segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sonambulismos


O Barcelona é muitas vezes citado como uma fonte de bons exemplos onde o Sporting podia beber. A maior parte das quais pelo primor, quase sem rival, com que sabe gerir com proveito a excelência da sua formação. Ora talvez isso seja um pormenor, num âmbito maior que é a cultura do próprio clube e a forma intensa e participada como os sócios a ele se dedicam. A exigência e responsabilização não são figuras de retórica.

Quem não está atento à realidade do clube catalão talvez se surpreenda pelos resultados eleitorais recentes, em que o presidente Laporta, responsável pelo período mais brilhante e difícil de igualar, não só não é reconduzido como terá que prestar contas ao clube e enfrentar a justiça espanhola pelos resultados financeiros desastrosos do seu mandato. É que o que se pode ler na Marca (obrigado L.M.P.) e que pauta uma diferença grande entre o que se faz no Sporting de há muitos anos para cá. E realço, como nota acessória a diferença de procedimentos das duas instituições: o Sporting constituiu uma comissão de 4 notáveis para redigir uma proposta de novos estatutos. O Barça abre-se a todas as propostas dos seus associados, a quem possibilita o envio de contribuições, através do site do clube.

A vitalidade de uma organização começa na aplicação prática dos seus princípios e a diferença entre os procedimentos deles e os que vimos assistindo há algum tempo no Sporting - demasiado tempo na minha opinião - talvez explique muito o momento em que nos encontramos. Aí as culpas não são apenas dos dirigentes mas sobretudo do sonambulismo dos associados, que se demitem das suas responsabilidades e que as gerações vindouras não deixarão de julgar.

Não termino esta breve mas elucidativa viagem à Catalunha sem vincar o seguinte: ao contrário do processo agora encetado pelo Barça, não me parece útil recorrer a  terceiros, com entrega à justiça dos assuntos que devem ser resolvidos em casa. A devassa do clube, mais ainda no actual panorama da justiça nacional, só poderia ser contraproducente. Para a definitiva e tão necessária pacificação do clube é necessário um processo rápido e transparente, tendo como prioridade não interesses persecutórios, mas o apuramento da real situação financeira do clube. A participação criminal, a acontecer, existiria apenas nos casos em que a mesma seria incontornável. O dia chegará, estou absolutamente convicto, e aí espero que todos estejamos à altura de perceber que o Sporting precisa de encerrar em definitivo capítulos da sua história que, tal como as feridas por sarar, apenas contribuem para a debilitação do espírito leonino. Infelizmente são já várias  as lideranças que não percebem o valor estratégico da verdade e da transparência como factores de agregação à nossa causa.

Pelos vistos Paulo Sérgio terá sentido a necessidade de acordar a equipa no intervalo do jogo com o Estoril. Mas quem tem visto jogar o Sporting dificilmente pode dizer que o problema da equipa está na atitude da equipa. Parece-me isso sim que ela corre muito mas, em regra, o faz de forma pouco consistente e eficaz, como o provam os resultados. O problema parece-me estar, em definitivo, em quem sonhou que Paulo Sérgio estava à altura das exigências. E será muito mau para o Sporting que, pelo ano consecutivo, o ónus da questão seja paga pelos jogadores, refazendo mais uma vez o plantel no ano que vem. Tomo como exemplo Valdés: não foi a jogar assim que esteve 10 anos em Itália. Ou que Zapater foi adquirido pelo Génova por oito milhões. Ou Evaldo, ou, ou...

Acordem (ii)
Três derrotas consecutivas, apuramento para a Supertaça tremido. Que se passa no andebol?

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Bom post!

    A questão da responsabilização dos sócios é muito pertinente. Muitas vezes aqui, surgem acusações que quem critica apenas o faz sem sugerir alternativas ou sem participar activamente na vida do clube, indo aos jogos ou participando em actos eleitorais. E para muitos casos é uma grande verdade.

    Seria muito mais legítimo e eficaz criticar se o estádio estivesse cheio, se as assembleias fossem macivamente concorridas tal qual as eleições.

    Contudo a perda de fulgor do clube a todos os níveis tem arredado os sócios da participação activa no clube.

    Acordem! (i)

    Nem vale a pena falar mais do treinador do Sporting. Para mim está tudo dito. Não tem categoria para o Sporting e vamos perder muito (não só pontos nem jogos!..) com este treinador!!

    Acordem! (ii)

    É uma desilusão imensa! Não sou um entendido no Andebol, pouco sei das competências de quem o dirige dentro e fóra do campo, mas como sócio atento, perante a época passada e as contratações para esta época, esperava uma equipa poderosa.
    Também gostava d perceber o que se pássa

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  3. Acordem! (ii)

    Em alguns blogues sportinguistas pedia-se a demissão do treinador de andebol Paulo Faria. O Sporting acabaria hoje mesmo por demitir o treinador.

    Parece, segundo alguns mais entendidos, que o ex-treinador não estava à altura das exigências do clube. E que seria ele o maior responsável pelas más exibições e resultados com um plantel de excelência.

    Salvo a qualidade do plantel, esta apreciação sobre o treinador lembra-me o que se pássa, na minha opinião, no nosso futebol sénior..

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