sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Uma crença, uma fé ...


Antes de mais, que me perdoem os religiosos pois sendo eu agnóstico e tendo assistido ao que tem vindo a acontecer, parece-me que cada vez mais o Sporting tem assumido contornos exactamente idênticos aos que uma qualquer religião demonstra. Contudo, nunca serei capaz de partilhar esse tipo de ligação ou semelhança.

José Holtremann Roquette não foi bafejado pelo toque divino para profetizar “Um clube grande, tão grande como os maiores da Europa”, sustentado nos mandamentos “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória”.

Os nossos fundadores, entre os quais a família Gavazzo e a família Stromp, não podem em algum caso ser vistos como apóstolos que serviram para espalhar a palavra desta nova realidade trazida ao mundo no dia 1 de Julho de 1906.

Ocasionalmente, surgem mensagens vindas de todo o lado a alertar que devemos olhar para uma dada direcção e montar uma Cruzada na luta contra o Inimigo.

Inquisições, caças às bruxas e outro tipo de perseguições são montadas para fazer frente ou silenciar quem vai contra a ordem estabelecida como se estivessem a fazer frente a um dogma ou a uma verdade inquestionável.

Poderão até dizer que os períodos que passamos sem vencer títulos são o nosso “Ramadão” e que episódios como o de Munique se assemelham às perseguições verificadas durante a II Guerra Mundial – que certas religiões insistem em afirmar que nunca aconteceu.

Assistimos a manobras para a reeleição de um presidente de modo a que este entrasse como Jesus Cristo em Nazaré, como se se tratasse do salvador do nosso clube. Da mesma forma, a eleição de um dado presidente e as suas palavras inaugurais para alguns parecem um fenómeno semelhante às aparições de Fátima.

Infelizmente, contamos com figuras que usam e abusam da palavra, sabendo que nunca serão confrontados ou sequer questionados, fazendo autênticos Sermões aos peixes sem terem a coragem ou honra de concretizar aquilo que estão a pregar.

Pois eu não me revejo nada nestes actos e acontecimentos. Nem os feitos recentes de Rui Patrício ou Liedson são milagres dignos de santos ou figuras canonizadas, nem os triunfos e marcas de Yazalde, Joaquim Agostinho ou Carlos Lopes são apenas registos que podem ser encontrados numa qualquer colectânea de registos míticos. São estes alguns dos marcos da nossa história e não alguns dos bastiões de uma religião.

Temos cada vez mais pastores, sacerdotes, rabis, shamans e todo um tipo de personagens, com vontade de ensinar lições e de nos dizer como é que devemos viver o nosso clube como se de uma Religião se tratasse. Existem por aí muitas pessoas que se julgam os catequistas do “Sportinguismo” que sabem como devemos agir e qual é a palavra que deve ser espalhada, que se fazem passar como mensageiros da virtude leonina pois a eles nada se pode apontar, pois são eles os verdadeiros defensores da nossa causa.

O Sporting nunca foi nem nunca será uma religião. Não basta fazer o seu “bar mitzvah” ou ir à missa para poder ostentar um título. Não nos devemos reger por mensagens de obrigação pré-formatadas mas sim pelo que diz um dos nossos cânticos “Uma crença, uma fé…”.

Ser do Sporting não é uma opção. É um modo de vida…

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