segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Conversas em familia (Entrevista a Bettencourt)

Não posso de deixar de dar conta do meu profundo desapontamento pela entrevista publicada este fim-de-semana pelo jornal “Abola”. Muito aparato – o estado-maior do referido jornal deslocou-se em peso – para pouca substância. Essa desilusão, ao contrário do que esperei, agravou-se no domingo, com a publicação de 4 páginas praticamente desprovidas de interesse para a generalidade dos adeptos leoninos. O modelo seguido talvez fosse útil para o líder de um partido, ou de um tipo de instituição diferente daquilo que é o Sporting Clube de Portugal, que alberga no seu seio gente de origens tão díspares seja do ponto de vista ideológico seja dos credos professados.

O que interessa aos Sportinguistas a mundovisão de José Eduardo Bettencourt, o que ele pensa das encíclicas papais, da visão da economia ou saber das suas preferências religiosas, se, como presidente do Sporting, e respondendo a que tipo de organização que pretende implementar no clube, se fica pela semi-vacuidade “de um Sporting onde se irá fundar o profissionalismo com valores e culturas sportinguistas, obviamente adaptados à exigência e ao mundo especifico do futebol”?!

A crítica obviamente que vai tanto para quem perguntou com para quem respondeu, sendo que é natural que quem é entrevistado se resguarde dos assuntos que mais engulhos lhe poderiam provocar. Acima de tudo parece-me um erro estratégico de ambas as partes, embora me preocupe mais o que pode representar para  os Sportinguistas. 

Do pouco que se falou do Sporting realço (i) o tom contraditório das suas declarações sobre o futebol português - Um País como Portugal não pode gastar o que gasta no futebol - e a estratégia despesista e sem critério em que o clube vive desde Dezembro do ano passado. (ii) diz que o projecto do Sporting sem+pré foi atormentado, parecendo ignorar que os ventos  da tormenta nasceram da desilusão do que foi prometido e no que é hoje o Sporting. (iii) A estratégia para o Sporting não pode ser resumida à “necessidade de correr riscos” ou “havia que tentar algo diferente”.  (iv) O titulo do post lembra o tempo em que em Portugal era crime ter opinião e então, também se pensava que a opinião "chateava quem tentava fazer alguma coisa"....








8 comentários:

  1. Leão de Alvalade,

    ainda nem li a totalidade da entrevista. Para já retenho a seguinte afirmação "se vier a haver uma recomendação europeia para que os contratos não durem mais do que três anos é muito simples: quando entrar em vigor no território nacional, o contrato passa a ter três anos".

    Fico quase sem palavras...

    Em primeiro lugar, no link abaixo pode encontrar-se uma explicação daquilo que é mais do que óbvio (o contrato, ou pelo menos a sua duração, é nulo):

    http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1458435

    Depois... a "recomendação europeia" em causa já existe há muitos anos (assim de repente, pelo menos há 10 anos).

    Acresce a desfaçatez com que se assinam contratos nulos, vinculam gerações futuras em contratos de 8 anos, antecipam receitas e depois se diz "ehpá, se nos vierem dizer [o que é óbvio] que não podemos, reduzimos já isto!".

    E por último o total absurdo de se pensar que um contrato de 3 anos tem o mesmo valor (financeiro) para a Sporttv do que um contrato de 8 anos e que, uma vez resolvido ou ajustado, o que o Sporting teria de devolver (e há dinheiro para devolver o que já foi antecipado?) corresponde apenas aos anos não contemplados no contrato...

    Entre a enormidade, o ausente aconselhamento jurídico, a imbecilidade, a impreparação, a inconsciência, a ignorância e a nulidade...

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  2. Que o presidente do SCP está desgastado e em certa medida tudo tem servido para malhar, penso que estamos de acordo. No entanto, penso que também se tem prestado e colocado a jeito a certos e determinados comentários.

    Esta entrevista vem na linha de muitas outras declarações, ora na RTP, ora na AG, ora noutras conferências de imprensa.

    Em termos genéricos: Mais do mesmo.

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  3. Uma vez que já me havia pronunciado sobre a primeira parte da entrevista transporto para aqui os comentários:

    Da extensão das declarações produzidas, num tom contraditório e uma humildade que não me soa genuína e a vitalização, há poucos factos novos. Mas há uma passagem que marca uma diferença de perspectiva fundamental entre o discurso do nosso presidente e a minha opinião. A dada altura da entrevista os jornalistas perguntam a JEB se “admite que os adeptos possam não ter visto em si aquilo que desejariam como imagem de poder?” JEB Responde: “Acho que têm razão, porque sempre humildemente disse que podia não ter perfil para isto. Mas também sabia que isso não era decisivo, porque no passado houve uns com mais e outors com menos perfil e isso não fez diferença nenhuma.”

    De forma alguma posso concordar com este tipo de informação. Primeiro porque a eleição de JEB significou, nos momentos imediatos, uma lufada de esperança que há muito não se via no Sporting. Toda a contestação que de seguida teve lugar não nasceu por casmurrice ou antagonismo pessoal, mas sim por uma série de erros de palmatória que quem gosta do Sporting não podia deixar passar impunemente. É bom que se respeitem os factos e que a história não seja reescrita.

    Depois porque a falta de perfil de líder para um clube como o Sporting, assumida agora pelo próprio, representaria sempre para nós um problema, como seria sempre para qualquer instituição. Talvez JEB devesse levar mais longe essa sua análise e ser mais consequente. Porque não ser o presidente que o Sporting precisa não quer dizer que não possa ser imensamente útil noutra função. Desde a sua entrada em funções que há melhorias significativas na modernização da área administrativa do clube, pelo menos da face que é visível para os sócios, com o é a recente possibilidade de imprimir-mos os nosso próprios bilhetes em casa.

    Os prejuízos da sua acção até agora são muitos e evidentes e são agravados por ocorrerem num momento de particular fragilidade do clube e por JEB não ter atrás de si uma equipa que mitigue as suas fragilidades. Não ter um grande líder e uma equipa fraca é uma factura que o Sporting, isto é, nós todos, teremos que pagar. Certamente a juros bem elevados.

    JEB crê que foi o destino que o colocou no Sporting. “Houve qualquer coisa que me mandou para aqui”.

    Sabemos o que essa noção de missão nos custou a todos em Alcacer-Quibir…

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  4. SPORTING -Paços...é para seguir em frente

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  5. Há uma "pergunta", que pela sua mera publicação, justificaria para mim, o impedimento de jornalistas do jornal ABola de entrar nas instalações do Sporting Clube de Portugal.

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  6. Já estive muitas vezes para comentar esta entrevista.
    Mas hesito em escrever muito e não escrever nada. Muito porque muita coisa me chateia. Nada porque afinal me parece que nada do que foi dito interessa para alguma coisa.

    À parte da entrevista, mais uma vez, os jornaleiros desta vez lá serviram os interesses do presidente..

    SL

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  7. também me custa comentar algo sobre este senhor. Eu já tenho pena.

    mas que mal fez o Sporting para levar com um tipo destes.

    acabei de ver o Porto. ou muito me engano ou já temos campeão.

    varela, moutinho, hulk, falcão...(parece fácil)

    abraço

    The LC

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  8. Dos 20 ou 30 caracteres que se aproveitam neste oceano de nadas ganha força a ideia de que, assumindo-se inapto para a função de presidente do Sporting, o bettencourt julga mesmo estar a fazer-nos um grande favor. Não compreende porque raio não lhe beijamos a mão. É isto.

    De resto, nunca vi tanta árvore tombada em vão...

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