décadas não há nenhum treinador que tenha tanta experiência de Sporting como ele e o período de estágio há muito terminou. Estranha-se por isso que ainda não tenha apostado numa alternativa ao seu mui estimado losango, porque aquela dos 3 centrais não pode ser considerada como tal. Estranha-se também que se despachem os extremos e se desaproveitem os que saem de Alcochete sem uma única oportunidade e, depois, na hora do aperto, se ponham jogadores como Djaló a fazer essa função. Por outro lado o guarda-redes: quanto mais nos vai custar a falta que faz um elemento com categoria e experiência naquele lugar? Quantos pontos ganham os bons guarda-redes numa equipa campeã? E que dizer de Romagnoli? Hoje por hoje deve ser um dos jogadores mais caros de sempre do clube se tivermos em conta o tempo em campo e a sua utilidade para a equipa.

A realidade é que, desde ontem, deixamos de depender de nós para sermos campeões, se os nossos vizinhos hoje ganharem. E se ainda dependêssemos de nós, desta equipa e treinador, como poderíamos nós confiar perante estes desempenhos?

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