terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Inovação e bloqueios

A entrevista que Filipe Soares Franco concedeu à imprensa justificando a decisão de não se recandidatar à presidência do nosso clube, continua a dar que falar, prometendo ainda fazer correr muita tinta na imprensa falada e escrita.

Com esta decisão, Soares Franco surpreendeu tudo e todos, inclusive, surpreendeu-se a ele próprio. Maquiavel não teria preconceitos em dissertar sobre esta brilhante jogada de mestre, inscrevendo-a nos manuais de ciência política, provando que quando um determinado acontecimento parece dado como certo, o seu contrário pode muito bem vir a suceder.

Não me admira que num futuro próximo, Soares Franco nos volte a surpreender. O próprio, começa por dizer na entrevista, que só sai de consciência tranquila se a reestruturação financeira e as restantes medidas que nos vai apresentar forem aprovadas. Quererá Soares Franco sair de consciência pesada do Sporting Clube de Portugal? Não me parece! Na verdade, hoje em dia, da maneira como as coisas estão no mundo em que vivemos, alguém ficará admirado se lá para Junho, Soares Franco se apresentar novamente na corrida à presidência do Sporting Clube de Portugal?

Se isso vier a acontecer, não será um bom sinal. Significa que os presidenciáveis de sempre, não compareceram no salão e a orquestra não chegou a tocar. Ora, se isso não se verificar, se os nomes sonantes que a imprensa tanto aprecia, se aqueles que fazem da sua militância a critica destrutiva não se assumirem, agora que o jogo parece começar a clarificar-se, o Sporting e seus associados desperdiçam uma ocasião soberana para debater a instituição enquanto organização colectiva de massas, os seus problemas internos e sobretudo o seu projecto desportivo, razão de ser do Sporting Clube de Portugal.

Muito mais importante do que andar a discutir nomes é discutirem-se ideias e projectos. Naturalmente que para haver projectos e ideias é necessário homens capazes de fazer obra, sobretudo, homens que sirvam o Sporting sem se servirem. Homens que fomentem, partilhem e exponham ao universo leonino o seu projecto, a sua visão, a sua cultura, aquilo que querem para o Sporting Clube de Portugal. Espera-se um debate de ideias proveitoso, salutar e democrático, sem clima de guerrilha interna, tão apreciável nestes momentos. O Sporting só tem a ganhar com esta discussão e na verdade, há muito que o Clube precisa de um momento como este, onde se possa debater a si próprio. É preciso que os Sportinguistas olhem para dentro do Sporting e lá se voltem a reencontrar.

Na visão do Presidente existe hoje dentro do clube uma minoria de bloqueio que impede a revitalização, o rejuvenescimento e a inovação do Sporting. São afirmações graves. É importante que os Sportinguistas saibam onde estão e donde partem esses bloqueios à revitalização, ao rejuvenescimento e à inovação que o Sporting naturalmente precisa, enquanto organização desportiva, social e económica, mas também é importante que se saiba quais são afinal essas propostas, uma vez que, até ao presente momento, ouvimos falar muitas vezes em VMOC's e em planos financeiros, mas muito poucas vezes em cultura organizacional.

Soares Franco já por duas vezes anunciou com pompa e circunstância uma reestruturação financeira do clube, mas nunca propôs com igual deferência e veemência uma reestruturação organizacional e governativa, naturalmente vital para a instituição, considerando que o actual modelo se encontra disfuncional e inadequado aos tempos que correm. É estranho que este tema tenha sido introduzido no menu Sportinguista, nas circunstâncias actuais. No entanto, adia-lo é torna-lo ainda mais inevitável. Sendo o Sporting um clube nacional, deverá estar representado e estruturado enquanto tal e se queremos aumentar a nossa expansão a nível associativo e sobretudo participativo é imperioso criar mecanismos que permitam uma maior capacidade de participação e decisão aos núcleos e demais grupos associativos devidamente organizados, legalizados e reconhecidos pelo clube. Não sejamos utópicos, mais cedo ou mais tarde a questão da organização interna e modelo governativo do clube entrará na panóplia de assuntos importantes para discussão no universo leonino. Quem sabe, se não é este o momento certo.

Muitos do núcleos transformados actualmente em meras colectividades onde se vê a bola ao fim de semana e se bebem umas cervejolas, ainda estão de pé devido à carolice dos anónimos leões que se encontram espalhados por todo o país, uma vez que o apoio da casa mãe é mais que menos, em certos casos, de puro abandono. Esta restruturação permitirá também uma maior renovação e revitalização dos núcleos, saindo como vencedor de todo este processo o Sporting Clube de Portugal.

Mais cedo ou mais tarde, este assunto estará ai para debate, até porque o Sporting precisa realmente de inovação e de rejuvenescimento.

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