segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mitos por terra.


Não foi consensual o desenho táctico ontem apresentado pelo Sporting. Basta ler os comentários ao post anterior e os jornais de hoje. Confessei ontem a minha dificuldade em percebê-lo, até por oposição entre o que via e o que ouvia nos comentários da Sportv. O que fazer então? Citar quem esteve no Restelo e é digno de crédito. “O posicionamento do JM28 foi mais em apoio ao MV24, mas os 3 do meio-campo trocavam de posições na construção e em transição defensiva. Não me pareceu que houvesse um duplo-pivot durante a 1ª parte. Já na 2ª parte, em que o Sporting jogou num 4-4-2 clássico, o MF14 e o JM28 emparceiraram mais...” dizia-nos ontem o PLF da Bancada Nova.

Manifestei ontem as minhas dúvidas sobre a possibilidade de implantação de um verdadeiro 4x3x3 em Alvalade por falta de quem consiga desempenhar o papel reservado para extremo. Se Pereirinha o pode assegurar do lado direito, não vejo quem o possa fazer do lado oposto. Vuk não será com certeza. Mas mais importante que este ou aquela disposição no terreno importa que a equipa seja versátil e consiga interpretar mais que um sistema. Num jogo de rato e do gato que é uma partida de futebol, e as equipas são obrigadas a desempenhar ambos os papéis, é importante não atacar sempre da mesma forma, quando se faz de predador, ou não fugir pelos mesmos caminhos quando se faz de presa. As boas equipas conseguem dançar consoante a música, as grandes são a orquestra que impõe o ritmo.

Não houve tempo para trabalho que desse consistência, e o adversário não tem estatuto para avaliador rigoroso. Mas o mito bentiano de que Liedson não pode jogar sozinho na frente parece-me por terra, tendo sofrido os primeiros abalos nos jogos da selecção. Com sorte e engenho poderia ter marcado um par de golos na 1ª parte.

Não duvido que há muito para fazer nesta equipa. É vital que os resultados apareçam para dar sustento ao ânimo e que deixem a equipa respirar. Parece-me, porém, indiscutível que há margem para a esperança de ver jogar melhor e, com isso ganhar mais vezes. Os resultados desta eliminatória da Taça de Portugal atestam que o definitivo no futebol não existe. Se a galeria de mitos está cheia é porque os seus ocupantes já não têm que certificar o seu estatuto nos 90 minutos de cada jogo.

4 comentários:

  1. O mito que eu vejo caír por terra é o Villas Boas, que ainda bem que não veio para o Sporting pois é muito fraquinho.

    E outro mito que vai continuar a caír á o benfas do "extreminador implacável" que cada vez que joga com equipas a sério ...perde!

    SL e até os comêmos!

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  2. Continuo na minha:

    4x2x3x1 na 1ª parte que esbarrou no desastre chamado Grimi, na desinspiração do Vuk, no inconsequente Pereirinha e na grande exibição do GR do Costa.

    Na 2ª parte, até à expulsão do Tonel, jogámos a maior parte do tempo em 3x4x3 já que o Veloso era muito mais um médio do que um lateral.

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  3. Mikos:
    Precisamente, mas não só. Por isso falo em resultados e não em resultado.

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  4. Gnitrops,

    a simplificação do modelo de jogo (4-2-3-1; 4-4-2; 4-1-2-1-2, 4-3-3...) é isso mesmo: uma simplificação.

    Quando referi que o Sporting tinha jogado com o MV24, o JM28 e o MF14, mas sem duplo-pivot, disse-o em função do que observei no estádio, mas sobretudo das funções que cada jogador assumiu no centro do terreno durante a 1ª parte. Isto é, embora a lógica da sua movimentação sugira ser inevitável que estivessem lado a lado em alguns momentos do jogo, também foi notório que cada um assumiu despesas ofensivas e defensivas em posições diferentes. Ou seja, o tridente do meio-campo jogou móvel, não jogou junto (como joga o Real Madrid, por exemplo) e teve - porque tem jogadores com essa capacidade de fazer várias funções - momentos em que os jogadores de meio-campo alternaram as funções: JM28 passou para 6, MV24 para 8, mantendo-se preferencialmente o MF14 a 10, mas sem canais pré-definidos, com liberdade para dar espaço à imaginação destes 3 (excelentes) jogadores.

    Em tudo o mais, como dizia o Octávio Machado, o futebol é dinâmica.

    Tem toda a razão quando refere que o MV24 na 2ª parte esteve muito mais profundo e que o SV20 pisou terrenos mais interiores. Isso não é apenas função da superior qualidade técnica e táctica do MV24 face ao LG18 (será que poderia dizer a mesma coisa caso tivesse jogado o AS6 de início, na posição 6, em vez do LG18?), mas também da transição para um 4-4-2 clássico em que o HP23 baixava no terreno para ajudar na construção (assim no FM seria um avançado com uma flecha para baixo). Por isso, dependendo da fase de jogo, o Sporting poderia estar em 3-4-3, como em 4-4-2, como em 4-3-3 ou em 4-2-3-1.

    Agora, o que me parece indiscutível - referido pelo treinador, interiorizado pelos jogadores que assumiram a tentativa de fazer movimentos diferentes - é que o tipo de movimentação, quer na 1ª parte, quer na 2ª parte, tentou quebrar com a rotina de jogo da era-PB.

    O 4-3-3 não é só colocar jogadores nas alas, é fazê-los participar no jogo de forma (no centro do terreno) a abrir espaços para as penetrações dos laterais (LG18 teve, em vários momentos na 1ª parte, o corredor totalmente aberto para progredir e só a sua inépcia o impediu de o fazer). Nisto devo dizer que gostei muito do jogo do BP25, que soube (e sabe) puxar o adversário para fora, de forma a atacar a zona interior e a libertar espaços para o 10 e para o lateral. À parte um MV24 e um JM28 que pareceram ter reencontrado a alegria de jogar futebol (e que diferença faz não ter o JM28 "obrigado" a abrir numa linha!), BP25 foi a minha exibição preferida no Sporting.

    E houve muitos movimentos que achei surpreendentes e que me fizeram sonhar. Deve ter sido por isso que o CC referiu "momentos de brilhantismo". Estuo certo que não esperava que, com tão poucos treinos, os jogadores soubessem exprimir este tipo de envolvência ofensiva.

    Com isto termino: podemos perder os jogos todos até final, mas parece-me que já ganhámos algo... voltaremos a ver futebol.

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