sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009: sob o signo da instabilidade e da incerteza

Não é preciso ter frequentado a Academia Militar para se perceber que as hipóteses de sucesso de um exército diminuem drasticamente na inversa proporção do aumento das frentes em que aquele está envolvido. Basta, para aquilatar tal facto, ter um pouco de bom senso e um parco conhecimento da História Universal. O mesmo bastará para perceber que se a retaguarda desse exército não for forte e se este se debater com problemas internos, este estará mais perto de perder qualquer guerra em que se envolva, mesmo que ocasionalmente ganha esta ou aquela batalha.

É este o cenário dos últimos tempos do nosso clube, e em particular o meio onde se move todo o futebol. Após um começo auspicioso, com a conquista de forma categórica da Supertaça, declarações inopinadas de Moutinho, inúmeros problemas no balneário, e denúncias de menor aplicação dos jogadores por parte do treinador expõem um cenário de instabilidade indesejável para os nossos interesses. Há quem se esforce por não reconhecer que esta desestabilização tem nascido de dentro para fora, procurando responsabilizar os adeptos que, de forma natural face ao sucedido, exprimem o seu espanto e discórdia pelo rumo dos acontecimentos.

Talvez por isso não devamos ficar surpreendidos com as prestações menos conseguidas no campeonato, quer a nível exibicional, quer a nível de resultados. É pois sem receio de estar enganado que afirmo que estamos a perder o campeonato em casa. Não só por ter sido em Alvalade que perdemos 2 jogos (Leixões e Fcp) e empatado 1 (Académica). Mas sobretudo por ser no nosso núcleo que devia ser duro onde se notam as fissuras mais preocupantes e que lançam a incerteza nas hostes leoninas.

2009 começa assim sob signo da instabilidade e da incerteza. Na continuidade do ano que findou. Pois, como diz o poeta na sua receita de Ano Novo, os sportinguistas não vão (…)“ parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de Janeiro as coisas mudem”(…)".

Mais do que saber se Rochemback, Romagnoli e Caneira subirão de produção para níveis aceitáveis, se Postiga, Derlei e Liedson começarão a acertar mais na baliza e que, quando tal acontecer, os árbitros não lhe anularão os golos, se Veloso gosta ou não de jogar à esquerda, ou se Djaló não irá comemorar os vários golos que desejamos que marque, os Sportinguistas querem perceber que do balneário para dentro todos remam no mesmo sentido e com igual empenho e vigor. Talvez resolvidas essas questões o resto venha por acréscimo e os Sportinguistas possam confiar mais nos que têm a honra de os representar. Com resultados evidentes no número dos que acompanham a equipa.

Mas para os Sportinguistas nem tudo é incerteza e instabilidade. Há coisas que não vão mudar. Basta olhar hoje para a capa do jornal "A Bola", com a entrevista ao seu presidente. Como não se devem esperar mudanças no guião da saga "O Padrinho" ("Guímaro e os quinhentinhos", epsisódio I, "Os irmãos Calheiros descobrem o Brasil", episódio II, e o recente "Frutas tropicais com meias de leite"). Mesmo sem conhecer o final legal, ou que não se conheçam os actuais locais de gravação, sabemos que os actores podem ser vistos num qualquer estádio perto de si. Na bancada ou no relvado.

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