quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Back to basics

Antes que a adrenalina que o próximo jogo provoca se apodere completamente de mim, gostava de partilhar convosco a minha opinião sobre uma situação que me preocupa de algum tempo a esta parte.

A recente entrevista de Filipe Soares Franco, espelhou aquele que tem sido ao longo dos últimos anos um dos maiores problemas do Sporting Clube de Portugal.

Afirma a determinada altura o Presidente do Sporting, “…não vim para o Sporting para criar grandes amizades no mundo do futebol. O futebol não serve para isso. Serve para o vivermos de forma apaixonada e institucionalmente correcta. Não tenho intenção de fazer novos grandes amigos na minha vida.”

Nada tenho a objectar à pouca vontade de Filipe Soares Franco em criar novas amizades, contudo, quanto à pouca vontade do Presidente do Sporting ter relações mais próximas com o mundo do futebol (onde livremente se meteu), já é assunto para me preocupar.

Vamos lá por partes, não me passa pela cabeça que Filipe Soares Franco não conheça a fundo o mundo da Construção civil/Obras públicas, ou da Gestão/Finanças, que lá tenha grandes amizades e até que lá pretenda fomentar novos amigos. Julgo que ele não teria o sucesso que tem se não o fizesse.

Voltemos ao Sporting, vejo um afastamento grande entre o Sporting “dirigente” e o mundo desportivo, sinto que estamos distantes, que não nos damos a conhecer, não partilhamos dificuldades, não procuramos junto do nosso meio – o desporto – criar afinidades, inevitavelmente, com esta postura de distanciamento as nossas propostas são permanentemente recusadas, por exemplo nas AGS da Liga.

Se há um perfil que gostava de ver na próxima Presidência do Sporting era um perfil desportivo, alguém com vontade de conhecer o seu meio e com ele partilhar experiências e soluções, no fundo criar um lobby, saber quem está por nós e quem está contra nós, quem defende a formação como base do equilíbrio do clube, quem pretende órgãos de arbitragem independentes, quem quer um tribunal desportivo, quem defende limites orçamentais, e ajudar esses “amigos” a crescer connosco.

É urgente na minha avaliação o Sporting voltar às suas raízes e reencontrar dirigentes com cultura desportiva e não meros financeiros que por mais excelentes que sejam se fecham numa redoma onde perdem a noção do mundo real com que têm de lidar.

Há uns anos atrás João Rocha foi convidado de um programa televisivo dos “três estarolas”, a determinado momento discutia-se um qualquer erro de arbitragem de Paulo Paraty, de imediato, João Rocha pergunta, “Esse Paraty é o filho do outro Paraty que foi árbitro” perante a resposta afirmativa João Rocha acrescentou simplesmente, “Grande família de Portistas…”

Alguém imagina um Presidente do Sporting Clube de Portugal dos últimos 20 anos a ter este conhecimento do seu “métier”? Curiosamente este foi o último Presidente que pode dizer que ganhou tudo o que havia para ganhar…

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