terça-feira, 25 de agosto de 2009

Gestão Desportiva: O Sporting no mercado

Há muito que me propus analisar e sujeitar aqui à discussão um aspecto fundamental da política desportiva do Sporting e que se prende com a constituição do seu plantel sénior. Isto é, avaliar como o clube se movimentou no mercado. Ficarei hoje pelas dispensas.

O método escolhido para colocar no mercado os jogadores com os quais PB não contava parece-me completamente errado e lesivo dos interesses do Sporting. Ronny, Tiui, Celsinho, Romagnoli, Purovic e Stojkovic significaram um esforço financeiro de mais de 5 milhões (!!!) de euros que desaguarão no “oceano passivo “ se outras medidas não forem tomadas. Uma vez postos de lado e sem treinar, o Sporting desvalorizou-os, deixando ao mercado a mensagem que se queria livrar deles a qualquer custo, inclusive o zero. Os potenciais interessados, que não podem ser muitos, uma vez que os jogadores e clube pouco fizeram para mostrar valor, percebem no fim do período de inscrições um aliado e esperam que o jogador caia de maduro. Este, por seu turno, protegido por um contrato em vigor, dá-se ao luxo de rejeitar propostas vantajosas para nós.

Foi o que sucedeu com Romagnoli, que recusou propostas de clubes que pagariam a pronto o pouco que por ele se pedia. Não era preciso usar da mesma persuasão que se usa aqui pela Invicta, e que tem em Adriano o mais recente exemplo. Bastaria estar a treinar com perspectiva de nem aquecer o banco para lhes esmorecerem os caprichos. A perspectiva de um ano sabático ajuda a aclarar muitas ideias.

A passagem de Pipi para o S. Lorenzo de Almagro, sem qualquer opção ou percentagem do seu passe, é muito questionável. El Ciclon, como é conhecido o clube, queixava-se da falta de liquidez, pondo a tocar do “tango do desgraçadinho”. Hoje vendeu Bergéssio por 6,2 milhões, e de bolso cheio foi às compras a Amesterdão. O Ajax, que deve ser mais pobre que nós, recusa-se a oferecer Darío Cvitanich, apesar de pouca utilização.

Stojkovic e Purovic. O avançado foi substituído no Kayserispor, clube turco onde esteve emprestado, por Ariza Makukula, oriundo de onde muito bem sabemos, por indefinição do nosso Dep. de Futebol. Stojkovic, desvalorizado por rumores deixados a circular sem desmentido, é, apesar de tudo, titular indiscutível de um país que é conhecido por formar bons guarda-redes. Viu essa condição confirmada, apesar da mudança da orientação técnica da sua selecção. É de todos o que mais facilmente teria clube, se algum esforço, saber e bom senso fosse usado.

O trio de brasileiros merece análise diferente. Tiuí foi um daqueles negócios à Sporting. Pagou-se o valor de um porco inteiro por um chouriço (2, se tivermos em atenção a Taça…). Por isso oferecer-lhe o passe foi um acto de gratidão à altura dos nossos pergaminhos. Já Ronny poderia perfeitamente ter clube em Portugal, ou no Brasil, bem como Celsinho.

O Sporting não pode competir com os tubarões europeus na hora de contratar jogadores de valor firmado, tem por isso que se saber posicionar a montante deles. Uma vez que tem capital humano a constituição de parcerias no Brasil, Argentina, Sérvia ou Montenegro significaria semear agora para colher depois. Estamos a falar das melhores escolas do Mundo. Montenegro, pequeno torrão balcânico, de onde recebemos Vukcevic, produz preciosidades como Vucinic da Roma ou Jovetic, que, na próxima quarta-feira poderá reeditar o pesadelo de Polga e Cia, Lda. De igual forma, não se compreende que o Sporting não tenha relações de proximidade com nenhum clube português, pelo que não se pode queixar de não ter onde colocar jogadores ou alguém que sustente e apoie a sua visão, se é que a tem, em sede de alteração de regulamentos na Liga.

O mercado de futebol rege-se pelas mesmas regras da oferta e da procura que os demais. Uma das coisas que aprendi, ainda de calções e pela mão da minha mãe, é que quem está a arrumar a banca para ir embora e tem artigos perecíveis, vende sempre mais barato, porque querer evitar prejuízos. O meu Sporting oferece a “mercadoria”. E dizia FSF, e agora Pedro Barbosa, que a época agora em curso estava a ser preparada. Onde se pode observar isso?

O que aqui foi escrito não passa de uma reflexão amadora e despretensiosa. É doloroso constatar que o meu clube, gerido por profissionais bem pagos, pareça navegar num plano inferior e deixe à evidência a falta de uma ideia clara para a gestão dos seus activos, que tanto lhe custa a adquirir. Da implantação SAD e dos tais critérios de gestão rigorosa parece que só nos ficamos pelos ordenados dos gestores. No Sporting continua-se a gastar sem ninguém prestar contas. O aforismo é aqui invertido: não temos dinheiro porque temos vícios.

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